Estações escrita por Emma


Capítulo 23
Medos e Angústias - Parte 2


Notas iniciais do capítulo

Colin O'Donoghue como Victor, pq eu amo OUAT, CS e Colin *-*



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Victor e Sonia passeavam pela ponte do Central Park, com as crianças a sua frente, entretidas umas com as outras, eles haviam almoçado juntos ali mesmo, estavam colocando os anos perdido de assunto em dia, agora levariam as crianças para conhecer o zoológico, César e Charlotte estavam animados em conhecer um urso polar pela primeira vez.

Victor sorria da inocência e espontaneidade dos filhos de sua amiga, pulando ou rindo de alguma coisa interessante que viam pelo caminho, alguns casais pedalavam suas bicicletas alugadas, as árvores exibiam poucas folhas, em sua maioria tons de alaranjado e amarelo, folhas secas deslizam pelos gramados verdes. Sonia adorava as cores frias do Outono, a temperatura caia, mas não muito, proporcionando o clima perfeito.

Os ventos sopravam mais forte, agitando o cabelo dela, preso apenas na parte da frente por duas tranças francesas, deixando a parte de trás solto. O homem não podia deixar de notar o quanto o tempo lhe tinha favorecido, a jovem senhora sempre fora deslumbrante, Vic sabia, mas tinha se tornado uma mulher muito mais fascinante do que quando adolescente. A beleza delicada e natural que tinha podia encantar qualquer homem. Ele sorriu, ela que estava com o Iphone nas mãos tirando fotos dos filhos, Sonia lhe devolveu o sorriso e nesse momento, Victor se perguntou internamente, como um homem poderia trocar uma mulher tão bonita e doce como sua amiga, Alexandre certamente não estava em bom juízo. Trocar sua família por uma aventura. Lembranças encheram sua mente e a certeza de que o amor machuca.

— Vic, estou te achando muito pensativo hoje... Existe algo lhe incomodando?

— Não Céci, só estou pensando no quão rápido o tempo passa. Outro dia mesmo éramos nós aproveitando o zoológico daqui, brincando e tão livres de cargas como suas crianças, agora eu e você somos os adultos.

— Mamãe? – Cristal chamou indo até eles – Depois de ir ver os bichinhos, podemos andar na carruagem?

— Hum... Acho que vai estar tarde querida, Tio Victor tem compromissos.

O biquinho que se formou nos lábios de Cristal fez o homem se derreter, ele poderia ter um encontro com o presidente que desmancharia só para ver um sorriso ali novamente.

— Nós vamos sim meu bem, eu não tenho compromissos Sonia, deixei minha tarde livre para apreciar a companhia de vocês. Então sim mocinha, nós vamos passear de carruagem depois.

— Como a Cinderela? – Charlotte perguntou extasiada.

— Como a Cinderela – Victor respondeu com um sorriso.

— Eu posso ir montado no cavalo? Como o vovô da Gabi e Tia Helena nos ensinaram?

— Não meu filho – Sonia sorriu – Esses cavalos não são para montar, nem teria alguém para levar você também, mamãe não gosta de montar. Esse cavalo que tem aqui no parque meu amor, não é como aqueles da fazenda da tia Helena, aqueles são pôneis, esses são bem grandes.

— Tio Victor poderia me levar... – ele sugeriu – Ou o papai quando ele vier – o menino sorriu e Sonia sentiu quase como um soco no estômago, seria difícil para as crianças entenderem a separação, até que Vic a salvou.

— César, esses cavalos não estão disponíveis para montaria, mas nós podemos depois procurar um aras pela cidade e te levar para montar.

— Legal!

— Cesinha, Char, vejam essa joaninha aqui – a irmã mais velha os chamou e eles correram alguns metros a frente na direção de um arbusto, entretida com o pequeno inseto.

— Obrigada por estar sendo tão bom para eles, sei que estão sentido falta do pai e tudo isso ainda é complicado para assimilarem.

— Não me agradeça, essas crianças além de lindas, são muito cativantes, você os educou bem.

— Isso é porque eu não sedo a cada biquinho fofo ou “olhar de cachorro pidão”, Cristal lhe ganhou muito fácil, isso é porque ela não bateu os cílios, vejo que daria até a senha de sua conta bancária – Victor gargalhou e Sonia o acompanhou.

— Ela é um doce de menina, é impressionante o quanto se parece contigo.

— Sim, ela é especial – sorriu apreciando a menina interagindo com os gêmeos.

— Sobre o que falamos mais cedo, já vai querer dar entrada na papelada do divórcio?

— Sim, o quanto antes melhor, mas vamos falar sobre isso em outro momento, não quero que as crianças ouçam e nem estragar meu humor. Podemos marcar um jantar ou almoço outro dia, o que acha?

— Ótimo. Vamos aproveitar o dia então – Vic ofereceu seu braço e a ex-modelo cruzou o seu com o dele, num gesto amistoso que antes lhes era comum, sorrindo eles entraram no zoológico com três crianças alegres e saltitantes pela expectativa de conhecer “pessoalmente” alguns bichos.

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Alexandre tinha finalizado uma reunião com o administrador e o contador do hospital, estava vendo se Melissa ou Vicente tinham feito retiradas ou tentado movimentar alguma conta da rede Del Rio, nada muito exorbitante ou que pudesse preocupa-lo, mas irritava-o sobremodo. Precisava conseguir um advogado para ver as possibilidades de reaver suas ações roubadas. E claro, outro para tratar dos assuntos da documentação do divórcio que chegou a sua mesa essa semana.

Segurando sua xícara de cappuccino, ele se levantou de sua mesa e caminhou até a imensa janela de vidro, que tomava quase sua parede inteira, dali ele tinha uma vista privilegiada de uma praça arborizada e bem cuidada, sempre cheia de transeuntes e crianças, erguendo os olhos ele avistou um rosto conhecido no out door. Era Sonia, ladeada por uma mulher e um homem, num anúncio publicitário da nova coleção Outono/Inverno da marca de seu Tio, Dolce&Gabbana.

Mais de 3 meses sem vê-la, os finais de semana que tinha ido até NY no último mês ver as crianças, nunca entrara no apartamento e sempre era recebido por Pietro, sua sogra ou Guilhermino, nunca Sonia. Pelo que supôs, tinha voltado ao trabalho de modelo, com certeza por influência de Viviene, ele sorriu, seu coração apertando como se tivessem enfiado a mão em seu peito e apertado-o com força, ela continuava tão linda quanto sempre fora, talvez até mais.

— Ah meu amor, sinto tanta sua falta, tanto que quando fecho os olhos sinto o cheiro do teu perfume... Volta para mim Sonia, se não eu sei que vou morrer aos poucos, volta para mim – fechando os olhos ele suspirou, jogando as emoções para dentro de si, olhou no relógio, eram 16h, ele resolveu que encerraria suas atividades ali e iria até a academia para se exercitar um pouco.

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Heitor olhava para a janela do avião, mais algumas horas e estaria abraçando sua mulher, resolveu fazer uma surpresa, tinha conseguido organizar a semana de folga, ia passar esse tempo na companhia da esposa e filhos, depois de anunciar que teria que ficar mais 6 meses no Egito, sua amazona tinha desligado o telefone na cara dele automaticamente, uma hora depois ligou com a voz embargada pelas lágrimas, aquilo cortou seu coração, ele prometeu que estaria com ela no parto e lhe prometeu ainda que tiraria uns dias para ir para casa.

 No início da semana Gabriela havia pegado uma virose, nada sério, porém isso deixou a menina mais teimosa do que de costume, Helena que por natureza era temperamental e irritadiça, estava a beira de um colapso, o cansaço e a dor nas costas tinham se multiplicado, sua filha não ajudava chorando e fazendo birra por qualquer coisa, imagens de como sua casa estaria de pernas para o ar quando chegasse o fizeram rir, gritos de um lado para o outro, mas ele não via a hora de estar com sua família.

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Alexandre chegou em casa por volta das 18:30h, colocou a chave do seu sedan BMW sobre a mesa do hall, deu uma olhada nas revistas ainda envoltas no plástico, eram as edições novas, provavelmente o carteiro deixara durante o dia. Ele e Sonia tinham várias assinaturas, infantis dois HQ’s bem divertidos e 3 livros para colorir, o médico sorriu lembrando que Charlotte adorava passar horas na frente destes, perdida em meio aos lápis de cor.

Passando os exemplares das crianças, as suas revistas sobre medicina e atualidades científicas, cinco tipos diferentes, em seguida, as de Sonia, a Vogue lhe tirou outro sorriso ao exibir a mesma foto que vira no out door na capa, seguida de uma pequena manchete: “A volta da musa das passarelas?”, Marie ClaireElleVanity Fair e People também tinham furos sobre a suposta volta dela as passarelas, olhou rapidamente cada uma, sem muito interesse, mas a última lhe chamou atenção por causa da capa, eram outras fotos de sua mulher, uma provavelmente da campanha, porém a outra, ela estava de mãos dadas com um estranho, leu o anúncio: “Em destaque na campanha da nova coleção D&G, a modelo também foi flagrada de mãos dadas com um renomado advogado”.

O doutor rasgou o plástico da revista num movimento só, folheando até a página com a reportagem completa que dizia:

 “Ao que tudo indica a queridinha das passarelas, Sonia Colucci, voltou. E os boatos sobre o divórcio com a mente brilhante da medicina, Dr. Alexandre Del Rio, parecem ser reais. Uma pena não é mesmo? Após 9 anos juntos, um dos casais mais populares da mídia, cujo amor era inspirador, aparentam realmente terem rompido.

No último mês, a modelo voltou a morar em NY e trouxe os filhos juntos, enquanto o médico ficou no México. Ela ainda foi vista entrando num restaurante em Upper East Side, de mãos dadas, com Victor Campbell, advogado e herdeiro da Campbell Advogados e Associados.

Segundo fontes, o par anda para todos os lados juntos, sempre expressam bastante intimidade, mesmo que nenhum beijo tenha sido registrado ainda”.

A revista foi atirada longe, sentiu a raiva fluindo por cada poro seu, não podia ser verdade, era apenas uma fofoca barata, Alexandre tinha uma vaga lembrança desse tal Victor, estivera presente em seu casamento e na festa de aniversário de Sonia de 25 anos, pelo que sabia sempre foram amigos, mas nunca tiveram nada... As coisas teriam mudado agora?

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Eram 20:32h quando Helena começou a sentir muito inquieta, a dor em suas costas era absurda, Henrique pegou Gabriela no colo depois do jantar e subiram para a brinquedoteca na intenção de assistir um filme. A arquiteta pediu para uma babá os acompanhar, no caso do rapazinho adormecer e sua menina resolver aprontar.

Ela se levantou da cama e sentou-se na poltrona, pegou o celular, respondeu algumas mensagens de Sonia e de seu pai, Inácio pousaria na cidade em meia hora e informou-a que iria direto para sua casa, estava preocupado e queria verificá-la. Helena foi atrás de sua governanta para que a mesma organizasse tudo que o homem precisasse.

Chegando à escada ela sentiu um chute forte contra suas costelas, andar não estava sendo uma boa ideia, seu corpo estava pesado e lento, os pés pareciam duas bolas de tão inchado, as costas doíam e hoje os gêmeos não tinham lhe dado trégua, chutaram e se mexeram o dia inteiro, nem um cochilo ela conseguiu tirar, quem dirá dormir, estava na 34ª semana e não esperaria mais, conversaria com Bárbara para marcarem a cesariana para a semana seguinte, uma vez que seus bebês estavam com tamanho e peso até além do esperado para essa fase, não tinha mais condições de levar a gravidez adiante, estava maltratando-a muito.

 Seu corpo começou a ficar pesado demais para suas pernas, a amazona estranhou, um alerta vermelho brilhou diante da sua face, ela ia cair, o corrimão não seria suficiente para suportá-la e na pressa de evitar um acidente, acelerou os passos o máximo que conseguia, mas tropeçou, rolando do meio da escada até o chão, ela gritou com o susto, suas mãos pararam na barriga defensivamente, sua cabeça bateu com força no último degrau e foi quando tudo ficou escuro.

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— Henrique, eu quero um pedaço daquele bolo de cenoura com cobertura de chocolate que tá lá na cozinha. Mamãe disse que eu poderia se eu comesse todo o meu jantar e eu comi – ela olhou para ele com um sorriso largo, os dentinhos de leite aparecendo, os olhinhos brilhando.

— Tudo bem Gabi, vamos até lá buscar. – dando pause no filme, Henrique se levantou do futon em patchwork e deu a mão a irmã, que abriu um sorriso como de quem planeja algo e disse.

— Eu vou chegar primeiro – virou as costas e saiu correndo rumo as escadas.

— Gabriela, espere! Cuidado para não escorregar – a menina nem ouviu a última palavra, Henrique só viu um cachinho dourado passar pela porta e juntamente com a babá se apressaram atrás dela, quando ouvem um grito assustado.

— HENRIQUE! – sua irmã tinha descido até o meio da escada que formava uma curva, seus olhos amedrontados viam algo que para ele ainda estava escondido devido o lugar onde se encontrava. Alcançando Gabi ele logo voltou os olhos para onde a menina olhava aflita – É a mamãe Henri... Porque ela está sangrando?

Não dando ouvido as perguntas da irmã e igualmente assustado, Henrique terminou de descer os degraus e se ajoelhou perto da mãe.

— Mamãe? MAMMA? – ele sacudiu Helena de leve. Ela tinha um corte próximo da região da têmpora que sangrava, mas não tanto quanto o sangue que saia por entre suas pernas e começava a formar uma pequena poça.

— Por que ela não acorda?

— Sara, por favor, leve Gabriela lá pra cima e tente acalmá-la, preciso ligar para o hospital – Gabriela começou a chorar não querendo ser levada pela babá e os olhos de Henrique se encheram de lágrimas também – Não, vou ligar para tio Alê – tremendo o menino foi até o telefone da sala e discou o número do tio.

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O doutor estava em seu escritório, pesquisando em seu notebook, a notícia do possível envolvimento amoroso de Sonia estragou seu humor, que ultimamente não era grande coisa, estava irritado e ferido, ciúmes e diversos cenários de sua mulher nos braços de outro homem corroía sua mente como uma ácido poderoso, quando ouve o telefone residencial tocar, suspirou aborrecido, cogitou não atender, já que não queria falar com ninguém, checou a hora na tela do eletrônico. 20:45h.

— Oi – falou mal humorado.

— Tio? – a voz aflita do menino o colocou em alerta instantaneamente e ele mudou sua expressão de desgosto.

— Henrique, sou eu meu filho. O que foi?

— Minha mãe está desmaiada eu acho, eu encontrei ela desacordada no chão da escada – o rapazinho falava chorando e seu coração disparou – ela também está sangrando muito. O senhor pode me ajudar?

— Claro que sim meu rapaz, estou chegando ai em um minuto. Por favor não mexa sua mãe do lugar, tenha calma Henrique, ok?!

— Sim.

O médico se apressou rumo a garagem, passando pelo hall e pegando sua chave sobre a mesinha onde as revistas estavam, a People amassada. Lembrando de levar consigo uma maleta que guardava em seu escritório.

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No cominho Alexandre ligou para a portaria e pediu que enviassem a ambulância que ficava a disposição do condomínio, em seguida, já passando pelo portão de entrada da casa dos Herrera discou o número de Bárbara, convocando a médica para estar no hospital o mais rápido possível.

Entrou na casa e viu o afilhado sentado próximo a mãe e chorando, abraçou-o tentando confortá-lo.

— Minha mãe morreu Tio? Por que ela não acorda?

Alexandre se afastou dele e checou o pulso e a respiração da amiga, ainda estava viva graças a Deus.

— Não Henrique, sua mãe está viva! Vai ficar tudo bem. Quero que você suba e se acalme, tente ligar para seu avô e peça que ele vá para o Del Rio, eu já pedi para trazerem uma ambulância. Onde está sua irmã?

— Lá em cima, ela está chorando porque pensou que a mamãe morreu.

Abraçando mais uma vez o garoto, que agora devolveu o abraço, o apertando forte e chorando no ombro do padrinho.

— Henri, prometo a você que sua mãe ficará bem. Agora vá acalmar sua irmã que estou ouvindo os berros dela aqui – ele beijou sua cabeça e sorriu.

— Será que agora o papai vem?

O doutor o encarou sem palavras, enquanto o menino sem uma resposta, se virou e subiu as escadas.

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Inácio andava de um lado para o outro na sala de espera do hospital, nervoso e aflito, com o celular na mão, digitando os números com tanta força que Elizabeth tinha pena do aparelho. Helena estava sendo examinada por Bárbara e Alexandre tinha entrado junto com ela. Ambos os médicos sabiam que a situação era grave, perda de sangue nunca é bom para uma grávida, ainda mais na quantidade que ela havia perdido.

— Por que aquele infelice não atende o telefone?! – Soriano bradou, assustando uma enfermeira que passava por perto no momento. Elizabeth, mais acostumada com o homem, apenas o olhou.

— Talvez ele esteja ocupado.

— Ele tinha que estar aqui, essa é a questão! Se sim, talvez minha filha não estivesse numa sala de hospital agora, em estado grave.

— Talvez Inácio, mas quem pode saber?! Foi um acidente, não podes culpar Heitor por isso.

— Eu sabia, senti que algo estava errado, fiquei incomodado desde cedo, deveria ter ouvido minha intuição, voltado antes para a capital e ter ficado com ela.

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Sonia tinha acabado de colocar suas crianças na cama, despedindo-se com um beijinho de boa noite, seu celular começou a chamar, o contato de Alexandre apareceu no visor, não queria falar com ele, não tinham assunto para tratar, provavelmente tentaria lhe persuadir a mudar de opinião sobre o divórcio. No último toque, ela deslizou o dedo sobre a tela e liberou a chamada.

— Oi – ele falou primeiro – eu sei que não queres falar comigo, mas, por favor, não desligue, o que eu tenho para te dizer é sério.

Continuando em silêncio, ela o deixou prosseguir. O doutor pensou em formas de amenizar a notícia, porém era impossível, a realidade era aquela e ele tinha que falar.

— Alexandre! – irritada com espera, ela quebrou o silêncio – diga de uma vez por todas o que queres, ou irei desligar. Nossos assuntos se resumem aos nossos filhos e o divórcio, nada além disso.

— Helena sofreu um acidente – o coração da modelo perdeu algumas batidas, sorte sua ter encontrado uma chaise pelo corredor onde se sentou.

— O que? – sua voz era fina, seus lábios tremeram e os olhos encheram de lágrimas – Como assim? Como ela está?

— Henrique me ligou assustado, ao que parece, ela escorregou da escada e bateu a cabeça, deixando-a inconsciente, o grande problema é que a queda acarretou outros problemas.

— Que problemas Alexandre?

— Sonia é complicado explicar por telefone, liguei porque achei que deveria saber.

— Que problema Alexandre?

— Ela teve uma rotura uterina, uma das piores complicações que existem para mulheres grávidas, conseguimos estabilizar o sangramento, mas não por muito tempo. O grande problema é que a bolsa rompeu, precisamos fazer a cesariana o quanto antes, porém – ele suspirou – o corte é muito profundo e iniciaria outra hemorragia... Eu não sei o que fazer Sonia, Inácio está lá fora uma pilha de nervos, ninguém consegue contatar Heitor... Eu realmente não sei o que fazer.

Ela o conhecia o suficiente ou não, para saber que ele estava aflito e desesperado, Helena não era só sua amiga, era amiga dele também, mais que uma paciente. Suspirando ela se levantou, enxugou uma lágrima que havia escorrido.

— Eu sei que você é um excelente profissional, não é sua área, mas tem uma equipe que pode atender Helena da melhor forma possível, não?!

— Sim. Bárbara está no centro cirúrgico com ela, vamos conversar e tentar chegar num consenso antes de falar com Soriano.

— Eu vou pegar o próximo voo para a capital, por favor, não deixe que nada aconteça com Helena e com os bebês.

Engolindo o nó que se formou em sua garganta, ele respondeu.

— Eles ficarão bem, farei tudo o que estiver ao meu alcance para salvá-los.

— Obrigada.

— Sempre que precisar – ambos sorriram, um contido e tímido sorriso que nenhum deles viu.

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 “Senhores passageiros, aqui é o capitão, sejam bem vindos a cidade do México, a temperatura é de 21º C, clima agradável, sem previsão de chuva, mas a temperatura pode cair, são exatamente 21:37h, pedimos que apertem os cintos, estamos entrando no nosso curso de pouso, por favor mantenham-se sentados em seus assentos com os cintos afivelados.”

Heitor viu as luzes amareladas da cidade. O México tinha sido um lugar que ele aprendeu amar. Mesmo com o clima de Outono que fazia lá fora, seu coração se encheu de calor por saber que finalmente estava voltando para casa.

Saindo para portão de desembarque, foi até para as esteiras buscar sua mala, pegando-a ele puxou o Iphone do bolso e o tirou do modo avião. Alguns minutos depois várias notificações de chamadas perdidas apareceram, mais de 30 de Inácio, Elizabeth, Alexandre, seu pai e sua mãe, até de Helena, alguns outros números também apareceram, assustado, abriu uma mensagem de Alexandre toda em caixa alta:

“Me ligue assim que vir essa mensagem”

“Heitor , mio figlio, onde você está?

“Você tem mensagens na sua caixa postal. Para ouvir aperte no ícone abaixo”.

Recado 1. Hoje, as 21:15h:

“Heitor, sou eu Alexandre, onde você se meteu cara?! Por que não atende a droga do celular? Entre no próximo voo para casa, desculpa te dar essa notícia assim, mas é o único meio que disponho agora... Helena caiu da escada, o parto foi induzido e apareceram complicações. Estamos no hospital com ela, não vou mentir, o caso é grave, estou fazendo o possível. Corra!”

Heitor estancou no lugar, em choque, segundos depois as pessoas que estavam próximas a ele só ouviram o barulho do celular caindo no chão.


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Notas finais do capítulo

Só tenho uma palavra pra esse final: OMG o.O
Tenhamos fé pela nossa amazona!



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