Konoha, 27 de maio de 2008

Suspiros e mais suspiros são soltos pela rosada. Nem sabe mais há quanto tempo ela estar lá. Komui é mesmo muito insistente, na maioria das vezes é calado e só ouve. Mas quanto o assunto é sua filha e a saúde da mesma, aí tudo muda. Chega a ser estranho.

- Pai, quantas vezes eu tenho que repetir? Eu estou bem – Sakura tentava acalmar seu pai, mas era inútil.

- Não, não está nada bem. Eu preciso ligar para um médico urgente – Komui andava de um lado para o outro com as mãos na cabeça – Eu estou falando sério, filha. Isso não é normal – parou um instante pra mirar a rosada. Batia em sua calça várias vezes na tentativa de achar o seu celular – Onde foi que deixei?

Ela riu com o desespero do pai a procura do celular. Encostou as costas de sua mão em sua testa pra verificar a sua temperatura e viu que estava normal. Não acreditava no que fazia, mas de tanto Komui insistir dizendo que ela estava doente, queria ter certeza se era verdade ou não. É verdade que o seu tom de pele havia mudado muito. Estava mais pálida que o normal e com olheiras terríveis em volta dos olhos.

- Quanto tempo mais irá rodear a casa? - perguntou. Vendo que Komui não ligava, revirou os olhos mostrando o celular que ele tanto procurava – Eu não irei te dar até ficar calmo e me escutar – explicava enquanto Komui andava em sua direção assentindo com cabeça – Eu estou bem, pai. Não estou mentindo. Acho que tudo isso deve ser porque não ando dormindo muito bem – ela se jogou no sofá pondo o braço em frente ao olhos.

- Se for isso... - pausou – Precisa descansar mais, e se alimentar também, pois não anda comendo nada ultimamente – se sentou no sofá ao lado da filha.

Será que tudo isso era por causa daquele ocorrido em seu quarto? Claro que já tem algum tempo, e desde daquele dia Sasuke não apareceu mais. Sakura de certa forma setia saudades do moreno que a assombrava antes de dormir. E esse deve ser o motivo da sua insônia, fica à noite toda esperando que ele apareça novamente e acaba nem dormindo, preocupando assim o seu pai.

Por que isso agora? O que ele quer conseguir fazendo a rosada esperar por ele à noite? São perguntas que talvez nunca haveram respostas. Seus pesadelos lhe faziam falta, o que mais queria era deitar em sua cama e ter mais um deles. Sasuke, cadê você? Sakura levantou-se do sofá, subiu as escadas indo em direção à seu quarto. Precisava descansar agora, já que May iria lhe chamar de manhã cedo.

x.x

A brisa forte entrava pela janela sacudindo as delicadas cortinas rosadas. Mirava as folhas das árvores se balançando lá fora. Sentiu sua doce face sendo molhada. As lágrimas escapavam de seus lindos olhos esverdeados dando mais brilho aos mesmos. Lágrimas de lembranças, lembranças que jurou esquecer e que agora vinham a tona. Lembranças dela quando criança e da sua mãe.

- Por que está chorando? – aquela doce e rouca voz invadiu seus ouvidos novamente. Sim, era ele.

- Sasuke? - a rosada rapidamente secou suas lágrimas, levantando indo em direção ao moreno sentado em sua estante – Onde esteve? - tocou-lhe a face.

- Por aí – ele sorriu segurando mão de Sakura em seu rosto. A acariciou soltando-a depois – Por que estava chorando? - sua expressão mudou totalmente ficando preocupado.

- Não era nada – aliviou-o pondo o breve sorriso no rosto. Sentia uma felicidade inexplicável por poder ver Sasuke de novo. Em tão pouco tempo já sentia falta dele quando não estava por perto. Mesmo depois de tudo. Loucura? Talvez.

- Você deveria descansar pelo menos um pouco. Estar visível seu cansaço – ele pôs os dedos sobre a pálpebra da rosada, e foi descendo até seus lábios. Desceu da estante ficando em frente à Sakura e logo depois a guiando para a cama onde a deitou. Estava sério, ela faria de tudo agora pra saber o que ele estava pensando, mesmo que custasse muito tal coisa – Irei ficar até você dormir.

A rosada nada respondeu. Preferia que fosse assim ao invés de não telo ao seu lado mais uma noite. Não iria julgá-lo, nem questioná-lo, pois não queria perdê-lo. Agora mais do que nunca, sentia que ele precisava dela mais do ela precisava dele e não sabia porque. Sasuke, eu posso te ouvir. Recostou sua cabeça no peito do moreno aquecendo-se com o abraço do mesmo.

-

As janelas se fecharam, e ele a deixou lá adormecida.

Konoha, 28 de maio de 2008

Sakura remexia-se na cadeira impaciente. Estava em uma sorveteria cuja May a levou pra conhecer. Seus dedos batiam incontrolavelmente na cadeira irritando o ruivo a sua frente - Gaara, o noivo de May e seu amigo também. Em Konoha ainda havia muitas famílias tradicionais japonesas, nas quais seus filhos eram prometidos logo quando nasciam. Gaara e May pertenciam a uma delas e por esse motivo iriam se casar. A rosada achava estranho essas coisas e o fato de May nem ligar ou nem ficar abatida com a situação que a colocaram, ela gostava até de falar sobre o assunto ao contrário do ruivo que não estava nem aí.

- Demorei? - a morena chegou à mesa com uns papeis nas mãos, dobrando-os e pondo na bolsa – Sakura, nem precisava fazer essa cara – falou May percebendo a feição da garota.

- Será que posso ir agora? - perguntou Sakura se levantando.

- Vai na sombra – murmurou Gaara. Passou uma das mãos em suas madeixas ruivas tentando ajeitá-las um pouco e levantou-se também.

-

O caminho pra casa nem foi tão demorado como das últimas vezes que saíra com May, pois o local para onde foram ficava um pouco mais perto de casa. Ainda eram nove horas da manhã, provavelmente seu pai não deveria estar em casa.

Tirou as chaves do bolço do casaco e abriu a porta de casa. Dirigiu-se até a cozinha e jogou seus casaco em cima da mesa.

- Komui, você bagunça a casa inteira – falou subindo as escadas.

Seu quarto estava do mesmo jeito que deixou quando saiu. Todas as suas coisas estavam espalhadas do chão fazendo-a tropeçar inúmeras vezes. Seu corpo pesava e uma enorme dor começava a atingí-la por completo até não conseguir mais andar. Sentiu uma ardência inexplicável em seu pescoço fazendo a rosada gritar de dor. A cada segundo a dor aumentava, e ela era impedida de se mexer. Os gritos de Sakura eram incontroláveis, quase sufocantes. Não sabia o que fazer, só não pode ver mais nada.

O teto do seu quarto havia tomado uma cor avermelhada e sob os seus pés não havia nada, só uma imensidão negra. Estava em seus sonhos novamente, só que dessa vez era diferente. Isso a deixava assustava, se era Sasuke de novo, não sabia o que estava querendo.

- Sakura – ouvi alguém chamá-la – Quer que isso aconteça? – perguntou. Não sabia do que ele estava falando, mas sentia medo em saber o que era. Ela perdeu o equilíbrio indo direto ao chão. Amedrontada, pôs suas mãos em seus ouvidos não querendo mais ouvir o que tinha a dizer – Irei afastá-lo de você, prometo – falava calmamente. A rosada num impulso olhou pra frente deparando-se com olhos intensamente vermelhos a fitá-la. Gritou.

 “Não olhe para atrás, se não quiser ver o fim. Fique comigo e eu serei apenas seu, assim como você será apenas minha.”

Uchiha Sasuke

- Sakura?