A Maldição da Wicca escrita por FireboltVioleta


Capítulo 11
Welcome To Beauxbatons




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RONY

Nos dois meses seguintes, fiquei angustiado ao ver Hermione ficar cada vez mais ansiosa e deprimida com a perspectiva de, em algum momento, finalmente virar uma Wicca.

Ela agia como se fosse uma bomba-relógio o tempo todo, evitando ficar perto de nós, dando evasivas para se afastar de mim, e até mesmo nem comentando mais nada sobre o assunto. Já fazia semanas que Hermione nem sequer chamava Becky, embora a elfa viesse de tempos em tempos por vontade própria para visitar Hermione. Mesmo ela parecia perceber que algo incomodava sua dona.

Finalmente, eu me explodi com aquilo - sem justificativa, claro.

Foi em uma das visitas ocasionais de Backy, que se curvava curiosa para enxergar Hermione no sofá do Salão Comunal. Eu simplesmente avancei na direção do sofá, enquanto Becky recuava, parecendo assustada com minha expressão. As orelhinhas dela murcharam de tal modo que eu quase me desculpei pelo modo rude de me aproximar.

– Mas que merda, Hermione! - bati as mãos no encosto do sofá. Hermione levantou-se de um salto, arregalando os olhos para mim.

– O que foi? - ela murmurou, com a expressão desanimada.

– Só estou de saco cheio de ver você agindo feito a Murta-Que-Geme! Que droga, Hermione, cai na real! Você não vai virar um monstro nem nada parecido! Pare de se esconder!

– Não briguem, não briguem! - esganiçou-se Becky, dando pulinhos amedrontados.

– Ah, não, Becky - Hermione bufou, voltando a se deitar - você ainda não nos viu brigando...

Becky fez uma careta engraçada, arregalando os olhos e abrindo e fechando a boca como um brinquedinho de corda. Para nossa surpresa, ela emitiu um guinchinho agudo e, antes que nos déssemos conta, se lançou contra o atiçador da lareira, gritando "não pode, não pode!"

Hermione pareceu sair finalmente do seu torpor depressivo e se levantou correndo, puxando Becky pelas pernas para impedi-la de se bater outra vez.

– Pare, Becky! - Becky relaxou nos braços de Hermione assim que ela ordenou. A elfa se virou, chorosa, para nós - Por que está se castigando?

Becky balançou a cabeça.

– Becky não pode falar... - ela soluçou, esfregando a testa que começara a ficar vermelha - Becky jurou ao antigo senhor que só falaria quando a menina Granger estivesse pronta...

– Falar o quê, Becky? - após semanas, um brilho finalmente apareceu nos olhos de Hermione - quando eu estivesse pronta para o quê?

Becky saltou dos braços de Hermione; ainda balançava negativamente a cabeça.

– Becky não pode falar - ela repetiu - a senhorita tem que ter demonstrado que está pronta para que Becky conte tudo. Becky tem que saber se o seu senhor tinha razão... - ela baixou os olhos enormes, fungando - para saber se a menina Granger era como o senhor de Becky.

– Como assim? - Hermione se ajoelhou, até ficar na altura da elfa - o que meu tio era, Backy? Responda!

Sentei, olhando abismado para a elfa relutante à nossa frente.

Becky falou como se cuspisse o que dizia após mastigar.

– O senhor de Becky era um bruxo especial... ele... fazia coisas...

– Meu tio era um Wicca?? - Hermione se ergueu, com o horror estampado no rosto.

Becky puxou as orelhas, guinchando com os olhos fechados.

– Sim, sim, senhorita! Becky foi comprada pelo senhor Granger quando era só uma elfazinha! Ele queria que Becky guardasse seu segredo... ele fugiu do outro mundo pra cá para não machucar ninguém!

Hermione caiu no sofá de novo, aterrorizada.

– Conte tudo, Becky...

A elfa sentou ao lado da dona, engolindo em seco.

– O senhor de Becky se invocou quando a senhorita era só uma menininha... ele adotou Becky para cuidar dele e do seu lugar especial... ele fugiu por que achava que ia machucar outras pessoas, e tinha muita gente má atrás do senhor de Becky, e o senhor de Becky tinha medo que outros bruxos bons também fossem atrás dele. Ele preferiu ficar escondido esse tempo todo, por que achou que talvez não houvesse mais Wiccas na família Granger. Mas aí ele ouviu... - Becky arregalou os olhos - ele ouviu uma profecia... e pensou que podia ser a senhorita... o senhor de Becky ficou preocupado... arranjou um jeito de guardar tudo que precisasse para a menina Granger, se um dia ela realmente fosse virar Wicca também!

– Foi por isso que ele forjou a morte dele?

Mas era claro... um incêndio, provavelmente feito pelo próprio Harold, para desaparecer do mundo trouxa e fixar residência no mundo bruxo. Então, esse tempo todo, já existia um Wicca em nosso mundo e nós nem desconfiávamos!

Pelo que Becky dizia, Harold evitou contatos com outros por quase dez anos pelo mesmo motivo que Hermione tentava se afastar de nós nos últimos meses...

Igual a sobrinha... balancei a cabeça, alarmado.

Provavelmente, Harold também não saiu de seu buraco para lutar contra Voldemort pelo mesmo motivo, achando que poderia se corromper ou causar estragos com seu poder.

– Foi sim... - Becky fungou outra vez - por isso a menina Granger ganhou uma casa nova... e virou a nova dona da Becky!

Hermione me olhou, parecendo prestes a desmaiar.

– Isso... é loucura... - ela murmurou.

– Nós já sabíamos de toda essa conversa sobre os Wiccas, Becky - eu disse, segurando a mão de Hermione - então Harold também já sabia de tudo? Por que não falou com Hermione?

– O senhor Granger tinha medo, muito medo... mas ele decidiu falar finalmente para a menina Granger sobre tudo... mas... então... - ela tampou os olhos, começando a chorar - então o senhor de Becky foi...

– Você sabe quem foi? - ouvi vagamente Hermione arfar - sabe quem matou meu tio?

– Bruxos maus - Becky soluçou - um bruxo muito malvado... ele aproveitou que estava tendo muito barulho por causa de um jogo trouxa perto de onde meu senhor morreu... para usar seus poderes... o bruxo mau simplesmente.... m-matou o senhor de Becky... sem varinha nem nada!

– Sem varinha?

Ah, não.

Mais um Wicca?

Então, se tudo fosse verdade... já havia outro Wicca à solta por aí.

Meu Deus...

Eu ia perguntar o por que Becky nunca contara isso à ninguém, mas ela engasgou e começou a soluçar com vontade. Percebi que nosso interrogatório chegara ao fim.

– Rony... - Hermione ergueu o olhar para mim, e vi aqueles lindos olhos banhados com tal angústia que senti como se me arrancassem um pedaço do peito.

– Pare, Hermione, pare - eu já levantara os braços antes mesmo que ela me abraçasse - vai ficar tudo bem... lembra o que McGonagall disse? Você não vai ficar sozinha... todos vão ajudar... a Becky vai ajudar - sorri para a elfa por trás do ombro de Hermione - esse tal novo Wicca não vai fazer mal à mais ninguém...

– Queria ter certeza disso... - ela fungou no meu ombro.

Becky parecia tão envergonhada que eu cutuquei Hermione, indicando-a com a cabeça. Hermione esfregou os olhos, dando um sorriso curto para sua elfa.

– Obrigada por nos contar tudo, Becky...

A elfa, lacrimosa, assentiu com a cabeça.

– A senhorita é uma boa bruxa, menina Granger... meu irmão teria adorado conhecer a senhorita.

Senti um nó invadir minha garganta. Ah, pobre Becky... se um dia soubesse da verdade...

– Obrigada - Hermione afagou a cabecinha de Becky - pode ir agora...

Becky fez uma reverência trêmula, ainda abalada depois de sua confissão, e desapareceu com um estalinho.

Hermione ia abrir a boca, mas eu erguia mão, calando-a.

– Vamos combinar de não falar ou se preocupar mais sobre isso até que finalmente aconteça... se é que acontecerá agora? - apertei sua mão - um cara barbudo um dia disse que não devemos deixar de viver por qualquer coisa...

– Isso não é qualquer coisa - Hermione revirou os olhos.

– Dá pra gente combinar isso? - cortei-a, exasperado.

Hermione revirou de novo os olhos, mas deu um sorriso leve.

– Tá bom...

Fosse para acalmar os ânimos, fosse para extravasar, fosse para acalmar Hermione, dei uma risadinha e chapei-lhe um beijo na boca.

Hermione automaticamente se enganchou em meu pescoço e retribuiu. Senti seu sorriso ainda aberto em meus lábios.

– Só você mesmo para me tirar da fossa - ela brincou, quando se afastou de mim.

– Fazer o quê, se eu sou irresistível - ri quando ela bateu em meu braço.

– Muito bem, Senhor Irresistível... vamos para a próxima aula...

– Fechou - abracei sua cintura, ainda rindo.

___________________OO_________________________

Algumas semanas depois, a comitiva que levaria os alunos para o Torneio Tribruxo em Beauxbatons finalmente chegou à Hogwarts. Para minha surpresa, apenas trinta alunos, dentre pessoas interessadas em se inscrever e espectadores, seriam levados - dentre eles, eu, Hermione, Harry, Gina, Neville e Luna, dos quais três (Hermione, eu e, por mais assustador que fosse, Neville) iriam se inscrever. Todos da comitiva teriam as aulas suspensas, sem perda "teórica" do ano letivo.

Eu me perguntava como McGonagall - que deixaria Flitwick como diretor temporário - levaria tantos alunos para o outro lado da Grã-Bretanha.

Minha resposta estava estacionada no pátio do castelo, relinchando vigorosamente.

Caramba...

Era uma carruagem enorme, em feitio de retângulo, puxada por nada menos que seis cavalos negros, troncudos e musculosos, de olhos vermelhos e patas enormes. Asas gigantes com pelo menos dois metros de envergadura batiam no ar, ansiosas.

– Cavalos alados carnívoros! - exclamou Hagrid, surgindo atrás de nós - umas belezas, não são?

Revirei os olhos, rindo. Entendia mais ou menos o que Hagrid dissera. Depois que você se acostumava com o rosto demoníaco dos cavalos, realmente achava o conjunto todo belo... e assustador.

– Entrem, vamos... sem confusão! - ordenou McGonagall, gesticulando para a comissão entrar.

Entramos animadamente na carruagem, conversando sem parar. Hagrid tinha um canto só dele na carruagem, que fora adaptado para suportar seu peso e altura.

Me despedi nos nossos colegas pela janela, antes que um solavanco me fizesse cair de volta para dentro da carruagem, enquanto ela alçava voo no céu sem nuvens.

Hermione gargalhou enquanto me puxava de volta para o banco.

– Ansioso? - ela indagou, sorrindo.

– Lógico... quem não quer conhecer Beauxbatons?

– Ahn... - Dino murmurou, sentindo os olhos de Cho fuzilarem-no, provavelmente lembrando de Fleur - eu.

Todos riram.

Após uma longa viagem, a carruagem finalmente começou à perder altitude. Vi, de relance, nos aproximarmos de um longo jardim esverdeado que circulava um majestoso castelo de estilo medieval, muito diferente de Hogwarts, que tinha tantas colinas e declives. Lá tudo era plano e claro, dando uma aura de poder e magia peculiares à escola.

Assim que aterrissamos perto de um bosque escuro perto do castelo, todos desceram da carruagem, parecendo curiosos e maravilhados com o lugar. Sorri para Hermione, que parecia uma criança que tivera uma agradável surpresa mostrada à ela.

– Hem, hem - brincou Gina, imitando magnificamente Dolores Umbrigde - bem vindos à Escola Beauxbatons, macacada...


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