Sobrenatural escrita por Francielle Santana


Capítulo 13
Capítulo 12 - Hamartía, cidada do prazer




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Voltamos para a casa e os dias eram nessa rotina: compras algumas vezes durante o dia, a noite líamos o Livro e a tarde Symon me ensinava a tocar gaita ou ensinava arco e flecha. Mas tudo aquilo estava chato. Alguns dias raros, eu recebia a visita do Nick. Ele sempre fora muito gentil e cavalheiro. Um dia perguntei a Symon o motivo para trata-lo mal, ou ao menos não ser tão gentil como ele costumava ser com outras pessoas.

– Não sei, não gosto dele.

Mas era somente preocupação. Nick nunca me fez mal. Enfim... Era fim de tarde quando o Nick apareceu. Symon havia saido e eu aproveitei a oportunidade.

– Onde vamos?

Não eramos amigos, eramos conhecidos, mas bons conhecidos. Desse tipo de presente que do nada alguem nos entrega. Sem data marcada. Ele segurou minha mão e prometeu me mostrar algo lindo. Confiei nele, com receio assumo. Mas tentei. Conversamos e descobri que ele tinha um irmão. Caminhamos até um campo aberto. E sim, era algo lindo. Pôr do sol. Em toda minha vida ele passou despercebido.

– Nossa, Nick... que lindo. - Esqueci que só o chamava assim em pensamento.

Sentei no chão e me permiti sentir a brisa bem suave do fim da tarde. Respirei fundo e senti sua mão nos meus cabelos, chorei. Lembrei de minha mãe. Aquela falta de noticia me matava. Assustei o Nicholas.

– O que houve, Lyah? - ele se agachou proximo a mim e tomou meu rosto em suas mãos.

– Saudades, Nicholas... Saudades do que deixei pra tras.

– Sei como é isso...

Ele me abraçou e eu comecei a contar o que houve, sem falar de Juditt e do livro. Mas confessei a importancia do Symon na minha vida, como um mentor, um pai, um amigo. Falei que sentia falta da minha mãe e das poucas amigas que deixei pra tras. Até que ele decidiu que era hora de irmos. Me abraçou e caminhou assim, com o braço ao redor do meu ombro. Me fazendo rir as vezes. Gostava da companhia dele. Tinha uma leveza que eu não sentia sempre que conversava com o Symon. Quando cheguei a choupana o Symon não estava, então fiquei mais tranquila. Decidi não contar-lhe nada. Não era necessario e não faria nenhuma diferença. Acordei com o Symon deixando um papel na minha cama. Assim que ele saiu eu abri.

Filha, eu não sei como voce esta, mas eu estou bem preocupada. Estou com muita saudades, mas por favor, não volte. O seu caso teve uma grande repercusão por aqui. Jásper foi humilhado diante de muitas autoridades. Quando o Carlinhos disse que voce estava bem e que eu poderia escrever pra voce eu não acreditei. Como voce conseguiu fugir? Onde voce esta minha filha? Alias, nao responda nada disso... Mas tenha cuidado. O Jásper diz por aqui que te matar seria uma boa opção, mas te deixar viva foi a melhor sentença que ele poderia ter dado. Se cuida, e não esqueça que eu te amo.

Minhas lagrimas molharam o papel. Fui até o Symon e o abracei. Estava muito grata por aquele gesto. Ele provavelmente se arriscou. Mas enquanto não soubessem que ele estava comigo, estava tudo seguro. Quem diria, de repente a menina arisca e respondona se torna um alvo de perseguição.

Nunca havia ido para o povoado a noite, Symon não permitia. Até que tudo mudou. No dia seguinte que recebi a carta de minha mãe eu me perdi, não foi proposital, por mais que quisesse. Temos a mania de ir comprar pela manhã, mas nesse dia ficamos até depois do almoço, e naquele crepusculo se comemorava algum tipo de festa. De repente ouvi gritos, e vi danças. Como num passe de magica todos os moradores que eu nao via durante a manhã apareceram. Algumas mulheres bem atraentes tentavam puxar meu amigo, mas ele rejeitava. Tentavamos em vão sair da multidão. A maioria estava de mascaras.Fui afastada do Symon por um grupo de mulheres, elas pareciam tão felizes. Passaram por nós me tirando pra dançar. Tentei segurar em Symon mas não adiantou. Em breve conseguiria sair dali. Era o que eu pretendia.

– Vamos nos divertir!

– Não posso! Eu estou acompanhada.

– Esta mesmo, por nós.

Elas cairam na gargalhada enquanto me levavam para fora da multidão. Ja estava escurecendo e fomos para um casarão. A casa era linda, mas quando entrei me assustei. As pessoas estavam realmente se divertindo conforme a vontade deles. Me senti envergonhada por tudo que via, e eram apenas beijos. Mas beijos quentes. Dois casais na sala principal, outro na escada. Cheguei no que parecia a cozinha e procurei por agua. Precisava sair dali sem parecer uma louca. Apesar de não ter sofrido ameaça naquele lugar, o trecho da carta de minha mãe não saía da minha mente -O Jásper diz por aqui que te matar seria uma boa opção, mas te deixar viva foi a melhor sentença que ele poderia ter dado.– Precisava ter cuidado onde pisava. Aguçei meus ouvidos para algo que parecia interessante. Duas meninas, uma mais velha e uma mais nova que eu conversavam.

– Voce ouviu dizer da menina fujona? - A loira mais nova falou enquanto bebia algo que pela sua cara era forte demais pra ela.

– Ouvi! O que leva essas pessoas a fazerem isso, hein?

Quase interferi concordando com a reação dela acerca de Jásper, Adrian e todos os outros. Mas ela não falava deles, falava de mim.

– Desculpe meninas, mas estava ouvindo a conversa de voces. O ser humano faz cada loucura não é? Soube que ela quase morre la de onde ela veio. - Preferi esconder.

A mais nova que tinha os olhos claros como a agua do riacho, e os cabelos loiros e longos olhou pra mim estupefata. No entanto a mais velha que continuou discorrendo sobre o assunto.

– Bom, eu nunca me arriscaria tanto. Aqui ja apareceu alguns desses tipos, mas ou desapareceram ou se juntaram a nós. Mas colocar sua vida em um livro é futil demais.

Não segurei minha lingua na boca. Como quase sempre. Goel me segure.

– Vemos as coisas como nos parece melhor. A vida de voces é repleta de prazeres, voces não tem objetivo, proposito. E os perushins são rigorosos, pulso de ferro.

– Tem um objetivo sim... - ela deixou sua bebida na bancada que estava sentada e olhou para mim com atenção, interrompendo seus pensamentos anteriores - Mas como voce sabe sobre os Perushins? Não falamos deles...

Mancada. Fiz besteira. Tentei contornar mas seus olhos mostravam a desconfiança escondida. Larguei o copo na pia e deixei claro que precisava sair. Para falar a verdade aquele lugar me dava nojo. Quando estava na porta da cozinha, a garota mais velha me segurou pelo braço.

– Hei assustada, fica tranquila... Não vou falar com ninguem. E mesmo que eu falasse ninguem faria nada. Nenhum de voces sequer subsistem aqui. Curta a vida, voce é nova e linda, mocinha.

Ela sorria enquanto me deixava ir. Me perguntei como ela conseguia ser feliz assim. Será que ela não entendia que tudo aquilo onde ela depositava sua esperança e alegria era passageiro. Suas roupas eram sugestivas, mas não era isso que fazia dela uma menina sem rumo. Muito menos a pintura forte no rosto. Era uma vida egoista, onde só se pensa no prazer e em nada mais. Na vida desvairada sem nenhum motivo para tentar ser melhor dia após dia. Tive pena dela. Aquele sorriso nos labios e um copo na mão não me convenciam.

Sai procurando o Symon, estava tudo escuro eu nunca andei por aquele lugar naquele horario. Estava tudo muito movimentado, homens brigando, mulheres se oferencendo, som alto. Um grupo de rapazes estava mais a frente encostado em uma casa fechada e as escuras. Pensei que pudesse pedir ajuda acerca do caminho que estava procurando.

– Por favor, voces podem me dizer qual a direção das ruinas do casarão abandonado?

Eles se olharam e o mais velho veio na minha direção.

– Claro, posso te levar la se quiser. Esta escuro, e alguem mal intencionado pode aparecer no meio do caminho.

Tive medo e decidi recusar. Mas eles levaram como brincadeira, me puxando pelo braço. Tentei me desvencilhar mas era impossivel. Contra tres homens, eu parecia ainda mais fraca. Aos poucos reconhecia o lugar, e meu coração palpitava. Os dois mais novos se afastaram e fui levada pelo mais velho.

– O que voce quer comigo? Me deixe ir.

A ultima frase dele me contou o que ainda não sabia. O nome do lugar.

– Voce parece novata, vou te mostrar porque o nome desse lugar é Hamartia, a terra dos prazeres.


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