Todos nos olham passar e perguntam o que você faz comigo.

Você os percebe e os ignora tão bem.

Eu te olho buscando arrependimento, mas não o encontro.

Você sabe que não partirei se você não quiser.

Leio sua mente. Ela apenas deseja o mesmo que a minha.

Então porque parece que estamos cometendo um crime?

Apenas porque você aceita me seguir quando eu peço?

Porque você aperta minha mão quando ela toca a sua?

Porque você cede sabendo quem eu sou e como sou?

Você sabe que não sou o que deveria buscar, mas ainda está aqui.

Então novamente brigamos por mais um motivo tolo.

Ambos sem razões ou justificativas.

E você me diz que é assim.

Sem brilho ou glamour. Apenas é o que é.

Então eu finjo. Finjo que não sou eu e você não é você.

Minto tão bem que quase engano a mim mesmo.

Mas eu sei que quando digo para você ficar comigo deveria dizer para você ir.

E novamente te digo que eu não sou o que busca, mas você permanece comigo.

Porque fazemos isso?

Pra não existir sem viver, para não sufocar.

Então eu minto para mim mesmo, melhor do que antes.

Fingindo que temos alguma chance.

Minto tão bem que o falso se torna real.

E tudo parece um pouco menos irracional.

Então eu tento te falar o que eu nunca disse antes.

Daquele olhar anos atrás.

De como meu coração acelera ao ter você por perto.

E de como não sou o mesmo sem você.