A História dos Selvagens - Parte 2 - Raiva escrita por ShiroMachine


Capítulo 2
Lucas: Começa o desafio




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Eu e meus amigos estávamos no Aeroporto do Galeão. Estávamos num canto distante das nossas mães, o nervosismo impedindo que a gente falasse ou sentasse. Mas, diante daquela situação, se eu não conversasse com eles, começaria a tremer.

_Então, o que acharam da segunda fita?

Falar naquilo me deu arrepios, mas uma hora ou outra, alguém teria que tocar no assunto.

Depois de ouvir essa fita, fiquei um tempo em silêncio para absorver as informações. Aquela fita respondeu algumas das minhas questões, mas trouxe outras.

_Pra mim, foi tão perturbadora quanto a primeira._ Falou Vitor.

Eu e Tatiane assentimos.

_Os incêndios, as mortes..._ Falou ela. _Eu não esperava que o estado da Terra fosse tão ruim. E também, o passado de Fernando... os pais dele..._ ela não conseguiu terminar o pensamento, pois sua voz falhou. Eu entendia o sentimento dela.

Vitor suspirou e ficou agitado, como se estivesse desconfortável com aquele assunto.

_Acham que a mãe-natureza esteja agindo também no futuro?_ Perguntou. _Quer dizer, os sonhos que Fernando diz ter, e aquela coisa que aconteceu com ele, quando estava lutando contra os lobos... me parece obra dela.

Eu assenti.

_Acho que sim. Ela disse que estava ajudando Fernando na medida do possível.

Tatiane franziu a testa.

_Se isso é verdade, por que ela simplesmente não controlou os lobos para fazê-los parar de atacar?

Eu tive que pensar um pouco. Realmente não fazia sentido. Talvez ela não conseguisse controlar os lobos porque estava mais fraca e eles estavam em maior número... mas será que realmente é mais fácil controlar um ser racional a vinte não-racionais? Não tinha como eu saber. Talvez ela tivesse testando Fernando, ou treinando ele. Mas então, por que controlou ele ao invés de tê-lo deixado matar os lobos sozinho?

De repente, eu lembrei do sonho que eu tive com ela e um pensamento horrível passou pela minha cabeça. E se ela não quisesse que Felipe e Letícia ajudassem Fernando? E se ela quisesse tirá-los da jornada e deixar apenas Fernando? Afinal, em nenhum momento do sonho ela mencionara Felipe ou Letícia.
Eu percebi que estava começando a suar frio. Tentei me acalmar, mas não tive tanto sucesso. Eu respondi a pergunta de Tatiane com a primeira hipótese.

_Isso não faz sentido._ Ela falou.

Cerrei os dentes.

_E o que faz sentido nessa confusão toda, Tatiane?

Ela abaixou a cabeça, uma expressão envergonhada no rosto. Vitor olhou pra mim com uma das sobrancelhas erguida. Eu realmente não queria ter feito aquilo, mas tudo o que eu não precisava naquele momento era mais questionamentos.

_O que vamos fazer quando chegarmos na Bahia?_ Perguntei.

_Ahn, bem,... não fizemos um plano sobre isso._ Disse Vitor.

Eu esfreguei a mão na testa.

_É sério?

_Fizemos um plano de pra onde ir, mas não fizemos um plano do que fazer lá._ Falou Tatiane, balançando a cabeça negativamente. _Bem, acho que podemos decidir isso agora._ Ambos olharam pra mim.

_Vamos "turistar" um pouco e tentar encontrar um daqueles negócios de "Búzios e Cartas" ou algo do tipo.

_Está falando de um Tarot?_ Indagou Tatiane, fazendo uma careta.

_Mais ou menos isso.

_Então, por que a gente não faz isso aqui no Rio?

_Ora, eu achei que se estávamos procurando ligação com alguma força maior, deveríamos ir aonde as religiões são mais cultuadas.

Vitor assentiu, concordando comigo, mas Tatiane pareceu ficar meio desconfortável. Porém ela não disse nada.

O silêncio voltou a pairar sobre nós, o que era até bom pra mim, pois eu queria pensar um pouco no meu sonho com o líder dos Revolucionários.

Aquele sonho me fez ficar inquieto o dia inteiro. O fato de um cara com 18 anos ser líder de uma organização conspiratória (nossa, essa palavra me deu dor de cabeça) e sequestrar pessoas para sabe-se lá o que era difícil de digerir. Chegou a passar pela minha cabeça que ele também estava sendo influenciado pela mãe-natureza. Até porque, eu tinha a impressão de que ele havia sentido a minha presença no sonho.

Eu suspirei. Tinha tentado falar isso com meus amigos, mas quando o fiz, minha voz sumiu. Eu simplesmente não conseguia contar. Mas era uma informação importante, então eu tinha que tentar de novo.

_Ei pessoal, tenho que contar uma coisa._ Mas antes que eu conseguisse falar, anunciaram o nosso voo.

Vitor suspirou.

_Depois você conta, cara. O futuro nos aguarda.


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