Com todo o ardor; escrita por Huntress


Capítulo 1
Com todo o ardor que apenas ele possuía...




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Neve caía aos montes do lado de fora das terras agora gélidas do enorme castelo onde se localizava a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Flocos de água congelada despejavam sua magia por todos os terrenos abertos da localidade, fazendo com que os mais novos revivessem suas memórias infantis jogando bolas de branquidão uns nos outros em uma vontade intensa de preencherem o vazio que sentiam ao se encontrarem praticamente sozinhos em um feriado tão importante quanto o Natal.

O uniforme da Grifinória, que gostava de utilizar sempre, por puro orgulho de estar dentro daquela Casa, tinha agora seu toque de Inverno, com aquele belo cachecol amarelo-ouro e vermelho-escuro enrolado ao redor de seu pescoço. Luvas cobriam as mãos e a capa negra com o brasão de sua Casa ia até seus pés. O frio era violento, tanto fora, quanto dentro dos corredores feitos de pedras enegrecidas pelo tempo.

Também dentro de seu coração, talvez, pela demora do rapaz que havia esperado tanto até aquele instante. Ele estava atrasado; sabia disso melhor do que ninguém. Sua ansiedade crescia ainda mais enquanto subia e descia alguns degraus das escadas na espera de Draco, desesperada pelo o encontro que há tanto havia combinado com o garoto; afinal, não poderia deixar que seus amigos – Ron e Harry, é claro – soubessem que tinha um relacionamento romântico com um de seus maiores inimigos. Seria tachada como traíra, mesmo que eles não falassem explicitamente.

“Granger...”, fez-se ouvir a voz do Sonserino logo atrás de si, enquanto ele passava a destra por sua cintura, apertando-a gentilmente, coisa que nunca havia experimentado antes, principalmente vindo dele. Malfoy fazia o estilo cafajeste que toda mulher sozinha e desacompanhada poderia aprender a gostar; apreciava beijos quentes em regiões inusitadas e trocas de malícias ditas ao pé do ouvido. Se algo carinhoso fazia, provavelmente coisa boa não viria por aí. Ou talvez o que aconteceria seria bom até demais, se isso era possível.

“Malfoy...”, respondeu, em um sussurro, enquanto sentia os dedos magros do rapaz passarem por suas madeixas acastanhadas e encaracoladas. Parecia querer tocar cada cacho, acariciar e sentir cada fio de seu cabelo que, de tão armado, mais parecia uma juba de leão – ele costumava brincar com aquilo quando estavam a sós, e ela sempre respondia à altura, dizendo que, fazendo jus a sua Casa, ele possuía a língua bifurcada de uma serpente. Falar isto ao loiro sempre parecia uma provocação merecedora de um beijo, pois ele lhe replicava com um “experimente-a, então” antes de enfiá-la quase abruptamente em sua boca.

“Bonito cachecol, huh?”, teve de reprimir a vontade de rir quando ouviu-o recitar aquelas palavras. Conhecia-o bem o bastante para saber que ele desprezava a Casa para a qual fora escolhida; ouvira-o muitas vezes dizer-lhe que sua Hermione era muito mais do que apenas uma fraca garota da Grifinória, discursando que a garota possuía ambições por demais grandes para que pudesse ter sido enviada para aquele fim de carreira que era a Casa de Griffyndor.

‘Sua Hermione’. Forçava-se a pensar naquilo sempre que podia. O jeito que ele falava, mesmo que fosse aos gritos, aquela expressão, deixava-a intoxicada de desejo e paixão. Era como se ele quisesse mais do que apenas aqueles encontros esporádicos cheios de toques físicos e sexo selvagem. Como se ele sentisse mais do que expressava enquanto fugiam sozinhos para as masmorras ou para a Casa dos Gritos – que poderia servir muito bem de bom lugar para tal ato, tinha de concordar. Como se, assim como ela, esperasse um futuro daquilo; era bobo encher-se de falsas expectativas que poderiam ser esmagadas a qualquer instante, mas o fazia como uma adolescente apaixonada, se não fosse isto também.

Bonito demais para estar em você.”, a forma que ele entoou o adjetivo demonstrava desprezo e nojo, coisas que ele parecia conhecer muito bem. E foi então que puxou o tecido de lã para longe do corpo da garota, quase enforcando-a. A força que aplicara fizera a peça sair dali rapidamente, mas também fez com que ela ficasse frente à frente com o rapaz de cabelos claros e olhos sombrios; olhos que lhe causavam arrepios toda vez que os fitava.

“Melhor. Muito melhor.”, o frio que agora atingia sua pele nua foi consumido pelo calor dos lábios de Draco, que logo foram àquela direção, roubando-lhe um pequeno suspiro de prazer inesperado. O corpo dele foi chegando cada vez mais próximo do seu e logo se viu pressionada na parede que estava rente ao quinto degrau da subida para o terceiro andar da escola que já conhecia de cor desde os onze anos, embora ainda se confundisse um pouco com as escadas que se moviam sozinhas mesmo depois de seis anos por ali.

Seus beijos eram distribuídos por todo o seu pescoço, lentos e receptivos, como se a convidassem para fazer algo mais. Como se a convidassem para fazer algo, para ser mais fatídico. Mas não queria pará-lo ou atrapalhá-lo. Também tinha medo de ser pega em flagrante em uma posição tão sugestiva com um rapaz que a ofendia a cada instante quando não estavam sozinhos. Assim sendo, suas bochechas, já antes avermelhadas por conta do frio, esquentavam-se com a vergonha do pensamento de ter seu segredo mais sujo desvendado.

“Não fique tão acanhada, Leoa.”, essa era nova. Aquele apelido fora algo tão repentino... Inusitado. Um sorriso havia se formado em seus lábios quando ele a chamara assim, por incrível que pareça. E ele pretendia vê-lo antes de realmente beijá-la, sem carinhos, sem hesitação. Apenas aquele desejo maluco que ele sempre expressava quando encostava seus lábios nos dela, quando explorava a boca da garota, fazendo-a sempre pedir por mais. E mais. E muito mais.

E, por incrível que pareça, ele sempre atendia-a. Atendia-a com o ardor que apenas ele possuía. Que apenas ele poderia transmitir.


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Notas finais do capítulo

Comentem, por favor. É sempre bom saber as opiniões daqueles que leem e se interessam.
Juro que respondo com carinho todos os comentários.



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