Percy estava começando a ficar cansado daquelas palavras “vamos conversar”, sempre que o convidavam para aquilo, ou ele acabaria preso e ou corria risco de vida. Ele havia acabado de fugir de um lugar que deveria ser seguro para os semideuses, e agora aquele estranho homem que parecia não ter nada de especial comentava “eu sabia que esse dia iria chegar”.

O que atraiu Percy para aquela sala de estar foi a garota... Os olhos dela eram lindos e ainda ela parecia envergonhada em ter o garoto lá.

O homem convidou Percy para se sentar e os dois ficaram frente a frente, o semideus não teve tempo de olhar para a decoração e ou o que havia na sala, reparou apenas nas duas pessoas que estavam a sua frente.

— É estranho que você chegue tão de repente... – Comentou o homem – Dite sempre comentou que alguém viria pegá-la, mas não contava com um... –

Percy olhou de forma estranha, Dite? Poderia ser Afrodite? Aquele homem sabia sobre a existência dos deuses.

— Dite? – Perguntou a garota

— Afrodite... – Percy comentou – Deusa da Beleza e do amor... –

O homem fez que sim com a cabeça e a garota olhou de forma estranha para Percy, aparentemente ela não sabia de sua ascendência divina.

— Amor, há alguns anos atrás, ainda quando era um ator novato, conheci a mulher mais linda que já havia visto... Não demorou nada, e quando Percebi, já está saindo com ela, encontros e tudo mais! Aos poucos fui me envolvendo mais e mais, até que chegou o dia de ela partir... Antes de tudo, ela me entregou você, junto com um bilhete que explicava tudo! – Ele sorriu – A partir daquele dia, eu a protegi até que viessem lhe pegar para levar para o acampamento! –

Percy quase chorou ouvindo aquilo, era comum ver Afrodite partir corações dos mortais, mas daquele jeito era incomum, o homem parecia realmente acreditar que estivesse fazendo o melhor para sua filha.

— Papai?! – Perguntou a garota

— Percy, um filho de Posseidon, dediquei uma parte de minha vida a estudar o que Piper era... – Ele sorriu – Ainda tento entende-la! –

Percy suspirou, Afrodite acabava com outro coração, mas havia lhe dado algo maior... Um filho para simbolizar aquele sentimento, Piper era o resultado do amor de seu pai pela deusa da Beleza.

— O que eu sou? – Perguntou a garota assustada

Percy sorriu fraternalmente e o ambiente pareceu esquentar, era uma das habilidades de Héstia, oferecer conforto as mentes confusas e acalmá-las.

— Piper, você é o que podemos chamar de semideusa! – Percy sorriu – Uma filha de uma deusa grega com um mortal! –

Piper olhou para o semideus como se ele fosse louco.

— Pai? Esse garoto é louco! –

— Não Pipes... Ele é o sinal de que os ventos da mudança finalmente chegaram! – Ele sorriu – Eu no início relutei em aceitar o que havia acontecido, o que você era... Mas quando seus poderes começaram a se desenvolver e todos os problemas começaram... –

Piper olhou para seu pai decepcionada, aparentemente havia muita coisa envolvida com os novos poderes da garota, vários problemas causados entre ela e os mortais.

— Papai! – Ela falou com lágrimas nos olhos – Você tinha dito que aquilo não foi culpa minha! –

Percy sentiu a tristeza extrema da garota, alguma coisa havia acontecido de muito grave no passado recente dela.

— E não foi amor... – Seu pai tentou concertar – Mas Percy... –

Piper substituiu a tristeza pela raiva, ela estava colocando a culpa de toda aquele “novo ambiente” no semideus a sua frente. Sem dizer mais nenhuma palavra, ela se virou e foi em direção a saída.

— Piper! – Falou seu pai sério

A garota saiu da sala, deixando os dois frente a frente.

— Me desculpe, não sabia que ela iria reagir assim... –

— É novidade para ela... Está tudo bem... – Falou Percy calmo – Mas senhor, não estou aqui a mando do acampamento, na verdade, algo muito ruim está acontecendo... –

Tristain McLean suspirou, quando viu Percy ele sentiu de que algo errado estava acontecendo.

— Algo de ruim tomou conta do acampamento... – Comentou Percy – Acabei de fugir de lá! –

O pai de Piper olhou para ele de forma contraditória, porque um semideus fugiria do local mais seguro do mundo para eles?

— Porque devo acreditar em você? –

— Porque sabe que eu falo a verdade! – Percy falou pausadamente – É um mortal que é capaz de ver sobre a névoa, olhe para mim e diga o que vê! –

Demonstrando uma maturidade incomum para sua idade, Percy falou aquelas palavras que parecem ter surtido efeito em Tristain. O homem olhou para os olhos do garoto e foi capaz de ver duas essências, a primeira, um oceano calmo... E a outra, a chama olímpica!

— Entendo... – Comentou o pai de Piper

Percy suspirou e colocou a mão em Katropis, aquela adaga havia lhe adotado, ele era capaz de sentir aquilo, mas havia algo errado, estava silencioso demais, até para uma noite sem luar. Fazendo algo impensado, Percy tirou a adaga de sua bainha e olhou fixamente para ela, em alguns segundos, a imagem de seu rosto refletido no bronze celestial se tornou a imagem de Piper deitada na cama com a cara no travesseiro.

Havia algo mais naquela cena, o semideus observou com mais atenção e percebeu algo que não se encaixava naquele contexto, parecia uma estátua de palhaço, algo muito fora de contexto com o quarto da garota.

— Sua filha tem uma estátua de palhaço no quarto? – Perguntou Percy

Tristaind olhou confuso para o semideus, a resposta era óbvia, era claro que não!

— Não... Porque a pergunta? –

Os dois se entreolharam e no mesmo segundo levantaram das cadeiras e correram para o andar de cima. Percy correu o máximo que pode, ao chegar na porta do quarto da menina simplesmente a arrombou.

Piper levantou da cama com um susto e viu Percy armado com uma faca na porta do quarto dela.

Tristain estava logo atrás do semideus e observou a cena, Piper gritando e apontando para Percy, enquanto o semideus encarava aquela estranha estátua.

— Pai! Ele está armado! – Gritou Pipes

— Pipes atrás de você! – Gritou Tristain

A garota olhou para trás e observou a estranha estátua começar a se mexer, com um ótimo tempo de reação, a semideusa correu e se escondeu atrás de Percy. O garoto sentiu a respiração da garota em seu pescoço e observou mais atentamente aquela criatura. Aos poucos deixava de ser um palhaço e começava a se transformar em algo mais sombrio, o corpo se transformou em algo maior, de quartro patas.

O pelo era amarelo, uma enorme juba e uma cabeça de leão poderiam confundir qualquer um, mas ao lado, havia uma cabeça de bode e uma cabeça de dragão. A criatura ainda tinha asas de dragão, o que lhe dava a habilidade de voar, coisa que Percy não queria ver naquele momento.

— Que ótimo, para completar o dia! – Ele exclamou – Uma quimera?! É sério Zeus, não podia ser uma barata gigante? –

Piper olhou assustada para o semideus que discutia inutilmente com o céu e viu a criatura se preparando para atacar.

— Desculpa senhor semideus... – Ela falou puxando as roupas dele – Acho que aquela coisa quer nos matar! –

Ele olhou para Piper com um sorriso no rosto, e falou rindo.

— Confia no Pai! -