After the Dark Days - The first Hunger Games. escrita por FanFicHunger


Capítulo 25
Survive


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores!
Espero que gostem do cap e aguardo críticas!



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Por um instante, a terra parou de girar. Meus instintos diziam para eu me levantar, achar Gendry e correr dali. Mas para onde? Estamos encurralados pela capital, não temos para onde fugir. Então, ao invés de fazer isso, apenas sorrio e lanço a Grusy um olhar confuso.

– Como é? - Pergunto. Grusy se inclina na poltrona e sorri maliciosamente para mim.

– Vai nos dizer o nome dele, Chester? - Olho para a plateia tentando convencer a todos de que estou muito confuso com tudo aquilo, então vejo que todos ali já sabem quem é Gendry, todos ali já sabem que Karthus Bane nunca existiu. Volto a encarar Grusy.

– Karthus. - Digo. - Conheço ele por Karthus Bane. O apresentador solta mais um risinho e estica a mão dando tapinhas em meu ombro.

– Claro que conhece. - Ele suspira e se escora novamente na poltrona. - Chester, você me decepciona profundamente. Seu tempo acabou. - Por um minuto, apenas fico sentado o encarando com os olhos arregalados. Então, lentamente, levanto-me da poltrona, e é aí que as vaias começam. Preciso achar Gendry. Preciso tirar ele daqui agora.

Antes mesmo de eu perceber estou correndo pelo palco. Desço as escadas em um salto, e continuo correndo para a fila de tributos, onde vi Gendry pela última vez. Todos me lançam olhares confusos e interrogativos. Ignoro todos eles e vejo Gendry se aproximando. Pego ele pelos braços e o viro de costas o empurrando para a saída.

– Chester, o que foi que aconteceu lá? - Ele tenta olhar para mim, mas apenas o empurro em direção a grande porta dupla que leva para os corredores principais.

– Ei vocês! - Paro bruscamente. Eu e Gendry nos viramos para a direção da voz. Dois pacificadores, com as metralhadoras sobre o ombro gritam para que a gente pare. Sem hesitar, disparamos os dois pela porta e saímos para os corredores luxuosos do local. Viramos à direita e entramos no corredor que dá direto para o elevador. O corredor faz mais uma curva, desta vez para a esquerda, perco o equilíbrio e caio no chão, Gendry me ajuda a levantar, e novamente corremos. Ouço os passos dos pacificadores atrás de nós, mas não me atrevo a olhar. Corremos pelas nossas vidas. Chegamos ao elevador e Gendry aperta freneticamente o botão para que ele desça.

– Anda logo! - Ele grita dando um tapa na porta metálica. Olho para o fim do corredor, e vejo as sombras dos pacificadores, eles estão correndo, e estão perto. Os passos estão cada vez mais audíveis. A porta do elevador se abre e saltamo para dentro. Foi quando os pacificadores dobraram no fim do corredor, um deles aponta a arma para nós e dispara. Um em cada lado, eu e Gendry nos abrigamos atrás das portas metálicas, enquanto faíscas das balas contra o metal voam para todos os lados. Alguns tiros estilhaçam o espelho do elevador atrás de nós. Pude ouvir um pacificador gritar.

– Não, idiota! Você vai matar o tributo!

– Fecha as portas! - Gendry grita para mim. Me viro e aperto várias vezes o botão para que as portas se fechem. Os pacificadores estão se aproximando, mas não são rápidos o bastante, o metal das portas já está nos separando. Sinto o impulso do elevador nos levando para sima.

– Gendry, não temos para onde fugir! - Digo olhando para ele.

– Vamos dar um jeito. Fique calmo! - Olho para a contagem dos andares. 4,5,6. A subida parece não ter fim. Então o elevador para com um solavanco entre os andares 6 e 7 e as luzes se apagam. Quase perco o equilíbrio mas me apoio na parede ao lado.

– Estão nos encurralando. - Gendry diz olhando para cima.

– E agora?

– Ali. - Ele aponta para a saída de emergência no teto do elevador. - Vem, eu te dou um pezinho. - Me aproximo dele e apoio o pé em suas mãos. Gendry me impulsiona para sima o bastante para mim alcançar a alavanca da saída. Dou um puxão, e automaticamente a escotilha se abre. O túnel do elevador sobe estreito e escuro, com uma escada que cruza por todos os andares. Me apoio nos cabos e me debruço sobre a escotilha oferecendo a mão a Gendry. Com um salto ele segura-se em mim e se impulsiona para cima. Ajudo ele a subir e então pergunto:

– A escada?

– A escada - Ele diz fazendo um gesto para mim ir na frente.

Seguro as frias barras de metal e começo a subir rapidamente. Meu sobretudo atrapalha na subida, então deslizo ele pelos braços e jogo para baixo. Continuo a subir, barra após barra, com as mão trêmulas. Chegamos no nosso andar quando um som metálico de engrenagens me faz parar, olho para baixo e vejo Gendry fazendo o mesmo. As luzes do elevador se ascendem novamente.

– Chester. - Ele diz tentando parecer calmo. - Eu sei que não é uma boa hora para pressão psicológica, mas se você conseguir ir um pouco mais depressa, eu agradeço. - Assim que ele termina o elevador começa a subir.

No desespero, agarro o parapeito do túnel e fico ao lado da porta, Gendry se posiciona do outro lado, e juntos, encaixamos os dedos no vão da porta metálica. Puxamos, um para cada lado com todas as nossas forças, até que com um ruído nauseante, ela se abre o bastante para podermos passar. Salto para o nosso corredor e corro. Ouço os passo de Gendry atrás de mim. Abro a porta e me lanço para dentro do apartamento. Assim que Gendry entra, arrastamos uma estante sobre a porta para dificultar a entrada.

– O que vai ser agora? - Minha respiração está ofegante e suor enxarca minhas roupas. Minhas mãos estão pretas de graxa por causa dos cabos do elevador. Olho para Gendry que lança o olhar para todos os lados pensando em uma alternativa. - Gendry! - Grito.

– Eu não sei! - Ele grita de volta. E então escutamos as batidas na porta da frente. Os pacificadores estão tentando invadir. Tento desesperadamente pensar em alguma coisa, mais nenhuma ideia lógica me vem a cabeça. E então...

– Gendry! - Ele me olha assustado. - Eles não podem me machucar, tenho um plano.

– Estou ouvindo.

– Quero que você se esconda. Eles não vão poder me machucar, vou ganhar tempo pra você!

– É um péssimo plano. - Ele chacoalha a cabeça incrédulo.

– É o que temos, tá bom. - Ele hesita um pouco e assente com a cabeça. Então corre para o corredor dos quartos. Me posiciono contra a estante que está sobre a porta para ajudar ela a aguentar o máximo possível. A cada coice que os pacificadores dão do outro lado, um terror extremo me atinge em cheio. Sinto que as dobradiças da porta se renderam, então corro para a bancada da cozinha e tiro do faqueiro, uma faca de carnes, tremendamente afiada. A estante vira pra frente e a porta é derrubada, me posiciono na frente no corredor e aponto a faca para os cinco pacificadores que invadiram o local. Eles se espalham pelo apartamento , e somente um, aparentando ser o líder, se volta para mim.

– Onde ele está? - Fico em silêncio. O pacificador retira o capacete. Me deparo com um homem grisalho de mais ou menos 47 anos, os cabelos já esbranquiçados. Rugas lhe preenchem a pele ao redor dos olhos escuros. Ele olha para a faca em minha mão. - O que pretende fazer?

– O que for preciso. - Tento deixar minha voz neutra, escondendo o pânico que estou sentindo.

– Nos deram ordens para não matar você. Mas ninguém falou nada sobre machucar seriamente. - Ele se aproxima de mim largando o capacete no chão com um baque surdo. Recuo alguns passos, então penso na maior loucura que já me bateu na cabeça até agora. Viro a faca e aponto para a minha própria garganta. O pacificador hesita, e noto a surpresa em seu olhar.

– Se você der mais um passo, juro por Deus que abro a minha própria garganta. - O pacificador arregala os olhos, mas então sua expressão se suaviza novamente. Ele abre um sorriso antes de dizer:

– Vai em frente, se você tiver coragem. - Nunca me senti tão idiota, saí de um problema para entrar em um ainda pior. Sem ter escolha nenhuma, aproximo a faca da minha garganta. Sinto o metal gelado contra a minha pele e cada pelo do meu corpo se arrepia. - Estou esperando. - Ele provoca. Não tenho mais como voltar à trás. Engulo um seco, e começo a cortar a pele. Foi quando o inesperado aconteceu. O pacificador arregalou os olhos e me apontou a arma, só entendi o que estava acontecendo quando sinto Gendry me puxar pelo corredor a dentro, estão os tiros começam. Faíscas e estilhaços das paredes voam para todos os lados enquanto corremos. Me atiro sobre a primeira porta a minha esquerda e entro puxando Gendry comigo. Noto que estamos no quarto de Lucy. Antes que os pacificadores nos alcancem, chaveio a porta pelo lado de dentro, mas sei que será uma segurança temporária. Logo os pacificadores derrubarão a porta novamente.

– Chester. - Escuto a voz esganiçada de Gendry me chamando, olho para ele e não consigo me mover de tanto terror. Um tiro lhe acertou no meio do peito encharcando a camisa social branca. Sangue também escorre pelo canto da boca.

– Não, não, não! - Repito várias vezes quando Gendry cai de joelhos. Corro até ele e apoio sua cabeça nas minha pernas. - Gendry fica! - Eu gritava, lágrimas já encharcavam o meu rosto enquanto ele se engasgava com o próprio sangue. Tenho sangue de Gendry pelas minhas mãos e na roupa toda, mas não ligo. Seguro sua mão pegajosa com o líquido escarlate e aperto com força. Ele está balbuciando algo inaudível. - Gendry! Eu não entendo! - Grito em meio às lágrimas. Então aproximo o ouvido de seus lábios, e compreendo o que ele diz.

– Sobreviva. - Então a vida se esvai do seu corpo. Escuto as pancadas na porta mas não ligo. Apenas puxo o corpo já sem vida de Gendry para perto de mim, e aperto como se, de algum modo, pudesse lhe puxar novamente para a vida. Há sangue para todos os lados. Os pacificadores derrubam a porta e invadem o quarto, sinto mãos pesadas me segurando pelos braços, mas me recuso soltar Gendry. Luto até minhas forças se esvaírem, grito angustiantemente o nome de Gendry, mas em vão, até que os pacificadores nos separam. Avanço sobre eles como uma fera descontrolada, empurro, chuto e dou socos para todos os lados. Então, sinto uma pancada atrás da minha cabeça e a escuridão me engole.


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Notas finais do capítulo

Confesso que escrevi o cap com os olhos vertendo lágrimas D=!