Sobrenatural escrita por Francielle Santana


Capítulo 14
Capítulo 13 - Cadê o Symon?




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Tentei em vão me desvencilhar. Até que ele simplesmente caiu na minha frente com um grito de dor. Assustei-me e me afastei. Pude observar uma flecha em sua perna. Symon e Nicholas estavam no que décadas atras seria uma porta. Eu estava paralisada, queria abraça-los mas não conseguia.

– Alyah, voce esta bem? - Symon perguntou ainda de longe.

Respondi que sim com a cabeça. Nick correu até onde eu estava, me abraçando e afastando do rapaz que reclamava de dor. Pude ouvir seu coração acelerado quando ele passava a mão forte pelos meus cabelos. Aquilo me trouxe paz e pude enfim chorar. Symon tomou o posto de Nick, e ele foi falar com o rapaz sentado, que se encolheu visivelmente com medo.

– Vou chamar alguem para te ajudar. E nunca mais chegue perto dela, ta ouvindo? Ou que voce estava pensando?

– Me desculpe, senhor... Ela perguntou onde ficava o casarão, eu pensei que...

– Não dê desculpas. - ele falou enquanto pegava na perna do rapaz, proximo de onde a flecha do Symon atingiu, e apertava - Eu a vi tentando escapar.

Escondi meu rosto, não imaginei que pudesse ver o Nick fazendo alguem sentir dor. Saímos daquele lugar, indo na direção oposta a cabana. Apesar do visivel medo, eles poderiam dar o troco. Depois de dar um certo rodeio chegamos la. Conversei e expliquei tudo que tinha acontecido. Depois que o Nick foi embora, Symon contou mais sobre aquele lugar estranho.

Descobri que em Hamartia existe de tudo. As pessoas vivem para satisfazer seu ego. Carpe diem, eles dizem. Viver o momento sem a importancia do que restará para o futuro. Elas pareciam tão felizes, qual o mal de tudo aquilo, me perguntava. Um dia, Symon explicou-me o mal. Levando-me aos becos, às entrelinhas da cidade. Durante o dia fomos aos lugares onde nem todos vão. E encontramos historias... Vidas que carregam na pele as consequências das suas ações. Uma garota que não me parecia nada normal, roupas sujas e uma grande barriga. Symon se aproximou, tirou algo de comer da sacola e deu a ela.

– Por que ela esta aqui nessa situação?

– Ela fugiu da casa dos pais quando descobriu que estava gravida. Perdeu mordomia. Ainda que não tivesse tudo que queria, ela teria tudo que precisava. Não sabemos onde eles estão. Ela não conta de onde veio. Temos essa mania de esconder os erros por medo de não sermos aceitos.

Me perguntei quantas vezes ja tinha feito isso. Agora, vendo-a ali com aquela barriga tão grande, tive o pior sentimento por uma pessoa... pena. Me sentei ao seu lado, pedi pra alisar sua barriga, ela deixou e demonstrou um espanto triste. Será que ninguem amava aquela criança? Será que alguem ja sentiu carinho pelos dois? Passei pelos corredores apertados e mal iluminados. Ouvi mais historias enquanto Symon tinha se interessado pela vida daquela jovem em especial. Não sabia daquele pedaçinho de mundo. Os mais rejeitados que conheci sempre foram os rebeldes. Mas a rejeição vinha de uma crença que sustentava -os de pé. Mas existiam pessoas que a vida machucava e ainda tinham que encarar de frente - ou não - os momentos de olhares tortos e palavras duras. O que sustentavam elas? Não faço ideia. Talvez esperança. Mas até a esperança sem fundamento sucumbi diante de um cenario tão estéril. E quando a esperança se for, onde essas pessoas se apoiariam?

Resolvemos continuar visitando aquelas pessoas. Não tínhamos muito dinheiro, as economias do Symon não suportaria uma viagem surpresa. Ele continuava ganhando alguma coisa com as aulas particulares que ele conseguia dar. Nos faltava dinheiro e nos sobrava amor. Certo dia ousamos falar de Goel para aquela menina. Eu descobri que Symon ja a conhecia, de quando ela era ainda mais nova, criança talvez. Ela aos poucos se abria mais comigo, confiava mais em mim. Symon era curioso, tentava descobrir o que aconteceu, quem era o pai. Mas toda vez que tocávamos no assunto ela recuava, fugia... Até disse que o dito cujo ja havia morrido. Depois tremia na resposta, ela incontestavelmente estava mentindo. O que me levava a crer que ela poderia estar sendo ameaçada. E minhas suspeitas se confirmaram quando uma noite levou o que tinha de mais precioso, incluindo minha paz. Foi apenas o momento de me afastar e vi homens que pareciam soldados, guardas ou algo do tipo, levando minha nova amiga Raquel, e meu amigo de toda a vida, Symon.

Me escondi, os terrores que passei com os Perushins foram suficiente para mim. Me juntei a outros que abaixados se reduziram a nada diante dos importantes. Pra onde estavam levando eles? Senti uma vontade incontrolavel de gritar, de sair da minha posição e ir questionar. Mas algo me prendia. Assim que eles sairam eu fui atras, mas pelo som, eles tinham cavalos e isso facilitou pra eles, e dificultou pra mim. Já estava tarde, no dia seguinte eu teria noticias deles, iria até os governantes e estaria tudo resolvido. Eles estavam cometendo um engano, como será que Raquel estava se sentindo, ela precisava descansar. Pensei em ir pra casa, mas estava em duvida, ja era tarde. Não sabia o que seria mais incomodo ou perigoso, ficar ou simplesmente me aventurar e voltar para choupana. Minha teimosia me levou pra casa, e graças a Goel Nick apareceu de supetão assim que me afastei das vielas.

– Lyah!! - Seu grito a alguns metros me assustou e confortou.

Corremos um ao encontro do outro e nos abraçamos.

– Soube que alguns guardas vieram aqui e pegaram algumas pessoas.

– Sim, Symon e uma outra menina. -Seus olhos transmitia preocupação - Nick, eu nao sei o que ele fez, mas amanhã vou até os lideres da região, alguem deve falar por Hamartía. Vai ficar tudo bem, eu sei.

– Não vou deixar voce dormir la sozinha, vamos pra minha casa.

Sua proposta me pegou desprevenida. Recusei o convite. Só era uma noite, Symon voltaria e eu teria companhia nas proximas.

– Tudo bem, posso dormir com voce? Quer dizer... na sua casa. Posso ficar na varanda se voce quiser. É muito perigoso, eu nao sei quem pegou o Symon, não sei porque. Eu não acho seguro...

Ele desatou a falar nervoso.

– Hei, calma... nao vai acontecer nada comigo. Tudo bem, pode dormir la, nao precisa ser na varanda, consigo arrumar uma cama bem confortavel pra voce na sala.

Sorri e ele me abraçou apertado. Como se aquele abraço pudesse me proteger de qualquer mal. Caminhamos rumo a choupana, arrumei a cama dele e fui para a minha.

Demorei a dormir, mas acabei sendo vencida pelo sono. Mais um sonho estranho perturbou minha noite. O cenário era quase o mesmo, só que dessa vez haviam duas arvores. A que tinha inúmeros corpos e um nova, linda e florida. Quando eu chegava mais perto observei pessoas se divertindo, dançando, em familia, fazendo piqueniques. Parecia um paraiso... Tentei observar melhor a arvore, mas acabei acordando. Nick já havia arrumado as coisas e estava preparando algo para comer. Não tive fome, apenas esperei ele e saí pra saber o que tinha acontecido.

Fui no grande salão, muito similar ao dos Perushins. Havia uma area de prisioneiros, e em uma dessas gaiolas- que era o que me parecia - pude ver Raquel. Ela estava tão mal cuidada. Seus olhos se encheram de lagrimas quando me viu. Haviam marcas roxas no seu pescoço, como se alguem tivesse tentado sufoca-la. Retirei parte das frutas que havia levado e dei a ela.

– Coma, Raquel. Pelo seu bebê... - Ela aceitou - Voces estão bem? - Ela confirmou com a cabeça. - E Symon? Onde está?

Ela abaixou a cabeça e começou a chorar. O desespero em mim se instalou naquele momento.

– Raquel, fala. Onde esta o Symon?

– Eu não sei... Colocaram uma venda no meu rosto. Eu ouvi sons de cavalos indo para longe. Quando eu perguntei eles me disseram que o "corcunda havia morrido". - Sua voz falhava entre lagrimas - Me perdoe, foi tudo culpa minha.

– Eles te enganaram, Raquel. Se acalme... Symon não morreu, deve estar escondido em algum canto. Ele conhece a floresta melhor do que ninguem. Os guardas deveriam ter largado ele, dado um susto e pronto.

– Alyah... Eles estavam com uma faca cheia de sangue, e nao era meu e nem de nenhum dos soldados. Eles liparam no meu vestido - Ela falou e abriu um pouco mais o vestido rodado que usava. - A culpa foi minha.

Nesse momento Nick chegou proximo a mim e instintivamente Raquel se afastou.

– Calma, ele não faz parte do Conselho, não é nenhum dos guardas. Ele esta com a gente.

Era notório o medo nela. Isso não fazia bem nem a ela nem ao bebê.

– Lyah, parece que ninguem sabe do Symon. Os guardas negaram que pegaram ele. E ninguem provou o contrario. - Nicholas comentou comigo.

– Não, isso é mentira. Ela disse que pegaram ele, olha o vestido dela, Nick. Esse sangue é do Symon.

Ele me segurou e me fez olhar pra ele.

– Lyah, pode ser uma mentira, onde voces estavam na hora? Aquele lugar só tem loucos.

– Voce esta sugerindo que ela mentiu?- comecei a falar mais baixo.

–Alyah, voce viu levando os dois? - neguei, eu apenas ouvi os gritos da Raquel que foram abafados depois.

– Mas se ele nao foi levado... onde ele esta? E esse sangue? Porque ele nao deu noticias?

– Ele pode ter ido embora, Lyah.

– Nunca, Nicholas. Ele nunca iria embora sem mim. Vou procura-lo em cada cantinho da Hamartia e se não acha-lo vou sair daqui e continuar procurando. Ele não desistiria de mim.

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Finalmente um novo capítulo. Me perdoem a demora... E por favor, comentem o que estão achando. É totalmente chato não saber o que voces pensam a respeito do Livro, rsrs.

Beijinhos da magra :*


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