After the Dark Days - The first Hunger Games. escrita por FanFicHunger


Capítulo 8
True Hell




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/557466/chapter/8

Estou sentado em uma sala luxuosa no segundo andar do edifício da justiça. O silêncio é torturante e ainda estava tentando entender porque aquela sala era tão escura! Me curvo apoiando os cotovelos sobre os joelhos. Meu pé direito começa a bater freneticamente no piso azulejado. Encaro o reflexo do meu rosto no chão polido e noto como estou acabado. "Você nunca esteve tão feio, carinha", o pensamento me faz rir, apesar de não ser um bom momento para o fazer. Meu cabelo loiro estava penteado para o lado em ondas, mas parecia que alguém tinha me dado um cuspe seguido de uma lambida na cabeça. Despenteio minha franja estilo "Mauricinho Nerd" com os dedos e a arrepio em um topete. "Bem melhor", penso. Meu olhos continuam inchados e parecem não ser mais azuis, estão com uma coloração acinzentada e sem vida. Talvez por causa de todos os eventos recentes.

A porta se abre e me coloco de pé em um salto com os olhos arregalados.

Um minuto. - Escuto uma voz masculina dizer e então Geremy entra. Ele vem ao meu encontro com passos decididos e rápidos.

Geremy eu... - Não terminei. Senti uma pressão devastadora em minha bochecha direita me forçando a recuar. Me apoio sobre a comoda e outra pontada de dor atinge minha mão esquerda. Ouço algumas coisas se quebrando no chão e vejo que pousei a palma da mão em um cinzeiro de vidro que virou em estilhaços, agora todos colados à minha mão sangrenta.

Geremy está caminhando de um lado para o outro na sala com as mãos sobre a cabeça arrepiando os cabelos loiros entre os dedos. Seus olhos estão inchados e tão sem vida quanto os meus. Ele se volta pra mim e me aponta com o dedo.

O que você tava pensando? - Ele gritava. - Será que uma vez na vida poderia pensar em mais alguém a não ser você mesmo? O que você está tentando provar?

– E... eu não entendo.

– Chester, se você fez isso para tentar me provar alguma coisa, talvez em relação ao nosso pai...

– Geremy! - O interrompo. - Eu não sei do que você está falando, tá bom? Tudo no que eu pensava quando me ofereci como trabuco...

– Tributo.

– Tanto faz. - Jogo as mãos para o alto. - Tudo no que eu estava pensando era na segurança de Lysa. Então, não me venha falar de egoísmo, porque enquanto nossa irmã estava sendo chamada para uma chacina você ficou parado sem fazer nada. - Eu já não falava, mas sim gritava e vi que fui longe de mais. A expressão no rosto de Geremy não era de raiva como a dez segundos atrás, mas sim de uma tristeza pura e nocauteante. Com movimentos lentos ele se senta no sofá.

Deixa eu ver a sua mão. - Ele pede. Caminho até ele e me sento ao seu lado. Geremy segura meu pulso e examina a palma com cuidado, sem dizer uma palavra.

Geremy, eu não quis dizer que você é algum tipo de covarde ou coisa parecida...

– Eu sei. Só que eu nunca me senti tão covarde a minha vida toda. - Ele ergue a cabeça para me olhar nos olhos. - E agora eu não sei o que eu faço sem vocês. - A última frase saiu com uma voz trêmula.

Acabou o tempo. - Diz o pacificador na porta.

Diz pra eles cuidarem disso. - Ele diz dando um tapinha na parte de cima da minha mão ferida. Geremy solta o meu pulso e levanta. Ele se dirige para a porta mas seguro a sua mão sujando-a de sangue. Me levanto e o envolvo em um abraço. Ele me contorna com os seus braços e noto que estou chorando novamente. "Segunda vez que quebro a minha promessa", penso.

Ele se distancia e me fita mais uma vez nos olhos me segurando pelos ombros.

Adeus, maninho! - E com isso sai da sala.

Espero mais ou menos uns vinte minutos na sala silenciosa, mas sei que ninguém mais viria me visitar. Depois da guerra e da queda dos distritos, não me restou muitos amigos. Muitos foram mortos ou viraram órfãos como nós, mas que não tinham nenhum irmão mais velho para tomar conta deles. Devem estar em algum orfanato por aí, talvez até em algum outro distrito. O pacificador que ficou à minha porta me chama. Ele me acompanha até uma saída pelos fundos do edifício. Lá encontro Lysa. Com os olhos inchados e as mãozinhas coladas junto ao corpo. Ela corre em minha direção e pula em meus braços.

Estou com medo, Chester. De verdade. - Encosto meus lábios na testa pálida. "Eu também", queria dizer, mas isso ia assustá-la ainda mais.

Você vai ficar bem, Lucy. - Digo entredentes. - Custe o que custar, você vai ficar bem.

Ouço alguém se aproximando com saltos altos. Philippa Howtorn vem em nossa direção com os mesmos passos rápidos. Os cabelos negros como um céu sem estrelas balançando para todos os lados cintura à baixo.

Vamos indo - Diz ela com uma auto-estima questionável batendo palminhas. - Lucy, Chester. Estão prontos?

– Não estamos. - Respondo tentando demonstrar o máximo de ódio em minha voz. - Mas temos escolha?

– Bem, não. - Diz ela largando um risinho. - Todos para o carro!

Ainda segurando a mão fria de Lucy caminho à passos lentos para o carro estacionado logo à nossa frente. Já tinha andado em carros antes durante o nosso acampamento nos arredores da capital, mas nada comparado a isto. O carro parecia valer a nossa casa!

Durante todo o caminho, Philippa não conseguiu calar a boca um minuto se quer. Continuava a tagarelar incansavelmente. Mas quando ela mencionou a palavra "mentor", minha atenção voltou-se para ela.

Mentor? - Interrompo o falatório sem fim dela. - Alguém vai nos ajudar?

– Isso mesmo! - Ela responde parecendo satisfeita pela atenção recebida. - Neste primeiro ano, cada distrito receberá da capital um mentor que auxiliará vocês antes, e depois de entrarem na arena. O mentor será substituído assim que o seu correspondente distrito ganhe um vencedor dos Jogos Vorazes, o qual ocupará o cargo dali por diante. - Ela explica pacientemente.

Como eles poderão ajudar a gente depois de entrarmos na arena? - Questiono. - Eles vão ir conosco? - Ela ri como se o que eu acabei de falar fosse a coisa mais idiota do mundo.

Não, seu bobinho. Eles irão conseguir patrocinadores para vocês. Assim como pessoas que estarão dispostas a colocar em jogo uma grande quantidade de dinheiro apostando que vocês sairão vivos da arena.

– Isso tá parecendo um ringue de briga de galos. - Digo enojado.

Basicamente, tem o mesmo contexto. - Diz Philippa friamente. Antes de eu poder me conter diante do excesso de raiva. Jogo minha mão sobre o rosto dela. Philippa deixa escapar um grito agudo e leva a mão à face incrédula.

Parem o carro!. - Ela grita. A freada brusca me lançou para frente com violência. Consegui segurar Lucy à tempo, foi quando a mulher se voltou para mim. - Escuta aqui, seu pivete. Nunca mais toque em mim novamente, ou juro que vou tornar sua vida naquela arena um inferno. - Ela me aponta um dedo ossudo com uma unha escandalosamente cumprida pintada de um rosa cintilante. - Você vai querer morrer antes mesmo do primeiro dia.

Com um tapa violento, desvio seu dedo da minha cara. E desta vez, quem está apontando para a cara dela sou eu.

Nada disso. Senhorita. - Digo juntando todo o nojo que estou sentindo na voz. - É melhor você começar a perceber que não somos os seus bichinhos de estimação, ou EU é quem vou transformar essa nossa feliz viagem até a capital em um verdadeiro inferno pra você. E acredite, eu sei bem como é, pois eu já estive nele. - O espanto no rosto dela era notável. Abaixo o meu braço e pego a mão de Lucy novamente que assistia a tudo incrédula. Philippa olha para o motorista e diz em voz quase inaudível.

Por favor, prossiga até a estação.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "After the Dark Days - The first Hunger Games." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.