Os bebês cresciam fortes e saudáveis, cada vez mais espertos e lindos. Quando completaram dois meses, Castle e Kate levaram Alexander e Johanna para tomarem as vacinas.

Martha: Ah, eles chegaram! – Martha exclamou assim que viu Kate e Castle entrando em casa, e correu pegar um dos bebês, enquanto Alexis pegou o outro.

Alexis: E aí, choraram muito?

Castle: Quem? Os bebês ou Kate?

Alexis: Sério? – ela olhou para Kate e riu.

Kate: Olha as perninhas deles! Tão pequenininhas para aquelas agulhas enormes.

Alexis: Deixa eu ver onde foi.

Kate mostrou a coxa dos bebês, que estava avermelhada no local da picada da aplicação.

Alexis: Tadinhos...

Kate: Cuidado quando forem pegar, porque ainda está doendo.

Kate lançou um olhar bravo para Castle.

Castle: Foi sem querer!

Martha: O que você fez, Richard?

Kate: Pegou Johanna de mal jeito e ela começou a chorar.

Castle: Mas ela sabe que foi sem querer, não sabe princesa? – ele dizia beijando a filha – Sabe sim.

Alexis: Quando é a próxima?

Kate: Mês que vem.

Martha: A conversa está boa mas eu preciso ir.

Castle: Onde você vai?

Martha: Ah eu vou... dar aulas.

Castle: Suas turmas não são só no período da tarde?

Martha: Formei umas turmas extras – Martha explicou correndo – Tchau.

Castle: Sua vó está escondendo alguma coisa?

Alexis: Se está, está fazendo bem, porque eu não sei de nada.

Castle: Muito estranho...

Alexis: Bom, eu também preciso ir – ela entregou Alexander no colo de Kate – Tenho aulas até mais tarde hoje.

Alexis se despediu e saiu.

Kate: Hoje seu pai vem?

Castle: É, nós combinamos. Você se importa?

Kate: Claro que não, amor.

Castle: Eu estou gostando desses encontros. As histórias são incríveis, e o livro vai ficar muito bom.

Kate o encarou.

Castle: Modéstia à parte.

Kate: Eu tenho certeza que vai. Você já sabe quando vai escrever?

Castle: Quando eles estiverem nos deixando dormir melhor.

Kate riu. Castle havia terminado mais um Nikki Heat antes dos bebês nascerem, e já tinha combinado com sua editora um grande período de folga. Mas sua cabeça de escritor já vinha trabalhando em um novo projeto, uma personagem inspirada em seu pai. O telefone de Castle tocou, ele atendeu e depois falou com Kate.

Castle: Estranho... meu pai ligou desmarcando. Ele nunca faz isso.

Kate: Talvez ele teve algum compromisso de última hora.

Castle: É.

Kate: Mas... eu acho muito bom ter você por mais uns minutinhos...

Castle se moveu no sofá e a beijou. Os bebês já estavam nos carrinhos.

Kate: Rick, a gente precisa conversar como vai ser quando eu voltar...

Castle: Amor, ainda tem tempo para isso.

Kate: Eu sei, mas é que... você acha que vai dar conta sozinho?

Castle: Sozinho não, mas eu tenho minha mãe.

Kate: Mas Martha tem os compromissos dela também. Eu estava pensando, talvez nós devêssemos contratar alguém.

Castle: Uma babá? Não confio em babás.

Kate: Nem eu... – ela disse em tom pensativo – Eu me sinto culpada em deixá-los.

Castle: Se você quiser...

Kate: Rick, eu não vou parar de trabalhar!

Castle: Eu sei. – ele a abraçou.

Kate: Eles são muito novos para irem a uma escolinha...

Castle: Por que a gente não faz assim: ficamos com eles em casa até 1 ano. Depois eles vão para a Sweet Child School.

Kate: Sweet Child School?

Castle: É um berçário muito tradicional, onde Alexis ficou.

Kate: Ah...

Castle: O que?

Kate: Pensei que nós fôssemos escolher juntos.

Castle: Você não confia em mim?

Kate: Confio, claro que confio.

Castle: Então está decidido.

E ficou mesmo decidido assim: Kate teve licença maternidade até os bebês completarem 6 meses. Depois disso, Castle passou a ficar sozinho com os bebês durante o dia, contando com a ajuda de Martha e também de Susie, uma senhora de meia idade que trabalhava em sua casa há mais de dez anos. Ela tinha jeito com crianças, o que deixava Kate mais segura, e acabava deixando Castle com algum tempo livre. E quando se viu, o tempo havia passado, os gêmeos já tinham completado um ano e Castle havia escrito o primeiro livro da série inspirada em seu pai.

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A editora não esperava que Castle faria um livro extra – ele não havia se comprometido de propósito, afinal, aquele tempo era dedicado aos bebês. Então foi uma grande surpresa para o público quando o autor de mistérios revelou seu mais novo livro.

Castle não queria fazer uma grande festa, então fez o lançamento em uma livraria, mas com a imprensa em peso. Nesse dia, uma revista de celebridades o contatou, insistindo em uma entrevista. Richard Castle era um dos nomes mais comentados pelos leitores – todo mundo achava o máximo a história do autor que encontrou uma musa, escreveu livros sobre ela e anos mais tarde se casaram e tiveram filhos. Era o conto de fadas perfeito.

Castle nem pensou em dizer não. Se fazia tanto sucesso, em parte era pela sua simpatia e dedicação ao público. Mas marcou a entrevista em sua casa, pois não queria se ausentar muito tempo e deixar os bebês aos cuidados de outras pessoas. E assim foi feito: em uma tarde de quarta-feira, estava uma jornalista e um fotógrafo da revista na sala dos Castle’s para a entrevista.

Tudo corria bem. Os gêmeos dormiram quase a entrevista toda, e estavam aos cuidados de Susie. Mas quando acordaram, já procuravam pelo pai, e os dois vieram engatinhando pela sala. Alexander tentou se levantar segurando no sofá, mas caiu sentado, ao que a jornalista sorriu encantada.

Jornalista: Seus filhos são lindos!

Castle: Não são? – ele disse orgulhoso pegando as duas crianças e sentando uma em cada perna.

Jornalista: Que cena mais linda... Será que nós não podemos fazer uma foto?

Castle: Ah, é...

Castle lembrou-se de Kate dizendo que não queria expor os filhos. Quando eles nasceram, algumas revistas pediram fotos dos bebês, ao que Kate recusou. Castle entendia, ela era reservada mesmo, e não gostava de expor nem a si mesma. Mas agora fazia tanto tempo, e Castle pensou que não poderiam esconder os bebês para sempre. Então permitiu que fizessem uma única foto, que ficou linda e foi publicada imediatamente no site da revista.

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Tori: Beckett, seus filhos estão enormes!

Kate: É, eles estão – Kate sorriu orgulhosa, mas parou e pensou um minuto – onde é que você viu meus filhos?

Tori: Aqui.

Tori mostrou a página da revista. Ela tinha visto no twitter que um dos assuntos mais comentados era que Richard Castle havia finalmente mostrado seus filhos gêmeos, e o link da revista corria solto pelas redes sociais. Kate respirou fundo.

Tori: Lindos, Beckett. Parabéns.

Kate: Obrigada... – Kate respondeu meio sem saber o que pensar. Na verdade ela sabia, aquilo daria uma briga feia com Castle.

Ryan: Olha, os gêmeos! – Ryan chegou falando, olhando para a tela que Tori mostrava. Todos da delegacia foram se aproximando e olhando.

Kate: Ryan, se acontecer alguma coisa, estou no celular. – Kate já disse saindo.

Ryan: Ok.

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Castle: Oi amor!

Castle sorriu assim que Kate entrou pela porta de casa. Era cerca de quatro horas da tarde e os bebês dormiam em dois pequenos colchões no meio da sala.

Kate: Castle, a gente precisa conversar.

Castle olhou para Kate, que estava séria. Ele já sabia que era algo grave, não só pelo olhar dela, mas por ter o chamado de Castle – coisa que ela só fazia na presença de outras pessoas – e também por nem ter falado nada sobre os bebês. Kate fez sinal e os dois foram até o escritório.

Kate: O que a gente tinha combinado sobre divulgar fotos das crianças?

Castle: Ah, você viu...

Kate: Eu? Castle, a internet inteira viu!

Castle: Amor, não é nada demais...

Kate: Nada demais? – ela estava exaltada.

Castle: Kate, calma, é só uma foto. Eu sei que você não gosta de se expor mas...

Kate: Eu não gosto e também não quero expor meus filhos.

Castle: Nossos filhos, Kate. – ele tentava se manter calmo.

Kate: Sim, nossos. Então nós não deveríamos tomar as decisões juntos?

Castle: E nós tomamos.

Kate: Eu não me lembro de autorizar essa foto.

Castle: Você está fazendo muito drama por uma coisa boba.

Kate: Uma coisa boba, Castle? – Kate respirou fundo e o encarou – Eu já sofri um atentado. Eu quase morri com um tiro no coração. Eu já fui torturada e jogada de um prédio. Castle, você mais do que ninguém devia saber o tipo de gente com que eu lido!

Castle não soube o que dizer. Ele realmente não tinha visto por esse ângulo. Kate passou as mãos pela cabeça, e se virou de costas.

Castle: Não vai acontecer nada com eles.

Kate: Como é que você sabe? – ela se virou de novo e segurava as lágrimas.

Castle: Porque eles têm a nós.

Kate: Semana passada nós fizemos uma prisão, um cara reincidente, conhecido nosso. Quando Ryan o algemou ele disse: “Eu sei que você tem uma filha”.

Castle a encarou.

Kate: Ele não dormiu por uma semana.

Castle: Kate...

Kate: Você acha mesmo que eu estou imune a isso?

Castle: Nós não podemos escondê-los para sempre, Kate.

Kate: Mas também não precisamos botar a foto deles por aí pra todo mundo saber quem são.

Castle: Tudo bem, você quer que eu me declare culpado? – ele se exaltou.

Kate: Não, eu quero que você tenha bom senso.

Castle: Bom senso? Você está insinuando que eu não sei cuidar deles?

Kate: Você sabe?

Castle: Kate, você passou dos limites!

Os dois se encararam, e a tensão era visível. O celular de Kate começou a tocar insistentemente, e ela atendeu.

Kate: Beckett.

Espo: Nós temos um novo caso.

Kate: Estou indo.

Kate desligou e se dirigiu à porta.

Castle: Nós ainda não terminamos.

Kate: Não terminamos mesmo. – ela saiu batendo a porta.