.Capítulo 3. .Not the best father-son relationship.

                Tenso... Essa era a palavra que definia a atmosfera da sala de jantar dos Campbell. Tom Riddle Sr. estava quieto, olhando para o filho de vez em quando e ignorando toda a conversa que Ellen e Charles tentavam puxar com ele e o menino. 

                O garotinho também parecia estar desconfortável com toda a atenção que o casal estava lhe dando e, vez por outra, deixava o olhar pousar no pai, examinando-o.

                - Você tem quantos anos, Tom? – Ellen perguntou, sorrindo gentilmente para a criança.

                - Seis... – o menino murmurou, voltando a sua atenção para a comida – Faço sete em dezembro.

                O casal sorriu e continuou a fazer perguntas para o jovem Tom. Eles pareciam mais interessados nele do que o próprio pai... Mas não era de se esperar outra coisa. O Sr.Riddle sempre fora mais preocupado com si mesmo do que com os outros, quando conhecia alguém, preocupava-se primeiro em dar todos os detalhes sobre si mesmo para só depois tentar conhecer a outra pessoa... E não era como se ele quisesse ser conhecido por aquele garoto, pelo menos não naquela hora.

                Quando o jantar terminou, Ellen se prontificou para levar o menino para a cama, vendo como o amigo parecia estar se recusando a chegar perto do filho. Charles acompanhou o homem até a sala de visitas, onde serviu-lhe uma bebida e sentiu-se no sofá.

                - E então? O que você irá fazer agora? – o Sr. Campbell perguntou, vendo o amigo passar a mão pelos cabelos escuros e suspirar.

                - Ficar aqui mais alguns dias, se não for um incomodo, qualquer coisa eu posso ir para algum apartamento dos meus pais...

                - Bobagem, pode ficar aqui – Charles riu – E Ellen está amando ficar perto do Tom.

                A expressão do rosto de Riddle mudou instantaneamente ao ouvir o nome do filho, como se o amigo tivesse tocado em um assunto delicado.

                - Tom... Ele é o seu filho, você terá que se acostumar com isto.

                - Como eu disse antes, ele é um filho que eu nunca quis ter... – o homem largou o copo na mesa e enterrou o rosto nas mãos – Não sei se posso cuidar dele...

                - Talvez demore um pouco para que vocês se conheçam melhor... Para que vocês se acostumem um com o outro, mas é claro que você conseguirá cuidar dele bem.

                Um sorriso sem emoção brotou nos lábios do outro enquanto erguia a cabeça e olhava para Charles.

                ***

                - Boa noite, querido – a mulher que havia conversado com Tom no orfanato apagou a luz do quarto e fechou a porta.

                Ela era gentil, lembrava muito a garota que trabalhava no orfanato... Mas a gentileza dela não fora o suficiente para fazer o desconforto que o menino sentia desaparecer. Era como se ele estivesse no lugar errado, como se ele estivesse atrapalhando alguém... E ele sabia que a pessoa que estava perturbada com a presença dele não era o casal dono da casa, mas aquele homem que se denominava seu pai.

                Tom Riddle. Eles tinham o mesmo nome e eram iguais na aparência, mas o jeito como se olhavam era como se fossem duas pessoas totalmente diferentes, dois animais se estranhando. O homem o encarava com um olhar duro e ele retribuía um olhar frio... Não era como ele esperava que uma relação entre pai e filho se desenvolvesse.

                Olhou para as sombras das árvores do lado de fora que se formavam no teto. Muitas crianças, caso estivessem no seu lugar, estariam pulando de alegria, mas Tom Riddle apenas sentia uma sensação ruim dentro de si mesmo enquanto pensava no que aconteceria com ele dali para a frente.

                ***

                Tom Riddle trocou as roupas e caiu na cama de qualquer jeito. Tudo o que acontecera nos últimos dias fora quase tão confuso quanto o que acontecera há alguns anos, quando ele acordara um dia e descobrira que estava casado com uma mulher totalmente estranha que estava esperando um filho dele.

                As fofocas sobre ele voltariam a fazer parte de todas as mesas de bares em Little Hangleton... Bem agora que as fofocas sobre a sua fuga com a filha do vagabundo Gaunt haviam começado a esfriar.

                - Muito bem, Tom, você faz uma besteira atrás da outra...

                Pior do que todos os comentários seria o olhar de reprovação de seus pais. O Sr. Riddle não estava nada feliz com a notícia de que Tom encontrara um filho perdido no meio de Londres... Já a Sra. Riddle estava um pouco animada com a idéia, mesmo estando com medo de que o garoto fosse igual a mãe.

                Riddle sorriu. Não, seu filho não era nada parecido com a mãe, pelo menos não aparentemente, mas o homem não podia ficar receoso em relação a outras coisas... Será que o menino era como aquela mulher? Capaz de fazer coisas como a mãe conseguia?

                - Pare de pensar e durma, é o melhor que você pode fazer...