Os semideuses de Ares não me aceitaram tão bem, quando entrei no quarto todos me olharam com desprezo, como se estivesse levando um vírus mortal para dentro do lugar.

As camas beliche pareciam estar todas ocupadas, alguns colchões espalhados pelo chão tinham desenhado no centro uma cabeça de javali com duas lanças entre ela. Um símbolo não tão bonito para homenagear seu pai.

– Por acaso, alguma cama está vaga? – Perguntei.

– Não!

A voz soou de baixo de minha cabeça, ela vinha de um garoto de no máximo dez anos.

– Olhe aqui, Barry não é? – O baixinho me perguntou.

– Sim.

– Fique sabendo que eu odeio romanos! Sabe, odeio. – Ele gritava com muita raiva. – Não sei por que raios Quíron aceitou a proposta dos Romanos a anos atrás.

– Espera aí, – falei – os livros de Percy Jackson e outros são, reais?

– Claro, Rick Riordan era o escrivão do acampamento na época, quando semideuses voltavam de suas missões eles iam contar suas histórias a ele. – Surpresa Barry, você realmente não era viciado em mentiras. – A história de Perseu Jackson foi a única que ele realmente repassou para o mundo, a dele, dos viajantes do Argo ||, as fitas de voz dos magos--

– UOU!! Isso é fantástico!

– Mas odeio esse povo que fica dizendo, "eu sou filho de Poseidon" – ele gritou novamente. – Com meu desprazer, me chamo Hotte Lamier, filho de Ares, você vai deitar no chão!

A noite em que eu dormi no chão, o.k., não é muito boa, pelo menos sem nenhum sonho, de manhã fui a Casa Grande, onde Quíron me esperava na varanda com uma xícara de chá na mão, sentado em sua velha cadeira de rodas, iguais a que lia nos livros.

– Preciso falar com você sobre essa maldição. – Quíron disse sério para mim.

– Que maldição é essa?

– A muitos anos Barry, seu pai, em sua forma divina romana, ficou sozinho, ninguém sabia onde ele estava, mas a verdade, ele estava com uma mortal.

– Uau, meu pai realmente gosta de iludir mulheres.

– Bem Barry, ele teve um filho, o garoto nasceu com um dom divino de controlar gelo e neve, por isso Zeus o tornou um deus menor. – Preocupação iluminava os olhos de Quíron. – Zeus o colocou para tomar conta do Alasca.

– A terra onde os deuses não tem poderes?

– Bem, o deus filho de Marte, Caríus, conseguia dar poderes aos deuses na terra esquecida, mas com o passar do tempo, ele começou a cobrar.

– Como assim, dez dólares? – Ironia não meu ponto forte!

– Ele queria mais poder, e foi isso que foi acontecendo, Zeus ia ao Alasca, Ártemis quase sempre e Atena quase que morou lá. Resultado, poder de um deus maior.

– Os deuses fizeram algo a respeito?

– Marte fez, ele o matou, com dor no coração. Os deuses esqueceram disso, foi a muito tempo mesmo, nunca esse deus foi sequer mencionado em mitos, o único que ainda lembra é Marte.

– E você!

– Não, Ares me contou a história antes de você chegar – seu rosto mergulhou em uma sombra, o deixando medonho.– Você herdou a maldição do deus esquecido, você tem um grande poder em seu corpo garoto!