ピンキー – Pinky escrita por Cherrysama


Capítulo 2
Capítulo 2




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Livro um

Primavera

2

Mau Começo

A volta para casa foi, no mínimo, silenciosa. Isso para não dizer estranha e desconfortável. Itachi aparentemente nunca foi uma pessoa tagarela, e parece que Sakura também não se sentia a vontade para falar.

Ela já havia agradecido pela ajuda, embora estivesse curiosa sobre o que ele havia feito com seu padrasto.

O que ela sabe é que ele a mandou esperar do outro lado da calçada, dentro de uma loja, e que por preferência mantivesse os ouvidos tampados. E meia hora depois, quando voltou, perguntou se ela queria morar em um orfanato sujo com um punhado de pirralhos encrenqueiros ou no seu apartamento consigo.

Ainda bem que Nagato havia dado uma pausa no lepo lepo quando eles dois chegaram. Os Uzumakis, como antes, não estavam em casa também, e Itachi não poderia estar mais aliviado com isso.

De pé na frente da porta do apartamento, a rosada não sabia bem o que fazer ou como deveria agir.

– Seu quarto fica no final do corredor – o moreno orientou de um jeito frio, carregando uma pequena mala cor de rosa – Sinta-se livre para explorar a casa. Eu vou comprar alguma coisa para comermos na lojinha do prédio.

Itachi sabia que era um pouco rude o modo como ele estava falando, mas não podia ajudar em nada. Era uma pessoa de poucas palavras, e normalmente as que saíam da sua boca eram ou palavrões ou ordens.

Após o Uchiha deixar o lugar, a menina abriu com pressa a porta que separa o seu quarto.

A cama era de casal, gigante e macia o suficiente para a rosada ficar com preguiça só de vê-la. Um armário e guarda-roupa vazios do lado, seguido por uma mesa de estudos e uma estante com três livros.

Sakura sinceramente gostou do seu quarto. Era simples, mas confortável, e ela agradecia por não ter nada extravagante.

Contudo, Itachi não ligava para preferências. Se gostou, bom, se não gostou, foda-se.

*

Já faz dois dias desde a adoção, e Itachi está com muita certeza de que ele é um fracasso como tutor. Todas suas tentativas de parecer “amável” e “dócil” como Tsunade disse que deveria ser com crianças foram em vão. Sakura era como ele, uma pessoa quieta, e não falava a não ser quando realmente necessário.

Bem, a única criança que Itachi já dividiu um teto alguma vez foi seu irmão caçula BARRA pior pirralho que já conheceu, portanto não é como se ele tivesse muita experiência no assunto. A verdade é que ele saberia como lidar com Sasuke, mas Sakura era uma história completamente diferente.

– Amanhã você começa a escola – ele mencionou durante o jantar – Você tem tudo que precisa? Podemos ir no shop-

– Não, obrigada – então deu mais um sorriso falso, retirando-se da mesa e dizendo para chamá-la quando for a hora de lavar a louça.

Suspiro. Seria melhor se ela fosse uma peste mal educada.

*

Por semanas, Itachi já havia bolado estratégias mirabolantes para fazer seus alunos calarem o bico para que ele pudesse pelo menos fazer a chamada – todas fracassando miseravelmente.

Entretanto, foi só a menininha de cabelos rosados entrar na sala que todos os olhos viraram na sua direção, quietos.

– Escutem, seus pirralhos cretinos – começou, com Sakura do seu lado esquerdo – Temos uma nova pirralha aqui na classe. Tratem ela bem, ou eu faço questão de cuidar pessoalmente das consequências.

Itachi viu quando Neji, um menino de olhos brancos considerado o gênio da classe, tentou levantar a mão para fazer uma pergunta. Mas ele foi mais rápido:

– Antes que comecem com o interrogatório idiota, ouçam o que ela tem a dizer sobre si mesma.

– Eu sou Sakura Haruno.

– …

A classe continuou olhando para a Haruno como se ela fosse um extraterrestre. Naruto, com um curativo colado na testa, apontou descaradamente para a menina e gritou:

– O cabelo dela é rosa?! CARAL-

Itachi habilmente pegou o livro de antes e tacou com mais força que o habitual, calando o Uzumaki.

– Sim, algum problema com isso? Se não, pare de ficar berrando tão cedo em uma segunda-feira. Alguém mais quer perguntar alguma coisa?

Dessa vez, ninguém impediu o Hyuga de levantar a mão:

– Com licença, Sr. Uchiha. Eu queria saber porque Sakura está na nossa sala, se está claro que ela é pelo menos dois anos mais nova que a gente.

Os outros pivetes arregalaram os olhos; provavelmente estavam tão ocupados olhando para o cabelo da menina que esqueceram de conferir todo o resto.

– Apesar de ter doze anos, Sakura é muito mais inteligente que as crianças da sua idade. Por isso foi permitido pelo diretor Sarutobi que ela pulasse dois anos.

A carranca discreta de Sakura aumentou quando uma dúzia de “oh's” foram ditos pelos alunos de 14 anos. Ela odiava receber tanta atenção.

– Tudo bem, agora que as perguntas acabaram, é melhor vocês permanecerem calados para pelo menos passarem uma boa impressão para Sakura – em seguida virou para sua filha adotiva, tentando seu máximo para parecer suave – Poderia sentar-se ao lado da Yamanaka? Ela pode parecer uma Barbie falsa, mas é uma pessoa até que na média.

Sakura sorriu na sua mente. Ela ficou um pouco surpresa pelo modo como Itachi trata os seus alunos, mas deu para notar que ele criou certa afeição por eles. E pelo visto, essa afeição é meio que retribuída de uma forma estranha.

No início ela se sentiu um pouco retraída por ter que estudar com pessoas mais velhas, no entanto descobriu que aquela gente tem uma mente tão infantil que poderiam se igualar a uma criança de nove anos. Por isso não sentiu que estudava com mais velhos; na verdade, ela sentiu que fosse a única mais velha dali.

– Oi, meu nome é Ino Yamanaka – sorriu colgate, estendendo a mão. Sakura aceitou o cumprimento e a loira continuou – Seu cabelo é natural?

– Sim – respondeu hesitante.

– Ahh, que legal! Ficou uma graça em você. A propósito, tá vendo aquele ruivo ali com cara de fome? Pois é, o nome dele é Gaara e...

Itachi observou, entre um palavrão e outro, que Ino e Sakura se familiarizaram muito rápido.

Isso é bom, sorriu discretamente, agora que tem amigos, talvez ela se abra mais em casa.

*

Mais tarde ele notou, com muito desgosto, que a pequena rosada havia feito amizade com mais alguém além de Ino.

– O que você está fazendo aqui? – perguntou com o cenho franzido. Na porta do seu apartamento estava ninguém menos que Naruto Uzumaki.

– Vim ver a Sakura, Sr. Doninha – em seguida, sorriu zombeteiro – É difícil acreditar que alguém tão delicado como ela mora com uma pessoa azeda feito você.

Uma veia dilatou da testa de Itachi. Porra, agora vou ter que ver esse pirralho além do trabalho?

– Ela não está. Vai embora.

– O QUÊ? SEU VELHOT-

E fechou a porta com força, decidido a não dar uma chance para o Uzumaki retornar.

Sendo honesto, Sakura estava em casa sim. O problema é que ela anda um pouco deprimida ultimamente, por isso ele achou melhor não incomodá-la com visitas indesejáveis, digamos assim.

– Er... eu trouxe umas bonecas. Você quer brincar? – perguntou batendo na porta. Ele pediu conselhos depois da aula para seu colega professor mais normal, Sasori Akasuna, que morava com duas irmãs mais novas e a avó.

O ruivo entregou essas marionetes femininas e disse que toda garotinha gostava de bonecas.

Mas em resposta, Sakura somente soltou um grunhido negativo e voltou a montar o quebra-cabeça de Itachi.

Ele percebeu, tardiamente, que a Haruno não era "toda garotinha". Ela viveu a maior parte da sua infância na rua, trabalhando para o padrasto após a morte da mãe. Não sabe praticamente nada sobre ela, e mesmo assim ofereceu teto, comida e água para uma menina que também não deve conhecê-lo.

Eles viviam na mesma casa, mas eram estranhos completos.

*

Noites de chuva nunca foram um problema para a rosada. O brilho dos raios entrando em contraste com as gotas geladas de chuva a encantavam; o som de água batendo com violência contra o telhado dava uma sonolência afável; e o cheirinho de terra molhada, combinado com todos os itens anteriores, trazia uma sensação de paz interior.

Mas sem dúvidas, seu preferido é o barulho do trovão.

Quando menor, na época em que seus pais moravam juntos, Sakura era uma garotinha muito medrosa e chorona, e se odiava por isso. Então, quando ouviu o barulho firme e forte do trovão durante uma noite agradável de tempestade, ela virou para seu pai e disse com um tom de voz determinado:

– Um dia, papai. Um dia eu quero ser que nem o trovão.

Seu pai. Não há nenhuma oposição: seu pai era o homem mais incrível que já conheceu. Ele se chamava Kizashi, e era o único que não zombava do seu cabelo rosa porque tinha um da mesma cor! Todos os dias, quando se sentia triste por alguma razão, seu pai sempre arrumava um jeito de anima-la.

– Não importa quando, Sakura – ele dizia sempre que tinha chance – Sorrir é a melhor maneira de lidar com situações difíceis.

Kizashi Haruno morreu no dia vinte e sete de março, vítima de um ataque terrorista em Iwagakure, uma vila pequena situada ao redor de Toronto.

Droga.

Lágrimas haviam se acumulado no canto dos seus olhos.

Não, não, não! Pensou, engolindo o choro, Foram cinco anos atrás, Sakura! Cinco anos!

Ela inspirou tão fundo quanto pôde, ainda com os olhos avermelhados. Não conseguiria voltar a dormir tão cedo depois dessa enxurrada de lembranças. Era melhor pegar um copo de leite quente e ler o segundo livro da sua estante antes de sentir sono de novo.

Itachi deve estar preocupado comigo, pensou enquanto praticamente se arrastava pelo corredor. A tempestade cortava o céu com força total lá fora. A água caía furiosa, e fazia um frio tão intenso que, por um instante, ela pensou que nevaria (apesar de estarem em março)

Uma sombra surgiu no outro cômodo.

– Tem alguém aí? – a sombra falou, irritada – Aparece logo, caralho!

Aquela posição, arregalou os olhos, é uma posição de jiu-jutsu!

– Sou eu, Sakura – informou, ainda atordoada com a descoberta.

Itachi bufou.

– Não faça isso, pirralha. Será que me odeia tanto que quer me matar de susto?

Em troca a menina deu de ombros, humilde, não tendo certeza se o moreno visualizou seu gesto.

– Não conseguiu dormir? – ele perguntou depois de um silêncio desconfortável – Tem medo de chuva?

Um trovão estourou triunfante nos céus.

– Sim - mentiu.

– Quer chocolate quente? Eu não gosto tanto de doces, mas é bom para relaxar os nervos – pediu, aproveitando a oportunidade de conversa.

Sakura balançou em afirmação, já se dirigindo para a cozinha. Ela sentou em uma cadeira e esperou pacientemente o seu guardião abrir a geladeira, tirando o leite condensado, leite líquido e uma barra de chocolate.

E isso é porque não gosta de doces, desdenhou.

Ela observou o moreno cortar a barra em cubinhos, jogar tudo na panela fervente e despejar o leite condensado junto. Em seguida, mexeu com a colher de pau até se formar um líquido doce, e depois jogar o mesmo sobre uma jarra de leite quente.

Mais algumas voltas com a colher e estava pronto o chocolate. O cheiro impregnava o ar docemente, já fazendo-a se sentir melhor.

–Aqui - ele entregou uma caneca azul com desenho de um leque vermelho e branco. Enquanto Itachi sentava na cadeira do lado oposto ao de Sakura, esta última observava a figura da caneca com a sobrancelha arqueada.

–Esse símbolo é familiar - constou depois de trinta segundos de análise. O Uchiha bebeu um gole do chocolate:

–É marca da empresa do meu pai - disse com indiferença - Uchiha Company.

Ela deu um leve sobressalto, reconhecendo o título.

–Hm.

Bebeu o líquido, sentindo o sabor adocicado preencher suas papilas de uma maneira que não esperava. O vapor quente invadia suas narinas instantaneamente durante a descida do leite achocolatado, e ela pôde distinguir por um curto período de tempo o leite condensado antes deste se misturar novamente com o sabor do chocolate.

–Você gostou? - perguntou o Uchiha na sua frente.

–É gostoso.

Então, secretamente, considerou como sua bebida favorita. O mais velho bebeu alguns goles e a sua caneca acabou.

–Onde aprendeu a fazer isso? - perguntou depois de terminar rapidamente o seu. Itachi pegou a jarra e despejou sobre a caneca azul, prevendo que a rosada desejaria mais.

–É uma receita secreta da minha avó - explicou - Quando eu era pequeno, meus pais não tinham muito tempo para mim e meu irmão mais novo, então nós dois "fugíamos" para a casa da minha avó com muita frequência. Em um dia como esse, quando chovia forte no início do inverno, ela fazia esse chocolate quente para nós nos aquecermos. Era... bom.

Silêncio. Os dois estavam ocupados demais se deliciando com a bebida para falar alguma coisa.

– Hei, Itachi.

– O que foi? - indagou surpreso por ela iniciar a conversa.

–Eu menti.

Ele parou de beber no mesmo minuto, interessado.

–Sobre o quê?

–A chuva. Eu não tenho medo.

–Se não tem medo, por que não consegue dormir?

Itachi observou durante algum tempo a hesitação da rosada. Hm, pensou entendendo, ela não confia em mim suficiente.

–Não precisa falar se não se sente a vontade - disse paciente - Mas saiba que pode vir a mim sempre que precisar. Eu não vou mord-

–Eles me fazem falta - sussurrou tão baixo que o moreno quase não ouviu. E antes que dissesse mais alguma coisa, finas e suaves lágrimas molharam a caneca de chocolate de Sakura.

Era a primeira vez que Sakura se sentia mal com a chuva. Pela primeira vez, os barulhos afáveis de gotas caindo do céu não a tranquilizavam; acontecia o oposto. A faziam lembrar da época em que aconteceu o ataque terrorista que matou seu pai.

A fez lembrar da sua mãe, que começou a beber bastante e frequentar bordeis. Era ela quem tomava conta da casa enquanto Mebuki Haruno bebia e apostava como se tivesse muitos pertences para apostar. Apostou a casa da família, o dinheiro do banco de emergência e até mesmo as lembranças dos seus parentes.

Quando todas as coisas de valor acabavam, ela chegou a apostar a si mesma. Foi forçada a casar com um homem que sempre a maltratava e batia quando podia, mesmo sem um motivo concreto. Uma pessoa igualmente bêbada e apostadora.

E quando esse homem soube que Sakura, a menininha chorona que sempre se escondia atrás dos livros do seu pai existia, ele.... ele tentou... ele quase conseguiu...

Nada. Nada aconteceu. Ela não se importava com mais nada quando sentiu um calor envolve-la em um abraço quente e acolhedor. Um abraço muito remoto, que ela só lembra de ter recebido de uma pessoa.

A pessoa que mais amou na sua vida: seu próprio pai.

–Vá dormir - Itachi mandou baixinho, ainda com seus braços envoltos dela - Amanhã será um dia longo, e já passam das onze da noite. Se não dormir agora, vai acordar com olheiras.

Ela concordou com a cabeça, voltando ao mudo. Observou com alívio e espanto que não sentia mais as lágrimas rolarem, e nem vontade de fazê-las rolar. E pensar que tudo o que precisava para livrar-se da vontade de chorar era isso: um abraço paternal. Algo... algo que ela nunca pensou que teria de novo.

–Obrigada - sussurrou antes que seu orgulho voltasse. O Uchiha deu um sorriso mínimo, beijando o topo da sua testa e desejando "boa noite"

E por incrível que pareça, Sakura dormiu com um sorriso nos lábios.


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