Short Stories - Scorose escrita por Anne Almeida


Capítulo 3
Caminhos Tortos


Notas iniciais do capítulo

Songfic - Oneshot
Scorpius, apenas andando sem rumo, saindo de um daqueles hotéis luxuosos, que apesar de lindos, se você não estiver bem consigo mesmo, não tem o poder de mudar nada. Ou seja, apenas um daqueles momentos em que você conclui que ama, e não importa o que aconteça, por mais ruim que seja, você apenas ama e espera que dê certo um dia, mesmo sem muitas chances de que isso aconteça.



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“Eu sou mais um em um milhão
De tantos casos por aí
Por que você iria justamente
Acreditar em mim?

Eu sei que é pouco,
Muito pouco o que eu tenho
A oferecer
Será que você ainda pensa em mim,
Como eu penso em você?”

Desci as escadas sem pressa, cada degrau uma lembrança, uma lembrança sua. Nem mesmo distante você sai de meus pensamentos, na verdade, você é a minha constante, por mais que não acredite.

Mesmo quando estava com outras era buscando por você, por algo seu, um pedaço seu que eu conseguisse encontrar em outro corpo: um sorriso doce, uma frase inteligente, um sussurro.

Ofereço a elas aquilo que você rejeitou e que eu dei tão espontaneamente a você. Talvez você quisesse mais, mas era apenas isso que eu podia te dar. Apenas a mim mesmo.

“Eu te descrevo como a luz
Que me guiou na escuridão
Eu ganho tanta segurança
Quando eu toco a sua mão

São esses meus caminhos tortos
Que me levam à direção
De ter tudo o que eu quis pra mim
Não perder o que um dia foi meu”

Chego ao hall bem iluminado e decorado. Mas toda aquela beleza não me atrai. Na verdade só destaca como eu estou bagunçado por dentro. Precisando de você. Me lembro de quando nos conhecemos, nossas rixas e enfim a paz. De seus conselhos, sua amizade, seus cuidados.

Sinto um arrepio percorrer meu corpo ao recordar seu calor e não o controlo, pois sei que ele vem de você e eu não consigo afastar nada que me ligue a sua existência. Nem a luz, nem a escuridão. Nem a saudade. Pois qualquer coisa vinda de você é melhor que nada. E eu sei que um dia meus pés irão me fazer te encontrar

“São todos tão iguais
São como os nossos pais
E ninguém consegue ver
Os caminhos tortos que me levam até você

Eu me disfarço em sorrisos falsos,
Gente que não quero ver
Mesmo do outro lado do oceano
Eu posso sentir você,
De novo.”

Mas então me recordo de palavras. Ofensas. Do desejo que todos tinham em nos distanciar. De impedir que eu pudesse te mostrar tudo que sinto e de mostrar para você apenas o meu melhor.

Passo pela lustrosa recepção e a atendente me sorri educada, eu retribuo, mas não estou sorrindo por dentro. Eu só penso em você e na distância que nos separa.

“O vento que te leva
é o mesmo que te traz
Você é a diferença que procuro e mais.

Nesses caminhos tortos...”

Saio na noite escura. Aconchego meu casaco ao meu corpo me protegendo do vento frio. Mas o pior frio vem de dentro e sem você não há nada que possa fazer para manda-lo embora e as ruas desertas apenas me mantem com nossas lembranças.

Faço o que fiz todas estas noites. Caminho pelas ruas, sustentando a sua presença. As recordações se tornam mais nítidas quando estou só.

Sua imagem me fita como antes. Seus trejeitos e manias. Cada detalhe que te fazem ser você e que fizeram que eu ficasse assim, completamente apaixonado. Você quase se torna real nessa rua escura.

“Será que ainda faz sentido,
Eu cantar no teu ouvido?
O meu erro foi achar
Que o tempo ia curar

Mas ah...

Nesses caminhos tortos..”

Memórias boas e ruins. De noites quentes e conversas frias. Tudo que aconteceu. Meus erros. Seus erros. Nem esta noite fria é capaz de apaga-los. De afasta-los de mim. Mas também não é capaz de te afastar de mim. Dobro em esquinas que não sei para onde vão me levar e desejo que um dia elas me levem até você.

No dia em que admitirmos o quanto fomos tolos e infantis. Que permitimos que nos afastassem e dividissem. Que decidissem nossas vidas enquanto ficávamos parados. Não agimos e agora só me resta esta noite fria e a sua ausência.

“Será que sua verdade,
Tem um pouco de saudade?
Se eu queria enlouquecer
Mas que seja por você

Depois de ir tão longe por alguém
Desculpe, mas eu não quero mais ninguém...”

Me pergunto se você está assim como eu, preso a você. Me dói pensar que talvez nem sequer se lembre de mim, mas eu não tento te esquecer. Você é minha loucura e se for só isso que poderei ter, é o que terei.

Me afastar só me mostrou que você já está dentro de mim e não há escapatória. Eu não posso mais fugir de você. Do que sinto. Vejo uma mulher passar por mim. Ela me sorri, mas ela não tem seu sorriso. Sorriso do qual tentei fugir. Nem a olho novamente. Não importa que ela seja bela ou feia. Ela não é você. E eu quero estar apenas com você.

“São todos tão iguais
São como os nossos pais
E ninguém consegue ver
Os caminhos tortos que me levam até você

São todos tão iguais
São como os nossos pais
E ninguém consegue ver
Que eu te amo e espero pra sempre por você.”

Me aproximo novamente de meu hotel, você ainda está comigo, caminha ao meu lado, nos meus pensamentos, sua presença é constante, não importa onde eu esteja, ao seu lado ou do outro lado do mundo.

Passo novamente pela atendente e lhe lanço meu sorriso falso de novo. Subo as escadas na mesma velocidade que as desci. O longo corredor está deserto. Solitário. Me demoro em abrir a porta e voltar para o vazio. Mas sei que é assim mesmo. Mesmo quando não está, você caminha comigo.

Fecho a porta atrás de mim ao entrar e sinto as lembranças partirem. Elas me abandonam ao mesmo tempo em que percebo um movimento do outro lado do cômodo. Na penumbra do meu quarto percebo uma silhueta magra. Você se vira para mim. A janela atrás de você clareia seus contornos e minha respiração pausa. Você me fita e eu sussurro:

– Rose?


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