Ino estava tonta. As coisas pareciam girar ao seu redor, o teto branco imaculado parecia tão longe e depois tão perto, e novamente longe. Ela reconhecia esses efeitos dos tempos em que, sendo a menina inocente e imatura que era, havia caído na lábia de um garoto mais velho e experimentado pela primeira vez o gosto da maconha. Mas certamente ela não sabia que a enxaqueca profunda fazia parte dos efeitos, e sequer se lembrava de ter fumado qualquer coisa recentemente. Talvez ela tivesse bebido? Ela não conseguia se lembrar claramente da noite passada.

“Que inferno...”, ela murmurou sentindo a língua pesada e amarga em sua boca.

“Quem diabos é você?”

“Deidara? Do que você está falando, e como você entrou no meu dormitório?”, Com uma careta confusa, Ino jogou as pernas para fora da cama confortável, despendendo-se do casulo de cobertores que ela havia formado durante o sono.

“Olha cara, eu honestamente não sei quem você é, mas se você não sair do meu quarto agora eu vou ligar para a policia.”, Deidara parecia absolutamente irritado, e com certeza não era para menos, Ino conclui. Com um olhar rápido para o relógio ela viu como os letreiros vermelhos marcavam as 3 da madrugada.

“Heh Deidei, não seja tão denso. Eu não faço idéia de como eu vim parar aqui. Para ser sincera eu não faço idéia do que aconteceu na noite passado. Mas eu tenho certeza que você não vai ser tão duro assim para sua irmãzinha.”, com um bocejo lento e mal-disfarçado, Ino voltou a deitar na cama, enrolando-se nos cobertores de seu irmão. Era apenas 3 horas afinal.

“O que diabos você está fazendo? Eu juro pela santa castidade que esta sobre nós que eu vou te matar se você não sair da minha cama agora.”, Deidara esbravejou e Ino tremeu, virando e olhando curiosamente para o loiro enfurecido. O que diabos estava errado com Deidara?

Não era como se Ino nunca tivesse caído no sono na cama de Deidara. Na verdade, passado o tempo em que eram mais jovens Ino fazia isso com freqüência.

“Eu não sei o que vem acontecendo com você recentemente Deidara. Francamente, acho que você deve parar de andar com Sasori. Vocês são estranhos.”

Com um grunhido perturbado, Ino novamente levantou-se da cama e fez seu caminho lentamente para fora do quarto, sentindo o olhar duro de Deidara queimando na sua nuca.

Com um passo para dentro do banheiro Ino bateu a porta com força, ouvindo prazerosamente o gemido de um Deidara irado.

Coçando alegremente sua barriga, ino franziu o cenho para a picada de pelos suaves contra seus dedos. Estranho, tinha certeza que havia se depilado semana passado. Com um encolher dos ombros, Ino esticou-se nas pontas dos pés para o pote de cera quente sobre o balcão do banheiro.

Ino sempre havia sido uma menina feminina. Houve um tempo em que ela não poderia ligar menos para sua aparência, seus cabelos eram curtos e mal arrumados, sua pele estava sempre suja de terra ou alguma substancia extremamente pegajosa, e suas roupas na maioria das vezes estava em puro frangalhos. Mas esse foi um tempo antes de Uchiha Sasuke. O Gênio Uchiha, bonito e sedutor, com seus cabelos negros e seus olhos profundos, com uma personalidade totalmente estúpida e atraente. Desejo sexual e amoroso de 50% do campus da Universidade de Konoha.Os outros 50% estavam dedicados a um certo prodígio Hyuuga, que realmente não importava agora.

Sasuke havia sido o príncipe encantado de Ino desde seus 09 anos, e a partir do dia em que um boato de que ele preferia as meninas de cabelos longos correu pela cidade, Ino passou a deixar seus fios platinados crescerem em abundância. E a obsessão passou a ser um hábito adorável para Ino.

Ela havia se transformado de um menino desleixado para uma boneca Barbie apenas para o Uchiha.

E por ser extremamente peculiar com sua aparência, imagine qual não foi a reação de Ino quando naturalmente ela apontou o palito da cera quente para seu umbigo e vislumbrou um emaranhado de pelos loiros criando um rastro que seguia diretamente para sua pélvis até Deus sabe onde. E com um relance ela notou um abdômen tonificado e musculoso. Seu abdômen deveria ser plano e feminino, não não deveria parecer uma tabua de lavar roupa.

Engasgando-se com o susto, Ino olhou rapidamente para o espelho pendurado na parede e gritou de espanto quando olhos azuis muito familiares a olharam de volta.

Uma versão muito, muito, muito masculina de Ino a encarava do espelho.

Seus longos cabelos macios haviam se reduzido a um ninho rebelde que apontava para todos os lados em sua cabeça, a pele sedosa de seu rosto estava picando com uma barba rala e platinada. Mais para baixo, ombros largos e firmes mal se escondiam sob a camisa cor-de-rosa da Hello Kitty.

“Ai meu Deus, ai meu Deus, AI-MEU-DEUS!”, Ino puxou levemente o cós do short de algodão que ela havia misteriosamente vestido na noite anterior.

E Ino desmaiou.

Hinata não estava tendo uma manhã melhor.

Com um olhar hesitante e constrangido, a Hyuuga olhou novamente para seu reflexo.

Olhos prateados com um brilho atordoado, cabelos curtos e uma franja muito familiar sobre suas sobrancelhas a encararam com um blsuh vermelho profundo em suas bochechas.

“Eu sou um menino?”, Ela sussurrou tocando suavemente com a ponta dos dedos o fim de seu cabelo. “O-oque o Naruto-Kun vai pensar de mim?”

Com um guincho desesperado ela correu de volta para sua cama e escondeu a cabeça debaixo do cobertor.

E ela ficou ali por minutos que corriam lentamente. Em sua mão esquerda um bilhete estava preso entre os dedos, e lentamente ela o elevou ao nível dos olhos.

Desculpe por te chatear. Fui para a casa do Deidara.

Me liga!

XOXOXO

Y.I

Lendo novamente o bilhete de sua colega de quarto, Hinata estremeceu. Não havia nenhuma possibilidade dela continuar nesse estado... não-garota. E pra voltar pro seu estado... garota, ela ia precisar da ajuda de alguém. Quem melhor do que uma loira extrovertida e voluptuosa?

Com as mãos trêmulas e dedos lentos ela ligou para Ino.

“Hinata?”

A voz normalmente estridente de Ino estava rouca e tinha um timbre estranho, mas Hinata ignorou, testando sua “nova voz...não-garota”

“I-Ino... aconteceu uma coisa.”