Estações escrita por Emma


Capítulo 27
Novas Direções


Notas iniciais do capítulo

Não me matem! Please.



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"Oh, estou uma confusão agora, virado ao avesso, procurando por uma doce rendição, mas esse não é o fim, mesmo que eu não consiga resolver. Como poderia?" I'm a mess - Ed Sheeran

 

Sonia estava sentada no banco carona do carro de Heitor, Henrique e Gabriela atrás, o relógio marcava por volta de 18:53h. Eles tinham entretido as crianças o máximo que puderam, queriam que Helena descansasse depois da conversa intensa que provavelmente tinha tido com os pais e dar tempo para os gêmeos acordarem. Estava inquieta e sua mente viajava, tudo somado a dúvida corrosiva sobre contar ou não para Alexandre a respeito da gravidez. Depois de presenciar o reencontro de seu amigo com os filhos e o mal que a distância lhes causou, ela reconsiderou significativamente sua decisão.

— Então... – Heitor começou, olhando pelo retrovisor tentou ver se as crianças estavam distraídas o suficiente com o Ipad e seus headphones novos, para que pudesse iniciar uma conversa que há meses desejava – como andam as coisas entre você e Alexandre? – Sonia virou-se da janela e olhou para ele que mantinha a visão no trânsito.

— Vamos lá Heitor – ela sorriu revirando os olhos – pergunte o que realmente quer saber... Alexandre com certeza te mantém informado sobre isso, ele te mandou perguntar sobre Victor?! Porque se for isso eu...

— Não, não... Ele não me pediu para perguntar nada... Eu só – ele a encarou rapidamente – só... já faz tempo que eu queria conversar contigo sobre isso... Você conhece Alexandre, sabe que ele não me pediria para fazer algo assim...

— Conheço?! Acho que não – ela meneou a cabeça –... eu pensei conhecer, mas seu amigo não era o homem que eu acreditava que ele fosse...

— Sonia – Heitor olhou para o retrovisor mais uma vez, Gabriela inclinou a cabecinha e sorriu quando pegou o olhar do pai, logo distraindo-se com seu joguinho outra vez – eu conheço Alexandre desde que era um menino, pode até parecer mentira ou apelação, mas ele nunca teve coragem de colar na prova por achar um ato corrupto, eu me recuso acreditar que tenha feito o que dizem que fez...

— Heitor please! As crianças têm o coração muito mais sincero e bondoso, meu irmão era um cavalheiro quando criança, agora, tenho “pena” das mocinhas que caem nas suas garras esperando mais que uma noite... Apesar de que Pietro sempre deixa bem claro suas intenções... O problema é mascará-las, como o que aconteceu!

— Ok, ok... Vamos a um fato mais novo... Você sabe o que fiz com Alexandre quando estávamos na faculdade e ainda sim ele me perdoou, eu não merecia, mas sua abnegação como sempre falou mais alto... – Sonia bufou.

— É diferente, não é o perdão que está em jogo aqui... São anos de mentira e engano, de sujeira escondida, de humilhação para mim... E sem falar dos meus sentimentos Heitor... – ela abaixou a cabeça sentida.

— O que estou querendo dizer Sonia, é que tenho provas e mais provas da integridade do caráter de meu amigo, poderia fazer uma lista bem grande de situações onde ele mostra o quanto é honroso, para acreditar que jamais ele trairia você...

— Eu também tinha Heitor – ela o encarou com um sorriso amargurado – eu era sua mulher, dividi os últimos nove anos da minha vida com seu amigo, tivemos filhos juntos, eu achava que era feliz...

— Porque eram!

— Deixe-me continuar...

— Desculpe...

— Achava que éramos felizes e de repente isso foi arrancado de mim, meu casamento perfeito era uma mentira... Como acha que me senti? O homem com quem eu dormi todos os dias durante esse tempo se tornou um estranho em quem eu não podia mais confiar... Você pode imaginar isso?! A sensação de estar violada, suja, descoberta, sem proteção, em um lugar que você não conhece, totalmente vulnerável... Essas são apenas o começo das sensações de quem foi traído.

Heitor engoliu o nó formado em sua garganta quando encontrou o olhar dolorido da amiga.

— Eu sinto muito por lhe incomodar, não era minha intenção...

— Tudo bem – Sonia lhe direcionou um sorriso fraco.

— Eu só queria dizer que entendo seus sentimentos, ser traído, por alguém que você ama e divide sua vida é um dos piores sentimentos que podemos sentir, já estive ai e sei do que falo... Porém, por mais que entenda, ainda tenho certeza que Alexandre não fez isso contigo.

— Eu queria muito acreditar nisso, eu tentei, mas ouvi e vi coisas demais Heitor... Alexandre me machucou como nunca ninguém antes conseguiu e estou tentando seguir em frente...

— Com Victor Campbell?!

— Victor é um amigo muito especial, alguém que eu certamente poderia amar, mas meu coração não está preparado para abrir-se novamente.

— Eu realmente espero que a verdade chegue até você antes que faça algo do qual possa se arrepender lá na frente.

O carro parou no estacionamento do hospital, quando as crianças perceberam logo se desfizeram de seus eletrônicos e incitaram o pai a descer, Sonia o encarou sem palavras até o momento em que Heitor desafivelou o cinto e moveu-se de seu lugar, abrindo a porta para Henrique e tomando Gabriela no colo.

—_____________________________________

— Vovô a mamãe está acordada? – a menina perguntou assim que avistou o avô, ainda no colo do pai. Quando a viu Soriano abriu um sorriso e foi ao encontro deles no começo do corredor – e meus novos irmãos?

— Sim, está minha fiorella, acordou tem alguns minutos e me pediu para verificar se vocês já estavam vindo, porque ela está com muitas saudades.

— Então vamos vê-la pai – Henrique sorriu para Heitor e o puxou pela mão que segurava.

— Sim vamos, porém, não façam muito barulho... – empurrando a porta ele viu sua mulher na cama, olhando na direção dos bercinhos onde surpreso, sua mãe e seu pai seguravam seus filhos no colo. Sorrindo ele se aproximou da cama e ela brilhou ao ver Gabriela e Henrique.

— Gabi, Henri...

— Mamãe – as duas crianças chamaram felizes, o menino se aproximou devagar sentando de um lado da cama, enquanto Heitor colocava Gabriela do outro.

— Como você está mamãe? – Henrique perguntou.

— Melhor agora que vocês chegaram – Helena sorriu, Victoria e Philip se aproximaram.

— Porque você está calada Gabi? – a amazona levantou o queixinho da filha e percebeu que ela chorava – Oh meu bem, você está chorando...

— É porque eu, eu... mamãe eu achei que você estava muito mal, eu vi você toda cheia de sangue deitada no chão da escada – a loirinha fungou.

— Meu amor eu estou aqui e estou bem, esqueça aquilo – ela puxou a filha na sua direção e a embalou em seu peito, alisando seus cabelos, Henrique ganhou espaço e se encaixou no abraço, Helena encontrou os olhos de Heitor e ele os envolveu.

Hey galerinha, mamãe está bem, não precisam mais se preocupar... Vejam quem está aqui também – os dois ergueram suas cabeças e encontraram um olhar carinhoso dos avôs paternos.

— Vovô Phil – Henrique sorriu.

— Vovó Vicky – Gabi ergueu os bracinhos e a senhora passou Catarina para o colo de Heitor, abraçando a neta.

— Que saudade minha bonequinha linda, esse vestidinho vermelho ficou tão lindo em você...

— Será que tem alguém ansioso para conhecer os novos irmãozinhos?! – Helena segurava Otávio e seu marido Catarina, ambos sentados lado a lado e agora a atenção de todos estavam no leito.

— Henrique e Gabriela, digam olá para Catarina e Otávio... – Henrique ficou encantado, segurando a mãozinha do irmão e Gabriela se inclinou e beijou a testa da irmã.

— Feliz? – Heitor sussurrou no ouvido da esposa e depois fitou seus olhos recebendo a resposta que desejava.

— Sim, incandescentemente feliz! Obrigada.

— Acredite bonitona, vou cobrar depois – ela sorriu e voltou sua atenção para as 4 crianças em sua cama e suspirou contente. Sua família estava ali, todos. Seus pais. Seus sogros. Seu marido e filhos. Como poderia ser mais perfeito?!

—________________________________

Sonia desceu do carro com todos, entretanto a conversa com Heitor tinha mexido com ela. Pensativa ela resolveu não ir para o quarto, ficou sentada em um dos bancos na pracinha em frente ao hospital, tentando pôr a mente em ordem.

“Não faça algo do qual você vai se arrepender lá na frente...”

Ela teria motivos para se arrepender? Claro que não! Alexandre foi um canalha, um mentiroso, enganador... Só estava protegendo seu bebê! “Bebê do qual ele era o pai”, sua consciência acusava.

Ele nem suspeitava o segredo que ela guardava, mas ainda assim conseguiu aumentar gradativamente sua dúvida (culpa) por esconder o bebê... “Maldito seja Heitor Herrera e sua maneira envolvente de conversar!”. Agora entendia porque ele era bem sucedido em tripudiar Helena tão fácil. Os olhos azuis quando profundamente presos aos de qualquer pessoa, eram um certificado de que alcançaria o que pretendia. Com sua simplicidade ele conseguia ser verdadeiro até o último fio de cabelo. Sua rápida conversa, misturada aos confusos hormônios da gravidez estavam deixando-a louca.

***

Melissa havia descoberto a chegada de Sonia na madrugada passada. Desde então só se afastou do hospital para trocar de roupa. Monitorou os passos de Alexandre enquanto ele esteve ali. O médico foi para casa, exausto após a cirurgia e retornou por volta de uma hora da tarde para cumprir seus compromissos de trabalho.

Até o momento de liberar Helena e seus bebês conferiu seus outros pacientes e se preparou mentalmente para outra cirurgia delicada que tinha para aquele dia, que devido à gravidade de seu paciente não poderia ser adiada. Depois de toda tensão da noite e madrugada anterior, ter novamente a vida de alguém em suas mãos era algo assustador, ainda mais após o reencontro com Sonia, com a sombra de Victor pairando sobre eles...

Por mais que tivesse feito isso diversas outras vezes, remover um tumor da cabeça de alguém não era um procedimento simples e ele não poderia deixar a inconstância de suas emoções levá-lo a um erro fatal.

O resto da tarde foi envolto em estudo e ligações para amigos médicos, juntamente com um dos jovens estudantes em neurologia de sua equipe, uma vez que a única coisa que desejava de Melissa era distância. Concentrando-se totalmente na sua missão e anulando suas emoções, ainda que só por algumas horas, orou para não vê-la outra vez ou seu trabalho em tirá-la de sua mente iria pelo ralo.

Quando Alexandre conseguiu sair da sala de cirurgia o relógio em seu pulso marcava um pouco mais de seis e meia da tarde, caminhando pelos corredores brancos e bem iluminados, ele passou pelo hall e tomou o elevador que levava a área administrativa do prédio. Clarisse estava o esperando em pé ao lado de sua mesa com um copo de suco de maracujá e um calmante. Alexandre sorriu e recebeu de boa vontade os itens.

— Obrigado Clarisse!

— Sei que os últimos dois dias não tem sido fáceis doutor e como o conheço senhor, também sei que estás precisando disso, portanto me apressei e providenciei.

— Você é um anjo! Minha própria versão da Mary Poppins.

— É muita gentileza sua doutor Alexandre...

— Você que é gentil.

— O senhor ainda vai precisar de mim?

— Não, você está dispensada, vá para casa e cuide de sua família.

— Obrigada senhor.

Alexandre sorriu passando pela mesa e indo na direção da ante-sala que levava ao seu escritório.

***

Clarisse demorou mais uns vinte minutos arrumando alguns papéis e verificando a agenda do Dr. Del Rio para o dia seguinte, em seguida caminhou até a porta do escritório dele e abriu uma pequena fenda e caminhou até avistá-lo, vendo que ele descansava pacificamente no espaçoso sofá sorriu trancando-a e pondo a chave na gaveta de sua mesa, assim ninguém o incomodaria.

Ao virar o corredor para pegar o elevador ela esbarrou em uma apressada Melissa.

— Boa noite doutora...

— Boa noite Clarisse – ela sorriu simpática.

— Se a senhorita estiver indo procurar o Dr. Del Rio sinto lhe informar que ele não está disponível, agora pouco ele tomou um calmante e me pediu para não deixar ninguém passar, pois desejava descansar.

— Sim, claro... – Melissa revirou os olhos quando a senhora virou as costas e caminhou até a porta do elevador. Alexandre tinha um ótimo cão de guarda.

Clarisse entrou no elevador e segurou a porta aberta para garantir que a senhorita a acompanhasse. Entendendo o recado ela entrou.

— Sonia apareceu por aqui hoje? – tentou fazer a perguntar soar inocentemente, entretanto Clarisse nunca gostou da jovem e sempre teve um pé atrás com ela, vendo o claro interesse dela em seu patrão.

— Não sabia que a senhora Del Rio estava na cidade...

— Acredito que ela veio ver a amiga, agora que o casamento deles acabou.

— O casamento deles não acabou ainda Dra. Melissa, talvez estejam passando por um momento ruim, mas nós duas que somos próximas ao casal sabemos que eles se amam demais para não terminarem juntos.

— Se você diz – a conversa finalizou quando as portas do elevador se abriram e ambas as mulheres saíram, despedindo-se formalmente e caminhando em lados opostos.

Passando pela recepção ela checou o relógio, por sorte um dos ônibus não demoraria a passar. As portas de vidro se abriram automaticamente e levantando os olhos ela se deparou com Sonia.

— Senhora Del Rio – ela sorriu e a modelo se inclinou abraçando-a e em seguida beijando sua bochecha.

— Clarisse! Quanto tempo... Como você está?

— Muito bem e a senhora?

— Bem também – ela sorriu e a mulher a encarava docemente.

— Sempre tão bonita, não é difícil entender porque o Dr. Del Rio é tão apaixonado pela senhora – o sorriso no rosto de Sonia esmoreceu um pouco e ela pensou “ainda sim ele me traiu com sua pupila”, o sabor amargo voltando a sua boca, quando Clarisse notou o desconforto tentou quebrá-lo – E sua amiga como está?

— Helena é a mulher mais corajosa e forte que eu conheço, ela é uma amazona, nada a derruba, nem mesmo o sério problema que ela teve no parto.

— Fico feliz em ouvir isso, sei o quanto a família Herrera é especial para sua família.

***

Melissa se preparava para sair, não havia sinal de Sonia pelo hospital, ela não havia feito contato com Alexandre durante todo o dia e este agora dormia relaxadamente em sua sala, não tinha porque montar guarita ali.

Era o que ela pensava...

De longe avistou Clarisse e Sonia conversando, interessada no conteúdo da conversa ela se aproximou cautelosamente para ouvi-las.

***

— São nossos amigos há no mínimo uns 10 anos, os considero uma extensão da nossa família.

— E as crianças como estão? Cristal continua tocando como um anjo?

Um sorriso largo apareceu em seu rosto, era assim quando pensava ou falava sobre seus filhos.

— Os gêmeos estão crescendo rápido – ela torceu o canto da boca – Cristal é uma menina especial, ela conseguiu vaga em uma turma especial com um dos professores da Juilliard, ele adorou a apresentação solo dela.

— Que bom, tenho certeza que ela será uma grande violinista.

— Obrigada...

Aquele era o momento certo, Sonia passou os últimos minutos pensando se deveria ou não falar com Alexandre, a culpa a consumia e ela resolveu que contaria, todo ressentimento guardado não podia impedir seu filho de ter um pai como seus irmãos.

— Clarisse... Alexandre está aqui?

— Sim senhora.

— Ele está ocupado?

— Para a senhora ele nunca está dona Sonia – Clarisse sorriu e ela corou – Você precisa falar com ele?!

— Si... Sim – sua voz vacilou – Na verdade eu não sei se deveria – ela abaixou a cabeça.

— Senhora, eu não sei o que houve entre vocês, confesso que estou triste por ambos, sempre admirei o relacionamento lindo que os dois tinham... Mas em todo tempo que trabalho com o Dr. Del Rio nunca o vi tão abatido como nesses meses em que vocês se mudaram, ele tenta disfarçar, porém está destruído...

Sonia suspirou.

— Se fosse apenas ele... – pensou, percebendo que na verdade não havia pensado e sim sussurrado.

— Porque a senhora não sobe e conversa com ele? Eu tranquei a porta para que ninguém o incomodasse, vá até lá, a chave está na primeira gaveta de minha mesa.

— Eu acho melhor outro dia, ele deve estar descansando e...

— E vai adorar ser acordado pela senhora... Vá até lá, converse com ele.

— Não é tão fácil quanto parece Clarisse... No momento ao qual nosso relacionamento se encontra hoje, o que eu tenho para lhe dizer só vai complicar mais ainda nossa situação.

***

Droga!

Droga!

Droga!

Sonia estava pensando em conversar com Alexandre, mas sobre o que? Independente do assunto não seria bom. Ela parecia extremamente vulnerável agora, e com Alexandre querendo reatar o relacionamento a todo custo e o amor, mesmo que magoado, ainda latente no peito de Sonia, acabaria os levando a uma reconciliação iminente... Vicente a mataria se isso acontecesse! Pense Melissa, pense...

Uma ideia maldosa surgiu em sua cabeça, ela sorriu, deveria arriscar?! Era sua melhor jogada no momento.

***

 - Vá até ele senhora, ou ao menos tente, se não conseguir, não tem problema...

— Ok, você me convenceu – as duas sorriram – eu vou... Só preciso respirar mais um pouco antes de ir lá.

— Então aproveite e me acompanhe até o ponto de ônibus na calçada, meu marido não pode vim me buscar hoje, terei que pegar um e a senhora aproveita para tomar um pouco de ar.

— Claro... – Sonia cruzou seu braço com o de Clarisse e as duas caminharam até o local determinado na calçada.

***

Melissa vasculhou sua bolsa até encontrar o que procurava, a chave prateada brilhou em sua mão. O elevador chegou ao último andar do prédio e sinalizou abrindo as portas, andando apressadamente pelo hall onde a mesa de Clarisse ficava, entrou na sala que antecedia o escritório do médico. Torceu para que ele não tivesse trocado a fechadura, quando o objeto em suas mãos entrou perfeitamente no buraco e destravou a tranca ela suspirou aliviada.

Assim que estava dentro do ambiente familiar retirou com cuidado os saltos e os carregou nas mãos, trancou novamente a porta e caminhou até o sofá onde Alexandre dormia, um ronco suave saia de sua boca, checou a pulsação e estava leve, como suspeitou o calmante o havia feito adormecer profundamente.

Ela admirou os traços masculinos e ao mesmo tempo tão delicados, o peito subindo e descendo, a barba que ele deixara crescer nos últimos meses. Melissa tinha que admitir no fundo que não gostava de ter que fazer isso, nunca conhecera coração mais bondoso, talvez por isso tenha sido tão fácil se apaixonar por ele, o sorriso suave, o olhar puro e respeitoso... As mãos finas e compridas, o cabelo bem aparado não negava o quão alinhado era, o corpo forte e o peito sempre convidativo, pena que ele nunca seria dela, depois do que fizera então, Alexandre a odiava, tinha certeza.

Seus pais lhe ensinaram a ser boa e verdadeira, todavia agir assim só fez com que coisas ruins lhe acontecessem. Ele tinha sido o primeiro, depois deles, a ser gentil sem segundas intenções, quando Vicente lhe pediu para destruir a imagem dele e ela aceitou, mesmo sobre ameaças, nunca imaginou que ele seria alguém tão bom e abnegado, amá-lo foi uma consequência da proximidade que adquiriram.

Melissa tinha beleza suficiente para não ter inveja das outras garotas da faculdade, os olhos e cabelos cor de mel, o corpo magro e curvilíneo, o rosto fino e elegante, os garotos lhe pediam por encontros constantemente, mas depois de conhecer Alexandre ela só tinha olhos para ele, nunca havia desejado tanto ser Sonia Colucci, ser a mulher que iluminava o mundo do “doutor” e quem ele exibia com orgulho em eventos e amava com a devoção do mais apaixonado dos amantes.    

Ela sabia que era bonita, talvez não como Sonia, mas ainda sim bonita, e ele nunca a olhara além da amizade, jamais trocava olhares maliciosos ou fazia insinuações de qualquer nível, o toque nunca superou o de qualquer relacionamento fraternal, mais a cada ano o desejo de tê-lo para si só aumentava. Um dia tentou beijá-lo, Melissa balançou a cabeça lembrando-se do desastre, por sorte pode culpar a bebida, Alexandre gentilmente recuou e lhe falou o quanto amava sua esposa, que se alguma vez havia dado sinais errados que ela lhe perdoasse, porém o que sentia não passava de afeição e cuidado...

Até que se cansou de ver a felicidade dele dando bofetada por trás de bofetada na sua cara... “Mel, já sabe a novidade? Vamos ter outro bebê!”, “Venha ver Cristal no recital da escola”, “Jante conosco hoje é nosso aniversário de casamento”, “Mel por favor, me lembre de pedir para Clarisse mandar tulipas para Sonia hoje”... E para que tudo isso?! Ela nunca tinha sido importante para eles, sempre soube que eles tinham pena da “pobre órfã”... Somando às vezes em que ela os tinha pego em momentos comprometedores nessa mesma sala, nada que os pudesse constranger, mas não precisava ser muito esperta para saber o que tinha acontecido enquanto as portas estavam fechadas...

Melissa já tinha desabotoado a calça e a descido pelas pernas, tirado o blazer e ficado só de calcinha e com a blusa de seda, deitou com cuidado do lado dele, desabotoando sua blusa social e puxando-a para fora da calça, jogando o cinto no chão ao lado de suas roupas, ele se remexeu e despertou um pouco.

— Sonia? – Melissa gelou, engolindo a seco ela tentou imitar a voz da modelo.

— Sim dear, sou eu... Agora durma, estou aqui com você – ela beijou seu peito, inalando o cheiro suave que vinha dele, enquanto ainda sobre os efeitos do calmante Alexandre caia em sono profundo outra vez, sonhando com a mulher que amava.

Melissa enrolou uma de suas pernas entre as deles, descansando a cabeça sobre seu ombro e a mão no peito desnudo, fechando os olhos, simulou que dormia.

***

   - Alexandre? – ela bateu mais uma vez, sem resposta girou a chave – Estou entrando...

Sonia suava frio, nunca se sentia tão apreensiva, nem quando desfilou internacionalmente pela primeira vez aos 13 anos, sendo avaliada pelos maiores críticos de moda, ou mesmo quando contou a sua mãe que se casaria com Alexandre... Ela fechou os olhos e descansou a cabeça contra a porta suspirando, tomando coragem... O que ela deveria dizer? “Oi, sei que estamos nos separando, porém queria avisá-lo que você foi rápido o suficiente para me engravidar na nossa última noite juntos! Bem era só isso, agora já vou”... Como se dá esse tipo de notícia na situação em que ela se encontrava? Como dizer para o cara de quem ela estava se separando e queria (queria mesmo?!) o máximo de distância possível, todavia contraditoriamente amava com todo seu ferido coração, que eles teriam um filho?! Não havendo meio ameno ou descomplicado, o certo era agir com o máximo de maturidade e razão que sua mente lhe permitisse.

A modelo abriu os olhos mais uma vez e sondou o espaço, adorava a suavidade das cores e iluminação, Helena tinha feito um trabalho incrível, como sempre! Sua amiga era uma profissional excelente, o ambiente era aconchegante e sério, como seu dono. Sentiu no fundo que não deveria estar ali, porém, ignorando a sensação, caminhou até passar a divisória que separava o pequeno hall de entrada do restante do escritório.

Subindo os dois degraus em direção a sala de estar e cozinha adaptadas, o procurou, quando seus olhos contemplaram o sofá ela sentiu o ar faltar e a chaves escorregaram de suas mãos fazendo um baque de leve no chão de porcelanato fino.

Não!

De novo não! O que ela havia feito para merecer isso?!

Droga Sonia! Porque você é tão burra?!

Apertando sua barriga levemente boleada disfarçada pela blusa larga com uma mão e sufocando um grito surpreso com a outra, um espasmo tomou conto do seu corpo na medida em que um novo lote de dor se apossava de seu coração. As palavras estúpida e idiota se repetiam em sua mente. Algo dentro dela quis acreditar que após os ter descoberto ele tinha rompido com Melissa, mas estava muito enganada. A prova estava diante dos seus olhos. Mais uma vez...

Balançando a cabeça ela tomou o molho de chaves caído em suas mãos e se apressou em sair da sala tão silenciosamente quanto havia entrado. Melissa que ouvira o clique da porta uma última vez se levantou e sondou o ambiente. Mesmo não vendo as lágrimas que desciam desenfreadamente pelo rosto da modelo que se distanciava do local o mais rápido que conseguia, ela sabia que seu plano dera certo.

—________________________________

Victor Campbell estava em seu apartamento, sentado à mesa de seu escritório particular e estudando como daria entrada na solicitação de divórcio de sua amiga, vasculhando o contrato nupcial acabou encontrando algo desagradável. Era para ter sido rápido, porém há mais de uma hora ele olhava para a tela do computador, o email recebido mostrava que metade das ações que pertenciam a Alexandre agora estavam no nome de sua amante, ele não sabia como dar a notícia a sua amiga, ia ser um golpe duro.

A cada dia que passava Victor ia tendo a certeza de que o amor é a arma mais letal com a qual se podia ferir alguém. Fechando os olhos ele suspirou e pensou em si próprio, como sua vida tinha sido amarga nos últimos cinco anos, totalmente monocromática sem a moça de cabelos alaranjados que trazia sentido ao seu mundo, sorriu, quando uma memória lhe atingiu tão rápida e fugaz quanto o lampejo de um relâmpago.

— Oh my God, eu não acredito que fiz isso, então, por favor, feche os olhos e só abra quando eu mandar...

Laura estava temerosa, Victor sentiu pelo tom de voz, eles estavam no quarto dele, na casa de praia em Hamptons, era feriado e seus pais tinham saído de viagem para a Europa.

A ruiva saiu do closet com um robe curto atado por um laço na cintura, o namorado não a tinha visto ainda. Estava tão vermelha quanto a lingerie que escolheu. Mordendo o lábio inferior como uma criança, ela cogitou correr para dentro do banheiro e se trancar lá, definitivamente não ia fazer isso... se ele não gostasse?! Se sorrisse dela?!

— Posso abrir meus olhos? – perguntou sentado na cama, com Laura parada poucos metros a sua frente.

“Okay, vamos lá...”

— Pode sim...

Abrindo-os ele a encontrou com o laço do robe desatado, onde podia contemplar partes de sua lingerie, o vermelho contrastando com a pele alva, encantado ele apenas apreciou a visão por algum tempo.

— Você não gostou? – a namorada o encarou com uma expressão aflita, saindo de seu torpor ele se levantou e foi até ela.

— Porque você acharia isso? – Victor colocou as mãos por dentro do robe e acariciou o quadril magro, sorrindo, uniu seus lábios – Minha cara de idiota não foi o suficiente?!

Laura envolveu seu pescoço com seus braços e inclinou-se para beijá-lo outra vez.

— Eu só fiquei preocupada que talvez você não gostasse...

— Como eu poderia não gostar?! Meu Deus Laura, você está maravilhosa e quando eu abri meus olhos quase tive um ataque cardíaco, fiquei tão extasiado que fui à lua e voltei, estava apenas organizando meus sentidos.

— Seu bobo – ela sorriu – passei horas na Victoria Secrets escolhendo essa peça. Se você visse a que Alice queria que eu trouxesse, eu nunca teria coragem de usar aquilo...

— Cada milésimo de segundo valeu a pena, porque você está linda! Alice é uma figura, apesar de que eu fiquei bastante curioso agora para saber como era a outra lingerie...

— Que bom que gostou... Escolhi especialmente para você, sei que gosta quando uso vermelho... Esqueça a outra e desfrute essa.

— Você é a mulher mais linda que tive o prazer de conhecer e eu a amo tanto.

— Também amo você Vic – sorrindo ela deslizou o dorso da mão pelo rosto dele – e se você me olhar assim todos os dias tenho certeza que esse sentimento nunca morrerá, adoro o azul dos seus olhos.

— E eu o dourado dos seus – não resistindo beijá-la, ele sussurrou sobre os lábios finos da namorada – Me prometa duas coisas...

— Depende – ela o encarou e arqueou uma das sobrancelhas – Não me venha com nenhum pedido indecente porq...

— Não seja boba ruivinha, eu a conheço o suficiente para saber que você não é esse tipo de garota.

— Que bom! Diga o que quer e eu direi se estou de acordo...

— Primeiro, gostaria que você um dia realizasse um desejo meu – Victor corou e coçou a nuca – que um dia usasse um blazer e saia sociais, fizesse um coque no cabelo e usasse seus óculos de leitura, que por sinal são um charme...

— Quer que eu me vista como uma advogada?! Okay ent... – ele a cortou delicadamente.

— E ponha uma lingerie tão linda quanto essa por baixo...

— OH GOD Vic – ela sorriu e bateu no peito dele de leve – Você tem um fetiche comigo vestida de advogada?!

— Fazer o que querida?! Você é escandalosamente linda aos meus olhos e para completar meu fascínio por ti, ainda cursa direito... Tenho minhas fraquezas – ambos sorriram e Laura mordeu o lábio inferior o encarando.

— Tudo bem, eu prometo que um dia farei isso... e o segundo pedido?!

Victor segurou o rosto dela com as duas mãos, encaixadas sobre o maxilar fino, prendendo seus olhares.

— Quero que me prometa nunca sair do meu lado, que vais me amar todos os dias, que seu coração sempre será meu quanto o meu é seu...

Tocada ela deu um pequeno impulso e uniu suas bocas. O beijo era suave e profundo, envolvente numa frequência sedutora, clamando por mais, sempre mais. E ela se perguntava se um dia esse sentimento passaria, o amava tanto, sentia-se nas nuvens com a menor das carícias. Victor não precisava de uma promessa assim, ela era dele e não havia como reverter isso. Nunca.

Suspirando, eles se separam do beijo.

— Só se você me prometer o mesmo. Eu sou sua meu amor e sempre serei, meu coração dei a você.

— E o meu a dei a você também.

— Então nossa promessa está selada. Meu coração é seu – ela iniciou.

— Como o seu é meu – Victor continuou.

Abrindo a carteira ele puxou a Polaroid velha, eles tinham passado o dia no paintball, logo nos primeiros meses de namoro, os dois gostavam de uma boa aventura e a sugestão da turma da faculdade os atraiu. Depois do jogo, eles foram ao shopping em busca de comida, acabaram entrando numa cabine e tirando várias fotos como aquela. Ele roubou uma e Laura ficou com as outras.

— Laura, Laura... porque você foi embora?! Porque sumiu assim?! Nós tínhamos uma promessa... – puxando outra respiração profunda o advogado passou a mão pelos cabelos, sempre se perguntou o porque ela tinha partido sem ao menos uma palavra, admitia seus erros, porém, ela o deixou sem ouvir uma explicação se quer... O coração apertou, suas papilas identificaram o sabor amargo que sentia toda vez que pensava na sua partida repentina...

Garota esperta com seus olhos cor de âmbar e seus cabelos ruivos como o fogo, qual feitiço lançou em mim? Todos esses anos e você não sai da minha mente... Droga Laura! Aonde você se meteu?!

Logo foi roubado de seus pensamentos com a vibração do celular e guardou a carteira.

—______________________________________

— Alô ruivinha, ao que devo a honra? – Alice perguntou ao pegar o celular que estava em cima de seu criado mudo, colocando-o no viva voz enquanto fechava o notebook.

— Oi tia Ally... Sou eu Lou Lou – a menina sussurrava e Alice começou a suspeitar que a garotinha estava fazendo algo errado.

— Oi minha princesa... – entrando no clima, ela começou a sussurrar também – queria falar comigo?

— Sim, eu estou com saudades... Quando você vem visitar a gente?! – seu tom ainda era baixíssimo.

— Eu não sei Lou Lou, mas podemos marcar... Agora posso saber porque estamos sussurrando?!

Ela ouviu os risos doces de uma criança quando apronta do outro lado e teria visto Louise espreitando a cabeça para fora do cobertor na tentativa de ver se sua mãe estaria sentindo falta do eletrônico. Não notando nenhum sinal continuou a conversa.

— É porque eu peguei o celular da mamãe escondido... Ela me proibiu e me deixou de castigo, porque eu me comportei mal hoje na escola, então quando ela me colocou para dormir eu escondi ele debaixo do meu travesseiro... Mas eu queria muito falar contigo Tia, estava morreeendo de saudade – ela fez um biquinho e encheu a voz de emoção.

“Pestinha!” Alice pensou sorrindo. Louise era uma das crianças mais extraordinárias que ela conheceu, na verdade ela não conhecia muitas, o que não isentava a menina do título.

— Docinho, eu também estou com muuuitas saudades de vocês, entretanto, sua mãe vai me matar quando souber que eu estou acobertando sua desobediência... Agora diga para titia porque você se comportou mal na escola?

Louise franziu a testa ao se lembrar do ocorrido.

— Por que uma das meninas bobocas da sala disse que eu sou a única garota que não tem pai – Alice sentiu um aperto no coração e uma vontade de puxar a orelha da boboquinha que tinha feito bullying com sua sobrinha, quando ia responder Louise se apressou em terminar a história – mas eu sabia que era mentira, pois eu tenho um papai como todo mundo, minha mãe até me deu uma foto dele... Então eu dei um pisão no pé dela, depois a professora chegou e ela começou a chorar e eu levei toda a culpa.

Opa. Isso era novidade... Desde quando Lou Lou sabia sobre Victor?!

— Ainda bem que você sabe que tem um pai meu amor, sobre essa garota, ela também deveria ser punida, não se deve caçoar das pessoas, nem intimidá-las por alguma diferença que possuam... Vou fazer sua mãe processá-la – Alice riu e a menina a acompanhou.

— O que é processá-la Tia?

— Nada querida... Então... sua mãe te deu uma foto do seu papai?

— Sim, está na minha caixinha de tesouros, quando a senhora chegar vou lhe mostrar... Meu pai é bonito titia, ele tem os cabelos pretos e os olhos da mesma cor dos meus.

— Sua mãe quem lhe disse isso?

— Não Tia, eu vi na foto dã – a menina bufou uma risada e revirou os olhos, exatamente como sua mãe. Ally riu, imaginando a reação – foi por isso que eu liguei também, você conheceu meu pai tia?

Merda! Mil vezes MERDA! Como ela ia fugir disso?Laura a mataria se ela falasse algo que ela nem sabia se estava autorizada a revelar. Mas se caso ela fizesse, a culpa não era dela, oras! Como ela não lhe informou que havia dado uma foto de Victor para a menina... Pense Alice, pense...

— LOUISE! – a advogada ouviu a voz de sua amiga ruiva. Lou Lou arregalou os olhos quando viu sua mãe na porta.

— Fui pega tia Ally! – Laura andou até a cama e a menina se enfiou ainda mais dentro do edredon.

— Vou falar com ela sweet, não vou deixá-la brigar contigo, coloque no viva voz

— O que eu disse sobre pegar meu celular enquanto estiver de castigo? – ela puxou a coberta e encontrou sua filha a olhando com a expressão mais encantadora do mundo e que derretia seu coração. Os dentes de leite a mostra, os leves cachos ruivos espalhados pelo rosto e as sardinhas cobrindo a bochecha rosada... Laura não resistiu sorrir.

— Desculpe mamãezinha linda... – a ruiva mais nova bateu os lindos cílios e ganhou de vez a mãe.

— Com quem você estava falando? Sabe que não...

— Não brigue com a menina Laura – a voz de Ally ecoou pelo telefone.

— Eu devia imaginar que era você!

— Fazer o que se Lou Lou me adora...

— Me passe o celular Louise – ela ergueu a mãozinha e lhe entregou o objeto – Agora dê boa noite para sua tia e vá dormir.

— Boa noite Tia Ally! – Laura se inclinou e a acomodou novamente na cama beijando sua testa.

— Boa docinho.

Retirando a chamada do modo de auto falante e movendo-se do quarto, elas seguiram com a conversa.

— Então... quando ia me dizer que deu uma foto do Victor para a menina?!

— Louise te contou não foi?!

— Pelo menos ela está se mostrando mais minha amiga ao me manter informada do que acontece com vocês...

— Ally – Laura pediu – Não seja tão dramática, essas últimas semanas foram corridas demais. Tínhamos um grande caso e dividi todas as minhas funções com a criação de uma criança, junto com toda responsabilidade e tempo que isso exige não é fácil... Logo em seguida meus pais chegaram...

— Tenho certeza que você vai pensar duas vezes quando for fazer sexo sem camisinha agora não?! – a morena gargalhou.

— Você é uma idiota Alice! – a ruiva revirou os olhos em resposta.

— Estou brincando...

— Eu sei – Laura já havia entrado no seu quarto e agora relaxava os músculos sobre o colchão de molas e camada extra de plumas novo, um dos primeiros luxos particulares que seu salário lhe deu – Ah... fui promovida! – compartilhou a novidade com um sorriso.

— Que ótimo! Parabéns... Entretanto, não vou deixar com que fuja do assunto... Por que dar a foto para a menina agora?

— Porque Louise está numa fase de descobertas, entre as muitas que ela fez, querer saber quem é o seu pai e o por que dele nunca ter vindo visitá-la foi uma delas... Quando dei a foto, a ideia era acalmá-la um pouco, porém, só fez com que levantasse uma nova onda de perguntas e não sei o que fazer... Tenho medo de esconder agora e quando ela estiver crescida descobrir por si só e ir bater na porta de Victor... Também não sei como continuar a contar sem aguçar ainda mais seu desejo de conhecê-lo...

— Você já pensou em procurá-lo? Para conversarem sobre a menina...

— Você só pode estar brincando comigo Ally! Claro que não! Não depois do que aquela bruxa da mãe dele me fez e falou.

— Aquela mulher é um demônio, é verdade! Mas você deveria reconsiderar, já faz muitos anos e – Laura a cortou.

— E eu ainda me lembro de absolutamente tudo o que ela me disse naquele dormitório.

5 anos atrás, Universidade de Columbia...

Uma batida na porta fez com que Alice erguesse o rosto na direção da amiga que estava deitada (como sempre agora) e com a face virada para a parede, provavelmente chorando, indicando que não fazia questão de abrir.

Com um suspiro resignado ela se levantou e a abriu. A mulher loira e muito bem vestida retirou os óculos escuros Louis Vuitton e sondou o ambiente. A atitude irritou Ally que logo se pôs na frente dela e indagou:

— Posso ajudá-la senhora?

— Vim falar com a senhorita Aldrin.

— Ela não está disponível no momento.

— Óh garota, não seja tola, posso vê-la daqui.

— Se pode vê-la está percebendo que ela está indisposta!

— Saia da minha frente porque vou passar! – Serena empurrou Alice e entrou no quarto, caminhando até a cama de Laura, ela cutucou a menina. Encarando-a assustada a ruiva sentou-se na cama.

— O que a senhora deseja?

— Vim lhe devolver isso – ela estendeu o exame que Laura deixara cair no Café onde se encontraram a poucos dias – Levei em uma clínica de uma amiga minha e ela atestou que é verdadeiro – a jovem engoliu o nó em sua garganta a encarando sem palavras. Ally permanecia observando tudo da porta – Então... você realmente quis dar o golpe da barriga no meu filho?! Eu sempre soube que esse era seu objetivo...

— Se eu quisesse dar o golpe no seu filho ele teria sido a primeira pessoa para quem eu contaria a respeito dessa gravidez!

— Foi muito bom você não ter feito isso. Eu já lhe disse que Victor e Amelie vão se casar, ela sim está esperando o meu futuro herdeiro.

— Eu já entendi tudo isso no encontro que tivemos, portanto não se dê o trabalho de repetir, eu realmente não estou passando bem, será que a senhora poderia ir embora?!

— Quanto você quer para dar um jeito nessa bagunça e desaparecer da vida de Victor de uma vez? Diga seu preço e aproveite que estou generosa hoje.

Olhando-a chocada, Laura se indignou:

— Eu não quero dinheiro nenhum seu e nem vou “dar um jeito” no meu bebê. Ficou louca?!

— Olha, não me venha com uma cena agora menina. Diga o que você quer e nós entraremos em um acordo.

— O que eu quero é que a senhora vá embora daqui! – a ruiva a olhou com raiva queimando em seus olhos. “Dar um jeito” no bebê, nunca! Ela não faria um aborto jamais...

— Eu só vim para deixar uma coisa bem clara Srta. Aldrin... Se você continuar atrapalhando os planos que fiz para o meu filho, eu juro que irá se arrepender, não duvide do que sou capaz de fazer pelo meu Victor. Se você tem amor próprio e amor à criança que espera, me ouça!

— Você está ameaçando seu próprio neto? – Alice já não suportava mais manter-se em silêncio e bradou indignada de onde estava.

— Não querida – Serena virou-se na direção dela e sorriu elegante – eu estou apenas eliminando qualquer obstáculo que aparecer na frente dos meus planos. Seja ele qual for! – voltando a olhar para Laura continuou – Espero que tenhamos ficado entendidas... Não conte ao Victor sobre isso nunca e desapareça da vida dele, deixe que ele e Amelie formem a família que sempre sonharam.

— Dê o fora daqui agora sua bruxa estúpida! – Alice foi até a mulher e a puxou pelo braço, jogando-a porta a fora e quase batendo-a no nariz da advogada sem a menor culpa em fazê-lo e ignorando sua cara de indignação.

Retornando, sua amiga havia deitado na cama outra vez e lágrimas desciam pela face esguia, molhando seu travesseiro.

— Como você deixa que ela fale assim contigo Laurinha? Aquela mulher é um demônio! Eu a odeio tanto! Quero que ela e Victor vão para o inferno! – sentando-se ao lado dela afagou seus braços e em seguida seu rosto.

— Ele não fez nem questão de vim aqui Ally, não apareceu no nosso encontro, mandando a mãe em seu lugar para me dispensar... Victor é tão cruel quanto ela... Meu filho não tem culpa de nada disso e ela o tratou como se fosse algo descartável – Laura sentiu a dor corroê-la, enquanto mais lágrimas escorriam e soluços tomavam lugar no choro – ele mentiu para mim, me enganou, disse que sonhava com um futuro comigo e agora que eu mais preciso, ele simplesmente foge... Eu o odeio Ally, odeio...

Presente...

— Eu também lembro...

— Então não me peça para ir até a casa dele conversar! Quem sabe eu não dou de cara com Amelie e seu filho querido, ou talvez a própria Serena bancando a avó doce e prestativa para eles... Não, não mesmo! Vou proteger minha filha deles o quanto puder. Ela nem sabe o nome dele e estou começando a me arrepender de ter dado a maldita foto!

— Louise quer um pai Laura, então dê um a ela! Você é tão bonita e inteligente, porque não arruma um namorado?! Tenho certeza que tem um monte de cara legal te querendo...

— Não tive tempo para namoros sérios com uma graduação e uma criança para administrar nos últimos anos. Os caras correm quando descobrem que você tem um bebê te esperando em casa.

— Pare com essa desculpa velha! Você já terminou a faculdade, seus pais não te sustentam mais e Lou Lou já está crescida... Tire esse homem de uma vez da sua vida, arrume alguém, curta um pouco, você é mãe e não um monge!

Sorrindo, Laura suspirou e encarou o rodapé que emoldurava o teto forrado de gesso. Alice tinha razão, ela precisava voltar a viver um pouco para si própria também...

— Você está certa, prometo que quando conhecer alguém em que se valha a pena investir, eu não vou recuar. Agora eu preciso dormir, minha rotina começa cedo.

— Boa noite, estou me organizando para dar um pulo ai com vocês em breve.

— Será um prazer tê-la aqui, como sempre. Beijos.

— Beijos ruivinha.

—_________________________________

— Vic?

— Oi Sonia, estava querendo mesmo – ele ouviu um soluço – Espere um pouco darling, você está chorando? Aconteceu algo?

— Sim, mas nós conversamos quando eu voltar, vou ficar bem – suspirou e tomou sua declaração como verdade – Sei que tinha pedido para você esperar, porém acredito que estou protelando demais esse divórcio, dê entrada nos papéis por favor.

— Eu estava agora mesmo dando uma olhada no contrato nupcial, como casaram com comunhão de bens precisei dar uma olhada no contrato de sociedade da Rede Del Rio também, notei que teve uma alteração recente Céci...

— Que alteração?

— Como você sabe, 50% pertencem aos seus filhos e a outra metade é dividida entre Alexandre e Bernardo, seu sogro. Dos 25% que pertencem a ele, 12,5% são seus.

— Ok Vic, eu sei de tudo isso, está conforme o dia da composição do contrato, quando nós 3 assinamos.

Darling, na última alteração, aos 12,5% que pertencem a Alexandre foi adicionado outra pessoa – Sonia sabia o que viria a seguir, ainda sim, não a impediu de sentir a dor que as palavras trouxeram – Melissa Garcia Solano.

Puxando uma respiração profunda ela sufocou as lágrimas. Alexandre havia traído ela e ainda teve a coragem de incluir o nome de sua amante no patrimônio que construiu para sua família. Ela realmente estava MUITO enganada sobre quem ele era.

— Vic, eu voltarei logo, assim que chegar nós conversaremos melhor sobre isso, apenas dê entrada e seja rápido em conseguir meu divórcio por favor.

— Posso reinvidicar todos os seus direitos? Se você quiser eu realmente tenho meios de ferrar com Alexandre...

— Eu só quero que você consiga a anulação do meu casamento, não preciso do dinheiro dele, apenas certifique-se de que meus filhos terão o que lhes é de direito...

— Okay, até logo.

— Até dear, beijos.

—______________________________

Hey finalmente você apareceu! – Helena sorriu quando viu Sonia entrar no quarto – Achei que você ia embora sem me dar ao menos um beijinho.

— Lê sua boba – Sonia abriu um largo sorriso enquanto sentava ao lado da amiga na cama e beijava sua cabeça, a amazona amamentava Otávio – Fiquei tão assustada, graças a Deus você está bem! Onde está todo mundo?

— Me desculpe fazer isso contigo nas suas condições – elas se olharam significativamente e Helena percebeu que algo não estava bem – e obrigada por cuidar dos meus filhos. Heitor acabou de sair, Catarina dormiu, ele a colocou no berço e foi atrás dos nossos pais, as crianças estavam agitadas e não iam deixar os gêmeos dormirem, eles os levaram para dar uma volta na área de lazer...

— Tudo bem, eu sei que você teria feito o mesmo por mim... Como você se sente?

— Estou melhor, ainda bastante dolorida e também sinto um incômodo no peito, nada demais...

— “Nada demais”... Você fala como se não tivesse quase morrido Dona Helena Herrera! – Sonia lhe lançou um olhar repreendedor.

 - O importante é que estou viva, esqueçamos isso... Agora me diga por que você estava chorando?

— E-e-u – gaguejou o suficiente para sua amiga perceber que algo de fato estava errado – Chorando? Eu não estava... – Helena arqueou uma sobrancelha e ela sabia que não teria como fugir – Ok, vou lhe dizer...

— Acho que Otávio terminou Sonia, por favor, coloque-o no bercinho para mim – ela se levantou, pegou o menino no colo e o colocou no dormitório ao lado da irmã, retornando ela sentou-se no mesmo lugar de antes.

— Desde que vi Alexandre estava incomodada em continuar escondendo o bebê dele, mesmo ainda muito magoada pela traição eu não queria privar meu filho de ter um pai, então se formou uma briga constante em minha mente sobre dizer ou não para ele sobre a gravidez...

— E a que conclusão você chegou?

— Eu tinha resolvido que ia dizer, depois de ver como a distância de Heitor afetou seus filhos, eu resolvi que o melhor era contar... Depois de uma conversa com a secretária de Alexandre, Clarisse, tomei coragem e fui até a sala dele – Sonia suspirou e fechou os olhos, ela não queria chorar outra vez.

— Então, você contou? – Helena perguntou ansiosa.

— Eu bati na porta e ninguém abriu, estava com a chave de Clarisse nas mãos, então resolvi entrar, ela me disse que ele estaria sozinho, provavelmente dormindo, ele estava exausto após uma longa cirurgia... Eu me aproximei do sofá onde ele costuma dormir quando está no escritório, ele realmente dormia, mas não sozinho – a amazona abriu a boca, porém nada disse, uma expressão pesarosa tomou conta de seu rosto – Melissa estava lá Helena – Sonia engoliu um nó que se formou em sua garganta .

— Oh amore...

  - Eles estavam quase sem roupas, ela dormia contra ele, entrelaçada – a modelo deu um riso amargurado e uma lágrima escapou – Alexandre parecia tão calmo e relaxado... Eu não estava preparada para aquilo Helena, doeu, doeu tão profundamente e dessa vez não há o que negar, eu vi... Algo dentro de mim ainda tinha uma ponta de esperança de que talvez não fosse verdade, de que ele não tinha mentido para mim e me enganado todos esses anos, mas eu estava errada, muito errada Lê – Sonia deitou a cabeça sobre o ombro de sua amiga e chorou.

— Querida, eu não sei o que dizer – Helena descansou a bochecha sobre a cabeça da amiga e uniu suas mãos em um gesto de carinho – também tinha o mesmo pressentimento... estou tão decepcionada quanto você.

— Você já teve a sensação de terem arrancado algo muito precioso do seu coração? Já sentiu como se... se alguém tivesse aberto seu peito e jogado um espécie de ácido nele? Mas sem despejar de uma vez, com propósito de fazê-la sofrer? E cada dia que passa é como se alguém pingasse uma gota de algo intoxicante no meu... Isso vai me sufocando aos poucos, me destruindo... Helena dói de forma absurda, é sufocante, agonizante... Dói saber que vivi uma mentira todos esse tempo...

— Minha promessa ainda está de pé, eu vou dar uma surra em Melissa! E você vai se sentir melhor quando eu fizer isso...

Sonia sorriu de leve, só Helena para conseguir isso no meio da dor que sentia.

— Ele deu metade das ações da Rede Del Rio que estão no nome dele para ela Helena.

— Eu juro que Alexandre vai me ouvir! Não posso acreditar que ele fez isso!

— Fez... Fez isso e quem sabe o que mais?! ... Eu preciso voltar Helena, o pouco que fiquei aqui foi doloroso demais, pelo menos lá eu não vejo, então dói menos, é como dizem “o que os olhos não vêem, o coração não sente”.

— Você vai para Paris dessa vez não é? – mais uma vez se encararam.

— Sim, por tempo indeterminado. Talvez eu nunca volte.

— Não diga isso! Eu estava tão feliz... Heitor de volta, eu finalmente me resolvi com minha mãe, ela e meu pai reataram – Sonia a olhou com uma expressão de surpresa – Sim, eles estão se dando uma segunda chance...

— Não posso acreditar Helena! – ela respondeu com um sorriso espontâneo – Isso é maravilhoso, por eles dois, por vocês principalmente... Quero tanto que sejas tão feliz quanto podes ser.

— E eu desejo o mesmo a você Sonia, pois mereces! És tão boa e tudo que estás passando não é justo... Além do mais, eu não vou aguentar morar tão longe de você e dos meus sobrinhos.

— Eu preciso honey, Alexandre é muito tóxico para mim no momento. Porém, não se preocupe, vamos arrumar meios de nos vermos.

— Claro que sim, não vou deixar você se afastar tanto assim... Aqueles dois vão me pagar por levar minha amiga para o outro lado do continente.

— Esqueça eles Lê, não vamos gastar energia com isso.

— Eu nunca vou esquecer o que Melissa me causou e principalmente o que ela causou a você.

— Ela não fez isso sozinha.

— Algo me diz que independente disso, ela foi a pivô dessa confusão.

— Vou me despedir agora, não sei por quanto tempo.

— Espero que breve...

— Eu te amo senhora Herrera.

— E eu a você, musa das passarelas, amei o ensaio novo, fiquei chateada por ter descoberto por um out door.

— Aquilo foi coisa do tio Dolce, foi tão rápido que me esqueci de falar a respeito...

— Independente de quem tenha sido a ideia, você estava incrível... Deveria voltar de vez...

— Quem sabe depois que o bebê nascer.

— Eu vou sentir sua falta – as duas amigas deram um abraço demorado, conforto e inúmeros outros sentimentos não ditos sendo destilados – Nem pude matar a saudade direito – os olhos escuros de Helena brilharam com lágrimas.

— Eu também darling, eu também... – ela se inclinou e beijou a testa dela – por favor, obedeça as ordens médicas, não quero ter que vim aqui puxar sua orelha porque você abriu todos os pontos pois inventou de cavalgar antes do tempo...

— Eu prometo – ela levantou o dedo mínimo.

— Selado – Sonia enlaçou o seu ao dela.

— Fique com Deus e se cuida. Prometo que farei uma visita assim que seu filho nascer.

— Vou esperar.

—_____________________________________

Dia seguinte...

— Pensei que você fosse ficar mais tempo com sua amiga.

— Eu queria mamãe, mas não podia correr o risco de alguém ver minha barriga que já está bem aparente.

Mommy— Charlotte entrou no quarto correndo para o colo da mãe.

— Olá bonequinha, e claro, eu não resistia de saudade dos meus pequenos – Sonia beijou a bochecha da menina.

 - Querida, vá avisar seus irmãos que a mamãe chegou.

— Sim vovó – Sonia a colocou no chão e a pequena sumiu pela porta.

— Estou indo para nossa casa em Paris, Victor está mexendo com os papéis do divórcio e tentando resolver isso o quanto antes.

— Oh sweet, queria tanto que vocês ficassem mais, estava me acostumando a ter tanta alegria pela casa novamente.

— A senhora poderia vir conosco mamãe...

— Querida, você sabe que não piso naquele lugar.

— Mãe, lá sempre foi o nosso refúgio, eu seria a pessoa mais tentada a não voltar lá de novo depois de tudo o que vivi ali e de tudo o que descobri... Mas a senhora não, só tem boas memórias do meu pai, venha conosco, tenho certeza que verá a casa com outros olhos... Fizemos algumas reformas, mesmo que já tenha quase dois anos que não vou lá, temos uma família que toma de conta na nossa ausência, já telefonei e está tudo em perfeita ordem, eles já estão preparando o local para nossa chegada... Então, o que me diz? – ela sorriu e Vivienne ponderava apreensivamente a proposta.

— Ok, eu vou passar uns dias com vocês lá. – as duas mulheres sorriram.

— Passar uns dias onde mamãe? – Cristal entrou no quarto perguntando e César passou a sua frente e correu para Sonia.

— O que vocês acham de irmos para o nosso Refúgio em Paris? – os olhos da primogênita brilharam, ela amava o lugar.

— O que é Refúgio mommy? – Charlotte perguntou.

— Vocês não se lembram, deviam ter pouco mais de um aninho quando fomos lá pela última vez, mas vão adorar. É a nossa casa em Paris.

— Na cidade com a torre altona?

— Sim meu príncipe, essa mesma e o nome da torre é Eiffel!

— Cacau?

— Eu adoro aquela casa mamãe.

— Então vamos fazer as malas! – a modelo sorriu para a mãe e abraçou os filhos.


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Notas finais do capítulo

Go to Paris?! Até o próximo ♥



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