Era um dia ensolarado em Asgard, o povo daquele reino aproveitava a tarde para lavar suas roupas e pendura-las para secar, algumas crianças brincavam dentro dos lagos jogando um pouco de água uns nos outros, em volta do castelo estava tudo calmo, como dentro do castelo, se não fosse as preocupações do pai de todos, Odin.

O pai de todos estava sentado em seu majestoso trono de ouro, não parava de pensar nos atos de Freya, por que ela se ariscaria por Loki? Quais seriam os motivos de ela junto de sua parceira Hayley terem o libertado? Os relatórios que recebeu depois de terem conseguido conter Freya eram muito estranhos, Loki o tempo todo estava preso em sua cela, não havia nenhum guarda que o tivesse visto sair. Se ao menos Freya falasse alguma coisa, poderia acalmar o deus e responder suas perguntas, mas a mesma se mantinha calada em sua cela, negando a revelar seus planos, mesmo sendo punida, tendo seus poderes removidos e perdendo o posto de líder das Valquírias, ela continuava calada, nada a fazia falar.

Um dos guardas que tinha trocado de turno recentemente invadiu a sala do trono esbaforido, ele parecia bem ansioso e cansado.

  - O que lhe trás aqui? – perguntou Odin com sua voz grave e ameaçadora – Perturbando meus pensamentos.

— Peço perdão pai de todos – pediu o guarda fazendo uma reverencia em frente a Odin – Tenho noticias da Valquíria Freya.

As ultimas palavras do guarda prendeu a atenção de Odin, será que Freya finalmente daria alguma informação?

— Prossiga – mandou Odin atento.

— Ela disse que esta disposta a revelar seus planos, mas somente ao senhor, Lorde Odin – revelou o guarda apreensivo.

Freya finalmente abriria a boca, as perguntas do deus poderiam finalmente poderia ser respondidas, mas em troca Freya exigia uma audiência particular com Odin, mas isso não seria problema.

— Mande que tragam Freya até a mim! – ordenou o deus com uma expressão seria.

***

Sua cela não era confortável e nem agradável, mas já era de se esperar, afinal aquilo era uma prisão, não foi feita para ser confortável, foi feita para prender aqueles que ameaçavam a segurança de Asgard e esse era o motivo de ela estar lá. Quando mandou Freya dar um dos anéis élficos ao Loki colocou todos os nove reinos em perigo, mas sabia muito bem das consequências, mas era um risco que estava disposta a correr, então criou o plano em base a vários pensamentos e reflexões, pegou emprestado o par de anéis élficos que tinha poder de viajar entre os nove reinos, entregou os dois para Hayley, um ela deveria entregar ao filho de Laufey, esse anel estava enfeitiçado para que o primeiro que o usa-se teria seus poderes bloqueados por um determinado tempo, não sabia o tempo exato mas sabia que seria longo, esperava que sua tenente pudesse ajudar com o seu plano de maneira eficiente e que fosse rápida, o outro par do anel tinha emprestado para Hayley, sabia o tempo todo que somente uma delas poderia sair e partir para vigiar Loki e também sabia que não seria ela a conseguir, por isso entregou o anel para a tenente, com as instruções dadas antes de voltarem a Asgard e libertarem Loki.

Quando foi pega foi jogada em uma cela pelos guardas, para esperar seu julgamento, o tempo todo se manteve calada, por sua insubordinação, Odin removeu seus poderes e lhe tirou o posto de líder das Valquírias, mas isso não importava mais, se conseguisse êxito com seus planos, Odin devolveria tudo o que lhe tirou e teria uma ameaça a menos nos nove reinos.

Dois guardas apareceram para leva-la para sua audiência com o pai de todos, um deles a tirou da cela com brutalidade em quanto o outro a acorrentava, tinha feito tanto estrago que mesmo sem seus poderes mostrou ser uma ameaça. Odiava ser tratada como uma escoria, era muito melhor do que isso, há séculos levou almas de heróis para Valhalla, merecia um pouco de respeito pelos seus serviços prestados. Mas não deveria esperar muita delicadeza da parte deles, eles fariam qualquer coisa para rebaixa-la visto que seus orgulhos estavam feridos, a metade dos guardas do castelo foram enganados com sua magia de ilusão, passando despercebida até chegar ao seu destino, Odin deveria ter ficado furioso pela incompetência de seus guardas, com isso em mente deixou ser guiada até o salão onde se encontrava Odin.

Quando entrou no grande salão ficou surpresa por sua exigência ter sido concedida, esperava que Odin não fosse concordar, mas deveria estar muito desesperado, em breve o povo saberia da fuga de Loki, os guardas conversavam muito alto e sempre tinha ouvidos curiosos perto do castelo. Imaginava se a noticia já tinha sido espalhada.

 - Deixe-nos a sós – ordenou Odin com sua expressão seria.

Os guardas fizeram suas devidas reverências e sairão do salão como foram ordenados. Sentiu uma breve nostalgia, adorava dar ordens as Valquírias sabendo que elas as seguiriam, sua autoridade era absoluta, não podia ser questionada. Suspirou, deu um breve sorriso e se preparou, estava pronta para falar e Odin pronto para ouvir.

— Agradeço pela ausência dos guardas, prefiro dizer o que tenho sem eles por perto, fofocas rolam entre eles e sabemos que existe ouvidos curiosos e a espreita do castelo doidos para lançar boatos que podem trazer muita confusão – agradeceu, mesmo estando descabelada, com olheiras de baixo dos olhos pelas noites mal dormidas e toda acorrentada, ainda tinha sua pose de líder e seu orgulho.

— Você sabe muito bem disso não é mesmo? – disse levantando a sobrancelha. Não duvidava que ele esquecesse o pequeno infortúnio do passado.

— Por experiência própria – sorriu com ousadia, se não fosse pelas correntes poderia se dizer que estavam tendo uma conversa normal e agradável.

— Sejamos breves, por que libertou Loki? – sua expressão seria parecia imortalizada em sua face, a morte de Frigga o afetou mais do que poderiam perceber. Quando tempo ele não dava um sorriso? Ou ficava feliz por alguma coisa?

— Mas é claro – concordou com a cabeça – Por onde eu começo? – sua expressão pensativa era mero teatro – Pelo começo é claro.

O que eu vou dizer pode não ter muito sentido, você pode acreditar que o que eu revelarei possa ser uma mentira, não posso lhe dar provas caso pese, mas peço que confie em mim, jamais mentiria sobre tal coisa. Como sabe sua falecida esposa e eu éramos um pouco próximas, quando eu era jovem a rainha me dava sábios conselhos, depois de sua morte e a captura de Loki uma lembrança há muito tempo esquecida me voltou a mente, as circunstancias ajudaram eu a lembrar. Quando Loki foi desmascarado depois que vossa majestade acordou, todos ficaram perplexos, não tínhamos percebido que Loki tinha tomado seu lugar, quando foi preso ou invés de ser morto eu sabia que o deixava viver por Frigga, mesmo sua existência sendo tão perigosa.

Por um bom tempo eu fiquei pensativa com minhas lembranças, as quais Frigga estava presente, pensei se Loki podia ser concertado, mas Loki não é uma ferramenta quebrada que precisa de concerto. É uma pessoa que foi afetada pela falta de amor e carinho pelo ser que ele mais admirava, por mais que o amor de Frigga fosse grande, ele queria agradar ao seu pai, mas depois que ele descobriu ser um Jotun tudo pareceu claro a ele, sua mente perturbada acreditou que era só um espolio de guerra e seus antigos desejos vieram à tona, suas trapaças e pegadinhas que só serviam para lhe chamar a atenção se revelou ser uma bela arma, e ele a usou da melhor forma que acreditava. Consegue perceber o que esta nas entrelinhas? Loki nunca quis ser mal, ele queria ser notado, queria que seu pai visse sua genialidade através de seus atos, mas você só o via como um monstro em um corpo de criança, que quanto mais crescia mais se revelava como um Jotun. Em seus olhos você via o que ele podia ser e não como ele era. Foi toda a falta de carinho e amor que fez Loki se rebelar e trair Asgard, até mesmo sua inútil tentativa de ser rei de Midgard, ele queria mostrar que podia ser como Thor, ou supera-lo, ele queria que você o visse como um rei que Thor jamais seria.

— Aonde quer chegar com tudo isso? – perguntou irritado. Reis não pensavam? Estava tão claro.

— Continuando. Depois de ter falhado em tudo Loki voltou para sua cela, sabendo que mesmo tendo feito um ato de bondade que colocou sua vida em risco jamais mudaria o que ele fez. Mas se déssemos uma chance real? E se ele pudesse encontrar algo melhor para colocar sua atenção ao invés de uma guerra pelo trono de Asgard? E se ele pudesse encontrar o que passamos nossas vidas procurando? E se ele ama-se.

Odin a encarou incrédulo, não sabia como se expressar perante aquelas palavras, tudo parecia um absurdo, mas certas partes faziam sentido, sempre deu mais atenção ao Thor do que a Loki, se os tivessem tratados iguais e nunca tivesse escondido de Loki sua natureza as coisas poderiam ter sido diferentes?

— Frigga uma vez me revelou que via a diferença de como você os tratava, que lhe deixava de coração partido ver uma criança fazer tanto esforço para agrada-lo sendo que não tinha nenhuma chance. Ela sempre soube o destino de Loki e sabia de quem era a culpa, seu amor com ele foi sincero, ela queria mostrar mesmo que não tendo sua atenção ele teria a dela e mesmo se tudo falha-se ela estaria do seu lado, o protegeria de todo mal que sua irá poderia causar, mesmo Loki estando errado, por que é o que uma mãe faz, ela protege seus filhos. – todo seu pequeno teatro tinha acabado assim que começou a revelar o que a motivou a fazer tudo aquilo, suas palavras eram sinceras, até o pai de todos podia ver isso. – Prometi a Frigga que caso ela não conseguisse ajudar mas seu filho eu ajudaria! O enviei a Midgard para ele se encontrar novamente e para que ele encontra-se uma nova forma do amor.

— Você colocou todos os nove reinos em risco por uma tolice que Frigga lhe disse! – sua expressão de irritação se transformou em indignação. Ele não compreendia.

— Frigga sabia o potencial de Loki e temia que você a visse de forma diferente, foi sua culpa Loki ter se tornado o que você mais temia! – sua voz começou a se alterar, agora era sua vez de ficar indignada, como ele podia dar as costas e desistir do seu próprio filho? – VOCÊ CRIOU SEU PROPRIO MONSTRO, QUANDO ACREDITOU QUE LOKI JAMAIS PODERIA SER BOM! – seus gritos podiam ser ouvidos por todo o salão, sua raiva transparecia – Agora vejo como foi fácil Loki misturar sua incompreensão com ódio, até eu te odeio agora. – revelou em quanto tentava se acalmar.

Por causa dos seus gritos os guardas invadiram o salão achando que mesmo com todas aquelas correntes poderia fazer mal a Odin. E eles estavam certos, conseguiu machucar Odin, mas não precisava de uma espada para isso, palavras eram o suficiente, uma coisa que aprendeu duramente com Loki, palavras machucam mais do que uma espada. Foi levada para sua cela novamente, dessa vez estaria aguardando para o veredito final de Odin, só estava viva para poder dar a Odin o que ele queria, agora não era mais necessária. Pensou em Hayley, esperava que ela conseguisse se salvar da irá de Odin, porque ela certamente não conseguiria.