After the Dark Days - The first Hunger Games. escrita por FanFicHunger


Capítulo 23
I'll Always be in Your Heart




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As batidas insistentes na porta me despertam. Meu olhos pesam e minhas têmporas latejam. Meus estômago ainda está embrulhado pela visão de Leslie morrendo. O modo em que a cabeça se projetou para trás quando a faca a atingiu. Os passos moribundos que deu antes de a vida se esvair por completo do corpo. Pressiono as mãos nos olhos tentando fazer com que a memória se vá, mas ela continua ali, no fundo do meu cérebro, me torturando. Antes mesmo de os jogos começarem, já tenho sangue nas mãos.

Gendry informou que hoje seria a nossa apresentação individual com os idealizadores dos jogos. Não estou com cabeça para isso, mas não tenho escolha. Fico deitado na macia cama fitando o teto. Meus olhos pesam ansiando por se fecharem novamente, porém sacudo a cabeça para tentar esvair o sono. Nem mesmo sei que horas consegui apagar de vez esta madrugada, talvez uma ou duas horas atrás? Não lembro, porém logo que Leslie caiu no chão morta, Gendry e Phillippa entraram na sala chocados com a visão que os esperava. Phillippa saltou um grito agudo e correu ajudar Draven. Eu ainda estava no chão envolvendo Lucy nos braços, fitando a poça de sangue que começava a se formar sobre o corpo de Leslie. Gendry me pegou pelos ombros e me perguntou o que aconteceu, mas eu simplesmente não podia responder, eu não tinha forças, estava atônito e assustado demais para raciocinar sobre o que ele estava me perguntando, então perdi a consciência. Assim que acordei no sofá, o corpo de Leslie não estava mais no chão e meu ferimento à cima do cotovelo enfaixado, porém ainda podia sentir a dor. Lembro de ter perguntado a Gendry o que aconteceu com o corpo, mas ele apenas disse para mim não se incomodar com isso agora, e ir para o quarto. Só então, adormeci.

Relutante, jogo as pernas para fora da cama e me dirijo para o closet onde minha roupa de treinamento se encontravam. Vesti o uniforme tomando todo o cuidado com meu braço ferido. Ontem tirei as faixas para poder examinar o estrago, então vi os pontos que talvez Gendry teve de fazer. Fiquei muito grato a ele, porém os jogos começam daqui a dois dias, e acredito que o processo de cicatrização não aconteça até lá.

Saio do quarto e me dirijo para a sala de estar onde todos já estavam saboreando um delicioso café da manhã - torradas com tiras de bacon e omelete de forma com pedacinhos de mussarela -, apenas eu estava faltando na mesa, bem, e Leslie é claro. Assim que piso sobre a porta, todos os olhares se voltam para mim. Me sinto constrangido sentindo todo esse peso sobre meus ombros, afinal, acabei de matar uma pessoa.

– Vamos lá pessoal, não vamos fazer ele se sentir ainda pior. - Quem disse foi Draven, todo envolto por faixas e curativos. De certa forma fico grato a ele, pois o que eu menos quero nesse exato momento, é atenção. Phillippa faz um gesto para que eu me sente entre ela e Draven, de frente para Gendry. Faço a volta na mesa por trás de Lucy e aproveita para lhe dar um beijo na testa. Ela retribui com um sorriso pesaroso. Me sento na cadeira e me sirvo de uma torrada e de algumas tiras de bacon.

– Como se sente? - Draven pergunta.

– Já estive melhor. - Respondo sem tirar os olhos da comida. Draven suspira antes de dizer.

– Eu também.

Comemos em silêncio, com apenas o som dos talheres ciscando nos pratos. Olho para Lucy e vejo as bolsas sobre seus olhos, então deduzo que ela deve ter dormido mal, assim como eu essa noite. Então solto uma pergunta que não aguento mais guardar.

– O que vai ser agora? - Olho para todos eles, porém todos baixam as cabeças e continuam a comer. - Isso é ridículo! Porque ainda não nos mataram? - Dessa vez digo com a vós alterada olhando diretamente para Gendry.

– Eu já disse que não sei! - Ele grita batendo com o punho na mesa, mas vejo que ele se arrepende do gesto assim que o faz. Ele suspira e continua mais calmo. - Vamos apenas seguir com a agenda, tudo bem?

– Temos um plano "B"? - Pergunto.

– Não. - Ele diz, curto e grosso. Draven começa a rir ao meu lado.

– Claro que não temos. - Ele diz debochadamente.

– Olha, pessoal. - Gendry levanta as duas mãos em um gesto de encorajamento. - Vamos apenas seguir com a agenda, certo? Leslie pode ter mentido para nós. Não sabemos se Snow sabe sobre o plano.

– Eu ouvi, Gendry. Ela estava conversando com alguém aquela noite. - Digo.

– Poderia ser qualquer coisa.

– Ela disse que tinha sido o Draven. - O repreendo. - Porque mentiria pra mim?

– E eu nem mesmo lembro que horas acordei naquele dia. - Draven diz impaciente. Gendry fecha os olhos e respira fundo.

– Olha, só estou sendo positivo. Tá bom? Não temos um plano "B", mas vamos dar continuidade com o "A".

– Gendry, o plano "A" já se foi! - Draven altera o tom de voz.

– Ainda não sabemos disso! - Vejo o rosto de Gendry enrubescendo.

– É só abrir os olhos, e saberá! - Draven está se alterando mais ainda. Gendry levanta da cadeira e aponta um dedo na direção de Draven.

– Não pense que eu não sei o que está acontecendo aqui. - Ele diz entredentes. A voz carregada de raiva. - Eu não tinha como imaginar que isso ia acontecer. Esse era o seu trabalho! Pensei que realmente conhecesse Leslie. - A menção de Leslie pareceu irritar Draven profundamente. Penso em como a conversa tomou esse rumo. O que devo fazer para parar com essa discussão?

– Você não tem o direito de me culpar por tudo o que aconteceu. O plano falhou, Gendry. E agora você, eu, Phillippa, estamos todos mortos. - Ele para de falar e toma um gole do seu suco de laranjas. Então acrescenta. - E você levou Chester e Lucy com a gente.

– Calem a boca! - Phillippa levanta da cadeira batendo a palma das duas mãos contra a mesa. Lucy dá um pulo, mas continua em silêncio, apenas observando. - Os dois! Será que não veem aonde viemos parar? Temos que ficar unidos. Nossa situação pode piorar ainda mais, então parem de ficar se culpando! O máximo que podemos fazer agora é continuar com o plano e ver no que vai dar. - Ela senta novamente e continua comendo. Ninguém mais diz uma palavra até o final da refeição.

_|/_

Chegou meio dia, então todos os tributos se dirigiram para o centro de treinamento para as suas apresentações individuais. Nos sentamos em um largo banco, lado a lado, em um silêncio mórbido, até que um a um, os nomes foram sendo chamados, primeiro o garoto, então a garota de cada distrito. A sala começa a parecer mais fria à medida que os tributos vão saindo.

Quando a garota do distrito 8 é chamada, ela se levanta e sai pela porta me deixando com Lucy e mais 6 tributos. Estico a mão e pego a sua. Ela retribui com um aperto e escora a cabeça no meu ombro.

– Estou com medo. - Ela diz olhando para um ponto fixo no chão. Apenas puxo ela para mais perto de mim e a envolvo em meus braços.

– Eu já não prometi a você que vai ficar tudo bem?

– Prometeu.

– Então? Qual é o problema? - Pergunto me afastando para olhá-la nos olhos.

– É que ultimamente as coisas não estão saindo conforme o planejado. - Pego ela pelos ombros forçando-a a ficar frente à frente comigo.

– Lucy, mesmo se tudo estiver desmoronando, eu quero que saiba que eu sempre vou estar aqui. E a única coisa que eu mais quero nesse momento, é ver você sã e salva voltando pra casa.

– Eu sei, Chester. É que... - Ela hesita. Vejo os lindos olhos azuis cintilando meio às lágrimas. - É que... eu não quero perder você também. - As lágrimas agora rolam pelo seu lindo rosto. Puxo ela novamente e pressiono contra o meu peito. Aperto com força como se, de alguma forma, eu pudesse parar no tempo para ficar apenas ali, segurando Lucy nos braços. Aproximo meus lábios da sua orelha e digo:

– Eu só quero que você saiba, que eu vou estar sempre aqui. - E com a ponta dos dedos, toco no seu peito, bem aonde fica o coração.


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