After the Dark Days - The first Hunger Games. escrita por FanFicHunger


Capítulo 4
Family is all


Notas iniciais do capítulo

Olá amigos! Segue novo capítulo. Realmente espero que gostem da fic!!!



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Acordo com o solavanco do trem. Meus olhos ainda estão pesados, mas assim que Geremy e Lucy atingem meus pensamentos, logo desperto. Esfrego os olhos e vejo que há mais cinco pessoas na cabine comigo. Uma mulher acabou pegando no sono com a cabeça recostada no meu ombro. Com todo cuidado para não acordá-la, vou me afastando deixando sua cabeça confortavelmente apoiada no banco de couro do trem. Pucho a persiana da janela deixando uma tsunami de luz invadir a escura cabine. "Estou em casa", penso. "Porém estou em casa completamente sozinho".

Saio da minha cabine apressadamente no intuito de ser o primeiro a deixar o trem. Se Geremy e Lucy saírem, não vou perde-los. Corro pelos corredores agora com um inconfundível e fétido aroma de sangue. Puxo minha camisa sobre o nariz e desembarco do trem. À frente da estação está lotada de familiares, porém ninguém estará esperando por mim. Toda a família que tenho está perdida em algum lugar. Me viro para a saída do trem e fico observando-a atentamente, com o coração palpitante e a garganta seca. "Tudo bem Geremy, já pode sair".

Um número incontável de pessoas foi deixando o trem porém nenhum sinal dos meus irmãos. Entro em desespero quando vejo uma senhora corcunda sair, e ninguém mais. Antes mesmo de perceber estou sentado no chão às lágrimas abraçando os joelhos. Minha família inteira se foi. Estou sozinho em um mundo sofrendo por efeitos pós-guerra. Agora não estou sentado, estou deitado em uma posição fetal no chão frio da estação.

Chester!Ouço a inconfundível voz doce e suave de Lucy. Sem hesitação, me coloco sentado e ergo a cabeça para a porta metálica do trem. Vejo uma alegre menininha, pequena para ter doze anos. Com os cabelos dourados soltos pelos ombros e um vestido verde claramente improvisado. Os braços finos estendidos em minha direção. As pernas se movimentando rapidamente enquanto ela corre para os meus braços. Envolvo-a em um abraço apertado e sinto outro par de braços nos envolvendo e sei que é Geremy.

Nunca mais faça isso comigo de novo. - Diz ele com a voz falhando. E quando ergo a cabeça para encarar o seu rosto, vejo lágrimas marcando caminhos pelas bochechas. Isso me deixou com uma surpresa imensa, pois nunca na vida tive a chance de ver Geremy chorar. O cabelo loiro e arrepiado estava ensopado de sangue. E havia um ferimento de bala no seu braço direito.

Foi baleado! - Digo tocando o seu braço.

Duas vezes. - Ele aponta para a faixa ensanguentada na cabeça com um largo sorriso no rosto. - Mas esse passou de raspão. Estou bem.

E você acha isso engraçado? Temos que te levar a um curandeiro, Geremy!

– Não! Primeiro, quero ver nossa casa de novo.

Fazemos o familiar caminho até a nossa antiga casa em silêncio. Sei que cada quarteirão que cruzamos nos trás de volta inúmeras memórias. Alí está o pequeno mercadinho que eu costumava a visitar com a minha mãe. Mais adiante está um velho playground carregado de dias felizes e do outro lado da rua encontra-se o velho bar em que meu pai ficava nos vigiando. Todas essas lembranças preenchem minha cabeça e sou forçado a abrir um sorriso. Porém, logo lágrimas começam a encharcar meus olhos. Mas faço uma promessa silenciosa. "Nenhuma lágrima mais rolará por este rosto".

Agora que estamos aqui, encarando nossa antiga casa, ninguém diz uma palavra. Lanço um olhar à Geremy e ele me faz um gesto positivo com a cabeça. Talvez me encorajando. Caminho à passos lentos até a pequena varanda parando diante da porta branca de madeira. Estico o corpo para alcançar o esconderijo da nossa chave. O ar frio invade minha barriga que ficou exposta no ato. Destranco a porta e a abro revelando um ambiente escuro e coberto de poeira. O cheiro de mofo me fez espirrar.

Saúde. - Diz Lucy gentilmente. Lanço um sorriso em agradecimento.

Caminho até a janela no fim do corredor escuro e puxo a cortina deixando a luz do sol entrar. Olho para Geremy que está parado em frente à uma estante segurando uma foto dos nossos pais. Caminho até ele para ter uma melhor visão. Na foto, estou na garupa do meu pai. Geremy está com o braço direito envolto no pescoço da minha mãe que estava grávida de Lucy.

Vou sentir falta deles. - Digo.

Todos vamos. - Geremy larga um suspiro. - Todo mundo perdeu algo nessa guerra. Temos que continuar unidos e seguir em frente.

– Queria poder ter estado nessa foto. - Lucy reclama pesarosa. Deixo escapar uma risada.

Mas você está, vê? - Digo batendo com o dedo indicador na barriga inchada da minha mãe.

Não. Eu quis dizer... - Ela hesita. - Queria poder ter conhecido ela.

O silêncio predomina. Vejo que nenhum dos dois sabe o que dizer à ela. Minha mãe faleceu no nascimento de Lucy. Depois disso, meu pai ainda que abalado, juntou todas as foças do mundo para criar nós três sozinho,força que ainda sobrou para poder lutar em uma guerra. Ele sim, era um homem admirável, e não aquele presidente mimado e banhado em luxo tão venerado pela capital.

Ao invés de dizer algo consolador, Geremy apenas dá um abraço em Lucy.

Posso ficar com isso? - Ela pergunta apontando para a foto.

É claro! - Diz Geremy lhe entregando a foto. Ela pega-a e corre para a porta. - Aonde você vai?!

– Vou ver se está tudo bem com a família da Sílica. - Sílica é a amiga de infância de Lucy. Ambas são praticamente inseparáveis, até mesmo no acampamento era assim. Até que ambos os pais delas morreram no bombardeio. Acredito que depois disso elas não tiveram muito tempo para ficar juntas.

Assim que ela sai, vejo que tenho a oportunidade de falar a sós com Geremy sobre um assunto que está me corroendo lentamente.

Geremy. - Chamo. Ele apenas me lanço um olhar. - Acho que deveríamos começar a pensar na possibilidade de.. - Hesito. - Acho que deveríamos começar a pensar nos jogos.

– Eles não vão ir adiante com essa loucura. - Diz ele em meio à um sorriso. - Não podem fazer isso.

Como pode saber? Geremy, meu Deus! Você estava lá quando aquela gente abriu fogo para uma multidão de homens, mulheres e crianças. Você já viu o que a capital é capaz de fazer. - Explodo. - Temos que nos preparar para o pior, nós três somos elegíveis... - Ele me interrompe em um grito de fúria.

Não vai acontecer!! Tá bom!! - Ele se debruça contra a estante apoiando os braços. Suspira e então continua mais calmo. - E se acontecer, há uma chance grande de não sermos sorteados.

Sobre isso ele tem razão. Seria muita falta de sorte alguém de nós ser sorteado logo no primeiro ano. Porém alguém terá de arcar com esse azar. Se as instruções do presidente estiverem certas, esse será o primeiro e o último ano para Geremy, que completou 18 anos mês passado. Comigo e Lucy a história toda muda. Terei 16 anos no dia, caso a colheita realmente aconteça, e Lucy apenas 12. Se ela não ser sorteada esse ano, terá inúmeras possibilidades de ser futuramente. Com esse pensamento, olho para ele e digo.

As chances são poucas, mas não nulas. Não importa o que você diga, nunca estaremos seguros disso.

Deixo-o refletindo sobre o assunto e subo a velha e quebradiça escada até o segundo andar. Corro pelos corredores e dou uma olhada rápida no quarto de meus pais. A cama de casal com o acolchoado vermelho e os travesseiros impecavelmente ajustados na cabeceira. Desvio o olhar e entro no quarto que compartilho com Geremy. Do jeito que estou, me atiro no macio colchão de molas. Fico ali deitado apenas fitando o forro de madeira. Preciso de um tempo para refletir, pois no momento não tenho mais certeza de nada. Apenas sei que cinco meses não demoram à passar, aí descobriremos o verdadeiro poder da capital.


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Notas finais do capítulo

Até a próxima.



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