O forte barulho de Minho descendo as escadas me fez finalmente desviar a atenção do grande rastro negro que subia pelo céu se unindo ao vasto tapete de nuvens cinzas que se espalhava pelo céu.

Pela janela quebrada pude ver poucos clareanos saindo da grande casa, a maioria ainda permanecia dentro dela com medo. Forcei meus pés a andarem batendo contra Teresa que também estava olhando o terror do lado de fora.

–Por que ele não levou mais ninguém? – Ela perguntou encarando o fogo do lado de fora, como se tivesse perguntando para ela mesma, ou até mesmos as palavras saíram contra sua vontade de sua boca. – Ele teve a chance de levar quantos quisessem. Estávamos apavorados. Por quê?

–Eu não sei. Talvez ele foi programado para levar só um de nós. E isso não é nosso maior problema, os mapas, eles foram todos queimados. – Falei me apressando em descer logo as escadas com a garota em meu encalço.

Pude ver ela indo atrás de Thomas enquanto eu saia da casa que parecia a todo momento que ia me esmagar com suas paredes.

–O que vamos fazer? – Minho chegou correndo em minhas frente.

–Eu... alguém por favor ache Alby.

–Alby? Alguém por favor ache Gally! Precisamos construir algo novo para conter os Verdugos. – Minho disse me impedindo de fazer qualquer coisa.

–Gente. – Jeff chegou apressado ao nosso lado botando aos mãos no quadril demostrando cansaço. – Gally sumiu.

–O que – Minho perguntou.

–De novo? – Falei cansado.

–Alguém disse que viu ele entrando no labirinto quando o Verdugo foi embora. – Jeff completou.

–Não temos mais o que fazer por Gally, esse maluco quer se matar!

Balancei a cabeça em concordância esperando Jeff ir embora.

–Minho, você não entendeu ainda? Não há mais o que conter, não há o que mais aguardar, tem que ser hoje, tem que ser agora! – Falei olhando diretamente para Minho mostrando toda minha confiança.

–Tudo bem. Já estava achando tudo meio chato por aqui.

Falando isso seguimos para fora da Sede.

~*~

Chuck corria de um lado para o outro não contendo sua emoção em sair da Clareira. Eu procurava Alby em todos os cantos da Clareira, precisava de seu apoio agora. Essa era nossa maior chance e eu precisava dele ao meu lado.

Sai da casa de madeira e andei em direção as cinzas da casa dos mapas. Ele estava parado olhando toda a fuligem que ainda caia no chão.

–Alby. – Falei chamando sua atenção.

–Eu fiz isso. – Ele me interrompeu me deixando embasbacado.

–O que?

–Eu queimei os mapas.

–O que? Alby por que você fez isso? Nossa maior chance de...

–Você não entende. Não podemos sair, não podemos sair.

– Tudo bem, você está maluco, igual Gally.

–Nós não podemos sair daqui! – Ele gritou para o nada em sua frente. – Acredite em mim, a Clareira é melhor do que lá fora. Estamos melhor aqui do que lá.

–Eu não vou ficar aqui parado vendo os Criadores matarem um de nós por dia, não vou ficar aqui sem tentar, se você não quiser vir comigo não irei forçar nada.

Virei as costa deixando Alby nas cinzas de sua própria obra. Não era necessário queimar todos os mapas, Alby não estava pensando direito, não estava sendo racional.

Caçarola vinha correndo em minha direção com uma grande mochila que vi estar carregada de armas.

–Estou distribuindo as armas para o grande momento. – Ele disse me entregando um facão. – Pode me dizer onde Alby está?

–Ele não vai com a gente.

–O que? – Ele demonstrou surpresa em seu rosto.

–Ele prefere ficar aqui.

–Não mais. – A voz de Alby atrás de mim me fez desviar a atenção do cozinheiro.

–Desculpa por isso, a realidade é que estou com medo, obrigada por abrir meus olhos, vou tentar, mesmo que eu não consiga eu vou tentar. – Ele disse pegando uma arma com Caçarola.

–Alguma ordem? – Ele perguntou para mim.

–Eu não sou o líder aqui. – Disse botando as mãos no quadril.

–E quem seria o Líder?

–Thomas, ele é o líder.

~*~

Depois de minutos a maioria dos Clareanos resolveu ir conosco. Uma certa minoria resolveu ficar aqui, mas agora não estava mais me importando com os poucos que não iam.

Todos os que decidiram ir estavam reunidos na Sede dividindo as armas e garrafas de agua. Já havíamos decidido toda nossa estratégia. Thomas ia na frente seguido por Minho e eu. Teresa vinha atrás com Chuck levando mochilas com água caso acontecesse alguma coisa. Por fim Alby vinha no final se certificando que todos haviam passado.

Thomas que até pouco tempo estava com Teresa conversando veio até mim me fazendo prestar atenção nele.

–Você tem certeza? – Ele me perguntava sentando em um grande banco de madeira.

–Certeza sobre o que?

–Sobre eu ser o líder?

–Você descobriu como sair daqui, você guia a gente.

–Mas você tem muito mais experiência no labirinto.

–Eu... o que?

–Minho me contou. A gente estava conversando sobre o labirinto e ele me falou que você era corredor, era um dos melhores. Por que você desistiu?

–Eu... eu sofri um acidente. Machuquei meu joelho, não consigo mais correr.

–Mesmo assim, ainda podia nos guiar.

–Já foi decidido, não tem o que mais discutir.

Depois de Thomas concordar ele foi até Teresa novamente. Os barulhos de metal batendo contra metal mostrava que as armas estavam sendo carregadas.

–Todos estão prontos? – Alby chegou no meu lado chamando a atenção de todos.

Todos responderam animadamente a sua pergunta, a animação era contagiante. Em anos eu não vejo os Clareanos tão felizes.

Os Clareanos se direcionaram para a porta Leste sendo observados pelos outros que resolveram ficar. Thomas e Minho a minha frente esperavam as portas se abrirem. Chuck e Teresa atrás de mim mostravam curiosidade e animação por entrar no labirinto pela primeira vez. Bem atrás pude ver Zart e Winston segurando suas armas prontos para qualquer coisa. Caçarola e Jeff estavam quase do lado de Alby.

O forte barulho das grandes pedras se movendo fez meus olhos se direcionarem para as portas. Meus olhos me mostraram as grandes portas se abrindo, meu coração desacelerava enquanto o extenso corredor se mostrava diante meus olhos.