ALICE

Eu estou extremamente assustada com tudo isso. Quando olho para os lados vejo Coutney e Megan, exatamente como eu estou, amedrontada. “Eu devo apenas ter caído num sonho. Isso não se passa de um sonho. É apenas um sonho” digo para mim mesma. Creio que me beliscar não fara diferença. Nunca faz.

E por que a certeza de estar sonhando? Pelo simples fato de estar frente a três anjos, o da direita tinha cabelos castanhos que cobriam seus olhos da mesma cor, definiam algo diferente, talvez desaprovação? O do meio era pálido, mas seus cabelos eram platinados e os olhos eram negros, assim como as azas dos três. E o da esquerda, ele estava me fitando, com seus incríveis olhos azuis cor do mar, os quais me hipnotizaram, seus cabelos loiros bagunçados cobriam sua sobrancelhas. Tinha algo que me atraiu, eu não sei dizer o que.

–Olá, Coutney- disse o anjo do meio.

–O que esta acontecendo aqui?- ela disse confusa- Quem são vocês?

– Somos exatamente o que você vê.

– Como assim? Onde estamos? – eu estava formulando perguntas na minha cabeça, não parecia um sonho- Como VOCÊS nos conhecem?- Eu disse com tom de acusação.

–Vocês estão na sala das armas, onde deveriam estar- disse o loiro sem tirar os olhos de mim- Nós sempre conhecemos vocês, sempre estivemos junto de vocês.

–Eu não entendo- disse Meggy ponderando bem as palavras antes de dize-las- Por ... Por que... nós ? Por que estamos aqui?

–Vocês sempre estiveram marcadas para isso, sempre estivemos perto de vocês, mas vocês nunca quiseram ver. – Disse o anjo da direita

Eles se viram e começam a andar, eu me levanto a ajudo as meninas, nos seguimos eles. As “Sala Das Armas” é um tanto grande, sua pintura bege e marrom da um contraste incrível nas laminas das armas, que eram brancas e polidas, eram lindas. Me atrai pela adaga que estava no canto da parede em que eles pararam, quando cheguei mais perto para apreciar. Era linda, mas então Court, sai de si.

–O que vocês querem conosco? – Ela grita- Me tirem daqui! Seus ridículos. O que pensam que são? Eu sei o que são. São aberrações!

Ela puxou ar para continuar a ofende-los, mas o anjo de olhos negros fez um gesto com a mão apontada para ela. Ela desmaia. Meggy corre até ela. Bate em seu rosto, mas ela não acorda.

–Tragam-na de volta. O que fizeram com ela- Megan estava gritando- O que esta acontecendo?

O anjo que havia lhe dirigido a palavra antes, fez o mesmo para ela. Ela também caiu.

–Não! Por favor!- eu falo com calma- Me diz pelo menos seus nomes.

–Você sabe nossos nomes. Mas esta na hora de ir- disse o loiro

–Não. Espera. Eu preciso..- nesse instante ele levantou a mão e eu senti meu corpo bater no chão.

...

–Alice?- ouço uma voz ao longe, tento me mexer- Alice!? Court, me ajuda aqui. Ela esta acordando. -Ouço passos rápidos se aproximando, elas me chacoalham e batem em meu rosto- Alice?! Acorda!

Por um momento sinto meu corpo gelado, e acordo. Tinham me molhado. Ainda estamos na biblioteca escura do Orfanato. Assim que me recomponho, conto a elas o possível sonho, elas ficam espantadas, pois foi exatamente o que elas me contaram. Ficamos completamente chocadas.

–Vocês, acham que tem alguma coisa a ver? Tipo, termos sonhado a mesma coisa, na mesma noite, acham?- diz Courtney.

–Eu não sei! Será que tem alguma coisa nesses livros?- me levanto e pego um.

Seu nome era engraçado comparado a que eu acabei de sonhar, eles eram tão enigmáticos. “O Enigma dos Sonhos”. Procuro mas não acho nada, as meninas me ajudam. Decidimos ir dormir, amanha descobriremos o que foi tudo isso!

Na verdade quando chego no meu quarto, minha parceira ainda esta acordada, ela esta deitada de lado, parece estar dormindo. Se não fosse pelos soluços de choro que ela esta dando eu não perceberia.

–Tina?! Aonh. Tina, o que houve?

Ela era uma garota ruiva de olhos verdes, seu rosto fino combinava com seu cabelo encaracolado. A cor de seus olhos estavam realçadas pelo choro. Já tinha visto ela chorar muito desde que chegou. Entendo por que. Seus pais morreram quando ela tinha um aninho de vida, ela nem se lembra deles. Sua madrinha assumiu sua guarda. Mas morreu a quase seis meses. Ela não tem ninguém. E se julga todos os dias amaldiçoada.

Eu me sento de seu lado e coloco uma mecha de seu cabelo para trás da orelha. Ela olha para mim. Se senta. Limpa as lagrimas que escorriam por suas bochechas.

–Tina se não me contar o que houve, não vou poder te ajudar.

–Eu confio de mais em ti. – Ela tinha sotaque. – Prometes que não contara para ninguém?

–Sim! É claro que prometo! Pode me dizer o que quiser.- olho para ela com compreensão.

–Se lembra de meu namorado. O Hanter?

–Sim, me lembro.

–Ele não me quer mais!- ela deixa mais lagrimas correrem por sua delicada pele.

–Mas se ele não te quer, é simplesmente por que alguém melhor vai surgir. E você não precisará mais ficar com ele. Sinto muito..- eu ia continuar. Mas ela me interrompe.

–Não! Você não entende! Não é por que ele não me ama mais!

–Mas então. Eu não entendo.

–Eu.. Eu.. Eu estou gravida. É por isso que ele não me quer mais. Simplesmente por que acha que ainda não é maduro o suficiente para ter um filho.

Ah, não. Eu não sei se agrado ela ou se dou um sermão.

–Calma.- ela se deita em minhas pernas- Calma. Ele vai ver. Ele te ama. Não vai te deixar desamparada. Eu também não vou te deixar sozinha. Sempre estarei aqui. Tá?! Agora dorme. Você precisa se acalmar. – ela se acomoda e eu começo a acariciar seu cabelos- Shhh! Pronto... Eu estou aqui... Pronto... Vai ficar tudo bem...

Eu cantarolo até ela dormir. Quando ela finalmente cai no sono, vou para minha cama. Que bom que ela esta dormindo. Pelo menos alguém conseguiu. Pois eu, não vou dormir a noite inteira.

Realmente. Eu até tento dormir. Mas o sono não vem. Ao invés disso, me perco em meus pensamentos. Me lembro do anjo de olhos azuis. Seus traços eram doces e ao mesmo tempo marcados. Seus olhos indecifráveis, difícil de entender o que tinha por dentro, como o mar. Sem saber o que tinha em sua profundeza. Mergulho nele, e finalmente, após o sol já ter dado seu sinal eu adormeço.

Acordo com uma ideia fascinante. Sei quem pode nos ajudar.

...

–Eu não acho que seja uma boa ideia- diz Meggy

–É sim. Acho que que ela vai saber nos responder.- eu digo animada

–Tá bom!- disse Court- Nós vamos! Mas como você ACHA que uma cigana, leitora de cartas pode nos ajudar?

–Eu me lembro de quando eu e minha avó fomos para lá. Logo após a morte de meus pais. Ela perguntou à mulher: “Consegue ver se estão bem?”, acigana respondeu: “Sim, eles estão. Minha princesa, ele te mandou um beijo” ela se dirigiu a mim. A única pessoa a qual eu permitia me chamar de “Minha Princesa” era meu pai. – Dou uma pausa para tomar um gole de suco- Olha. Temos que tentar. Ou nunca vamos nos entender.

Me sirvo de geleia, que estava disposta na mesa, passo no pão e dou uma dentada no mesmo.

–Tá legal. Mesmo que ela nos diga o significado do sonho, no que isso vai ajudar?-Ah, Megan, como ela gosta de achar chifre na cabeça de piolho.

–Tudo. Se for uma coisa podemos seguir um frente com nossa pesquisa. Se for outra... – eu pauso medindo minhas palavras- Ficamos sem respostas.

No outro dia, nos levantamos cedo, pedimos permissão para a diretora para arejamos a cabeça e faltar a aula de religião. Ela permite, mas mesmo que não permitisse sairíamos sem ela saber. A aula de religião nunca foi tão importante, ela só colocou no cronograma para preencher horário.

Pegamos um taxi e fomos para um bairro afastado. Uma casa bem organizada por fora, mas como cena de filme de terror por dentro.

–Olá garotas. Como posso ajuda-las?