Motsatt escrita por Monique Góes


Capítulo 14
Capítulo 13 - Apenas Certezas


Notas iniciais do capítulo

Bem, desculpem a demora! Última semana de aula, sabe como é @.@ As provas finais estão chegando!
Aqui na minha cidade não tem horário de verão, mas para quem tem, estou postando nos últimos minutos do dia 02 de dezembro, que é... Tcharam! Meu aniversário de 16 anos! Prometi que ia postar hoje!
É isso, vamos ao capítulo!



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Capítulo 13 – Apenas Certezas

Nero relutara diante a ideia de levar Jake para a casa dos Lovelace. Quando encontrara Far no Ollivier, encontrara-a com Lucy. Sua visão lhe dissera que poderia confiar plenamente na morena, mas quando esta, após ouvir a história junto a amiga de que sabia onde seu irmão estava e que precisava de ajuda, oferecera sua casa, apenas concordara em leva-lo para lá pois soube que os dois irmãos mais velhos dela, Trevor e Abigail, trabalhavam na área da medicina, sendo eles respectivamente, um médico e uma enfermeira. E o que Jake mais precisava, sem dúvidas, eram cuidados médicos.

Não fazia ideia inicialmente de como ela convencera a levar – tecnicamente – um foragido da polícia para dentro de casa, mas antes mesmo de fazer tal pergunta, ao andar pelas ruas e escutar pessoas conversando sobre o assunto, percebera que muita gente sentia que havia algo que não encaixava no caso dos Silverman. Ainda assim, Jake não deixara de ser o principal suspeito, o que era agonizante.

Porém, ainda mais agonizante era que um mês havia se passado, e seu irmão ainda não acordara desde o ataque que tivera naquele porão.

– Não acha que é melhor procurarmos um hospital, Nero? – Far questionou, a preocupação marcada em sua voz. – Olhe para ele e ... Para você também. Estão os dois doentes!

Era verdade. Graças ao envenenamento extra sofrido pelos Bergais, Nero tivera vários ataques durante aquele mês, e devido a isso, chegara a sofrer um desmaio na sala de estar de sua casa devido à perda de sangue. Mas como seus pais o amavam, acordara com a Sra. Clearwater chutando seu rosto para afastá-lo do lugar e limpar o chão como se não fosse muito mais que um móvel, além de lhe dar cutucadas dolorosas com o cabo do esfregão. Deixara-o jogado lá até que tivesse forças para se arrastar para seu quarto, embora tenha recebido uma sessão de gritos pelo fato de ter sujado o chão no caminho em contato com suas roupas. Sim, literalmente rastejara até seu quarto.

Também não era tudo que se mantinha em seu estômago, e sofria de vômitos constantes. Como resultado havia emagrecido quase que dramaticamente. Jake não estava muito melhor: Como não recuperava a consciência, Trevor o mantinha nutrido e hidratado com soro, mas não era uma refeição. Como resultado, ele jazia magro e fraco naquela cama, assustadoramente pálido. Não incomum alguém vinha verificar se ainda estava vivo.

Rarac mantinha-se fielmente ao seu lado, em sua forma canina, visivelmente abatido por não poder fazer nada por seu protegido. Sinceramente, todas as figuras naquele quarto eram dignas de pena. Os irmãos e o cão.

– Levá-lo ao hospital seria apenas pior...O encontrariam mais rápido...

– Se refere a polícia? Nero, vamos... Certamente mantê-lo escondido pode ser ainda pior...

– Não me refiro a polícia. Me refiro ao que matou os Silverman. E o que está nos matando.

A garota ficou em silêncio, e Nero lhe deu este direito com a testa ainda apoiada ao colchão, bem ao lado da mão de seu irmão. Durante todos aqueles dias sabia que haviam percebido que ele sabia de algo, mas abstivera-se de explicar o assunto para o próprio bem deles. Rarac ganiu e ergueu a cabeça de suas patas. Se era o certo ou o não contar a Far, já não se importava mais. Estava tão cansado...

– Você sabe o que matou os Silverman? – ela questionou em voz baixa.

– Sim... - murmurou. – Tecnicamente estão atrás de nós, tecnicamente nos querem vivos. Mas creio que estão pendendo muito mais para o lado morto... – deu uma risada seca e sem humor algum. – Sabe Far, acho que vou lhe explicar a história toda. De porque tudo isso aconteceu, de porquê estarem atrás de nós... Pode me chamar de louco se quiser, mas tudo o que eu contar será nada além da verdade.

Sem se importar com sua resposta, começou a narrativa que escutara dias antes. Do mundo de Aurtrai, de seus povos e elementos. De como nações opostas não poderiam ter crianças, mas ainda assim ele e seus irmãos haviam nascido. Explicou que havia mais dois, embora não fizesse a mínima ideia de onde estavam. De como seus amuletos se completavam e da guerra que ocorria, fazendo os Bergais os perseguirem e que na tentativa de pegá-los vivos porém vulneráveis, haviam assassinado a família de Jake.

Quando terminou, a garota manteve-se em silêncio, e permitiu a ela aquele luxo. Sem dúvidas era coisa demais para se absorver de uma vez só, e sabia que ou ela estava tentando compreender a história, ou estava o chamando de louco internamente. Sorriu brevemente, antes de voltar a encostar sua cabeça no colchão. Sentia-se absurdamente exausto, mas por algum motivo também sentia-se ridiculamente mais leve, agora que havia dito tudo aquilo.

– Está dizendo que não são humanos?

– Sim.

– E que vem de outro mundo?

– Exatamente.

– Nós também. – Rarac disse, fazendo com que Nero olhasse-o surpreso e escutasse Far praticamente saltando diante a imagem do cão falando tão claramente. Voltou-se para a garota que parecia estar se tornando pálida.

– Far, por favor se acalme... Veja o que você fez!

– Estou pondo crédito em suas palavras. – Rarac defendeu-se, voltando a se deitar.

Levantou-se com um pouco de dificuldade. Sentia-se trêmulo, mas mesmo assim foi até ela.

– Eu pergunto... Depois de tudo o que ouviu agora, sabendo que tanto eu quanto Klodike estamos sendo perseguidos e que não somos humanos... Você ainda irá nos ajudar?

Far entreabriu os lábios, e sua resposta foi muito mais rápida do que ele esperava.

– Vou.

Sorriu.

– Por quê?

– Conheço Jake há tempo demais, e ele nunca deixou de ser alguém importante para mim. Se ele precisa de ajuda, eu não vou virar as costas para ele e fingir que não estou vendo.

Parecendo satisfeito com a resposta, o rapaz de cabelos prateados assentiu. Jake naquele estado era uma figura digna de pena, mas Nero... Ele chegava a ser assustador. Com os cabelos de uma cor quase que não natural e aqueles olhos amarelos que pareciam ser capazes de ver uma alma, sua palidez e magreza eram o suficiente para fazer a maioria das pessoas tremer.

– Sabe... Klodike é uma boa pessoa. – murmurou como se fosse algo muito mais para si do que para Far. – E ele realmente a ama; parece-me agora que seu coração fez uma boa escolha.

Nero saiu do quarto com Rarac, deixando a Far sozinha com seu irmão inconsciente e seus pensamentos. Talvez fora tentar comer alguma coisa, não sabia.

Far olhou para a figura sobre a cama, aproximando-se. Conhecia-o há tanto tempo, mas nunca sequer imaginara que um dia poderia vê-lo numa situação como aquela. Tão frágil e indefeso que a deixava sem saber o que fazer, deixava seu peito doendo e o nervosismo de um dia tocá-lo e perceber que não passava de um corpo, que falecera sem que nenhum deles percebesse.

Tirou os cabelos da testa extremamente pálida, sentindo-o tão gelado que chegava a lhe doer a ponta dos dedos. Sabia que até mesmo a pele de um cadáver não era tão álgida.

Havia marcas de um púrpura profundo envolta de seus olhos, levemente puxado para o azul. A mesma cor também marcava seus lábios. Quando o vira, pensara que talvez pudesse ser devido aos horríveis ferimentos que apresentava, ou até mesmo devido ao frio, mas apesar dos esforços de mantê-lo aquecido e cuidar de tudo, aquelas manchas persistiam.

Havia notado que Nero estava adotando um tom semelhante. Agora que tudo fora explicado, poderia ser devido a aquele envenenamento...

O mais estranho era que Nero pensara que Far duvidara de toda a situação que lhe fora contada, mas a verdade era que... Não sabia ao certo porquê, mas acreditava. Havia algo, todas as milhares de vezes que olhara para Jake, que a fazia questionar diversas coisas no âmago de seu ser. Parecia ser a única que notava que de vez em quando a coloração de seus cabelos ou de seus olhos mudava, ou que de vez em quando algo como uma aura parecia se esvair de seus poros, liberando calor ou frio...

Era chocante pensar que ele não era humano.

Seus dedos seguiram a linha do rosto magro numa carícia singela. As últimas palavras do de cabelos prateados havia ficado em sua mente, fazendo-a se lembrar do dia em que ele proferira aquela declaração adoravelmente atrapalhada, algo que certamente não fazia o feitio de Jake, mas fora o suficiente para que ficasse marcado uma doce lembrança em sua mente.

Mas no dia seguinte ficara sabendo do ocorrido com os Silverman, e muito pior, sobre as hipóteses de quem era o assassino. Era mais do que óbvio que sabia haver algo muito errado. Vê-lo naquele estado entretanto era muito mais doloroso do que a realidade que imaginara, uma visão tão ruim quanto a de Near ser quase assassinado diante de seus olhos.

– Eu... Eu vou indo. – sussurrou mesmo sabendo que ele não escutava, e curvou-se para beijar sua testa antes de sair do quarto. Apenas dizia para sua família que passava a tarde com Lucy, claro, pois afinal, não diria que estava ajudando a esconder alguém acusado de assassinato, e eles não suspeitavam de nada... A não ser seu irmão mais velho, com seus dons irritantes como o de detectar mentiras.

Despediu-se brevemente dos Lovelace, não encontrando Nero em lugar algum dali, indicando que já havia saído. Seguiu o caminho para sua casa completamente sozinha, pensando em tudo o que ocorrera. Seus melhores amigos eram seu irmão mais velho e Jake. Coisas horríveis ocorreram com ambos no mesmo mês, e mesmo que Near já estivesse bem e consciente em casa, sentia como se fosse uma perda. E realmente era.

Certamente Jake nunca mais iria ter uma vida normal.

Chegou em sua casa antes que percebesse, e ao entrar, subiu para o seu quarto para trocar de roupa, mas acabou indo para o quarto de Near sem sequer perceber.

Era grande, e atualmente mantinha-se bem arrumado pois seu irmão praticamente não saía da cama. Normalmente ele acabava deixando um rastro de bagunça o qual Lala seguia atrás pondo as coisas de modo que este nem percebia. E o loiro encontrava-se em sua cama, com uma expressão absolutamente entediada, encarando o teto, seu cabelo loiro encontrava-se tão curto como jamais vira e apesar de crescer quase que absurdamente rápido, a cicatriz rosada atravessando-lhe o couro cabeludo de maneira horrorosamente visível.

– Ei, já voltou? – questionou quando a percebeu entrando.

– Se estou aqui, é porque sim. – retrucou, fechando a porta. – Como se sente?

– Com dor de cabeça.

– Ela não vai embora?

Ele negou com um maneio, e então fez uma careta.

– Sabe aquela sensação de sua cabeça estar cheia de líquido...

– Tecnicamente ela é cheia de líquido.

–... E a cada movimento ele se mexer dentro dela? – continuou, ignorando-a completamente. Quando assentiu, finalizou. – É assim que me sinto o tempo todo.

Sentou-se ao lado de seu irmão na cama. Era até comum que deitassem-se juntos e ficassem conversando sobre qualquer coisa até um dos dois precisar fazer algo. Antes sua mãe e Lala ficavam escandalizadas e tentavam impedir aquilo, mas no fim acabaram cedendo e deixando que os gêmeos tivessem seus momentos.

– Estava na casa de Lucy?

– Sim.

– Tem passado bastante tempo lá, não?

– Somos amigas. – começou. – Mas porque se importa? Gostaria de estar lá?

Teve que rir quando o sorriso sumiu de sua face, fechando a cara e jurou que seu rosto adquiria um tom adorável de rosa.

– Sério Near, você está ficando vermelhinho? – questionou rindo, enquanto apertava suas bochechas como se seu irmão fosse uma criancinha.

– Para com isso! – afastou suas mãos enquanto Far ria quase que descaradamente. – Não é engraçado, pare com isso!

– É sim!

– Não é!

– Continuo dizendo que é!

– Não vou continuar nessa discussão pois sei que vamos parecer crianças de cinco anos. – bufou. – E já temos crianças o suficiente aqui em casa.

– Realmente. – suspirou, deitando-se ao lado de seu irmão. Eles eram literalmente o que se poderia chamar de versão masculina e feminina um do outro, dada sua imensa semelhança.
Mesmo de sexos opostos, não se duvidava que eram gêmeos.

– Parece cansada. Aconteceu alguma coisa?

– Hã? – Questionou, olhando para ele, e antes que pudesse formular uma mentira, o olhar de Near a fez desistir da ideia. Sinceramente, deveria tentar aprender a decifrar expressões com ele... – Talvez. – disse em desistência.

– Com o quê?

– Bem... – moveu-se ligeiramente, numa tentativa de encontrar uma posição mais confortável. Poderia tentar evadir o assunto, mas não mentir. Near certamente sentiria aquilo, mas talvez não questionasse. – Imagine que passou sua vida, hã... Pensando que alguém seja uma coisa, mas quando vê, é outra...

– Está se referindo a pessoas falsas, tipo a Debrah?

– Não! É... Como poderia explicar? – Olhou para Blue dormindo de boca escancarada no chão. – Imagine o Blue. Você me deu ele, dizendo que era um São Bernardo, e ele é nosso amigo e o conhecemos muito bem. Crescemos achando que ele é um São Bernardo, e vivemos dizendo que ele é um São Bernardo comprado aqui em Nova York. Mas de repente alguém chega e diz que na verdade, ele é um Fox Terrier vindo da China, e quando você duvidasse, ele começasse a falar em mandarim apenas para provar. Como você se sentiria?

– Hm... Enganado, talvez, embora eu tenha certeza que ele é um São Bernardo comprado em Nova York, porque ele me custou uma grana preta do bolso. Eu custaria a acreditar, mas depois de vê-lo falando, apesar de ser impossível um cachorro falar, acreditaria. Convenhamos, mandarim tem cara de ser muito difícil.

– E se você soubesse que a família adotiva de beagles dele foi assassinada, e puseram a culpa nele. O ajudaria mesmo sabendo que poderia ser ... Sei lá, pego pela carrocinha e um bando de gatos super desenvolvidos?

– O que você fumou para perguntar isso?!

– Só responde, você é o irmão mais velho aqui.

– Ah, ok. – ele suspirou. – Se eu sei que é inocente, não hesitaria em ajuda-lo, ainda mais pelo fato de ele não ser o assassino. Para mim, valeria o risco. – lhe deu uma olhadela. – Por que estou com um péssimo pressentimento quanto a isso?

Manteve-se em silêncio, e teve de admitir que a resposta de seu irmão era quase que uma vitória pessoal. Então ela não era louca de pensar que aquilo valia a pena. Já havia decidido no dia em que Nero aparecera, e no momento em que vira Jake naquele estado lastimável.

Sabia que valia a pena arriscar por ele.

Na verdade, parecia insano pensar daquele modo, mas não se sentira ameaçada quando Nero finalmente lhe dera as respostas que precisava, ao contar sobre a guerra e sobre os seres que os perseguiam. Sentia que tentar ajudar Jake a se recuperar era muito mais prioritário, mesmo que não fizesse a mínima ideia de como poderia fazer aquilo.

Sua consciência berrava que na realidade, deveria se importar muito mais com a própria segurança, mas como, vendo-o no estado em que estava? Vendo o estado que Nero estava? Sentia como que aquele era um pensamento extremamente mesquinho, dar as costas a eles quando mais precisavam. Aquele era o tipo de ação que condenava com as profundezas de seu ser.

Mas não sabia como ajuda-lo ... Aquilo também a torturava. Certamente conseguia pagar o que Trevor precisasse para mantê-lo vivo, mas ver nada dando resultado era desanimador.

Levantou-se sem dar muitas explicações para Near, apenas dizendo que precisava trocar de roupa. Sabia que havia deixado seu irmão com uma pulga atrás da orelha, mas se dirigiu até seu quarto.

Ao abrir o seu armário, entretanto, várias ficou surpresa quando algumas caixinhas decoradas que usava para guardar certas coisas simplesmente caíram sobre si, fazendo-a pular para trás, surpresa. Quando literalmente, tudo o que havia para cair, caiu, permitiu-se bufar.

– Com certeza Carol veio mexer nas minhas roupas... Ou Jessica. Ou as duas.

Começou a pôr todo o conteúdo espalhado ao chão dentro da caixa, pensando mais uma vez em como teria uma séria conversa com suas irmãs sobre não mexerem em suas coisas sem pedir. Ao fim, entretanto, algo lhe chamou a atenção, era um colar.

Mas não lembrava de alguma vez já tê-lo visto.

Abaixou-se, pegando-o entre as mãos e o analisando. Era confeccionado em uma corrente de ouro, com dezenas de pedras que mais lhe pareciam pérolas minúsculas, num tom de azul e um rosa claro, entretanto, translúcidas e brilhantes como diamantes flamejantes. Seu pingente mais parecia uma concha de cristal ou diamante branco, com uma flor que jamais vira em seu interior de pétalas amareladas que assemelhavam-se a um sol dentro de sua prisão. Não era entalhada, ela literalmente estava dentro da concha.

Com o cenho franzido, desceu, indo atrás de sua mãe. Encontrou-a nas estufa, mexendo em suas rosas. Questionou sobre aquele colar, se ela havia o comprado para a filha ou algo do tipo, mas Margaret apenas riu e disse:

– Você não se lembra? Você o encontrou na fazenda da avó Maribel.

Far franziu o cenho. A última vez que havia ido a aquele local fora quando tinha oito anos. E certamente não lembrava de ter encontrado algo do tipo.

– Não mesmo? Você tinha um amigo imaginário que só aparecia lá segundo suas histórias. Ele tinha um nome esquisito... Nem lembro agora. Quando tinha sete anos, de repente você apareceu com esse cordão e disse que ele tinha pego do fundo do lago. Ficamos desesperados porque pensamos que poderia ter roubado de alguém por ter achado bonito, mas sinceramente? A fazenda mais próxima ficava a quilômetros de distância e era impossível ter andado tanto. – deu uma risada. – Por isso que eu e o seu pai deixamos que ficasse com ele.

– Eu... Realmente não me lembro.

– Bem, mas agora o achou, não? Porque não o usa? É tão bonito... – sua mãe estendeu a mão, indicando a flor disposta dentro do pingente. – Lembro que seu pai ficou bastante interessado em como haviam posto esta flor aí dentro e como conseguiram este efeito, mas nunca descobriu.

Tomando-se por satisfeita, decidiu acatar o conselho da mãe e o pôs no pescoço. Era realmente... Lindo. Mas como achara aquele objeto apenas agora?

E assim a semana passou. O recesso de Natal e Ano-novo chegara, e Far tivera que conciliar as visitas a Jake com sua mãe correndo desesperada pois esquecera presentes de uns e outros.

– Sério, mal estou conseguindo parar aqui... – murmurou ao fim de um dia, enquanto comia alguma coisa com Lucy. Tanto Trevor quanto Abigail estavam no trabalho.

– Não se preocupe Far, ele está bem... – Lucy riu fracamente enquanto dava uma mordida em seu pão. – Eu ultimamente tenho ficado realmente preocupada com Nero.

– Hm? – aquele fato lhe chamou a atenção. – Por quê?

– Um dia ele... Começou a vomitar sangue e de repente desmaiou. – estremeceu. – Foi assustador e Trevor o levou para o hospital. Chegando lá, ele descobriu que a família todinha de Nero tem plano de saúde, menos ele... Contataram os pais dele, e segundo o meu irmão, parecia que eles mais queriam jogá-lo num porão e deixa-lo trancado dentro do que consulta-lo. Foi o Trevor que insistiu. – Suspirou. – E faz três dias que ele não vem. É muito, considerando que ele vinha todos os dias.

Franziu o cenho. Mais Nero agora...? Lembrava-se vagamente dele ter mencionado que aqueles vômitos e desmaios poderiam ser fruto do envenenamento, mas... A reação dos pais dele lhe causara uma estranheza sem tamanho. E além do mais, realmente havia muitos motivos para se preocupar.

– Sabe onde ele mora? – Lucy questionou.

– Não faço a mínima ideia. – respondeu, se levantando. – Eu vou ver o Jake. Depois vou tentar ver se descubro onde o Nero mora. Lembro que um aluno conhece a irmã dele ... Talvez saiba onde é ela mora!

– É uma boa ideia. – a morena assentiu, antes que Far subisse a escada para ir até o quarto. As coisas estavam do mesmo jeito, mas como já era por volta das sete da noite, estava escurecendo, não conseguia ver muito bem a figura sobre a cama.

Desde o dia em que vira Rarac – que em sua mente ainda estava gravado como Senhor Fofão - falar, sentia-se pouco à vontade diante da presença do cão. Ele a respeitava e a maioria das vezes saía do quarto, apesar de nunca haver feito tal pedido.

Aproximou-se de Jake, pegando a cadeira e sentando-se ao seu lado. Como sempre, afastou ligeiramente os cabelos do rosto do rapaz, sentindo que sua pele encontrava-se mais quente. Sem dúvidas, ainda fria, mas era a primeira vez desde que fora levado até ali que ganhava algum calor. Sorriu.

– Isso é uma melhora, não é Jake? – sussurrou.

Um gemido a fez congelar. Aquele mísero som foi capaz de fazer seu coração acelerar de tal modo que sentiu como se seu corpo inteiro pulsasse. Tão baixo que poderia ter sido um engano, mas... Não. Tinha que acreditar, tinha que acreditar que ele estava melhorando...

Levantou, aproximando seu rosto para poder vê-lo melhor, percebendo os olhos azuis abertos, fitando-a de maneira desfocada.

– Far... – murmurou de modo quase inaudível.

Era isso.

Jake acordara.


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Notas finais do capítulo

Eu mereço reviews de presente? :v
Bem, é isso. Dúvidas, elogios, sugestões, tudo nos comentários!



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