Como a notícia do fim da equipe acabou se espalhando, a Terra foi atacada durante toda a semana que se seguiu. Claro que garantimos a segurança do nosso planeta. Espantamos e prendemos os vilões, e então tivemos nossa “glória” de volta. Ninguém mais mexeria com a Terra depois dessa. Ou não.

Achei que Fury faria a dança da vitória quando confirmamos a volta da equipe. Mas, como sempre, ele manteve a calma estampada no rosto, fingindo estar sem expressão. Foi bem engraçado.

Loki e eu fomos para Asgard depois de duas semanas, mas, não estávamos ali para passear.

Avisamos Odin sobre nossa intenção, e o velho acabou contente, e incrédulo. Jurei que não traríamos guerras desnecessárias, e que só queríamos ajudar. Frigga nos defendeu, dizendo que sabia que não faríamos nada de errado.

Enquanto Loki e eu saíamos, eu podia jurar que ouvi Odin murmurar:

—Talvez ela seja mesmo uma boa influência.

Um sorriso se espalhou pelo meu rosto. Odin não gostava de mim por causa do Coração de Vidro. Ele ainda acreditava que Loki podia me usar para conquistar Asgard, e a Terra, mas não ia. Se o deus da trapaça sequer sonhasse com isso... Eu o prenderia para sempre, numa cela de vidro, e daria um jeito de tirar seus poderes. Ele iria se arrepender.

Porém, eu confiava no meu namorado Asgardiano. Ele não faria nada pra me machucar. Meu pedido tinha sido realizado, Loki era bom agora.

***

—Avery? Posso entrar?

—Claro, claro.

Frigga entrou, sorridente. Eu tinha acabado de sair do banho, após treinar muito com Loki. Ocupar o cargo de Thor era cansativo, fazíamos viagens, lutávamos o tempo todo, e tínhamos que usar a cabeça. Por sorte, Loki preferia usar o cérebro a os músculos, diferente de Thor.

—Posso ajudar em alguma coisa?-Perguntei, prendendo o cabelo.

—Se passou algum tempo, muito na verdade, desde que Loki quis se casar com você. -Olhei pra janela.

—Se você prestar bem a atenção, vai perceber que Loki queria me usar para escapar da prisão, sabe.

—Não, não. Loki a queria por perto. Ele já gostava de você naquele tempo. Quantos anos tem agora, mesmo?

—Fiz dezoito, mês passado.

—É perfeito. -Juntou as mãos, entrelaçando os dedos. Os olhos dela brilhavam.

—Nunca quis desrespeitar você, Frigga, porque além de ser a rainha, vejo-a como uma figura materna, acontece que... Eu não... Estou pronta pra isso, entende?

—Mas quando duas pessoas se amam, elas não casam?

—Sim, mas... Eu ainda sou muito nova...

—Você terão tempo, mas não todo, Avery. Vai viver mais do que deveria, mas ainda assim, não será muito.

—Vai ser o que é pra ser. Todos morrem um dia. E acredito que Loki e eu iremos nos encontrar, numa outra vida.

—Oh. -Ela pareceu espantada por alguns segundos.

—O que foi? Eu disse alguma coisa errada?

—Sigyn costumava pensar como você. Ela jurou que voltaria em outra vida, para encontrar Loki. -Engoli seco.

—Bem... Avise-me se encontrá-la por aí.

—Eu acho que já encontrei. -Sorriu.

—Não entendi.

—É quase hora do jantar. Nos encontramos em breve. -E saiu.

Caramba, o que foi isso?

***

—Não é por nada, mas sua mãe está começando a me assustar. -Sussurrei, Loki estava inclinado na minha direção. A mesa estava cheia de gente que eu não conhecia, porém, Frigga não parava de sorrir pra mim e para o filho adotivo. -O que ela tem?

—Não sei. Ela deve ter visto alguma coisa, algo que a agradou.

—E o que seria?

—Queria muito saber.

—Então essa é a Midgardiana?-Um dos homens perguntou, ele estava do outro lado da mesa, e sua pergunta fez todo mundo se calar.

—Quem é esse?-Perguntei para Loki, falando baixo, ele respondeu na mesma altura:

—Um idiota.

—Não fui com a cara dele.

—Eu nunca fui. -Então olhou para o homem. -Sim, ela é a Midgardiana, e minha futura noiva. -Oi? Ele disse o que?—Avery é capaz de coisas impressionantes. Por que não faz algo de vidro, Avery?-Dei de ombros, ainda chocada pela informação fornecida por Loki, e fiz uma pequena coroa de vidro, que surgiu na palma da minha mão. Entreguei para o homem, que parecia surpreso, assim como os outros deuses na mesa.

—Sei fazer mais do que isso, mas acho que não posso, não na mesa do jantar. Sinto muito.- Loki sufocou uma risada. Não sei porque, mas me deu vontade de rir também, me segurei.

—Bem, estamos nos retirando, temos uma viagem amanhã, e precisamos acordar cedo. Com licença. -E se levantou, olhei em volta.

—A Midgardiana diz “tchau”. -Sorri e me levantei também, pegando a mão de Loki e saindo com ele.

***

—E então, não está sendo nada fácil, está?-Sif perguntou, eu me sentia exausta, após chegar da tal viagem, que durou dois dias. Se eu achava a Terra perigosa, percebi que estava enganada, ao andar por aí com Loki.

—Não. Como Thor conseguia? É exaustivo. Só não diga para Loki, ele acha que eu aguento o tranco.

—E não aguenta?

—Bem, não imaginei que a situação estaria tão preta. -Estávamos perto do meu quarto agora, encontramos Fandral no caminho.

—Olá, senhoritas. -Saudou, sorrindo. Sif revirou os olhos.

—Oi. Viu Loki por aí?

—Está com Odin.

—O que? O que ele faz com Odin?

—Parece que estão conversando. Não sei do que se trata.

—Ah, maravilha. -Murmurei, preocupada. Não ia sair coisa boa dessa conversa.

Fandral convidou Sif e eu para treinarmos, mas eu recusei, dizendo que tinha uma coisa pra fazer. Assim que perdi os Asgardianos de vista, corri até a Sala do Trono. Os guardas apenas fizeram sinal negativo, um sinal de que eu não podia entrar.

—Vocês não sabem o motivo da conversa, sabem?-Perguntei, outra resposta negativa.

—Ah, Avery!-Frigga sorriu, se aproximando.

—Sabe o motivo da conversa entre Loki e Odin?

—Não. Mas isso me lembra de que estou nessa conversa, com licença. -E entrou.

—Ela vocês deixam entrar, não é?

—Desculpe, senhorita. -Um dos guardas pediu. -Ordens do rei.

—Imagino.

A conversa levou horas. Loki saiu de lá sozinho, e se surpreendeu ao me ver sentada no chão, conversando com os guardas. Ergueu uma sobrancelha, mas não disse nada. Me levantei, acenei pros meus novos amigos, e segui o deus da trapaça, pra longe dali.

—E então, o que estavam conversando tanto lá dentro?-Perguntei.

—Você sempre foi curiosa assim ou algum bicho te mordeu?

—Loki! Vocês passaram horas trancados lá dentro! O que estava acontecendo?

—Estávamos ajeitando alguns... Detalhes futuros.

—Pode ser mais específico?

—Por que quer tanto saber?

—Bem, eu acho que você devia contar. Namorados não devem esconder coisas um do outro. E você está escondendo.

—E vou continuar.

—Ah, é assim?-Parei de andar. -Me conta!

—Não.

—Loki!

—Nos vemos no jantar. -Continuou andando, me deixando para trás.

O que aquela criatura estava armando agora?

***

—O quanto você confia em Loki?

—Por que a pergunta?

—Só queria saber.

Sif e eu estávamos treinando com espadas, no jardim. Loki e eu não conversamos durante o jantar, então a Asgardiana foi quem teve que me aguentar, durante, e depois. Loki estava armando alguma coisa, mas eu não fazia ideia de que.

—Então, não vai responder?-Ela insistiu.

—Bem... Eu confio.

—Tem certeza disso?-Bloqueei o ataque dela.

—Loki mudou, Sif.

—Eu o conheço há mais tempo que você, então...

—Bem, ele era uma praguinha, eu sei. E, eu fui feita refém por ele, sei bem como ele era. Estou viva e inteira. Ele podia ter me matado e roubado o Coração de Vidro. Mas... Como Frigga diz... Ele começou a gostar de mim.

—E se ele ainda... Você sabe, for mau?

—Aí eu o mato. -Ela se espantou com a minha tranquilidade. -Que foi?

—Nada. Só... Você parece bem disposta a ir contra ele.

—Eu não quero que ele se desvie do caminho que está seguindo agora. Quando houve aquela invasão em Asgard, eu lutei contra Loki. -Ela abaixou a espada, ouvindo atentamente. Sif não sabia disso. Eu não saia contando por aí sobre isso. -Ele quase me matou e eu sabia que era capaz disso, mas não podia simplesmente sentar e esperar ele tomar Asgard, entende?

—Mas você o... Ama...

—Amo. Mas, ainda assim, vou seguir o que acredito. Não é porque estou com ele que preciso aceitar suas maldades. Eu quase morri por isso, não vou voltar atrás.

***

Quando cheguei para tomar café, naquela manhã, encontrei a mesa vazia. Onde todo mundo tinha ido?

—Senhorita?

—Eu. -Murmurei, me virando. Uma das servas cruzou as mãos. -Cadê todo mundo?

—A senhorita ainda não sabe?

—Não. -Peguei um pedaço de pão de cima da mesa. -O que aconteceu? Algum ataque?

—Não, não dessa vez.

—E então?

—O príncipe Loki desapareceu.

—Ele o que?

Ela começou a falar, mas eu simplesmente não ouvia mais. Não era um sequestro, disso eu sabia. Loki estava estranho na noite anterior, e parecia estar armando algo. Seja o que tenha acontecido... Foi proposital. Ele desapareceu, ninguém sumiu com ele.

—E os outros?-Perguntei, cortando a frase da mulher.

—O rei e a rainha estão na Sala do Trono. Lady Sif e os Três guerreiros estão procurando o príncipe. -Por ordem de Frigga, imagino, Odin devia estar saltitando de felicidade.

—Obrigada pela atualização. -Larguei o pedaço de pão na mesa e corri pra porta.

—A senhorita não comeu nada!

—Perdi a fome!

Loki continuou desaparecido o dia todo. Eu tinha até medo de descobrir o que ele estava armando dessa vez. Frigga parecia preocupada, mas conforme o tempo passou, ela se acalmou de maneira que não parecia que o filho tinha sumido.

Ótimo, ela sabia onde Loki estava, menos eu.

Cheguei ir à Bifrost, mas Heimdall garantiu que não sabia de nada. Eu meio que não acreditei muito. Se Frigga tinha algo com o sumiço de Loki, o Guardião não me contaria nada, por ordem dela.

—Tem mesmo certeza de que não sabe, Heimdall?-Insisti.

—Sim, Lady Dhenings.

—Avery, meu nome é Avery!-Suspirei. -Onde ele se enfiou, meu Deus? Ele só pode ter passado por aqui.

—Há outras maneiras de sair por Asgard. Loki conhece muitas delas.

—E você não consegue vê-lo em nenhum lugar?

—Não. Eu diria se soubesse.

—Pois eu acho que se alguém da realeza pedisse, você não ia me dizer. -Cruzei os braços.

—Ordens são ordens.

É, algo estava acontecendo, e eu não descobriria tão rápido.

***

—Avery, abre! Avery!-Saí da cama e abri a porta, antes que Sif a quebrasse.

—Que foi?

—Loki apareceu. Ele está esperando você no fim das escadas.

—Ele está inteiro? Vivo, não é?

—Desça e veja você mesma.

Agarrei a saia do vestido e saí correndo. Loki ia me ouvir, ah, se ia. Ele não ia escapar de um longo sermão, e de uns bons tapas também. Não podia simplesmente desaparecer daquele jeito e achar que tudo ficaria bem.

—Eu vou matar você, Loki!-Gritei, parando no topo da escada. -Eu vou... Que isso?

O deus da trapaça riu. Atrás dele, estavam meu pai, e a equipe toda, além de Jane e outros Asgardianos que eu havia conhecido recentemente. Odin e Frigga estavam mais afastados.

—O que está acontecendo? Estou perdida aqui.

—Bem, -Loki começou, com ar de diversão. -eu acho que não posso fazer uma festa de noivado, sem seu pai e seus amigos irritantes.

—Ah... Espera... Noivado? Oi? Volta a fita.

—Garota, ele quer casar com você. -Tony disse. -Dã. -Risadas por todo canto.

—Mas... Isso é sério?

—Eu não estou brincando. -Loki disse. -Porém, não haverá nada se você não disser que quer casar comigo, sabe. Avery?-Desci as escadas correndo, e então abaixei o tom de voz.

—E o seu pai? Ele não gosta muito de Midgardianos.

—Você sabe que não seria a primeira vez que crio polêmicas aqui. Ele não se importa. Mas Thor terá problemas. -Riu. Olhei em volta, meu pai estava sorrindo. -Avery? Eu preciso cancelar tudo?

—Não... -Olhei pra ele. -Quer casar comigo, Asgardiano? Perfeito. Eu aceito. -O beijei. Tive a impressão de ouvir Tony gritar “Ela tem uma doença grave, tadinha”, mas ignorei. -Nós vamos casar aqui, ou na Terra?

—Será esse o empate. Eu não entendo de casamentos Midgardianos.

—E eu não entendo de casamentos Asgardianos.

—Aê, não vai sair casamento!-Tony gritou, debochado. Olhei feio na direção dele. -Que é? Estou tentando te salvar, Vidradinha.

—Como vai ser, então?

—Por que não fazer diferente?-Frigga perguntou, se aproximando. -Um casamento Asgardiano e Midgardiano.

—São culturas muito diferentes. -Loki disse. -Não daria muito certo. Não combinaria.

—Ah, quem disse que precisa combinar? Tem que ser o suficiente para vocês. Apenas escolham o lugar, e eu darei um jeito no resto. Mas, creio que podem decidir isso depois da festa, não podem?-Olhei para Loki e fiz que sim. -Ótimo. Um brinde aos noivos!

***

—É perfeito!-Frigga exclamou.

—É Asgardiano. -Natasha murmurou, ela parecia entediada, assim como Sif. Elas combinavam um pouco. Jane estava encantada, olhando tudo o que podia.

Dias após o noivado, Loki e eu decidimos fazer a cerimônia na Terra, pois passaríamos um tempo muito longo em Asgard.

De acordo com minha futura sogra, eu teria que usar as cores de Loki no casamento. Não que fosse um sacrifício pra mim, eu adorava as cores dele agora, se tornaram as minhas. Antes, azul, agora... Bem... Agora eu tinha mudado de ideia.

Meu pai não sabia como reagir. Loki tinha o sequestrado uma vez, e também já quis me matar, porém, tudo isso passou. Mesmo assim, ainda devia ser confuso pro meu pai. Ele disse que estava feliz por mim, mas... Não sei... Acho que se ele não apoiasse mesmo, diria.

—É tudo tão confuso. -Murmurei, girando na frente do espelho para ver o vestido. -Somos de culturas e mundos tão diferentes.

—Eu sei, querida. -Frigga disse. -Mas vai dar tudo certo. Eu tenho certeza. Eu vi isso.

—Viu o que, exatamente?-Ela sorriu mais ainda.

—Eu não posso dizer. Mas você verá, no futuro. -Apenas acenei com a cabeça. -Bem, você precisa saber de algumas coisas, antes do casamento. -Me fez sentar, e então fez sinal, mandando as costureiras darem atenção para Sif e Natasha.

—Que tipo... De... Hum... Coisas?—Frigga riu do meu tom preocupado.

—Não esse tipo de coisas, não ainda. -Oou. -Odin irá fazer o casamento de vocês.

—Ah... E isso é bom?

—Ele jurou que deixará você e Loki se casarem. Não há riscos, Avery. -Assim espero.

—Entendo.

—Confie em mim, nada irá impedir o casamento de vocês.

—Assim espero.

***

Eu não vi Loki por dias. Isso foi coisa de Frigga. Por mais que “fossem as regras” era chato. Eu queria conversar com meu noivo, ficar perto dele, até finalmente nos casarmos. Mas isso não aconteceria tão rápido.

O casamento era confuso demais, pra mim. Tirando o que eu sabia, bem... Era confuso.

Odin estava sem expressão, como sempre, mesmo que tivesse nos desejasse felicidades, e muitos filhos. Eu meio que quase entrei em pânico nessa parte, o que fez muita gente rir da cara que eu fiz.

—Ele está falando sério?-Sussurrei, me inclinando na direção de Loki.

—Sim, está. -Ele sussurrou de volta.

—Mas...

—Shh.

Minutos mais tarde, todos os Asgardianos que conhecemos vieram nos desejar vários filhos. Eu acabei engasgando quando até mesmo Thor disse isso, e comecei a tossir sem parar.

—Alguma coisa errada?-Ele perguntou, confuso.

—Por que vocês ficam dizendo isso? Eu sou nova demais pra ter filhos!-Thor deu de ombros. -Vocês são todos loucos.

—Então você é louca também, agora.

—Louca eu sempre fui... Cunhado. -Thor sorriu e me abraçou. -Ai, ai, calma. Eu não sou forte como vocês.

—Desculpe. -Abraçou Loki, que revirou os olhos, mas retribuiu o abraço. Foi muito fofo. E Tony bateu uma foto disso. Ele iria aprontar, com certeza.

—Me solta, Thor!-Loki mandou, incomodado. Então voltou pro meu lado, segurando minha mão. -Sem demonstrações.

—Só pode comigo. -Murmurei, tentando não rir. -Foi fofinho, sabe.

—Sem gracinhas.

—Você não manda em mim, bonitão. Só porque uso uma aliança, e as suas cores, não significa que você é meu dono.

—Sou seu marido.

—Continua não sendo meu dono. -Dei um beijo no rosto dele e me afastei, indo até meu pai. -Como está?

—Bem. -Ele respondeu. -Meu Deus, lembro do dia que você nasceu e não posso acreditar que acabou de se casar!

—O tempo passa rápido. Rápido até demais. -Olhei para Loki, conversando com Frigga. - Tenho medo de imaginar quando estarei velha o suficiente para... Morrer e deixar Loki.

—Vai demorar. E quero muitos netos até lá.

—Até você?

—Não netos agora. Espere uns... Dez anos. Não, onze, onze anos. -Ri.

—Sempre vou ser sua garotinha, pai. Só que agora você me divide com Loki.

—Eu sei. Se ele fizer alguma coisa, qualquer coisa, você vai até a Bifrost e volta pra Terra. Eu vou até Asgard dar um jeito naquele trapaceiro, eu juro.

—Loki não vai me machucar.

—Espero que não. Coitado dele se o fizer.

—O senhor é um cientista, não um guerreiro.

—Pra defender minha garotinha... Eu faço qualquer coisa. -O abracei, os olhos cheios de lágrimas.

—Te amo, pai.

—Eu também te amo, querida. Não importa quantos anos tenha. Eu sempre vou te amar.

*** TRÊS ANOS DEPOIS...

As coisas iam muito bem. Eu ainda não tinha filho nenhum, e todo mundo comentava sobre isso quando podia. Frigga sempre dizia que eu e Loki não devíamos perder tempo, mas eu sempre era contra. Eu não viveria tanto quanto o deus da trapaça, e deixar meus filhos para trás, só com Loki... Seria tão ruim quanto deixar apenas ele.

Bem... Ainda estávamos em Asgard, mas tínhamos previsão de ir para Terra no próximo ano.

Notícias vieram, e era... Surpreendentes.

Meu pai estava namorando uma mulher chamada Lucia. Ela era cientista que trabalhava na Torre Stark, contratada recentemente. Parece que ela e meu pai estavam nos mesmos projetos... E começaram a sair pra jantar quando dava, então... Bem, começaram a namorar. Eu estava super feliz por eles. E Lucia era um doce, pelo que me disseram.

A equipe dos Vingadores ia muito bem. Umas briguinhas entre Stark e Steve, mas nada de muito grave. Falando em Steve, não é que ele e Maria estavam namorando? Era bom saber, eles faziam um belo casal.

Clint, me disseram, bebeu pra caramba, numa saída entre ele, Steve e Tony... Bem, o Gavião acabou dizendo que era completamente apaixonado por Natasha e a pediu em namoro. A ruiva deu um soco no pobre bêbado, fazendo-o desmaiar. No dia seguinte, eles já estavam namorando.

Bruce também estava namorando, com Ellen, e eles pareciam felizes. O Hulk só aparecia quando necessário, pois a psicóloga conseguia acalmar Banner.

Thor e Jane lutavam para se casar. Odin não estava feliz com a futura união dos dois, e vivia insistindo que Loki e eu não éramos um exemplo. E que Loki não assumiria o trono, bem... Apenas se Thor o desse para ele, e se o próprio Odin já estivesse morto. O velho não devia ter falado na frente do meu marido, já que um sorriso maldoso apareceu no rosto dele, que só saiu depois do meu olhar de pânico.

Mandy e Guilhermo estavam saindo, pelo que me contaram. Eles não estavam namorando, mas parece que foram flagrados se beijando. Era bom saber, Mandy, a verdadeira pelo menos, era boa.

Os pais de Lally esperavam um bebê. Parece que se chamaria Ollivia Allysia Finnt.

O internato abriu novamente, e não havia risco de invasão de deuses Asgardianos, bem, pelo menos não de Loki.

Fury, que não apareceu no meu casamento (mas mandou parabéns), estava de férias. O que fizeram pra ele aceitar isso, eu não sei. Bem... Foi o que me disseram. Mas quando eu perguntei bem para Heimdall o que estava rolando, ele disse que as coisas estavam tensas. Fury não estava de férias, então. Mas o que estava rolando?

Decidi não me meter, por enquanto, e aproveitar a vida de casada.

—No que está pensando, Avery?-Loki perguntou. Estávamos sentados em um pequeno sofá, na sacada.

—Nas coisas da Terra. Eles estão se virando sem nós.

—Estão. Não precisa se preocupar. -Suspirei.

—O que será que eles estão fazendo agora?

—Bobagens. Ou discutindo. Eles só fazem isso.

—Loki. -Dei um tapa no braço dele. -Sinto saudades da Terra.

—Logo iremos visitar seus amiguinhos irritantes.

—Não fale assim deles.

—Eles são irritantes.

—Eles te aceitaram na equipe, mesmo que detestassem você.

—Fizeram porque não tinham escolha. -Olhei pra ele.

—Você conseguia ser terrível, sabia? Mesmo assim... Me apaixonei por você. As pessoas mudam de opinião, Loki. Acho que mudaram de opinião também.

—Eu não teria tanta certeza. -Revirei os olhos.

—Você é tão complicado!-Ele riu.

—Você também é. Tem evitado minha mãe o tempo todo.

—Ela só fica dizendo que quer netos. Eu não consigo me imaginar tendo filhos agora, Loki!

—Prometo que vou falar com ela.

—Seria bom. Eu gosto muito dela, e não sei como dizer que não, sem magoá-la.

—Ela vai entender. Ela é compreensiva.

—Espero que sim. -Revirou os olhos, me puxando pra mais perto. -Que?

—Nada. Mas talvez essa coisa de mini semideuses... Seja uma boa ideia.

—Nem vem. Não vamos treinar. -O empurrei de leve.

—Você bem que tinha achado bom.

—Idiota. E fala baixo. Eu morreria se alguém te escutasse.

—Não podem fazer nada. Eu sou o príncipe, eles devem discrição.

—Ninguém vai deixar de comentar por causa disso, bonitinho.

—Você...

—Que bom que os encontrei rápido. -Loki e eu olhamos ao mesmo tempo. Era Thor. Ele tinha alguns machucados e parecia cansado.

—O que aconteceu?

—Midgard está em perigo.

—O que é agora?-Perguntei, me levantando. Loki fez o mesmo. -Alienígena...

—Não. Parece que é uma das criaturas de Stark.

—Tony? Sabia que aquelas coisas dele iam dar problema. -Me lembrei do robô que pareceu se mexer... Talvez não tenha apenas parecido. -Mas como está a situação?

—Ruim. Estamos com muitos problemas. Não conseguimos vencer sozinhos. Precisamos de ajuda.

—Estou indo me vestir. -Olhei para o deus da trapaça, que acenou positivamente.

—Por favor, sejam rápidos. Não sabemos até quando conseguiremos atrasar aquela coisa.

—Tudo bem. Os outros, como estão?

—Feridos, mas bem.

—Então vamos antes que sejam mortos. -Peguei o caminho do quarto, com Loki me seguindo. Se Thor estava machucado daquele jeito, então a coisa era grave. Pensei no meu pai e na namorada dele. Eles tinham que estar bem.

—Thor estava escondendo alguma coisa. -Loki murmurou, mais para si mesmo do que pra mim. -Mas o que?

—O que ele esconderia de nós?-Entrei no quarto, pegando um traje de batalha que havia sido presente de Frigga, eram nas cores de Loki.

—Não sei. Vamos descobrir. Eu acho que a situação é pior do que ele disse.

—Espero que não. Mas, sabe... Tem algo bom nisso tudo.

—E o que seria?

—Vamos voltar a ação. Não sei o que nos espera lá, mas vamos acabar com aquela coisa.

—Quer mesmo fazer isso?-Segurou minha mão. Sorri.

—A Terra precisa de nós.

"É apenas uma guerra

Apenas outra família destruída

(Caindo da minha fé hoje)

Apenas a um passo do precipício

Apenas outro dia no mundo em que vivemos"