Konoha, 10 de junho de 2008

A cada dia que se passava meu corpo ia ficando cada vez mais fraco. Meu rosto estava pálido e a comida não me satisfazia mais, os meus lábios eram como se não fossem mais meus, como se outra pessoa agora fosse dona deles, porque não conseguia mais sentí-los.

No meu quarto eu não queria mais ficar, me dava medo à noite só em lembrar daqueles incríveis olhos vermelhos. Não lembro de nada do que sonhei, mas parecia tão real que até hoje aquele maldito sonho ruim me perturba. Meu pai não sabe mais o que fazer comigo, já me levou ao hospital várias vezes para fazer exame de sangue mas os médicos sempre dizem que está tudo normal comigo. Ele fica sem entender.

Não vejo Sasuke a tanto tempo, e sinto que as lembranças dele estão sumindo sem eu poder fazer nada para impedí-las. Não fico mais no quarto, pois, aquele lugar sempre faz com que eu me lembre dos sonhos que tive e que hoje quero esquecer, sonhos que continham Sasuke e outro que está arruinando minha vida a cada segundo.

Não consigo mais me olhar no espelho, não quero ver a marca que deixaram em mim. A marca que ainda dói só em tocá-la. Não choro mais, pois, me acostumei com a dor e porque não tenho mais lágrimas.

- Sakura, minha filha. Por favor, come alguma coisa – meu pai colocava a mão na cabeça insistindo para que eu comece.

- Desculpa pai, mas estou sem fome – respondi levantando-me da mesa.

- É sempre assim, todo dia você fala a mesma coisa. Diz que está sem fome e logo depois vai sentar-se naquele sofá o resto do dia – ele levantou-se e segurou em meu braço. Estava sério olhando fixo para mim, não falei nada, já sabia o que aquela expressão significava. Voltei a me sentar na mesa e comecei a comer forçadamente o prato de comida.

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Ainda estava meio de tarde então resolvi sair de casa mesmo estando fraca pra isso. Na verdade eu não me importava com o que estava acontecendo comigo, não fazia a maior diferença pra mim está com uma péssima aparência e em um estado deprimente. Eu realmente não ligava.

Não tinha o que fazer na rua a não ser passear pela praça. Depois de tanto tempo sem falar com a May, sem dar alguma notícia a ela, não sei se ela ainda vai querer falar comigo, por isso prefiro não me arriscar em ir chamá-la.

A noite havia chegado muito rápido e com ela o frio que tanto temia. As ruas de Konoha sempre tão escuras, sempre tão fazias. Mesmo morando aqui já a algum tempo, ainda não entendia porque de dia era tudo tão movimentado e de noite quase não se via gente fora de casa. Era estranho.

A ruas começaram a escurecer ainda mais e só o que iluminava-as eram as luzes do poste e os faróis dos poucos carros na estrada. Achei melhor então voltar pra casa antes que Komui ficasse desesperado me procurando.

A cada passo que eu dava, a luz dava também se afastando de mim. Estava cada vez mais escuro, o meu casaco não me aquecia mais e restou apenas abraçar a mim mesma. E novamente aquele terrível som de correntes se arrastando no chão tomava conta dos meus ouvidos. Tão alto, tão barulhento me fazendo tremer não só pelo frio como também pelo medo que estava sentindo.

E mais uma vez eles voltaram a me encarar. Aqueles olhos vermelhos saiam da escuridão em que eu estava até chegaram o mais perto possível de mim. Sentia uma força absurdo me forçando a chegar ainda mais perto. O dono daqueles olhos até então se escondia perfeitamente nas sombras impedindo-me de vê-lo claramente. Ameacei correr pra longe dali, foi aí que então fui pega em seus braços.

A escuridão não pertencia mais aquele lugar e aos poucos pude ver a sua face que denominei quase perfeita. Fiquei tão assustada com a sua aparência, ele era quase idêntico a Sasuke, quase tão perfeito quanto Sasuke, o que o diferenciava dele era a cicatriz abaixo dos olhos e o seu corpo mais evoluído, diria que era mais velho. Mas muito bonito. Os olhos vermelhos sumiram dando espaço a um lindo par de ônix assim como os do Sasuke.

Depois do que estava vendo não senti mais medo de ficar como estava, de alguma forma ele me trazia paz então me acalmei mais.

- Quem é você? - perguntei depois de perceber que ele tinha me soltado.

- Um amigo talvez, Sakura? - respondeu mostrando um belo sorriso pra mim, passando a mão em suas compridas mexas negras – Me chame de Itachi.

- Itachi – repeti seu nome num sussurro – Hum, como sabe o meu nome?

- Eu sei o nome de todos – riu - E percebo que você não acha estranho o fato de eu ter aparecido assim do nada – ele deu uma piscadela pra mim e sentou-se no chão.

- Na verdade não, digamos que me acostumei com certas aparições – depois dessa noite tenho quase certeza de que não sentirei mais medo quando eu estiver em meu quarto. Seu jeito calmo, me confortava estranhamente.

- Então, Sakura. Soube que o Sasuke estava visitando-a ultimamente. Me diga, ele a assusta? - levantou uma das sobrancelhas olhando fixo pra mim.

Do que ele estava falando? E como conhecia o Sasuke? E porque perguntar se ele me assustava? Estranho como ele sabia de tudo que estava acontecendo comigo, mas a verdade é que não vejo mais o Sasuke e fala dele me deixava realmente incomodada.

- Porque que saber? - cruzei os braços me negando a falar.

- Ora, sou seu amigo lembra? Mas se não quiser contar não importa – soltou um leve suspiro e levantou de onde estava sentado, sacudindo depois a sua calça preta.

Não respondi nada, preferi calar a minha boca ao invés de ficar conversando com um ser que nem ao menos conhecia. Ele ficou me olhando por alguns segundos e logo depois bateu com a mão uma na outra e tudo em nossa volta escureceu-se. Apareci em meu quarto e Itachi não estava mais comigo.

- Cadê você, Sasuke? - me joguei em minha cama – Sinto sua falta.