After the Dark Days - The first Hunger Games. escrita por FanFicHunger


Capítulo 1
We lose it all




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O trem faz meu estômago dar piruetas. Tento me concentrar em qualquer outra coisa que não seja a velocidade que estamos neste exato momento, velocidade que não parece estar colaborando muito para chegarmos logo em casa. Os bancos de couro da nossa cabine parecem estar transformando a parte de traz das minhas coxas em carne viva, porém não dou a mínima. O pensamento que me atinge com um pavor paralisante é: "estamos muito ferrados".

Ainda estou segurando entre os dedos suados a foto do meu pai. Nunca na história da humanidade poderá existir uma foto tão ridícula. Eu tinha sete anos na época e estou entrelaçando meus braços finos com ossos proeminentes no pescoço do meu velho. Nossas bochechas estão coladas e o efeito que o sol da tarde no campo deu à foto não deixou as coisas muito melhores. O reflexo fez nossos rostos ficarem com uma feição bizarra e distorcida, como se minha cabeça estivesse entrando na cara do meu pai. Pois é... nunca no mundo poderão tirar uma foto tão ridícula. Porque eu guardo ela? Porque é o máximo do meu pai que terei daqui pra frente.

Involuntariamente uma lágrima enxarca meus olhos e sinto em meu ombro o toque reconfortante de Geremy, meu irmão mais velho.

Chester, tá tudo bem? - Ele questiona notando minha angústia que tanto lutei para não demonstrar. Porém apenas fico em silêncio fiando a fotografia e rezando para que nenhuma lágrima role rosto abaixo. Geremy suspira e arranca a foto da minha mão. - Para com isso! Está se auto flagelando.

– Porque ninguém pode fazer o favor de me deixar em paz? - Explodo avançando sobre ele na tentativa inútil de pegar a foto. No excesso de raiva, jogo minha mão com toda a força que tenho o direito de ter no rosto de Geremy. Ele me empurra para longe e choco minhas costas contra a parede da cabine. Vejo ele lançar um olhar preocupado para Lucy, nossa irmã caçula dormindo no banco de frente para nós. O vergão na bochecha esquerda começa a se destacar.

Ele se foi, Chester! - Ele diz entredentes balançando a foto no ar a mais ou menos três centímetros do meu rosto. - Ele se foi e você não deixa ele partir. - Pobre Geremy. Sempre o protetor, o maior e mais valente de todos nós. Seja la qual for a situação, ele tenta contornar da maneira mais eficiente e simples possível.

Já entendi que ele se foi. - Agora sem controle, as lágrimas escorrem fazendo traços no meu rosto sujo de fuligem. - Mas é a única coisa que terei dele agora. Por favor, não tira isso de mim. - Noto que minhas palavras o tocaram, pois ele baixa a cabeça e reflete por um minuto.

As coisas vão mudar agora, Chester. Vão mudar muito. E se não trabalharmos juntos... - Ele não termina a frase mas sei o que estava prestes à dizer. Vamos morrer, nós três.

Acha que vão nos punir? Você sabe, pela rebelião.

– Conhecendo essa gente, tenho quase certeza. E esse é mais um motivo para cooperarmos. Não sabemos o que virá pela frente mas tudo o que temos à fazer é continuar.

– E se executarem a gente? - Sem mesmo perceber estou sentado escorado na parede da cabine abraçando os joelhos. Devo estar parecendo uma criança chorosa diante de Geremy, com o seu porte de todo grandioso. Queria poder ter a postura dele. Mas estou me encolhendo contra a parede apenas pensando nas barbáries que a capital poderá fazer com os rebeldes sobreviventes.

Já houve muitas mortes, Chester. Realmente acho q essa não vai ser uma solução muito inteligente da parte deles. Afinal, a capital sempre precisou dos outros distritos para sobreviver. E se não restar ninguém para fazer a exportação...

Estava ficando mais calmo ouvindo as palavras de Geremy quando o trem começou a perder velocidade à medida que meu coração ia ganhando. Corro em direção à janela e abro as persianas. Pacificadores vinham de todos os lados carregando fuzis e armas de choque. Alguns guiavam rebeldes para a praça central que se encontrava não tao distante da estação. Porém não estamos no distrito 9.

Porque estamos parando aqui? - Pergunto com a voz falhando. Geremy me olha de soslaio.

Acorde a Lucy. Acho que está na hora de recebermos a nossa punição.


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