Off with her Head escrita por Ghost Writer


Capítulo 1
Apreço


Notas iniciais do capítulo

OBS: Em todo o capítulo vou informar o ano qual a história se passa para quem se perder!Ano 1 - 1783



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Eu só ouvia o barulho das correntes arrastando pelo chão de pedra,passos firmes os dos guardas que a cercavam. Ela estava linda.

Seus cabelos anormalmente roxos estavam enrolados ao topo da cabeça e em seu pescoço estavam as jóias quais uma vez foram pertencentes à corte.O povo esbravejava compassadamente "fora com a cabeça dela";nunca estive tão aterrorizado em minha vida;aquele povo leigo que nunca notara quão importante foi a mulher qual seria degolada,que queriam apenas assistir ao banho de sangue injusto junto à burguesia,apenas como entretenimento(mas a que preço?).

Eu a encarava.Estava de cabeça baixa;tentei ver seu rosto mas assim que seus olhos encontraram os meus,engoli em seco;percebia-se que o ódio a sucumbira por inteiro.Lançou-me um olhar que,se matasse,eu já estaria ardendo nas chamas do inferno.

Esta é a história de uma princesa ridicularizada pelos pais, qual cansou de seu "conto de fadas" e decidiu retirar-se para a vida,a qual seria dividida comigo.

Tudo começou a seis anos atrás,logo após a morte de meu pai Senhor Geovann Buttenbender,general e líder das tropas armadas francesas.Lembro de minha mãe aos prantos e do silêncio sombrio daquela catedral;sentados estavam outros generais que eram comandados por meu pai e alguns outros homens pertencentes ao exército.O silêncio é rompido pelos anunciantes reais,quais declaravam a chegada do Rei e sua família.Imediatamente,todos ficam de pé em respeito a ele e suas duas filhas,Abigail e Edmontine,a mais nova.Seus cabelos roxos me intrigaram desde o início,fiquei encarando-a descendo de sua tiara até seus olhos azul-claro que cintilavam com a luz vinda de um vitral. Seu olhar displicente conseguiu arrancar-me um sorriso vagaroso em um momento tão... "fúnebre".

Eu também não aparentava interesse ao discurso de homenagem do Rei, porém certos trechos me chamaram a atenção de tão incorretos que foram.

"Um bom homem",começou o Rei,"bom marido e pai, General Buttenbender serviu bem à sua pátria e sua família.Manteve sua bravura e lealdade até ser pego pelas garras da morte.A França jamais esquecerá de seu legado.Que ele seja recebido pelos anjos de braços abertos nos portões do paraíso".

"Bom marido", traíra minha mãe inúmeras vezes em qualquer e todo tipo de festivais;"bom pai",culpou-me pela morte de seu primogênito(logo após de meu nascimento, meu irmão morrera de varíola com apenas seis anos;desde então;meu pai me tratava como uma espécie de maldição e com certeza não estaria nem um pouco satisfeito ao saber que eu seria seu herdeiro no exército).

Passaram-se por volta de uma hora e meia após o Rei discursar aquele monte de sandices sobre orgulho francês,piedade divina,entre outros. Como de costume, eu e mais cinco tios levamos o caixão até o enterro,onde cobriram Geovann com sete palmos de terra;e graças à minha mãe, pude ser liberado da missa que levaria mais três horas ajoelhado sob uma placa de madeira.

Havia uma ponte na entrada do cemitério a qual me dirigi imediatamente, ao chegar, debrucei-me no corrimão de pedra e soltei um suspiro. O discurso do Rei ecoava em minha cabeça juntamente com a declaração perpétua de ódio que Geovann fizera algumas semanas antes de sua batalha; nunca pensei que fosse tão odiado assim.

Uma lágrima fria escorreu em meu rosto enquanto os ventos do inverno me congelavam aos poucos. De repente sinto um toque suave e quente em meu ombro.Olho com desdém inicialmente para a mão feminina repleta de anéis nos dedos,entre eles,o anel com brasão da família real,arregalei os olhos e virei-me rapidamente,era Edmontine.

Ela olhava fixamente com seus grandes olhos azuis para os meus de modo dócil e sorria para mim em consolo. Eu continuava perplexo com sua presença,até o surpreendente acontecer, ela se aproxima e me envolve com seus braços. Nunca havia me sentido assim... do nada,o frio havia passado.

—Um homem demonstra sua bravura não apenas erguendo uma espada,mas sim liberando e enfrentando todos os demônios de o assombram- sussurrou Edmontine.

De repente o abraço tornou-se mais apertado e eu cedi. A abracei forte e senti uma lágrima espontânea escorrer de meu rosto e afundei meu rosto no ombro de Edmontine, fazendo com que ela me apertasse com força.Eu não estava triste,não sei como tal coisa aconteceu mas... me senti melhor depois de tudo aquilo.

Afastei-me bruscamente desmanchando o laço que seus braços faziam ao meu redor e me ajoelhei para cortejá-la.

—Ora essa, sem formalidades!- disse Edmontine estendendo sua mão para que levantasse- Diga-me seu nome.

—Ahm...- gaguejei- James Buttenbender II vossa alteza.

— És inglês?-perguntou.

—Por parte de mãe, recebi o nome de meu avô.

—Entendo- disse intrigada- Suponho que já saiba o meu.

Mademoiselle Edmontine Bourbon, filha de Vossa Majestade...- me interrompeu.

—James, por favor, odeio formalidades- disse a princesa fazendo careta.

Não pude deixar de soltar um riso bobo com aquela expressão em seu rosto. Sorriu, pegou-me pelo braço e me puxou junto a ela.

—Você precisa se animar... Siga-me!

A princesa começou a correr em direção ao palácio real, não parávamos de rir. Parecíamos duas crianças bobas brincando de pique;apesar da situação constrangedora, eu nunca havia me sentido tão vivo. Chegamos à uma porta dos fundos do palácio, qual me puxou para dentro já clamando a cozinheira.

—Tia Beth!-exclamou Edmontine.

—Tia?- perguntei intrigado.

—Beth me criou e cuidou de mim desde menina, para mim ela é algo mais do que uma criada.

—Edmontine! O que faz aqui?- reclamou uma mulher baixinha de meia idade - Sua mãe vai lhe matar se te ver aqui!

—Eu vim pelos bolinhos Beth- falou Edmontine de cara amarrada cruzando os braços.

—E quem é este jovem que a acompanha?- disse avaliando cada detalhe de meu rosto e roupa- É o filho do general que morreu em combate?

—James Buttenbender II- disse assentindo com a cabeça.

—Meus pêsames pelo general monsieur Buttenbender- disse Beth respeitosamente.

Obrigada e...Me chame de James por gentileza- olhei de relance para Edmontine e lancei um sorriso bobo- Odeio formalidades.

Ela riu, mas não desviou os olhos para olhar o que havia feito,estava focada demais observando o forno à lenha. Logo após da criada colocar os bolinhos no balcão que havia no centro da cozinha, Edmontine avançou no mesmo tentando pescar um deles com seus dedos finos e dourados de anéis, mas quase que instantaneamente, Beth pegou um pano e chicoteou-o na mão da princesa.

—Ai!- exclamou a mesma.

—A paciência é uma virtude minha cara- disse Beth sorrindo.

Eu e Beth rimos da expressão emburrada de Edmontine, até que uma voz estridente invade e ecoa na cozinha, a voz clamava por Beth.

—Rápido menina! Esconda-se!- sussurrou alto.

No mesmo segundo que a criada a alertara, Edmontine escondeu-se atrás do balcão e me puxou para baixo. Sentei no chão enquanto a observava ficar toda encolhida, como se quisesse desaparecer naquele instante.

—Beth! Edmontine já chegou? Beth?!- exclamava a voz aguda.

Sua expressão ficara mais tensa conforme um par de saltos tornava-se cada vez mais perto da cozinha. Quando o barulho estalara no chão de mármore da mesma e parou, ela agarrou meu braço, o envolveu e afundou seu rosto em meu ombro esquerdo, estava apavorada, e eu não fazia ideia do que estava acontecendo.

—Beth, você tem notícias de Edmontine?

—Ainda não Vossa Majestade, provavelmente ainda está no funeral do General Buttenbender- responde Beth quase que imediatamente.

"Vossa Majestade"... Arregalei os olhos e engoli em seco quando percebi que estava diante da dama mais excêntrica de toda França, Maria Antonieta.

—Pode acreditar que aquela menina escondeu o espartilho novamente? Não aguento Edmontine e estas sua falta de modos! Ela age como uma camponesa, nunca está com as vestimentas de acordo...- bufou a Rainha-Nunca tive estes problemas com Abigail, sempre obediente e tudo mais...Enfim! Traga-me o chá da tarde, teremos visitas.

—Sim senhora-disse Beth seguindo Maria Antonieta.

—Por pouco...- suspirou Edmontine aliviada.

—Você está sem espartilho?- perguntei segurando riso.

—Calado,vamos sair daqui- disse ela rindo.

Antes de sairmos às pressas,esticou sua mão e pegou um punhado de bolinhos em mãos,me puxou e corremos para fora do palácio, parando em uma árvore isolada que vira no meio do caminho.

—Está com fome?- ela perguntou sorrindo.

—Muita- respondi sorrindo e ofegante pela corrida.

Ela encarou o bolinho em suas mãos de olhos cerrados e deu uma mordida, fez um grunhido de aprovação e sorriu mastigando. Em seguida, pegou um e colocou em minha boca.

—Meu Deus, isso é uma delícia!- exclamei de boca cheia.

—James! Onde estão seus modos?- disse Edmontine rindo e indignada.

—Suponho que no mesmo lugar onde você escondeu seu espartilho, "mademoiselle camponesa"- respondi com um charme debochado.

A princesa começou a rir e depois deu-me uma cotovelada no meu braço. Enquanto nos empanturrávamos com os doces bolinhos de Beth, escuto uma voz de longe chamando por mim.

—Parece que estão lhe chamando- alertou-me.

—Deve ser minha mãe... Preciso ir, foi uma honra conhecê-la.

— Pois bem,até mais ver, James- disse Edmontine de olhos meio cerrados. Aproximou-se de meu rosto e beijou minha bochecha. Depois, levantou-se e foi embora.


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Notas finais do capítulo

O primeiro capítulo está meio longo porque quando escrevi não delimitei tudo certinho,enfim,espero que gostem!



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