Alice

Eu não me importo em chuva, aliás, sempre gostei de chuva. E sei que a chuva é boa, mas esta de mais. Há alguns dias eu estava andando pelas ruas de minha cidade, como sempre o tempo fechado só deixava uma pequena fresta de sol iluminar as copas das arvores.

Então tudo se fechou, todos correram para dentro de suas casas, eu não tinha visto, mas o céu estava totalmente escuro, como se não houvesse mais vida na terra. E começou a chuva de novo, só para variar. Eu corri de volta para o Orfanato Saint Monica, e fui tomar o chá da tarde com bolo de cenoura. Comentei com minhas amigas sobre o tempo ter fechado do nada, e elas disseram para eu desencanar por que isso é normal agora. Eu realmente não desencano muito bem quando se trata de coisas estranhas.

De noite, ainda chovendo eu me levantei, coloquei uma calça jeans rasgada, uma regata preta e pantufas, para poder andar pelas madeiras velhas de minha “casa”. Quando cheguei lá em baixo, na sala da diretora McNoom ela falava com alguém, um homem que dizia coisas em uma língua a qual não sei. Ele era alto, não muito velho, e tinha algo nele, algo que não decifrei. Eu senti um arrepio, sou ótima em decifrar e bisbilhotar. Senti-me leve, como se um espirito bom rondasse o homem.

Subi ao meu quarto e deitei em minha cama. Não consegui dormir. Então vi exatamente a hora que a diretora entrou correndo nos quartos, gritando para que saíssemos o mais rápido possível do lar. E o fizemos.

Estava tudo alagado, tivemos que passar a noite no ginásio, e quando voltamos ajudamos os faxineiros a limpar tudo. As partes de cima ficaram ilesas, mas a debaixo, virou um caos. Enquanto não terminamos, não dormimos. No dia seguinte não fui para aula, ninguém foi, estávamos muito cansados. Fiquei na biblioteca com Megan, Courtney, e um amigo nosso Joshua, quase dormindo em seu colo, passei o dia assim. Alguém para essa chuva? Apolo, traz sol. Por favor.