A Maldição da Wicca escrita por FireboltVioleta


Capítulo 10
Inheritance - Part 2




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HERMIONE

Aquilo já estava beirando à insanidade.

Não bastando toda aquela droga de profecia e magia Wicca, além da "nova" morte inexplicada de um tio que eu nem conhecera e de uma imensa e absurda herança inesperada, agora eu teria que ser a dona de uma casa bruxa e de um elfo.

Aonde o mundo ia parar??

Oliviene era uma pessoa que falava manso, com um sorriso simpático sempre estampado no rosto. Eu havia gostado dela logo de cara, mas, mesmo assim, me senti desconfortável quando ela começou a apurar o testamento,

Becky, a elfa, me olhava com tamanha adoração que fiquei ainda mais sem graça.

Diabos, o meu tio andara se escondendo no mundo bruxo esse tempo todo, e nunca teve a decência de simplesmente visitar a sobrinha ou mandar uma carta. E agora, me vinha com esse testamento petulante, como se tivesse feito parte de nossa família nos últimos dez anos.

Papai sempre dissera que ele morrera num incêndio...

Aquilo não fazia sentido algum.

– As últimas vontades de Harold Stuart Granger, firmadas no cartório de Divisão de Bens do Ministério da Magia, na presente data - Oliviene recitou o testamento, olhando por cima do papel.

"Repasso todos os meus bens físicos, aqui descritos, à Hermione Jean Granger, minha sobrinha e única parente descendente viva, dada a inexistência de herdeiros em minha família. Para ela, deixo minha casa de campo do distrito de Halbock, em Hogsmeade, incluindo todas as construções do terreno, esperando que obtenha pleno usufruto do que lugar pode lhe oferecer.

Também destino à minha sobrinha todo o ouro disponível em meu nome no Banco Gringotes, cuja transferência deverá ser feita para seu próprio nome assim que este testamento for concretizado.

Por fim, lego à Hermione minha fiel e querida elfa doméstica, Becky, que esteve sempre me auxiliando e me servindo me modo dedicado, esperando que Becky seja tão dedicada e submissa com minha sobrinha como foi comigo enquanto em vida. Também repasso à ela meu agoureiro de estimação, Skye, que deverá ser cuidado e tratado por Becky até que sua nova dona decida o contrário.

Sem mais, à este documento, declaro e dou fé no presente dia."

Oliviene ergueu o olhar para mim outra vez.

– Como... - Rony balançou a cabeça - quando... aonde o tio dela morreu?

A moça suspirou.

– Harold foi encontrado morto à pouco tempo, numa casa abandonada em Surrey. Não tinha marcas... nem digitais - ela acrescentou, antes que eu citasse algo sobre as investigações trouxas - o que sugere que tenha sido vítima de uma Maldição da Morte. A identificação do corpo foi feita por uma pessoa que alegou ser prima do falecido. Após a investigação, a linha genealógica finalmente identificou você,,, e sua família. Mas ainda estão havendo investigações sobre isso.

Ela se ergueu da mesa. Por costume, nos levantamos também.

Becky ainda estava me encarando, com os olhos arregalados com tal felicidade que senti algo engraçado subir e descer em minha garganta. Ela parecia simplesmente maravilhada com a ideia de mim como sua dona. Quase honrada.

E eu não estava me sentindo nada bem com isso. Eu não queria mandar em ninguém, por mais que fizesse parte da natureza de quem fosse me servir.

– Bom - Oliviene me tirou de meus pensamentos absortos - gostaria de apresentar o imóvel em Hogsmeade para vocês. Me acompanhariam numa aparatação até o local?

– Claro - assenti, acotovelando Rony para que me seguisse. Droga, era melhor eu engolir logo toda aquela herança. Eu tinha a péssima impressão de que, com toda aquela ladainha da profecia, ia realmente precisar de um lugar e de dinheiro para me esconder quando precisasse.

Minha cabeça apitou assim que eu pensei nisso, enquanto eu aparatava com Oliviene e Rony. "Espera um pouco... é como se... seu tio soubesse que você precisaria disso!"

Bati no meu inconsciente mentalmente. Que bobagem! Como Harold saberia algo sobre a profecia se nem teve o peito de simplesmente conviver comigo?

Senti meus olhos revirarem de ironia quando finalmente reaparecemos numa estradinha de terra, que reconheci imediatamente como a da zona rural de Hogsmeade, ao norte do vilarejo.

Andamos em silêncio durante alguns minutos, com Rony apertando minha mão, parecendo preocupado. Mais uma vez, senti aquele nó de carinho e gratidão se enroscar em meu estômago.

Becky nos acompanhava com passinhos apressados, que tateavam no chão com um barulhinho engraçado. Sorri para a elfa, que, ao contrário de outros elfos que eu conhecera, parecia razoavelmente bem tratada, com um tipo de vestido de fronha e pequenos anéis feitos de colchetes. Para um suposto padrão de elfos domésticos, ela chegava até a ser bonitinha.

– A senhorita está preocupada? - ela algavariou - Becky pode ajudar?

– Por enquanto não, Becky - pousei a mão na cabecinha pelada da elfa, que abriu um largo sorriso - não se preocupe...

Rony também sorriu para Becky. Não pude culpa-lo. Ela era realmente uma figurinha muito simpática.

– A senhorita é bonita - Becky murmurou, parecendo corar - o meu antigo senhor falava muito da senhorita... que tinha orgulho da senhorita, que se tornou uma grande bruxa...

Senti meu estômago pular.

– É mesmo?

Então Harold andara me observando... mas como??

Becky pareceu ficar pálida ao se dar conta do que dissera. O que não justificava a coitada se lançar numa caixa de correio próxima, golpeando-a com a cabeça. Oliviene e Rony estacaram, surpresos.

Segurei-a nos braços, impedindo-a de de castigar. A elfa balançou a cabeça, meio vesga.

– Becky, não faz isso!

A elfa fungou, tremendo.

– Desculpa, menina Granger. Becky falou muito. Becky não devia falar... não... ainda...

Resolvi não comentar nada, enquanto a elfa se recuperava das cabeçadas, andando de modo trôpego ao meu lado.

Após Oliviene piscar curiosa para a cena inesperada, andamos mais alguns metros à frente, até chegarmos num terreno murado com um extenso quintal com grama verde.

À frente do muro, podia-se ver uma grande casa inglesa. Haviam várias árvores circulando o terreno, todas com aspecto fantasmagórico de algo que não tinha folhas nos galhos há anos. Mais ao fundo, um muro extenso coberto de plantas se destacava atrás da casa.

– Chegamos.

Pisquei, atordoada.

– Tudo isso... é a minha futura casa?

Oliviene sorriu, meneando a cabeça afirmativamente.

Era uma coisa impressionante. E era minha. Meu Deus...

Oliviene entrou conosco pelo portão negro que penetrava o muro de pedras.

De repente, algo cheio de penas passou por meu ombro, me fazendo pular de susto. Era cinza, do tamanho de um cisne, e pousou na grama com um baque suave, me encarando com dois olhos negros e tristonhos.

– Ah - nossa amiga sorriu - este é Skye.

Skye se aproximou lentamente de mim, parecendo curioso.

– Xô, Skye! Volta pro poleiro! Deixa a menina Granger em paz! - Becky sacudiu as mãos para o agoureiro, que piou indignado. Oliviene riu.

– Quer conhecer a casa?

Olhei para Rony, que sacudiu os ombros.

– Ok - suspirei - vamos lá... - me adiantei, deixando Skye e Becky - agora doida para botar o agoureiro de volta no poleiro - para trás.

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– Caramba... - Gina sorriu - que herança!

Ri, revirando os olhos ao lembrar a continuação de nossa visita à minha propriedade herdada naquela manhã.

A casa já havia sido, aparentemente, uma coisa de gente fina, com um estilo delicado e antigo, mas era bem pequena e simples por dentro. Não era grande coisa, já que estava precisando de uma reforma urgente devido à várias rachaduras e buracos, que impossibilitavam qualquer um de morar ali. Nós havíamos dado mais algumas voltas no terreno, sem achar mais nada que fosse interessante de ser apresentado. Então, por fim, retornamos com Oliviene para o Ministério para efetuar a papelada do repasse de bens.

Resolvi não discutir sobre minha vontade de não receber a herança. Até por que, talvez, tudo aquilo viesse a calhar mais cedo ou mais tarde.

Afinal, eu ia lá saber se, um dia, não teria que fazer uso de tudo ali?

Eu só não fazia ideia do quanto aquilo viria a calhar para mim...

– Posso conhecer a elfa? - Harry perguntou.

Funguei. Até havia esquecido que, agora, tinha uma elfa doméstica só minha. Credo... aquilo não daria certo...

– Claro... - sorri amarelo - Becky! - chamei-a.

Ouvimos um estalinho atrás do sofá do Salão Comunal, de onde Becky saiu, com os olhos azuis arregalados de expectativa.

– Chamou, senhorita?

Gina deu um assovio encantado.

– Ela é uma graça, Hermione!

Becky corou, sorrindo.

– Obrigada, senhorita... - a elfa me encarou com a expressão indagativa.

– Ahn... Becky,,, estes são Harry e Gina... meus amigos.

– Prazer - Harry apertou a mãozinha de Becky, completamente contente, o que me fez sentir uma pontada de pena. Meu amigo ainda devia sentir muita falta de Dobby...

– Harry Potter! - os olhos de Becky dobraram de tamanho - Becky conhece a sua história! O irmão de Becky contou milhares de vezes!

– Você tem um irmão?

– Tinha - o sorriso de Becky sumiu - ele foi comprado por um bruxo muito malvado, e foi embora quando Becky era só uma elfazinha pequenininha desse tamanho - ela fez uma medida com as mãos.

Rony fez uma careta, pensando o mesmo que eu. Ah, não...

– Você lembra qual bruxo comprou seu irmão?

Becky pôs o dedo na boca, pensativa.

– Sim... era um bruxo rico. Malfoy...

Merda... arfei, sobressaltada.

Harry ia abrir a boca, encarando os rostos horrorizados ali, mas eu o silenciei com o olhar. Deus do céu, se Becky descobrisse... coitadinha...

– Ahn... - suspirei, alertando Rony com um apertão no pulso - obrigada, Becky... só queria que você os conhecesse...

Becky fez uma reverência, encantada da vida, dando um grande sorriso para todos antes de desaparecer com um estalo.

Quando Becky finalmente sumiu, Harry se virou para mim, parecendo nauseado.

– Droga... - ele balançou a cabeça - isso foi sério?

Sentei no sofá, sentindo Rony afagar minhas costas.

Eu achava que ia me desmanchar ali mesmo. Aquilo era demais.

Virar uma Wicca não era nada. Entrar para o Torneio Tribruxo não era nada. Nada seria comparado à ter que ver, todo dia, no rostinho pequeno de Becky, a sombra do pequeno elfo que salvara nossas vidas meses atrás.

– Você vai contar - Rony disse, sério.

– Claro que não! - arfei - Rony, Becky ficaria arrasada...

– Vai ficar arrasada é se você não contar - Gina comentou - qual é, Hermione...

Me levantei de um salto, sentindo minha cabeça latejar,.

– Vou dormir... - bufei, pegando minha varinha e indo em direção às escadas - nos vemos amanhã na aula... boa noite...

Esperei estar longe o suficiente das expressões preocupadas de meus amigos para começar à chorar, encostando na parede gelada de pedras.

Senti uma mão grande apoiar-se em meu ombro. Com os olhos fechados, apenas me virei, aninhando-me no corpo de Rony.

Ficamos apenas assim, abraçados, durante alguns minutos, sem dizer nada.

Rony também não disse nada antes de se despedir de mim e ir em direção ao dormitório masculino. Apenas segurou meu rosto nas mãos, me deu um beijo terno na testa e se virou, desaparecendo escada abaixo, lançando-me um último olhar carinhoso.

E, provavelmente, eu não poderia ter esperado consolo melhor.

Ainda mais para - mesmo que eu ainda não soubesse - o que estaria por vir...


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