Paraíso de Verão escrita por Sorvete de Limão, Risurn


Capítulo 22
Inevitável.


Notas iniciais do capítulo

~Sorvete: Olá tortinhas de limão *----*
Então eu, particularmente, adorei esse capítulo e eu acho que vocês também vai gostar, principalmente a galera que tá torcendo por Thalicooooooo s2
Boa leitura!

~Risurn: *Desvia das pedras*
Oi gente :3
Desculpem a demora, mas acabei tendo... um bloqueio. Enfim. Sem incentivos e tal. Aconteceram muitas coisas nesse mês.
Espero que gostem, de verdade, porque amamos.



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Quando estacionei meu carro e passei pelo hall do hotel, comecei a me sentir constrangida por estar em um ambiente tão elegante usando apenas uma camiseta que nem ao menos era minha, corri até o elevador - pela primeira vez desde que estou aqui - e torci para chegar rapidamente ao meu andar.

No silêncio e vazio do lugar, acabei aproveitando a oportunidade e inalei o perfume da camiseta — que, de novo, nem era minha. Era forte. Tinha presença. Tinha o nome de Perseu.

Quando me dei conta do que estava fazendo quase tirei a camiseta e a joguei longe. Teria feito isso, inclusive, se uma senhorinha não tivesse entrado no elevador. O olhar reprovador que ela me lançou foi tão intenso que quase desci no andar seguinte só para me livrar dela - o que eu não fiz, obviamente.

Quando sai e entrei no meu apartamento eu com certeza não esperava encontrar Thalia ali. Ou acordada. Na verdade eu juraria que a essa altura ela estaria em uma festa tão bêbada que nem lembraria o próprio nome. Mas não.

― Oi Annie. Foi onde?

Ela bebia café e estava olhando para o celular.

— Eu, é, hm, fui comprar um livro pro meu pai.

Ela assentiu, ainda sem levantar os olhos.

— Tudo bem. É que eu já estava ficando preocupada. Já estava ficando tarde e… - ela finalmente olha para mim. - Mas o que é isso?

— Isso o que?

— Isso ai. - ela aponta para mim, usando seu dedo para fazer o contorno do meu corpo.

— Ah. Está falando da camiseta? Peguei emprestada. De um garoto que encontrei.

— E seu cabelo está molhado por…?

— Porque fomos tomar banho de mar.

— E…

— Credo Thalia! - a interrompi. Não quero que ela pergunte quem é. - Nem meu pai faz tantas perguntas.

— Tudo bem. Só quis ter certeza que você não está saindo com um psicopata. Ou pior. alguém como o Jackson.

Dei um sorriso amarelo que mostrava os dentes.

— É né? Seria… Péssimo. Eu sair com alguém como o Percy seria o mesmo que você voltar a pisar na casa de Nico. Impossível.

Então aconteceu uma coisa estranha. Ela também deu um sorriso amarelo.

— Exatamente.

— Thals o que…

— Eu tenho certeza que já vi essa camiseta antes.

Pisquei, negando com a cabeça.

— Deve ser coincidência. Só isso. Vou tomar um banho. Que horas você sai?

— Não vou sair. Vou ficar em casa hoje.

— Tá tudo bem? Aconteceu alguma coisa?

— Não. - ela negou com a cabeça - Só não estou afim. Algum problema? Também faz tempo que a gente não se fala.

Franzi a testa.

— Não… Tudo bem. Já volto.

Quando finalmente entrei no chuveiro comecei a processar tudo o que aconteceu hoje. Eu li um e-mail, comprei um livro, fui à Sorveteria com Percy e depois tomamos banho de mar. E ai, ninguém ficou com ninguém. E isso foi bom, porque nós não temos nada, nem nunca tivemos - se for analisar friamente. Mas eu queria que tivesse algo. Achei que ele quisesse. Consigo sentir o calor dos dedos dele passando pelo meu braço na cafeteria, ou como ele me segurou no mar para desviar da onda. Ou cada sorriso de lado.

Acho que meu corpo está entrando em ebulição pela simples vontade de estar lá.

Eu nunca quis ir embora de fato. Não queria sair de lá. Eu agi de cabeça quente, mas voltaria. Nunca sem Thalia. E se Nico fazia tão mal a ela, eu nunca a exporia a algo assim, nem por Percy.

Eu não acho que ele me ame. Nem eu o amo. Mas eu realmente quero sentir como é estar com ele outra vez.

(...)

Meu cabelo estava molhando minha regata azul, que eu usava com um short preto de cintura alta, mas eu não ligava. Estava mais interessada em observar Thalia cortando o chocolate para fazer meus cookies. Essa estava sendo uma noite cheia de surpresas. Eu estava misturando a massa há um tempo e estou apenas esperando o chocolate para levar ao forno.

— Prontinho.

Ela despejou todos os pedacinhos e eu coloquei pequenas bolinhas de massa distribuídas pela forma e os enfiei no forno.

— O que houve Thals?

— Sobre o que? Está tudo normal.

— Qual é! - joguei a toalha que limpei minha mão no meio da mesa - Você não para em casa tem duas semanas e nos últimos três dias nem falava comigo direito. O que aconteceu?

— Nada. Eu só queria ficar um pouco em casa. Não posso?

Rolei os olhos e senti meu celular vibrar no bolso.

— É claro que pode. Esse lugar aqui, quem está pagando é o seu pai. Não o meu.

Meus olhos quase saltaram das órbitas ao reconhecer o remetente.

“Vai devolver a camiseta quando? Hoje? As dez? Naquele parque que vimos as estrelas? Não acredito. Que clichê.”

Pulei para responder de uma vez. Não era possível. Como ele conseguiu meu número? Aliás, eu não vou a lugar nenhum hoje.

“Já está tarde. Vá dormir”

Levantei os olhos piscando e coloquei o celular em cima da bancada. Thalia estalou os dedos na frente da minha cara.

— Oi? O que?

— Eu perguntei quem era. Você fez cara de quem viu um fantasma.

O celular vibrou na bancada. Resisti por dois segundos e já o peguei novamente.

“Está cedo. Você ainda tem vinte minutos para chegar lá.”

“Eu não vou, não adianta. Calma, eu vou devolver essa camiseta.”

Neguei com a cabeça e voltei a encarar Thalia que já me fitava.

— O que é?

— Nada. Isso aqui está estranho.

— Realmente. Você está em casa.

— Tanto faz. - ela balançou a mão. - Seu pai está melhor?

Assenti com a cabeça.

— Não me deixe esquecer de mandar algumas fotos pra ele.

— Quando você tirou fotos?

— Hoje a tarde.

Caminhei até o forno minusculo e tirei a primeira fornalha de biscoitos, colocando a próxima em seguida.

Ela assentiu.

— Vi Nico ontem.

Queimei um dedo tentando tirar os biscoitos da forma muito, muito quente. Olhei para ela e senti meu celular vibrar no bolso.

— Jura? Onde? Lá naquela festa?

— Mais ou menos.

— Mais ou menos como? Ou você viu, ou não viu.

— Eu vi… No trajeto.

Peguei um dos cookies e dei uma mordida, desbloqueei meu celular e li a mensagem.

“Eu sei que você está doida pra me ver”

Rolei os olhos.

— Em qual parte?

— Na casa dele, talvez.

Arregalei os olhos, quase engasgando.

— Você foi em uma festa na casa dele?

— O que? Não! Eu só… Fui até lá buscar um sapato.

— Um sapato?

— É.

— Que sapato Thalia?

Outra mensagem.

“É sério, nós podíamos mesmo dar uma volta. Sabe, amigos. Bons amigos”

— Porque todo mundo fica me perguntando isso?

Mas eu já não estava mais ouvindo. Estava muito focada nas mensagens com Percy e soltando risadinhas demais para parecer normal, até sentir o cheiro de queimado.

— Meu Deus Thals, os biscoitos! - corri para o forno, tirando os recém sapecados biscoitos. - Tava com a cabeça onde?

— Não sei onde você estava com a cabeça. Cheia de risadinhas ai.

— Não me venha com essa. Você com todo esse papo de liberdade e independência, foi atrás deles! O que aconteceu lá?

— Não aconteceu nada demais. Posso ver as fotos que você bateu hoje?

Assenti com a cabeça, preocupada demais em ter que jogar algum biscoito fora. Parece que não foi nada demais, só uma torradinha básica. Sorri, orgulhosa.

— Relaxa Thals, não tivemos perca total.

Ela encarava o celular fixamente.

— Eu não posso passar pela casa de Nico mas você pode ter uma tarde romântica ao pôr-do-sol com Percy?

Ela me mostrou o celular, mas eu não precisava enxergar para saber do que se tratava. Fechei os olhos com força, lembrando da foto que ele bateu. Nós dois, ele fazendo careta e eu encolhida em seu abraço com um sorriso.

— Não é o que você está pensando.

— Não me venha com essa frase de quem está traindo a esposa. Eu estou vendo você, Percy e um lugar lindo. Há quanto tempo você está me escondendo isso?

— O que? - perguntei, dando um passo para trás. - Eu não estou escondendo nada.

— Então quando você ia me contar? Você mentiu para mim. Disse que não saiu com ele.

— Você também não disse que tinha ido na casa dele.

Respirei fundo.

— Quer saber? Eu sai sim com ele. E foi um tarde muito divertida. Somos amigos, muito bons por sinal, e não rolou nada. Mas você nem quer me ouvir. Pense o que quiser.

Peguei meu celular e digitei uma mensagem rápida.

“Pensando bem, estou com um tempinho livre agora. Topa alguma coisa?”

***

POV Thalia

Annabeth é uma criatura estranha. Sério que raiva que eu estou agora dessa menina! Ela praticamente me coagiu a fazer algo com Nico. Quer dizer, meu orgulho foi ferido. E é só que me resta já que deixei minha dignidade na casa do Nico. Eu não vou abrir mão do meu orgulho agora.

Eu desliguei meu celular depois do fatídico episódio de ontem, porque Nico não para de mandar mensagens e ligar.

Espero enquanto o celular reinicia, comendo um dos maravilhosos cookies que Annie cozinhou.

Quando o celular liga vejo que tem mais de 50 mensagens de Nico e 30 ligações. Além de 20 mensagens raivosas de Jason que variam entre: “Nem lembra mais do irmão né?”, “Está viva?”, “Você tá viva né Thalia?”, “Thalia?”, “Thalia responde.” “Thaliaaaaaaa”. E afins.

Reviro os olhos e ligo para ele.

— Oi Jason.

— Ah Thalia! Caramba. Por que você compra celular se você não usa, se não deixa ligado hein? Quenga?

— Ai me desculpa. Eu desliguei porque... – eu ia falar que é porque tem um garoto me perseguindo, mas Jason é meio louco se eu falasse isso ele dirigiria até aqui só pra ver quem é o tal menino que anda perseguindo a irmã.

— Thalia?

— Porque minha bateira está acabando e eu estava sem carregador porque eu deixei ele no carro e fiquei com preguiça de ir buscar.

— Hã?

— Desligar seria mais fácil. Enfim tá bem? Tá namorando? Tá estudando?

— Sim. Sim. Não, tô de férias.

— Tá namorando é Jasonzinho? – me conte uma novidade.

— Sim. Ela se chama Piper.

— Piper? Ainda? Há quanto tempo estão juntos?

— Um mês. – ele diz em um tom orgulhoso. Senhoras e senhores isso é um recorde.

— Um mês? Tá sério hein?

— É. Talvez.

— Como anda meu pai? A doida varrida da Hera?

— Estão bem.

— George?

— Bem também.

— Ok, manda um beijo pra todo mundo.

— Até pra Hera?

— Sim Jason até pra Hera, depois reclama que eu trato ela mal, mas olha você aí incentivando.

— Eu só queria...

— Não quero saber. Tchau.

Desliguei e mandei uma mensagem para Nico.

“Salve meu orgulho e me chame para sair.”

Bem direta e não dá a falsa impressão de que eu estou desesperada.

“Quê?”

“Annabeth me desafiou, me chama pra sair.”

“Thalia quer sair comigo?”

“Quero. Me encontre naquele parque.”

“Não quer que eu passe aí pra te buscar?”

“Já cometi esse erro antes.”

Ai que depressivo. Pensei.

Que frase típica de ex-namorado. Jesus.

Rolei os olhos e fui me arrumar.

Não planejo ficar muito tempo lá até porque só quero jogar essa saída na cara da Annabeth, e ela levou as chaves o que significa que vou ter que ir andando, meu senso de direção não é o melhor e da última vez que eu fui sair andando por aqui acabei me perdendo. Claro que quando isso aconteceu, fazia pouco tempo que eu estava aqui, acho que eu já sei sair do hotel e voltar. Desta vez a bateria do celular está cheia e já sei o número do táxi caso eu fiquei realmente perdida.

Troco a blusa largada que eu estava usando, calço uma sandália de Annabeth e saio do hotel.

O céu está levemente avermelhado e há várias nuvens e não quero nem saber se isso significa chuva. O que eu menos quero agora é chuva, já tive uma experiência com chuva e Nico e isso é o bastante para a vida toda. E chuva à noite é pior ainda.

O percurso não é muito longo e chego ao parque 5 minutos antes, porém Nico já me espera. O parque não tem somente uma entrada e não faço ideia de onde ele está só sei que ele está aqui porque vejo o Veloster preto estacionado do outro lado da rua.

Entro no parque que não está cheio porque está tarde, vejo alguns casais se pegando perto de árvores e moitas e uma senhora solitária jogando milho para pombos que não existem. Pobre senhora. Pelo menos tem um gato ali no colo dela.

Vou caminhando pelo parque, ele não é muito grande, mas não são todos os lugares que têm gente. Então há muitos lugares vazios e isso me dá um pouco de medo. Uma brisa fria passa e me arrependo de não ter trago casaco.

— Cinco minutos adiantada. Ficou ansiosa Grace? – Nico caminha até mim com as mãos no bolso da calça jeans escura. Ele usa um casaco de couro preto e eu fico imaginando se esse casaco é quente.

— Claro que não, eu vim andando e nem queria estar aqui, fiz isso para não ferir meu orgulho.

— Como assim?

— É complicado. – ele se senta ao meu lado.

— Isso é papo furado. Você quer estar aqui. – sua calça jeans encosta na minha perna e ele passa seu braço pelos meus ombros. A proximidade é perturbadora, não quero ter nenhum contato físico com Nico di Ângelo.

— Para de ser ridículo. – eu digo tirando seu braço e me espremendo contra o apoio de ferro para braços da cadeira. Pego meu celular e vejo que falta três minutos para às 22:00. – Esse encontro vai acabar às 22:02.

— Quê?

— Esse encontro vai acabar às 22:02. Só estou aqui para não ter que mentir para Annabeth.

— Me explica isso direito.

— Percy e Annabeth tem se encontrado, brigamos e ela me forçou a vir para cá assim como ela saiu com o Percy.

— Ela te forçou a sair comigo? Me lembre de agradecê-la. – ele diz sorrindo.

— Ela não me forçou, não diretamente.

— Você interpretou né? Você que buscou essa saída.

— Para de colocar palavras na minha boca.

— Não são palavras que eu quero colocar na sua boca. – ele diz olhando para mim com um sorrisinho de canto.

— Quê? – eu falo antes de perceber o que ele realmente quis dizer. – Para de ser safado garoto! Não tô aqui pra isso.

— Está pra quê então?

— Acabei de falar. – pego o celular e são 22:00. Mais dois minutos. – Temos somente dois minutos.

— O que você quer fazer?

— Nada. Espera aqueles são Percy e Annabeth? – eu digo vendo uma cabeleira loira.

— Sim aquela camisa definitivamente é de Percy. Só ele para usar uma camisa com essa cor horrível de amarelo. – dei uma risada.

— Você ouviu o que você disse? – ele me olhou.

— É só você olhar para aquela camisa dele, ninguém com senso usa aquilo! – ele apontou, discretamente, para a Percy que, realmente, usava uma camisa com um tom ocre horrendo.

— É feio mesmo.

— É horrível.

— Vamos! Não quero que Annabeth me veja aqui.

— Por que?

— Porque ela vai entender isso de um jeito sendo que não é assim. – me levantei e puxei sua mão. – Rápido. – ele se levantou e corremos até o carro dele. – Será que Percy viu seu carro?

— Provavelmente não. – ele correu até o outro lado do parque, por fora. – Não, ele veio pelo outro lado. – dei uma risada.

— Ok. – pego meu celular. – 22:02, hora de ir.

— Não quero que você vá Thalia. – ele disse chegando mais perto.

— Eu te disse que nosso encontro terminaria às 22:02. – ele levou seu pulso a altura dos olhos e descobriu uma parte.

— São 22:03. Thalia Grace aceita sair comigo? – não pude deixar de sorrir.

***

POV Annie

Eu definitivamente não queria estar em nada que esteja próximo à definição de qualquer ser humano de encontro.

Por diversos motivos. Uma ênfase no diversos, por favor.

Mas aqui estou eu. E aqui está Percy. E estamos sendo apenas bons amigos. Apenas isso.

Acho que deu pra sentir a amargura no meu tom, talvez. Quem pode provar qualquer coisa?

Eu não posso. Na realidade, eu não sei o que se passou pela minha cabeça quando fiz isso.

— Aqui… Sua camisa. Pelo jeito, você precisa mesmo dela. Que blusa horrível Perseu. Olha, estou realmente torcendo pra cair um vento e você colocar essa jaqueta.

Ele olhou para a própria camisa e deu de ombros.

— Ganhei ela da minha mãe e eu preciso usar em algum momento. E, me diz, pra que momento melhor que um não-encontro?

Rolei os olhos.

— Mas a sua mãe nunca vai nem saber que você usou ela.

— Claro que vai. Eu vou mandar uma foto maravilhosa nossa nesse parque e ela vai ficar muito feliz. E, sabe, dona Sally tem que ser muito feliz.

Pisquei. Eu queria dizer que não queria mais saber de fotos, porque foi uma foto que me colocou nessa furada, mas foi muito bonito vê-lo falando da mãe. Na verdade, foi ótimo ver que ele podia falar de qualquer coisa que não fosse ele próprio por mais de três segundos.

— Não tenho certeza se foto é uma boa.

Ele rolou os olhos.

— Deixa de ser fresca. Claro que é. Agora… Que tal uma volta?

Olhei para meu celular, eram dez da noite. Tarde. Muito tarde. O que Thalia vai pensar?

— Não sei. Eu só… Vim devolver a camisa.

— Anda Annie. Você não vai morrer se passar meia hora comigo. Ou mais. - ele me puxou pela mão e começamos a caminhar. Neguei com a cabeça, rindo. - Está preocupada com o que? Eu não vou agarrar você, relaxa.

Esse é o problema, pensei. Que horror. Pensamento mais desesperado.

— Thalia. Ela vai ficar preocupada.

Ele parou, arqueando a sobrancelha negra e olhou por cima do meu ombro.

— Olha… Eu acho que não.

— Como pode saber? Olha, não é só porque seu amigo não dá a minima pra você, e nem você pra ele que comigo e a Thals seja igual. E não é só porque nós duas…

— Annie. - ele me interrompeu calmamente. - Dá pra calar a boca? Ela não vai se preocupar, porque ela está bem ali, correndo e rindo como uma doida em direção ao carro de Nicholas.

Virei para onde Percy encarava e vi Thalia ofegante e Nico encarando o próprio pulso.

— Legal. Mentirosa. Pra onde você queria ir mesmo?

***

— Não é um encontro, você disse. Não tem nada de romântico, você disse.

— Não é um encontro, não tem nada de romântico.

Rolei os olhos. Estamos deitados no mesmo lugar que ele me trouxe no nosso suposto primeiro encontro.

— Certo. Vou fingir que sim.

— Qual é? Tá me querendo tanto assim que tudo vira romantico pra você?

Engasguei com o ar.

— O que?

Ele virou-se para mim na grama e ficou me encarando. Eu não vou virar.

— Annie. Olha pra mim.

Neguei com a cabeça.

— Porque não? Tem medo de não resistir?

— Você realmente não sabe de nada, eu não estou afim de você.

Virei para ele e encarei o fundo dos seus olhos. Prendi a respiração. Quando eu realmente encarara aqueles olhos? Eram…

— Está vendo? Não é tão difícil. - ele sorriu, se aproximando. Tentei dizer alguma coisa, mas estava petrificada. Porque?

Fechei os olhos e esperei. E continuei esperando. Mas nada veio.

Quando abri um dos olhos, Percy estava deitado na grama, segurando-se para não rir, até que não aguentou e explodiu em uma risada. Se eu não estivesse com tanta vergonha, riria junto.

— Tem razão, você com certeza não está afim de mim.

Rolei os olhos, puxei minha bolsa e tentei içar meu corpo, querendo levantar.

— Ei, ei. - ele puxou meu braço de volta, me impedindo de levantar. - Fica aqui.

— Pra que? Você continuar rindo? Não, obrigada. Estou de saída.

— Não está não.

Ele segurou meu ombro rente ao chão e passou seu corpo sobre o meu. Pude ver seus músculos levemente contraídos ao ter de sustentar o próprio peso e respirei fundo. Bem fundo.

Ele não estava mais rindo, mas o sorriso ainda estava no canto dos seus lábios - que estavam próximos demais para o bem da minha sanidade.

Lentamente ele desceu o próprio corpo e sua boca achou algo de muito interessante no meu pescoço, fazendo todo o meu corpo de arrepiar. Seu nariz tocou minha orelha e subiu lentamente, mordendo um pedaço da mesma, para depois dar um beijo estalado na minha bochecha.

— Não está mais zangada?

Tentei falar alguma coisa, mas só consegui murmurar algumas coisas muito inteligentes como “hm. Ãn”.

— Vou considerar isso um não, ok?

Ele rolou o corpo de volta para onde veio e respirou fundo.

— Olha. Não é por nada, mas essa sua definição de bons amigos é bem duvidosa.

Ele riu e eu o acompanhei. Mas eu não achei graça. Estava nervosa. isso sim.

— Mas é o que somos, bons amigos.

— Porque você tá insistindo tanto nessa amizade? Não sei se isso vai funcionar Percy.

Ele ficou em silêncio por um segundo e encarou as estrelas.

— Porque se você não estiver sendo minha amiga. vai fugir da minha vista. - ele se virou pra mim - E eu não vou deixar isso acontecer de novo Chase.

Então meu coração afundou e eu percebi o quanto estava encrencada.


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Notas finais do capítulo

~Sorvete: Gostaram? Amaram? Odiaram? Acharam que eu iludi vocês por causa das esperanças que eu dei nas notas iniciais? Hahahahahaha, deixem suas opiniões!
Beijos,
Sorvete de Limão.

~Risurn: E ai gente? Querem que sigam em frente ou desistam? Ainda é tempo. Amigos, bons amigos, amigos coloridos, namorados? E ai?
Aiai
Obrigada



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