Sobre Ruivas e Loiros escrita por Bia


Capítulo 1
Capítulo um: o começo do começo


Notas iniciais do capítulo

Oláaaaaaaaaaaa! o////
Como vão vocês, meus lindos? Realmente, não os largo de jeito nenhum, né? auhhahuahuahua
Aqui estou eu com mais Pedrina, ai que delícia, cara. Infelizmente não há muuuuito romance, mas terá bastante comédia, já que eles mais novinhos são umas gracinhas, hihihihi *aperta bochechas* (destaque para o Derek, viu ahuuahauhahuahuahu)
Só quero alertá-los antes de ler, que Pedro irá descrever a Katrina de uma maneira ABSURDA, mas é completamente proposital! xDD Espero meeesmo que gostem, porque eu, particularmente, amei escrever!
Boa leitura! :D



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- Derek, aqui… - O treinador, um homem alto e com cara de poucos amigos mandou, um apito na boca e a mão apontando para um ponto em frente.

Era pleno verão. Um sol de quarenta mil graus estava rindo lá em cima, gritando um: “morram, desgraçados!” para a sala A naquela manhã de quarta-feira. Os estudantes iriam ser separados em dois times, com o intuito de treinarem para uma competição de vôlei que ocorreria dali a algumas semanas.

Obviamente nem todos iriam participar da competição, mas era de praxe que todos os alunos treinassem juntinhos para a desgraça alheia, com os garotos enfiando suas mãos dentro das camisetas empapadas de suor e esfregando-as nas caras das garotas.

Um Derek de quinze anos, sem objetivos na vida, maloqueiro, a cara amassada por ter acordado atrasado e completamente suado dirigiu-se ao local mandado, parando lá com as mãos jogadas na cintura. Ele preferia ser comido por um dinossauro a ter de enfrentar um sol desgraçado daqueles. Sempre fora baixo, bundudo e possuindo um nariz que julgava ser reto demais. Com dezessete não mudara nada: ainda continuava maloqueiro e desorganizado.

O treinador olhou para sua próxima vítima, apontando para uma garota de cabelos negros.

- Jade, aqui… - Mandou, apontando para o lado oposto a do garoto. - Derek, comece escolhendo.

- Damas primeiro, obrigado. - Gracejou, dando dois passos à frente e olhando para o restante dos estudantes. Um sorriso bonito e cansado se formou nos lábios do garoto, seguido por um olhar falsamente cafajeste quando focou em um aluno em especial. - Vem, mozão.

Pedro Marconni no primeiro ano do ensino médio não era muito diferente do que é hoje. Talvez um pouco mais irresponsável ou ousado, mas sempre fora a simpatia em forma de pessoa, muito gentil e educado. Além de, nesta idade, já possuir alguns músculos considerados atraentes pelas garotas de sua sala. O garoto tinha o cabelo bem curtinho e um pouco arrepiado, o tom louro cor de areia mais escurecido por conta do suor.

Pedro riu da atitude do amigo e coçou a nuca.

- Derek, sei que temos algo aberto, mas não é como se você pudesse falar a cada meia hora. - Brincou, andando calmamente até o outro, que abraçou-o forte.

- Não seja tímido… Eu dou para você quando você quiser, agora fala em italiano no meu ouvido. - Esfregou a cara no peito suado do outro, contornando uma perna em volta dele.

A quadra explodiu de risadinhas; só eles mesmo para fazerem adolescentes mal encarados abrirem sorrisinhos. O treinador revirou os olhos, cansado daqueles dois. Já não bastava acordar cedo para dar aula à pestes, tinha que aturar adolescentes babacas fazendo piadinhas em suas aulas maravilhosas.

Quando ambos os times foram escolhidos, se organizaram em cada lado da quadra, separados pela rede de mais de dois metros. O treinador apitou para chamar a atenção do pessoal e jogou a bola para Jade, que a pegou e esperou o sinal que poderia sacar.

Quando um sinal agudo tomou propriedade de toda a quadra, Jade ergueu a bola até sua cabeça, andando três passos antes de jogá-la para cima e dar-lhe um tapa, sacando com delicadeza e firmeza, fazendo-a voar até ultrapassar a barreira adversária.

Derek conseguiu fazer uma boa recepção, recebendo a bola em seus punhos fechados, jogando-a para cima e vendo-a voar para perto da rede. Uma colega sua conseguiu mantê-la no jogo, dando apenas um toquinho com as pontas dos dedos, jogando-a levemente para cima.

A pancada que Pedro deu na bola foi tão forte e tão inesperada que o time adversário não pôde nem dizer “churros” direito, que a bola já quicava dentro de área, marcando o primeiro ponto daquele time.

Derek começou a rir abertamente, enlaçando o pescoço do amigo e mostrando a língua para o time adversário, que começou a protestar com os argumentos que “Pedro já jogava!”, “isso é injusto, treinador!” e “olha o tamanho daqueles braços” - o que causou um grande reboliço entre os garotos, que começaram a discutir com a garota que havia contra-argumentado, dizendo que aquilo não era forma de protesto, e no final fizeram-na cheirar muitas axilas terrivelmente suadas e nojentas.

Quando menos esperavam, já estavam no terceiro set - haviam perdido apenas um, mas estavam ganhando esse, então nada para se preocupar. Derek acabou por deixar seu ego inflar quando fez um bloqueio (espetacular, Pedro, espetacular!), e começou a andar em volta do amigo, remexendo o quadril de maneira zombeteira, mais feliz que pinto no lixo.

Pedro revirou os olhos, tentando se concentrar no jogo - mesmo que já estivesse praticamente ganho, seria falta de respeito para com o outro time fazer o que Derek estava fazendo. Foi quando o moreno parou de rondá-lo que Pedro olhou-o, surpreso com a expressão de espanto em seu rosto.

- Alguém fecha as portas do inferno, porque já tem demônio saindo! - Gritou, atrapalhando um ataque de seu colega, que parou o que estava fazendo para olhar o que ele tanto encrencava. - Vai, Júlio, aproveita que você tá com essa bola na mão e mata que é bicho! Não podemos deixar isso reproduzir!

A maioria das pessoas ali riram, movendo a cabeça para as escadas que davam para o portão de saída, balançando negativamente a cabeça. Mas Pedro, que não fazia nem uma semana que estava ali naquele colégio, ficou mais perdido que cego em tiroteio.

Era verdade que morava na Itália até seus seis anos, mas por motivos pessoais (brigas entre sua família), seus pais decidiram se mudar para o Brasil. Vivia em Sorocaba, São Paulo, mas sua mãe arranjou um emprego melhor no Grande Centro, então teve de abandonar tudo - de novo; odiava de verdade se mudar - e recomeçar naquela cidade do caos. Ainda bem que tinha seu amigo, Derek, que estava com ele desde os tempos em que vivia em Sorocaba, ou seja, há uns nove anos.

Cutucou Derek com o cotovelo, chamando sua atenção.

- Qual é a piada? - Perguntou, querendo se entrosar no assunto. Enquanto Derek se recuperava de sua crise de risos, o treinador soou o apito, gritando para eles continuarem.

- Cara, existe uma pessoa neste mundo que ninguém deveria conhecer. - Disse, muito sério. Pedro até estranhou aquilo tudo. - E eu, bom amigo como sou, nunca citaria o nome dessa coisa para um iniciante ingênuo e fofinho como você, sabe? Esse monstro até mesmo pode aparecer enquanto você tá lavando o cabelo, de olhinhos fechados, e te fazer barbaridades, entende?

Pedro fez uma careta com o pensamento que teve. Não acreditava de todo no amigo, obviamente - Derek falava muitas bostas e fazia muitas bostas, como espiá-lo por cima do vestiário e dizer que seu pênis era maior.

Apenas ergueu uma sobrancelha, desconfiado. Derek percebeu isso, e rapidamente quis dar um jeito de fazê-lo acreditar - não podia deixar o amigo ver aquele monstro sem antes avisá-lo dos perigos, já que sabia que a arma mortal daquilo era a aparência.

- Olha, vou te mandar a real. Ela é má, Pedro. Se você vê-la agora, vai descrevê-la usando uma espécie de poesia, mas sua personalidade é perversa, cruel, ela não medirá esforços para te fazer sangrar! - Disse, movendo as mãos de maneira dramática. Pedro revirou os olhos. - É sério! Cara, eu já a vi em ação! É assustador! Ela deixa a vítima se aproximar, se mostrando confiável, e quando ela tá bem pertinho… ELA ATACA E A VÍTIMA MORRE! - Berrou de repente, fazendo o italiano se assustar.

- Que horror, cara! - Pedro contorceu os lábios, percebendo que quando Derek fez aquela brincadeira, a maioria das pessoas confirmaram… O garoto ficou encucado. Não era do tipo que julgava sem conhecer, na realidade, achava um absurdo tirar conclusões de uma pessoa baseando-se em o que falavam dela. - Tá, ela tá aqui? - Perguntou, realmente curioso, procurando por alguém que pareça uma fera abominável.

Derek suspirou. Já vira a mesma cena mais vezes do que podia contar. Deu uma última olhada na escada, fazendo um “tcs” ao perceber que seu cabelo estava preso num rabo-de-cavalo, fazendo suas sardas ficarem bem visíveis.

- Tá sim, Pedro… - Falou num tom que lembrava enterro. - O nome dela é Katrina Dias, e ela tá na escada, ali. - Apontou para um pontinho vermelho.

Pedro girou a cabeça, feliz por finalmente ver a fera, e…

Tudo o que estava na sua cabeça foi para um lugar bem longe da Terra. Tá certo que existiam muitas garotas bonitas por aí, principalmente na Itália, mas aquilo já era um absurdo. Não sabia ao certo o que estava se passando com seus pensamentos, mas a única coisa que conseguia raciocinar era: aquela ali, definitivamente, era a mulher mais bonita que ele já vira na vida.

Seu cabelo era puro fogo em brasa, preso no alto da cabeça por um laço negro. Os fios compridos caíam como cascatas em suas costas, dando mais visibilidade às suas sardas, que, para Pedro, haviam sido pintadas à mão. Seu corpo era delicado, a pele provavelmente feita de seda, coberta por aquelas manchinhas adoráveis. Seus olhos eram castanhos claros, refletindo uma luz intensa que Pedro não pôde decifrar. A franja caía sobre sua testa numa suavidade incrível, que fez o italiano sorrir como um babaca. Sua boca era tão delicada que Pedro até pensou em possíveis pintores famosos para desenhá-la daquela maneira injusta...

- Hey, cara… - Derek tentou acordá-lo de seu transe, estralando os dedos na frente de seu rosto. Ficou desesperado quando Pedro apenas piscou, parecendo grogue. - Ah, não! Sua alma foi roubada, não foi?! Bosta, perdi meu amigo, TE ODEIO, KATRINA! - Berrou em plenos pulmões, chamando a atenção da garota.

Katrina Dias não era uma garota muito legal ou, quem sabe, delicada, como sua aparência deduzia. Na realidade, ela nem sabia o que estava fazendo na porcaria de uma escola sendo que nem entraria nela naquele ano. Serena Dias simplesmente puxou-a para conhecer a escola que entraria no Ensino Médio, o que era ótimo em seu ponto de vista (mães…).

Naquele dia ensolarado, quarta-feira, a garota tinha quatorze anos. Um ano mais nova que Derek, seu colega de escola idiota. Desejava a morte àquele jovem. Quando ele se formou e foi para o Ensino Médio, só faltou os fogos para seu total deleito. Não era muito diferente do que é hoje, com dezesseis… Talvez um pouquinho mais fechada, menos sorridente e menos sarcástica; mas ainda era cínica, maldosa e violenta, os cabelos ruivos compridos, chegando até sua região lombar.

Quando viu aquele idiota fanfarrão, gritando que a odiava em plenos pulmões, ao lado de um garoto louro - até que bonitinho, mas com cara de tapado -, acabou por ficar boquiaberta. Desviou o olhar, notando a atenção indesejada que recebera, cruzando os braços sobre os peitos - ainda em construção, mas bem avançados.

Percebeu uma movimentação por parte dos dois, e viu de esguelha o garoto loiro com cara de tapado calar Derek com a mão, olhando vagamente para trás, seus olhos sem querer se encontrando. Katrina levantou uma sobrancelha quando viu que ele não desviou o rosto ou ficou envergonhado; apenas sorriu de lado, algo que ela interpretou como um “oi” sutil.

Acabou por ficar, indesejavelmente, surpresa por alguém, depois de alguns anos, ter conseguido sustentar seu olhar sem sair correndo. Arqueou as sobrancelhas e, quase que imperceptivelmente, sorriu também.

Claro que foi “quase” imperceptivelmente, pois Pedro percebeu. É claro que percebeu. Na realidade, sentiu seus próprios lábios formigarem - um ímpeto desejo de ir lá e beijá-la.

Suspirou, murcho, e olhou para Derek.

- Ela ataca e a vítima morre, né? - Murmurou, já sabendo que o veneno corria por suas veias.

*

Katrina chegou em casa às duas horas. Despencou no sofá, morrendo de calor. Viu sua mãe ir correndo para o andar superior, apressada com um compromisso.

- Eu disse que você não precisava ir… - Falou alto para que ela ouvisse. Não queria que sua mãe se atrasasse para as coisas por sua causa.

- Eu precisava sim! - Gritou Serena lá de cima, a voz entrecortada. A viu descendo as escadas apressadamente, segurando saltos púrpuras na mão. - É seu futuro que está em jogo, sabe disso, não é? - Ela se inclinou no sofá, beijando em vermelho a testa suada da filha. - Tem comida na geladeira, é só esquentar… O.k., chave, batom, documento… - Começou a vasculhar sua bolsa, confirmando que estava tudo lá mesmo. - É isso, volto umas seis horas, te amo.

E saiu apressada pela porta. Katrina suspirou, não aguentando mais o calor. Precisava de um banho gelado, um pote de sorvete e um ventilador. Se arrastou para fora do sofá, descalça, indo para a cozinha. Abriu sua geladeira praticamente vazia - ser pobre era uma completa e total bosta -, e pegou o pote de feijão e arroz lá de dentro. Colocou tudo sobre a pia. Viu que tinha um hambúrguer cru em cima dela, obviamente uma mensagem implícita de “olha sua misturinha aqui, filhota!”.

Grunhiu, sentindo que as dificuldades da vida haviam lhe batido à porta. O fato era: não sabia cozinhar; odiava cozinhar; só gostava de comer. Não viu aquilo como uma boa oportunidade de aprender a se virar, viu aquilo como um bloqueio. Já tinha que cuidar da casa quando sua mãe estava trabalhando, e agora isso? Cozinhar?

- Ah, Deus… - Murmurou para o vento. - Vou começar a me viciar em drogas para ver um mundo diferente, porque esse que eu tô vivendo é uma merda… - Pegou o hambúrguer embrulhado no saquinho e começou a vasculhá-lo, tentando ler as instruções de como fritá-lo. - O.k… - Leu em voz alta para si mesma. - “Preparo na frigideira ou na chapa…” “Primeiro passo: pré-aqueça uma frigideira ou chapa no fogo alto por cerca de dois a três minutos… Segundo passo: coloque seu hambúrguer ainda congelado e sem o envelope protetor na frigideira ou chapa e grelhe por cerca de dois minutos. Vire com a ajuda de uma espátula e deixe por mais dois minutos para completar o cozimento.”

“É”, pensou, não muito confiante. “Não deve ser tão difícil assim”.

Pegou uma frigideira de seu armário e a colocou em cima do fogão, ligando-o logo em seguida. Ajustou como foi lhe instruído, botando no fogo alto. Olhou para a frigideira, depois para o fogão.

- Vai demorar muito... Ah, foda-se… - Pegou o hambúrguer e o retirou de dentro do embrulho, jogando-o dentro da frigideira sem cerimônia e constatando que daquele jeito seria melhor. Suspirou de novo, passando a mão contra a testa. Acabou por esperar enquanto bebia água, apoiada numa cadeira.

Olhou para o relógio, o estômago já gritando. Abriu a gaveta e tirou de lá uma espátula, olhando desafiadora para a frigideira.

- Chegou a hora… - Concluiu, pegando em seu cabo e girando-a de maneira a encarar seu hambúrguer. Cutucou-o com a espátula, percebendo que estava um pouquinho mole. Deslizou a espátula por baixo de sua comida, tentando virá-la para “bronzear” suas costas desta vez. - Caralho… Grudou. - Desesperou-se, enfiando como uma brutamontes a espátula debaixo do hambúrguer, mas a única coisa que conseguiu foi despedaçá-lo, fazendo apenas metade virar. Estralou a língua, olhando para os lados e pegando o óleo que estava em cima da mesa. - Vou colocar um pouquinho… - Tentou, despejando absurdamente o líquido ao lado da carne, vendo-o borbulhar. - PORRA! - Exclamou dolorida quando o óleo começou a espirrar, uma gota de temperatura vulcânica voando em seu braço.

Katrina encolheu-se, desligando o fogo com movimentos ninjas e desviando dos espirros mortais, encaminhando-se para a pia, botando o braço embaixo da torneira e ligando-a. Gemeu em êxtase ao sentir a água geladinha sobrepondo a dor da queimadura, vendo uma bolha se formando no local.

Olhou ressentida para o hambúrguer, desejando que a morte do bovino que o originou tivesse sido lenta e dolorosa. Também desejou uma morte lenta e dolorosa para os primogênitos daquele bovino.

No fim comeu o hambúrguer mesmo assim; gastou umas seis folhas de guardanapo para absorver a oleosidade da carne, mas só piorou a situação, vendo o papel grudando no hambúrguer. O arroz e feijão estava gostoso, mas uma parte do hambúrguer estava dura, outra mole, no meio estava gorduroso e com pedaços de papel grudados.

A bolha em seu braço latejava, com a garota tendo pensamentos de “quero estourar essa porra logo” e “não tenho band-aid”.

Lavou sua louça e escovou os dentes depois, subindo em direção ao quarto de sua mãe, pegando de sua carteira cinco reais. A avisaria depois, é claro. Colocou um tênis e prendeu o cabelo em um coque bem firme, sem riscos de o cabelo deslizar pela nuca, causando arrepios desnecessários no meio do mercado. Também prendeu sua franja para trás com um grampo, limpando novamente o suor de sua testa.

Saiu de casa para comprar um band-aid, ou qualquer coisa que amenizasse a dor em seu braço.

*

Pedro, à uma hora da tarde, estava quase chegando em casa, praticamente morto. Estava sem camisa, a alça da bolsa deslizando por sua pele suada. Derek o acompanhava também sem camisa, tomando um gelinho de chocolate, seu preferido, enquanto ia saciando a curiosidade de Pedro sobre seu objeto de (muito) interesse: Katrina Dias.

O moreno havia lhe prometido que o ajudaria a arrumar suas mudanças, já que havia muitas caixas a serem esvaziadas.

- Então, cara, é isso que eu disse, ela é a reencarnação do mal, sabe? Ninguém sabe o que aconteceu com ela, já que a Katrina não deixa muitas pessoas se aproximarem, e quando deixa, é só para tirar deles alguma coisa de seu interesse. Ela é como um… Maracujá. Bonita por fora, mas azeda por dentro.

Pedro riu pelo nariz, cético. Não acreditava que aquele rostinho pudesse trazer algum mal a ele; só acreditaria se visse com seus próprios olhos. Chegaram na casa do italiano um pouco tarde, já que ele havia se perdido umas três ruas atrás - demoraria para memorizar onde morava, puxou a memória fraca para guardar coisas do pai.

Destrancou a porta e entrou, atirando sua mochila no chão, seguido por Derek. Nem entraram direito e a residência já cheirava a garotos suados e cansados, o que atraiu Isabel, a mãe do italiano.

- Oddio! - Disse ela com dificuldade, tampando o nariz e abanando. - Vocês dois! Banho já!

Os garotos riram e subiram as escadas apressados. Pedro empurrou a porta do quarto, abrindo sua gaveta e tirando de lá uma toalha que ainda não fora usada.

- Vai, toma primeiro. - Disse, jogando-a na cara do amigo, que a pegou no ar.

- Opa, valeu! - Derek ondulou as sobrancelhas, cara de pau. - Tem sabonetinho também, não?

Pedro revirou os olhos, acostumado com o comportamento nada sutil do outro.

- Mas você é folgado mesmo, hein? - Debochou, tirando uma embalagem de sabonete também não usada da gaveta, dando para o amigo.

Derek riu e cheirou a embalagem.

- Caraca, é de ervas… Vou aproveitar e pegar para mim, falou! - Concluiu, correndo para o banheiro.

Pedro riu, jogando-se no chão gelado e sentindo um ventinho invadir seu quarto, refrescando o ambiente. Suspirou, sentindo-se pegajoso. Estava calor, então a vontade de fazer nada costumeira da época o atingiu. Se pudesse, ficaria ali o dia todinho, só dormindo e fazendo nada.

Não lembrou quando acabou cochilando, só percebeu quando Derek o cutucou com o pé, a toalha que havia lhe dado enrolada na cintura. O moreno cheirava à ervas, o cabelo molhado e pingando nas costas.

- Já terminei, Pedro, vai lá que você tá fedendo mesmo. - Implicou, sorrindo de canto.

O italiano resmungou qualquer coisa, combatido pelo calor, e acabou por se levantar com dificuldade, coçando a barriga e indo para o banheiro.

Tomou um banho bem gelado para combater a sua preguiça infinita, a água lhe causando arrepios por todo o seu corpo, seus dentes batendo levemente, e acabou por se lembrar dos apelidinhos que Derek havia lhe dito que deram à Katrina. Não sabia ao certo o porquê de estar tão encucado com tudo aquilo; nem conhecê-la direito conhecia.

Cerrou os punhos contra o azulejo, sentindo um lampejo de raiva tomar-lhe o corpo; queria conhecê-la, queria conversar com ela, queria tirar suas próprias conclusões sobre a Katrina. Mas sentia-se impotente; Derek mesmo havia lhe dito: ela não deixava muitas pessoas participarem de sua vida. Era reclusa, distante… Talvez possuísse algumas cicatrizes, ele não sabia.

Mas ele queria saber. Queria ter ideia de todos os seus medos, suas habilidades, suas virtudes, se ela era mesmo uma víbora, uma megera.

Suspirou, esquentando aos pouquinhos a água do chuveiro, outro pensamento em sua cabeça: por quê? Por que toda essa curiosidade? Ela é apenas uma garota com alguns problemas, todos nós temos problemas, eu tenho os meus… Mas os delas parecem ser tão indecifráveis. Eu quero saber de seus problemas.

Pedro parou de ensaboar o cabelo quando pensou nisso. Saber de seus problemas? Quem quer saber dos problemas dos outros?! Não era da família dela, nem a conhecia direito! Era loucura.

É isso. Estava louco.

“É o veneno dela fazendo efeito…” pensou, sábio, rindo logo depois da conclusão.

*

Quando o garoto saiu do banheiro, nem terminou de se trocar direito e já viu Derek empurrando-o para fora de sua própria casa, dizendo a ele para comprar muito sorvete. O dera algumas notas altas, exagerado como sempre fora.

Pedro nem tentou debater; sabia que Derek daria um jeito de fazê-lo ir lá comprar de qualquer jeito, então simplesmente foi, a contragosto. Andou na parte da rua onde tinha sombra, querendo se livrar do câncer de pele.

Virou a esquina, onde sabia que tinha um mercadinho. Andou alguns metros, e logo entrou no estabelecimento, recebendo uma boa olhada da caixa, que mascava um chiclete e enrolava o cabelo nos dedos. Pedro riu baixinho com a reação da garota e andou pelos corredores, procurando pela máquina onde encontraria o sorvete.

Finalmente achou-a, lá no final do corredor. Deslizou os dedos pelo vidro para abri-la e olhou todos os sabores com atenção. Achava um exagero levar mais de um pote, então pegou apenas um de napolitano, já que ele e Derek gostavam de morango, e sua mãe de chocolate, então o de creme poderia ficar como um “extra”.

Fechou a máquina, acomodando o pote em seus braços e virando-se para ir ao caixa.

E foi aí que ele pensou ter tido um ataque epilético: em seu corredor, olhando com as sobrancelhas franzidas e um protótipo de bico algumas barras de chocolate, estava Katrina Dias. Ela as olhava com a mesma atenção que um agente anti-bombas usava para desativar bombas nucleares.

Pedro engoliu em seco, pego completamente de surpresa. Agora ela estava lá, a menos de cinco metros dele, mais bonita do que nunca. Seu rosto estava suado, alguns fios de sua franja haviam escapulido do grampo, grudando em sua testa de uma maneira que ele julgou ser muito bonita. A garota, então, de repente, fez uma expressão de quem iria espirrar; era como ouvir um hamster gritar.

Mas mesmo assim ele julgou ser atraente.

Merda” pensou, agora já sabendo claramente o que se passava com ele. Não acreditava que poderia se apaixonar à primeira vista, mas pelo jeito seus conceitos estavam errados.

Estava apaixonado por Katrina Dias, sem nem ao menos conhecê-la direito. Não sabia ao certo o que aquela garota tinha, mas soube que não era - de longe - veneno.

Talvez fosse algo mais…

Katrina tinha passado na farmácia antes de ir ao mercado, já que havia decidido comprar alguns chocolates para matar sua abstinência de glicose - estava sem comer nada doce desde segunda, e era quarta… Imperdoável!

Band-aids formavam um “X” em seu braço, em cima da bolha causada pelo óleo quente. Doía muito ainda, mas nada que cacau não pudesse curar. Ainda estava em uma dúvida mortal entre levar uma barra de chocolate com paçoquinha no meio e uma latinha de refrigerante, ou levar um chocolate meio amargo e mergulhá-lo no sorvete.

Foi tirada de sua decisão importantíssima quando a cutucaram no ombro. Estralou a língua; não gostava de ser interrompida quando estava no meio de coisas importantes. Olhou mortalmente para a pessoa, e notou ser o loiro com cara de tapado que vira mais cedo com o idiota fanfarrão.

Olhou para os lados, não sabendo ao certo o que ele queria.

- Oi, você é a Katrina, certo? - Perguntou num tom íntimo que ela não gostou muito. Estreitou os olhos, desconfiada.

- É, o que você quer? - Perguntou, rude, quase ácida.

Pedro sorriu sem jeito, apoiando um antebraço na prateleira, estendendo a mão a ela.

- Então, eu sou o Pedro, amigo do Derek… Ele me falou sobre você, sabe? - Katrina levantou uma sobrancelha, se possível mais desconfiada; nada de bom vinha daquele cara. Quando Pedro percebeu que ela não apertaria sua mão, ergueu o queixo, desafiador. - Você tem um cabelo legal. - Falou por fim, estendendo sua mão e retirando o grampo de sua franja.

O cabelo da garota deslizou suavemente para sua testa, causando a ela cócegas indesejáveis. Sentiu um ímpeto desejo de cometer atos homicidas. Não dera nenhuma liberdade a ele, então deveria cortar as asinhas que ele achava que tinha.

- Olha só, Pedro. - Falou quase que cuspindo as palavras. Tirou o grampo da mão dele, uma velocidade mortal. Apontou o objeto para seu rosto, as sobrancelhas bem juntas. - Não te dei nenhuma liberdade, então pode rumar para bem longe de mim… Caso não, este grampo irá parar num lugar onde o Sol não bate. Fui clara?

Pedro pressionou os lábios, contendo um riso. Estava sendo praticamente ameaçado, mas a única coisa que pensava era em como ela era adorável. O jeito como ela olhava para ele, realmente odiando-o naquele momento, era muito… Bonitinho. Acabou por não conseguir abafar a risada, soltando um “pff” e virando a cara.

Katrina estralou a língua, decidindo ignorar aquela situação. Escolheu a barra com paçoquinha e começou a andar, encaminhando-se ao caixa. Pedro avidamente percebeu sua movimentação, seguindo-a como um cachorro adestrado.

- Você mora perto? - Perguntou o garoto, realmente interessado. Colocou o pote de sorvete em cima do caixa e viu ela entregar a barra para moça que havia o olhado há alguns minutos.

A garota revirou os olhos, cansada daquela coisa toda. Ignorou-o completamente, tirando uma nota de dois reais do bolso traseiro da calça, entregando-a à balconista, que apenas digitou algo em seu computador, retirando a notinha e dando-a a ela.

- Obrigada e volte sempre… - Disse com monotonia, provavelmente cansada de repetir aquelas palavras todo Santo dia.

- Dá uma sacolinha aí. - Mandou desbocada, mostrando a barra para ela. A caixa revirou os olhos, puxando uma sacola plástica e entregando à garota.

Katrina começou a andar para fora do mercado enquanto enfiava sua compra na sacola, sem se preocupar em andar rápido. Pedro sorriu com aquilo; o.k., ele admitia: nunca levara um fora, modéstia à parte. Geralmente as garotas gostavam dele por causa de seu jeito ousado, mas, mesmo assim, sabendo e respeitando seus limites.

Não desvalorizava as outras garotas por terem dado bola a ele, já que o garoto era mesmo um pouco irresistível (e, se fosse menina, teria ficado com ele mesmo); somente achava engraçado o fato de que Derek estava mesmo certo: ela era reclusa, distante.

Empurrou o pote de sorvete para perto da caixa, que fez todos os passos que caixas geralmente fazem. Pedro suspirou, pensando em alguma coisa. Queria conversar com ela! Só vira sua personalidade parcialmente… Ninguém é tão chato assim.

- Ei… - Chamou a caixa, que olhou-o, surpresa. - Sabe aqueles caras que parecem hipnotizar cobras? - A caixa assentiu. - Então, como você acha que eles agem para não serem atacados?

A garota deu de ombros, realmente confusa.

- Não sei… Talvez eles tenham de passar um tempo com o bichinho antes, sabe, o conhecendo, e depois, nas apresentações, passam a prever seus movimentos… - Deu de ombros.

Pedro estralou os dedos, olhando-a como se fosse Einstein.

- Ahá, é isso! Obrigado. - Falou sincero, pegando a sacola com seu sorvete e saindo meio apressado do mercado.

Olhou para os lados, procurando algum vulto ruivo. Viu, à sua direita, Katrina virando a esquina. Andou rápido (correu) em sua direção, conseguindo alcançá-la e cutucá-la em seu ombro. A garota levou um susto, esbugalhando os olhos e encarando-o como se fosse uma assombração.

Já vira muitas pessoas chatas em sua vida, mas aquele garoto encabeçava sua lista mental. Era até que bonitinho, possuía uma cara meio ingênua, que provavelmente dava gosto de enganar. Mas tudo foi para o espaço quando ele se mostrou ser a pessoa mais chata existente na Terra.

Não que ela também não enganasse com sua aparência, mas era melhor não contrariar.

- M-mas que raios! - Sibilou, afastando-se dois passos. Aquele cara parecia chiclete! - O que você quer?!

O modo Katrina de defesa absoluta entrou em ação.

Pedro jogou as mãos para cima, inocente.

- Eu quero conversar com você, só isso. Nós temos um amigo em comum, e…

- Amigo em comum?! - Katrina exclamou em puro escárnio. - O Derek? - Pedro assentiu, de repente se sentindo um pouco surpreso com aquela aura maligna. - Sabe o que eu tenho vontade de fazer todas as vezes que eu vejo ele? Tenho vontade de fazê-lo beber gasolina com vinho, e depois jogar um esqueiro dentro de sua boca, o vendo queimar lenta e dolorosamente, enquanto tomo sorvete e sorrio com seus gritos de desespero! - Aumentou consideravelmente a voz na última parte, sentindo toda sua raiva extravasar com os pensamentos que teve. Ao ver que o garoto encarava-a, um pouco chocado, apontou para o vento. - Pode correr agora. E se quiser pode abrir uma ordem de restrição também, terei prazer em te evitar.

Encerrou de vez o assunto, girando os calcanhares e andando na calçada paralela a calçada de sua casa. Tinha sombra ali, não queria ficar com câncer de pele. Parou de andar somente quando ouviu uma gargalhada atrás de si. Katrina virou-se, cética.

- O que é? - Implicou, apertando os dedos em volta da sacola que segurava. - O único palhaço que eu tô vendo aqui é você.

Pedro parou de gargalhar, olhando-a de maneira estranha.

- Muitas pessoas querem matar o Derek, mas sua forma de matá-lo foi a mais cruel até agora… - Sorriu, começando a acompanhá-la.

Katrina sentiu seu olho tremular. “O que diabos?”, pensou, realmente perdida.

- Você tá me seguindo? - Tentou outra forma de afastá-lo. Se ele dissesse algo estranho, iria aplicar um golpe de judô e paralisá-lo ali mesmo. - Porque, se estiver, vou ser eu quem vai abrir uma ordem de restrição.

Pedro riu, coçando a nuca.

- Hm, não, eu moro aqui… - Então ele se ligou; olhou para o lado, encarando-a. - E você? Está me seguindo?

Katrina bufou, revirando os olhos.

- Claro que estou… - Falou irônica, olhando-o com um sorriso falso. - Sempre saio à tarde para seguir as pessoas, já virou rotina para mim.

O garoto riu novamente, achando-a, na realidade, muito interessante e engraçada. Desviou de uma árvore na calçada, percebendo que já estava perto de sua casa. Olhou de esguelha para a garota ao seu lado, seus lábios formigando.

Tão bonitinha…

- Eu moro aqui. - Os dois disseram ao mesmo tempo, apontando para lados diferentes: Pedro apontava para a casa em frente, e Katrina para a casa do outro lado da rua. Ambos se entreolharam, depois olharam para as casas, céticos.

- O… Quê? - Katrina ainda tentava formular uma frase decente, mas estava difícil. Aquela situação era complica demais até mesmo para ela. “O chato do mercadinho… O amigo do idiota do Derek… O loiro com cara de tapado... É meu vizinho. Ah, não, universo, já passou dos limites”, pensou, tristonha, pendendo a cabeça para o lado.

Pedro era o completo oposto: mal podia acreditar na sorte que estava tendo. Katrina Dias, objeto de seu total e completo interesse, por quem estava caidinho, era sua vizinha. Só faltavam os fogos agora. Olhou de forma presunçosa para a garota, que resmungava coisas que não conseguia entender.

- Olha, Katrina… - Disse, se sentindo mais leve que uma pluma. - Eu até te convidaria para comer bolo com sorvete na minha casa, mas tenho a certeza que irá negar, porque, aparentemente, não gosta de mim.

- Ainda bem que você sabe. - Cortou a garota, olhando para ambos os lados e começando a atravessar a rua. - E, ah! - Lembrou-se, voltando e ficando de frente para ele. - Só porque nós somos vizinhos agora, não quer dizer que você pode abrir essas asinhas para mim, tá entendido? - Perguntou bem séria, fazendo um sinal de tesourinhas com os dedos.

… Mas tão ordinária.

Novamente, Pedro sentiu seus lábios formigarem; estar com ela tão perto daquele jeito o fazia ter vontade de agarrá-la - mas não era um brutamontes, sabia que não podia “abrir suas asinhas”.

Por enquanto, é claro.

Assentiu, um ímpeto desejo de rir.

- Entendi sim. São seus limites, vou respeitá-los.

- Bom mesmo. Você fica na sua, eu fico na minha. Fim de história. - Encerrou de verdade, atravessando a rua e entrando em sua casa. Suspirou, botando sua compra em cima da mesa. Bebeu um copo d’água, sentindo que não era o suficiente; precisava de uma porrada.

Pedro também entrou em casa, sorrindo de orelha a orelha. Botou o sorvete no congelador, subindo para o seu quarto e encontrando Derek deitado em sua cama, jogando seu videogame.

- Já tava ligando para o SAMU! Por que você demorou tanto?!

- Derek… - Pedro desligou o videogame pela tomada, recebendo um “nãããão!” doído do amigo. - Você não vai acreditar no que aconteceu.

- Você desligou seu próprio videogame pela tomada, não duvido mais de nada nesta vida! - Exclamou, sentando-se na cama e olhando-o. - Nossa, você tá estranho… - Notou o sorriso exagerado do outro. - Deixa eu adivinhar… Fumou uma?

- O quê? Não, cara, não fumei nada! - Pedro riu, sentando-se ao lado do moreno. - É algo envolvendo a Katrina.

- Vish, deixa eu fazer minha reza aqui! - Brincou, recebendo um olhar entrecortado. - É só uma brincadeira! Enfim, sobre a KitKat, hein… - Pedro revirou os olhos por causa do apelido. - Ela morreu?

Pedro desistiu com um suspiro. Apontou para a janela, um sorriso maroto brotando em seus lábios.

- Não. Katrina Dias é a minha vizinha. - Tentou ser o mais direto possível.

Derek murchou; seus lábios, antes risinhos, formaram um “O” perfeito. Encarou, cético, a janela. Depois voltou a encarar o amigo, que provavelmente via aquilo como algo bom.

- NÃO PODE SER!


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Notas finais do capítulo

EHUEHUEHEUEUEHUEHUEHE Pedro chato para caramba e a Katrina meio que "sai, desgraça" ahsahajshaj ♥ Morro com esses dois *333*
Me digam, sinceramente, se vocês gostaram. Não quero continuar uma coisa se tiverem odiado, tá? :(
Qualquer errinho, por favor, me avisem.
Comentem bastante! *0*