Departed Guardians escrita por Nammyee


Capítulo 5
IV - Livin' on a Prayer




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/557268/chapter/5

A viagem começou tranquilamente. Tudo no espaço era silencioso, não haveria nada que pudesse incomodá-la. Porém, por algum motivo, estava com o coração acelerado e o suor frio escorria pelo corpo.

Olhava para diversas telas em seu console, pilotar nunca tinha sido tão difícil como naquela hora. Tinha que escapar daquele local o mais depressa que podia, ele estava atrás dela porque sabia demais.

Por acidente, havia escutado uma conversa que comprometeria tudo o que acreditava. Semanas antes, viu Ronan ser despedaçado pelo Orbe que Quill e os Guardiões haviam resgatado. Mas ele estava ali, em uma nave gigantesca, disparando contra Genova.

A voz de Ronan ecoou por toda sua nave.

– Está sendo uma tola, Maats. Morrerá pelos mesmos ideais que seus familiares. – Não havia piedade.

– Que pena, não se avisar à Nova Prime de suas pretensões. Muita interessante forjar a morte para escapar de Thanos. – Ela retrucou tentando soar a mais desinteressada o possível.

Uma explosão atingiu o vidro onde estava, a tela inteira se rachou; ela segurou a respiração, torcendo para não quebrar por completo e destruir a nave de dentro para fora. Procurou algo em um assento ao lado e achou uma pequena tirada preta, colocou em sua cabeça e a mesma deslizou uma lente que cobriu seu rosto e despejou oxigênio puro.

Não tinha muito tempo, a máscara era para casos de emergência; duraria no máximo por 15 minutos ou menos.

– Acha mesmo que eu me assustaria com isso? – A voz cavernosa disse. – Irei matá-la e localizar a Manopla.

Manopla? Do que ele estava falando?

Estellise estava perdida. Havia visitado um planeta, a pedido de Yondu, para localizar algumas peças que seriam vendidas ao mercado de Xandar; tinha que fazer dinheiro de alguma coisa, já que Quill não a ajudava.

E tudo o que sabia naquele momento, era que provavelmente uma das peças era a tal Manopla e que no meio da caça ao objeto, havia esbarrado em soldados fiéis a Ronan e que tinham ciência que o Kree hava sobrevivido ao confronto. Em seguida, estava sendo perseguida pelo próprio que via no sangue derramado de Estelle, a solução para tudo.

– Se me matar, Genova iniciará o código de autodestruição, levarei a Manopla junto. – Ela disse. Nem sabia onde estavam os objetos que localizou durante a visita ao planeta, correu para sua nave assim que percebeu o perigo que corria e decolou.

– Não será problema.

Novamente Genova balançou, desta vez por toda extensão do local se viram novas rachaduras e cabos sendo rompidos.

O aviso de PERIGO e luzes vermelhas anunciavam o inevitável, estava perdendo força.

Motores de propulsão desligados.

– QUAL É?! – Ela esmurrou o console central e afundou alguns controles com raiva. Estelle olhou em volta, o manche ainda respondia aos seus comandos, sua última esperança vinha dele.

Jogando completamente para o planeta mais próximo, ela se lançou contra a órbita do mesmo. Um lugar completamente azul e de aparência conservada, tomara que não fosse habitado.

Um novo disparo da nave de Ronan contra ela e o baque fez o corpo da jovem ser lançado contra a parede da nave, criando um rasgo em sua testa. A sensação de torpor tomou conta e aos poucos foi perdendo os sentidos.

Era o fim.

Take my hand and we’ll make it, I swear

Whoaaaaa, Livin’ on a prayer!

Mas que mer-?

Num pulo, Estelle se ergueu. O barulho infernal invadiu seus ouvidos a obrigando a se levantar do breve cochilo.

A cabeça ardia com as informações do sonho, esfregou vagarosamente o local do corte em sua testa enquanto tentava se situar.

Estava no laboratório de Tony Stark, em um velho sofá cinza, deitada e com uma coberta sobre seu corpo. Os cabelos estavam bagunçados, porém a franja de mantinha caída ao lado esquerdo do rosto, não que desse muita importância a isso.

Olhou para o próprio corpo, vestia calça folgada em tom bege e tecido grosso além de um simples top branco cobrindo abdômen e peito.

Então ouviu o baque. Tony Stark sendo arremessado para o teto na velocidade que seus olhos sequer conseguiram acompanhar, vestia uma armadura avermelhada com detalhes dourados nos ombros.

– O que foi isso? – Ela se ergue rapidamente do sofá e correu até ele.

– N-Não foi nada, apenas um teste. – O homem descolou do teto e voltou ao chão com a ajuda de jatos nas botas metalizadas. Estava com um galo evidente em sua cabeça. – Propulsores ara o Mark 49.

A jovem admirou Tony se recompor com classe enquanto caminhava com aparente dificuldade até um aparato eletrônico; uma câmera – ele disse – para avaliar a eficácia da sua criação.

– A ignição está saindo antes do comando, hm. A força também está fora do padrão estabelecido. – Ele murmurava consigo mesmo. – J.A.R.V.I.S, consegue calibrar?

Farei o máximo para manter sua vida em segurança, senhor Stark.

Estelle riu com a fala maldosa da IA de Tony, afinal, a criação acabava se voltando contra o criador; mas neste caso, era de uma forma carinhosa.

A música alta continuava a tocar enquanto Tony se mantinha concentrado nos experimentos. A nave Genova estava há alguns metros dali, com várias partes expostas e outras ao chão enquanto esperavam o conserto.

– Mas o que é este som?!

Tony se voltou ofendido para a jovem.

– Jon Bon Jovi, sua herege. – Respondeu com a face de repulsa. – Em que mundo vive?

– Ahn... Não o da Terra. – Ela tentou soar a mais educada o possível. – Quem é?

– Rock, a fonte de inspiração e genialidade. Não dá para testar esses propulsores em sua nave sem antes analisar de funcionam em harmonia com máquinas menores. Fiz o design similar para a S.H.I.E.L.D, ah, digo, aprimorei a ideia e instalei na Mark 49.

– Mark 49. – Estelle repetiu. – Entendo.

– Já que iremos para o espaço, pensei em equipar algumas armaduras para o caso, sabe como é, de enfrentarmos algum problema. A Mark 49 será completamente adaptada ao vácuo espacial, também manterei oxigênio e alguns propulsores adequados.

– Sim.

– Também farei sua nave ficar nova em folha, não leve a mal. – Ele continuou. – Mas, sabe como é.

Estelle olhou para as botas acopladas ao corpo do gênio e analisou por uns instantes. Pegou uma chave da mesa ao lado deles, e começou a mexer no aparato sem aviso.

– Hey, hey, hey! Cuidado, isso é tecnologia experimental! – Stark tentou se afastar.

– O propulsor precisa de mais espaço para funcionar, deixou muito estreito. Aqui também está apresentando um defeito e creio eu que com estes ajustes, funcionará adequadamente.

Tony pareceu receoso em acreditar na fala da convidada. Novamente se voltou para a câmera, sem demonstrar qualquer agradecimento às intervenções feitas por Estelle.

– Teste nº 63 de Mark 49, motor de propulsão ajustado. Gravando?

Sim, senhor.

A armadura ganhou pequenas chamas azuladas que desapareceram ao se afastarem do chão. O corpo do homem foi arremessado para o alto e com um grito, ele conseguiu manter a altura sem bater o corpo no teto.

Estabilizou o voo e planou por todo o laboratório com cautela, até ficar diante de Estelle.

– Parece ter melhorado. – Admitiu.

– Estudo há anos engenharia, senhor Stark. Sou tão boa quanto o senhor. – Ela riu.

Pequenas fagulhas escaparam das botas e antes que pudessem fazer algo, Estelle se viu sendo arremessada contra uma estante de equipamentos eletrônicos ao oposto da sala, sendo apertada pelo corpo metálico de Tony Stark.

O barulho e impacto fizeram com que vários equipamentos caíssem sobre os dois. Estelle prendeu a respiração com o peso, soltando um pequeno guincho de dor.

Com outro estouro, a porta de entrada do laboratório arrebentou-se revelando Steve Rogers e Pepper Pots, que possuíam expressões de preocupação.

– TONY! – Pepper exclamou.

Tony caiu com o corpo para trás e deixou Estellise visível aos demais, com as vestes empoeiradas e chamuscadas pelo incidente. Ela estava com o rosto cravado na prateleira amassada, analisando o que fazer ainda para sair dali.

– Estávamos fazendo um teste. – Stark explicou e deixou a cabeça tombar para o chão. O rosto completamente sujo.

– Acredito que sua armadura está muito pesada e desproporcional para os propulsores, senhor Stark. – Estelle murmurou e se afastou da prateleira, desviando de um pedaço de metal que caía em sua direção. – Já pensou em melhor o material?

– Já pensou em estudar mais? – Tony retrucou.

– Eles vão servir para a Genova. – Ela decretou.

Steve retirou alguns materiais de cima dos dois e ajudou Estelle a se erguer. Olhou fixamente no rosto da jovem, procurando qualquer vestígio de ferimento.

Estava de pijamas, de tons neutros, porém segurava o escudo em um dos braços.

– Eu estou bem. – Ela sorriu para o soldado. – Tony Stark não me matará com isso.

– Um pouco de cuidado não faria mal a ele. – Steve tinha sua atenção voltada para o playboy que recebia os cuidados de Pepper. – O que aconteceu aqui?

– Ele estava testando os propulsores para a Genova, mas aconteceu um pequeno acidente. – Ela explicou. – Se bem que eu devo ter tirado algum cochilo, não me lembro aonde tínhamos parado.

Steve abriu a boca para responder, mas manteve o silêncio suspenso. Estelle teve sua curiosidade aumentada quando Tony exclamou de longe:

– O príncipe no cavalo branco não a deixaria dormir por muito tempo, vai que acontece que nem nas histórias e você dorme uma eternidade? – Ele levou um tapa de Pepper e pigarreou. – Digo, esteve apagada algumas horas, nada demais.

– Desde que chegou aqui, não a vi dormir. – Steve observou. – Vi que estava descansando e deixei um lençol para não pegar algum resfriado. O Extremis pode ter lhe dado força sobre-humana, mas sua resistência pode continuar a mesma. Precisa cuidar da saúde.

– Pff. – Tony revirou os olhos.

Estellise não percebeu, mas o rosto de Steve corou de orelha a orelha; o soldado abaixou a cabeça para não deixar transparecer o rubor, se afastou rapidamente da jovem.

– Muito bem. – Pepper olhou para os demais. – São 3:40 da manhã e eu quero dormir, para infelicidade de vocês, vivo no andar debaixo e não consigo dormir com essa barulheira. Posso pedir que parem pelo menos por agora?

– Mas-! – Tony e Estelle começaram a protestar e se calaram ao notar o olhar ameaçador de Virginia Potts.

Andar debaixo. Quarto. Cama. Já. – Ela falou em tom irritado.

Enquanto isso, o rádio funcionava em som baixo, mas ao sair do laboratório, Estelle conseguiu o trecho final da canção de Bon Jovi e o manteve na cabeça pelo resto da noite.

Os andares inferiores constituíam os cômodos dos Vingadores, em especial de Tony e Steve Rogers; os quartos eram maiores e com mais móveis, Estellise havia recebido um quarto com os mesmos parâmetros de ambos.

Ela não notou que Steve havia acompanhado-a por todo o caminho até seu dormitório, assustou-se quando o viu abrindo a porta para ela com cordialidade.

– Desculpe pelo susto. – Estelle disse.

– Eu deveria me desculpar pela porta quebrada. – Ele deu um sorriso desajeitado e Estelle se lembrou da força do soldado ao abrir o laboratório em busca dos dois.

– Obrigada por me acompanhar, Capit-digo, senhor Rogers. – Ela agradeceu.

– Steve Rogers, senhorita. Não precisa me chamar pelo sobrenome, não estamos em um quartel ou qualquer coisa do tipo.

– As camas são muito macias, não? – Ela concordou. Sentia falta de dormir na Genova, aonde o único tecido que a separava da fria maca, era de sua veste. – Boa noite então, Steve.

Ele acenou brevemente com a cabeça e desapareceu da vista de Estelle quando ela fechou a porta.

O quarto era imenso e tinha tudo o que precisaria para se manter, até frigobar havia ali. Não estava acostumada com o luxo oferecido por Stark, justamente por ter vivido com um militar.

Aliás, não tinha o costume de falar com militares com idade aproximada a sua, Steve tinha sido o primeiro. Estelle deixou um sorriso escapar ao se jogar na suntuosa cama e se enrolou nos diversos travesseiros, recordando do breve diálogo que havia tido com o Capitão; fechou os olhos e balançou a cabeça por diversas vezes.

Como não se sentir feliz depois de ver novamente a primeira pessoa que a havia ajudado desde que tinha chegado a Terra? O Capitão América era sua salvação, um amigo que não esperava encontrar.

Mas será que ela o via somente como amigo? Não costumava sorrir sozinha ao pensar nas conversas com pessoas do sexo oposto, principalmente aquelas que não pertenciam a seu círculo.

– Pff. – Ela imitou Tony, tentando desvencilhar o pensamento.

Não podia se dar ao luxo de perder o foco de sua estadia na Terra. Steve Rogers era apenas um amigo por quem ela nutria respeito e... apenas isso.

Tinha coisas mais importantes a pensar, como no sonho em que morria com a pancada em sua cabeça.

Com medo de dormir muito, Estellise mal sentiu o sono chegar. Levantou tão logo o sol despontava pelas janelas do quarto, correu para o laboratório e encontrou Tony manuseando algumas ferramentas enquanto mexia em sua aeronave. Juntou-se a ele assim que recuperou o fôlego e nenhum dos dois trocou alguma palavra sobre o acontecido na madrugada.

Estelle pensou ser muito parecida com o bilionário, tinham um gênio difícil de lidar e não admitiam os erros. Devia ser por isso que gostava tanto do homem, como se fosse o irmão que nunca havia tido.

Havia Quill, claro, mas ele seria o irmão mais velho que a infernizava todos os dias.

As horas se passaram sem quer Estellise percebe-se. Quando se deu conta, Tony não estava mais ao seu lado, mas sim sentado em uma poltrona de metal enquanto segurava um copo com alguma bebida, estava vestindo terno com corte estilizado e completamente preto.

– Oh? – Ela esfregou o rosto suado enquanto encarava o homem. – Aonde vai?

– Negócios. Pepper está me arrastando para um encontro com investidores, essa coisa toda. – Ele gesticulou com o copo. – Pretendo voltar para terminar de consertar, claro.

– Sem problemas. Posso me virar. – Ela disse.

– Não irá se preocupar em ficar sozinha? – Tony indagou.

– J.A.R.V.I.S está aqui, não é?

Sempre à disposição, senhorita Estellise. Agradeço pelo sentimento. – A inteligência artificial respondeu.

– Pare o que está fazendo, anda. Vá conhecer a cidade e se distrair. – Ele resmungou. – Não seja que nem eu, digo, uma pessoa obcecada por toda essa tecnologia.

Estellise curvou a cabeça para o lado, confusa com a fala de Tony.

– Há um tempo, muito tempo mesmo. – Ele reforçou. – Eu deixava de viver para me focar nisso, é ótimo e tudo mais, mas simplesmente... Não é bom.

– Está tentando dizer que preciso ter vida social?

– Por Deus, não. Pareceria um pai instruindo o filho a sair para namorar. Não estou ainda nessa fase da vida. – Ele disse apressadamente e Estelle riu. – Só não quero que fique enfurnada nesta torre.

– Senhor Sta- - Ela parou no mesmo momento, a memória de Tony reclamando entre os consertos de que devia ser mais social o possível e menos cordial surgiu. – Tony, agradeço, mas não me sinto à vontade fora daqui. Não convivi com vocês o suficiente.

– Eu ofereceria companhia, conheço ótimos lugares para beber. Você bebe, não é? – Ele não esperou a resposta. – Ótimo, posso dar um jeito nisso.

Estellise pensou em protestar, mas sabia que seria em vão. Ela acompanhou Tony laboratório a fora enquanto caminhavam ao elevador, encontraram Natasha e Clint conversando no local.

Tony foi o primeiro a chamá-los para ir a algum bar de Nova Iorque, informando que seria uma reunião informal dos Vingadores. Estelle teve a certeza de ver o sorriso entre os dois agentes e ouvir uma aposta sendo feita para quem bebesse mais.

O próximo passo foi Tony convidar Steve para acompanhar a jovem pela cidade, enquanto iam ao bar. Stark havia prometido se reunir com o grupo eventualmente, mas Estelle sabia que era uma desculpa para que se enturma-se com os demais.

Para sua surpresa, Steve cooperou sem quaisquer problemas e trocou-se imediatamente. Estava com uma calça jeans velha e blusa branca, com a jaqueta bege de couro que sempre usava.

– E você, vista algo decente. – Tony resmungou. - No seu quarto devem ter algumas coisas que a Pepper providenciou, ela é muito zelosa quando quer.

Estelle não reclamou. Vestiu um short jeans escuro ligeiramente curto e botas de mesma tonalidade, nada muito ousado; completou o visual com camiseta folgada e com um ombro a mostra, o desenho no peito era com as letras AC/DC. Embora não conhecesse o significado, achou bonita a forma como estava escrita. A moda dos terráqueos era um pouco diferente da que imaginava.

Fez um rabo de cavalo e partiu para se encontrar com Steve.

Encontrou o Capitão na frente do elevador com um sorriso. Não trocaram muitas palavras até saírem para a rua, quando a jovem se assustou com a cidade. Totalmente movimentada, embora fosse noite. As pessoas continuavam a circular sem qualquer preocupação.

– Diferente, não? – Steve foi o primeiro a quebrar o gelo.

– Totalmente.

– Dizem que é a cidade que nunca dorme. Tem sempre algo aberto aqui, independente do horário. – Steve olhou para o relógio simples em seu pulso. – Temos um tempo antes de encontrar com os demais, quer ir a algum lugar?

– A algum lugar onde não me sinta deslocada. – Ela disse quase que para si mesma. – Aqui é totalmente diferente do que eu esperava.

– Acho que posso ajudá-la nisso. Vem comigo.

Steve acenou para a moça e ambos caminharam pelas ruas movimentadas de Nova Iorque, conversando sobre as trivialidades daquele lugar.

Estelle acabou descobrindo que o capitão não tinha tanto interesse por música, mas admirava pintura. Steve Rogers era uma pessoa completamente atípica, não parecia viver na Terra como os demais membros dos Vingadores, havia um lado conservador e um tanto quanto receoso. Ele não expunha muito de sua vida antes dos Vingadores.

– Aqui. – Ele interrompeu os pensamentos de Estelle.

– Antiquário Dobblewarm? – Ela leu o letreiro arcaico com pouca luminosidade.

– Não é o melhor dos lugares, mas fará com que se lembre da Terra na época de sua partida. – Ele explicou. – 1988, não é?

– Eu era recém-nascida, mas tudo o que sei daqui, aprendi com o Quill.

– Bom, seja o que for que este Quill lhe disse, deve ter algo aqui.

Entraram na loja e imediatamente Estelle sentiu-se mesmerizada com as relíquias que ali estavam expostas. Toca discos, fitas e telefones antigos, roupas de época e muitos discos de vinil presos às paredes.

A jovem caminhou com brilho nos olhos. Havia ouvido do amigo de infância sobre as maravilhas que a Terra tinha, mas não havia parado para perceber como eram delicadas.

Estelle tocou gentilmente em uma caixa recheada de fitas cassetes e escolheu uma. Então sua atenção se fixou em uma prateleira com diversos acessórios femininos, em específico, um colar com um medalhão dourado de pingente.

Pegou o objeto e abriu o medalhão, esperando encontrar alguma foto antiga, mas estava vazio. Parecia ser uma verdadeira joia, já que ainda tinha um brilho peculiar.

– Gostou? – Steve havia interrompido seus pensamentos. Ele estava atrás de Estelle, com as mãos nas costas.

Ela sorriu.

– Sim. Bonito, não acha? – Ela mostrou o cordão dourado. – Eu poderia ficar com algumas coisas aqui, senão todas.

Steve abriu um sorriso discreto para ela. Estelle escondeu o rubor crescente, abaixando a cabeça no mesmo instante.

– Este aí está na promoção, mocinha. – Um idoso falou lentamente do outro lado da loja, estava sentado em uma cadeira com uma caixa registradora ao lado.

– Que ótimo. – Estelle respondeu. Ela tocou no bolso, procurando seu aparelho eletrônico para consultar as reservas financeiras. – Ah, aceitam Créditos na Terra?

O idoso encarou Estelle sem entender a pergunta. A viajante suspirou, claro que não aceitariam esse tipo de moeda intergaláctica.

– Ah, deixa comigo. – Steve assumiu a conversa e se dirigiu ao caixa.

Estelle abriu a boca para impedi-lo, mas não houve tempo. O Capitão retornou tranquilamente, com o sorriso acanhado de sempre e a direcionou para a saída da loja.

– Muito obrigada, Steve! – Ela segurava com firmeza o acessório. – Eu o pagarei assim que conseguir trocar os Créditos e-

– Não se preocupe, Estelle. – Steve respondeu. – As coisas em antiquários são baratas.

Ela assentiu com a cabeça. Estavam no meio da calçada, diversas pessoas passavam distraidamente por eles.

– Posso? – Steve indagou, indicando o colar nas mãos da jovem.

Estelle se virou de costas e segurou o rabo de cavalo para o alto. Sentiu as mãos trêmulas de Steve tocarem seu pescoço enquanto colocava o colar.

Era pesado e longo, tocava na altura dos seios – não muito fartos – da viajante. O medalhão era muito bonito, porém Estelle não conseguia focar apenas nisso e sim na pessoa que ajudava a colocá-lo.

– Pronto. – Steve soltou um breve suspiro.

– Nunca tinha colocado?

– Não sou muito bom com artigos femininos. – Ele fez uma careta e ambos riram. – E então, vamos?

– A-Ah, claro! – Ela respondeu agilmente. – De qual bar estavam falando?

– Um que Tony Stark provavelmente não tenha ido ainda e que seja muito caro. – Steve respondeu categoricamente. – Mas estou esperançoso de que hoje será uma noite divertida.

Estelle balançou a cabeça, sem entender.

– Por quê?

– Estou com um bom pressentimento.

Estellise ainda não sabia, mas Steve Rogers sempre errava quanto aos seus pressentimentos. Aquela noite tinha tudo para dar errado.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Próximo capítulo teremos um pouco de ação e a chegada de quem, quem quem?