Os Contos do Gelo - O Deus Esquecido escrita por Carlos Eduardo Rici


Capítulo 7
Engolido por uma foca de neve.


Notas iniciais do capítulo

*Caríus é um deus criado por mim, até expliquei nos capítulos anteriores de porque nunca ele foi sequer citado na mitologia.



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Agora eu já poderia confirmar com toda certeza, minha vida não era mas a de antes, imagine como seria se você estivesse em um barco, no meio do oceano, com dois filhos de deuses gregos, sabendo que você é filho de um deus romano, junte isso a um monstro gigantesco feito de neve com a cabeça de gelo, acrescente mais um dois filhos de deuses gregos com uma pequena faca vermelha em cima da cabeça do monstro o esfaqueando, isso era o que acontecia comigo no momento.

Lucas penetrava a faca no olho direito do monstro dando gargalhadas, acho que você ficaria com muito medo desta cena, Violleta ao meu lado olhava perplexa para o alto da cabeça do monstro quando Lucas caiu, o garoto bateu na água com muita força após cair de nove metros, era difícil saber se ele ainda estava com vida, de dentro da água uma cabeça surgiu, os cabelos do garoto cobriam seu rosto.

Violleta me puxou de lado.

– Barry, você ta aí?

Olhei nos olhos dela, seu cabelo encaracolado caiam sobre seus olhos negros, ela era simplesmente linda.

– BARRY? – Gritou ela desta vez.

– Não precisa gritar. – Mas percebi que precisava.

Quando olhei para o céu vi que o monstro descia novamente com a boca aberta, as presas gigantes estavam brilhando, foi então que eu fiz, fiz a coisa mais louca de toda minha vida, pulei dentro da boca do monstro.

O mais incrível foi que eu não morri, sem me mastigar até os ossos, eu fui engolido de uma vez, desci pela garganta da foca de neve até a barriga, nada de mais, era como um quarto cheio de neve, comecei a socar as “paredes”, ouvi algo de fora, gemidos de dores no estilo monstruoso.

Continuei com os movimentos. Um soco de cada vez, além dos gritos de dor do monstro, nada mais acontecia, caí ajoelhado no chão, pus as mãos nas “paredes” da barriga do monstro, fiquei imaginando se poderia controlar meu poder, alguns estilhaços começaram a surgir da minha mão, a pele de neve foi se transformando em gelo, minhas mãos começaram a ficar transparentes como o gelo que saia dela.

Todo o interior do monstro já estava congelado, então decidi dar o golpe final, juntei as duas mãos, delas um pequeno raio azul começou a surgir, ela foi crescendo em uma esfera, então a joguei no chão, a esfera explodiu.

Acordei, o mais incrível, estava vivo e dentro do barco, em pé, Violleta e Lucas conversavam um pouco a frente, tentei me levantar, meu corpo doía muito, minhas mãos ainda estavam pálidas, não mais transparentes, só pálidas. Tentei abrir a boca para gritar para Violleta, minha voz falhava constantemente, então só me faltava um caminho, deitei e dormi novamente.

Em meu sonho, estava novamente no topo da colina meio-sangue, encostado no pinheiro de Thalia estava Marte, em suas roupas militares, ele me olhou com seus óculos negros, o brilho vermelho por trás das lentes fez meu braço arrepiar, ele abriu a boca devagar.

– Demorou bastante. – Disse meu pai.

– Isso não é um sonho? Você está dizendo que eu demorei para, sonhar?

Marte riu.

– Sim, mas isso não é o mais importante.

– Então o que é?

– Isso. – Do bolso de Marte uma pequena bola de neve voou em minha cara.

Pensei rápido, peguei a bola de neve com a mão direta e com a esquerda me segurei na árvore mais próxima para não tombar no chão pela força do impacto.

– Se quer me matar, – comecei – deveria usar uma arma, não bolas de neve.

– Te matar? – Marte riu novamente. – Não garoto, isso é uma arma, se chama Punta Artica, é antiga, era de Caríus.

– Está me dando uma arma do inimigo?

– Vocês estão indo na direção certa, garoto, agora acorde e diga a seus amigos que Caríus mandou uma tropa de Cães Infernais congelados.

Acordei novamente, desta vez estava suando, Violleta me viu despertar e correu até mim.

– Até que enfim dorminhoco, – ela deu um sorriso – Lucas estava começando a pensar em te jogar no mar, a água estava fria.

– Falando em água, pode me dar uma garrafa?

Ela andou até os mantimentos no meio do barco, de lá tirou uma garrafa de água.

– Obrigado, – dei um gole na água, a cristalina água, não tinha nenhum sabor, mas era deliciosa e refrescante. – Eu preciso falar com Lucas sobre um sonho.

Nós três sentamos em círculo no chão, Lucas parecia estar com sono e Violleta tinha um sorriso pequeno no rosto, mas era direcionado a Lucas.

– Bem, – comecei meu discurso, – eu tive um sonho com Marte.

– Sonhos são bons as vezes, ele deu alguma dica? – Perguntou Lucas.

– Não exatamente. – Coloquei a mão em meu bolso da calça, de lá tirei uma pequena bola de neve. – Ele me deu isto.

Violleta me olhou torto.

– Marte fez você sonhar com ele somente para te dar uma bola de neve pequena?

– Acho que sim, – a pergunta de Violleta me fez pensar, peguei a bola e a apertei ate desmanchar em minha mão.

A neve começou a se estender, quando percebi, segurava uma lança de madeira de um metro e meio em minha mão, a lança tinha um pedaço de pano amarrado bem onde eu a segurava, sua ponta era feita de gelo, transparente e pontudo.

– Tudo bem, – Violleta me olhou, – isso já é o bastante.

– Ele... – Lucas me olhou, – disse mais alguma coisa, qualquer coisa?

– Sim, – pensei no que ele havia me dito, – ele disse que Caríus estava mandando uma tropa com alguns cães infernais congelados, devem ser iguais aos que enfrentei na—

O barco balançou, da amurada um grande cão infernal começou a surgir, do outro lado mais alguns, depois que todos os cães estavam dentro do barco consegui contar seis.

O pelo deles estavam cobertos por gelo e os olhos eram brancos.

Lucas me olhou.

– Acho que você demorou um pouco para dar a mensagem.

– Desculpa, – me senti culpado. – Peguem suas armas.

Empunhei minha lança, Lucas puxou do cinto sua faca vermelha como sangue e por último Violleta retirou de sua bota de couro um bastão que logo de expandiu em uma grande espada negra, o primeiro cão pulou, não havia momento melhor para gritar a fala do ilustre Steve Rogers, olhei para os dois semideuses a meu lado e gritei antes que o cão me atingisse.

– Avante, Semideuses!!


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Notas finais do capítulo

Obrigado a quem leu e pegou o easter-egg, ( Avente, Semideuses veio dos quadrinhos da icônica fala de Steve Rogers, "Avente, Vingadores!!")