Brittle escrita por Isabelle


Capítulo 7
Capítulo 6 - Will


Notas iniciais do capítulo

Você nunca vai estar sozinha
De agora em diante
Mesmo que você pense em desistir
Eu não vou deixá-la cair
— Nickelback



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Celeste me encarava como se não pudesse acreditar em seus olhos. No momento em que Emy a chamou de bruaca, eu consegui enxergar as chamas que deslizavam por seus olhos e esbofeteavam a cara de Emily, mas ela apenas sorriu falsamente e se sentou em um dos bancos me observando colocar as panquecas no forno.

Minha garganta tinha se fechado e um nó crescido na minha garganta, mas, ao mesmo tempo, eu estava com raiva de Emily por ter se referido daquele jeito à Celeste, uma pessoa que ela nem conhecia.

— Ela está morando aqui. — Eu disse sutilmente, e olhei para Celeste. Ela sorriu para Emily vendo que tinha conseguido acertar o fraco dela.

— Como assim essa garota está morando aqui, William? — A garota está aqui e consegue escutar tudo que você diz. — Cely cruzou as pernas e me jogou um olhar tipo: sério? Essa é a sua namorada?

— Eu estava falando com o Will. — Emy rebateu.

— E eu com você, o seu cabelo loiro não te deixa pensar? — Cely jogou mais um sorriso para ela.

— Por que ela está aqui, Will? — Emy me perguntou francamente e eu dei de ombros

. — Ele acabou de dizer.

— Olha aqui garota, você está aqui no apartamento do meu namorado — ela ressaltou a palavra meu e continuou, — e pensa que pode me ofender? Você não passa de uma prostituta barata, que precisa se jogar para cima dos outros para conseguir sobreviver. — Ela arqueou as sobrancelhas. — Você é um parasita.

— Emily! — Eu gritei para intervi-la.

— Me desculpem, eu perdi a fome. — Os olhos de Cely transbordavam decepção e dor. Uma dor que eu nunca havia visto em seus olhos. Uma dor de raiva. Ela subiu as escadas em silêncio e eu lancei um olhar severo para Emily.

— Nunca mais fale assim dela.

— Por que ela está aqui?

— Conheço ela do conservatório, estava sendo despejada, e além de tudo, ela é o mais perto que eu tenho de uma melhor amiga, então nunca mais ouse insultá-la, entendeu Emily? — Eu olhei bravo para ela e me sentei no sofá.

— Amor? — Ela disse sentando no meu colo, e eu senti uma vontade de jogá-la para longe.

— Você não pode estar bravo de verdade.

— Mas eu estou.

Ela sentou no meu colo e começou a beijar o meu pescoço. Tentei empurrá-la mas ela parecia um sanguessuga, e não queria desgrudar de jeito algum. Seus lábios foram do meu pescoço até os meus lábios e em poucos segundos estávamos quase nus no sofá. Em algum momento eu me lembrei da panqueca que estava no forno e tive que empurrá-la para longe de mim

Tirei a panqueca do forno e nos sentamos na mesa na área de lazer, no outro andar. Comemos escutando a sinfonia que saia do quarto de Celeste, eu podia jurar que era Bach, mas não tinha muita certeza.

Emy conversava comigo despreocupada, e em nenhum momento ela citou a minha audição ou se interessou em perguntar como eu tinha me saído. Ao invés disso ela ficou tagarelando como o dia de trabalho no hospital tinha sido chato e como ela queria ter passado o dia todo comigo.

Eu não conseguia me focar nela, só conseguia escutar a melodia que vinha até mim e imaginar como a Cely deveria estar brava comigo nesse exato momento. Pensei em seu rosto com as feições sem emoção como no primeiro dia que nós tínhamos nos falado.

— Will, você está me escutando?

— Não, me desculpe, me perdi nos meus pensamentos. — Eu disse fazendo um barulho com a garganta.

— Enfim, eu estava dizendo que se você quisesse o meu pai te arrumaria um estágio certo na clínica dele.

— Não quero fazer direito, Emily, quantas vezes vou precisar te dizer.

— Não me chame de Emily, parece que está bravo comigo. — Ela disse pegando um espelhinho de dentro da sua bolsa e verificando os cabelos loiros que ela havia prendido em um coque. — Mas enfim, música não é profissão, William, é um hobbie.

— Emily, se for pra você ficar discutindo comigo por causa disso de novo eu peço pra que você se retire do meu apartamento.

— Me desculpe. — Ela sorriu e enroscou a mão direita na minha. — Me preocupo com você, existem tantos pianistas e não é garantido.

— Eu entendi isso, há três meses quando você me disse da primeira vez.

— Tudo bem, estressadinho. — Ela se sentou no meu colo e me beijou algumas vezes. — Tenho que ir, vou passar na casa da Amanda ainda. — Ela se levantou e passou pela porta rebolando. — Tchau, Bruaca! — Ela gritou para Cely.

Apoiei minha cabeça em minhas mãos sem saber o que fazer, a não ser, me levantar e recolher os pratos e levá-los para a pia.

Terminei de lavar a louça minutos depois, e peguei um prato colocando panqueca e um pouco de arroz. Subi as escadas lentamente, e bati à porta de Celeste, que ainda estava acordada. Ela não me respondeu e nem abriu a porta. A música ainda estourava lá dentro e eu não sabia como pedir desculpas para ela.

— Cely? — Bati mais uma vez na porta. — Por favor, abre aqui.

Um, dois, três minutos, e total silêncio.

Coloquei o prato no chão para o caso dela estar com fome e fui para meu quarto tentar dormir.

Minha cabeça estava cheia de pensamentos sobre Emily. Eu não entendia porque ainda namorávamos, o sexo com ela era ótimo, mas a gente não se gostava mais, isso era óbvio. Contudo, eu ainda pensava em como tudo seria difícil para ela, se eu terminasse principalmente agora próximo a sua festa de aniversário/ festa de halloween. Fechei os olhos e deixei o sono me afogar em suas águas.

Na manhã seguinte, Cely parecia fazer de tudo para me evitar.

Ela saiu às sete da manhã para fazer uma caminhada, voltando somente depois do almoço. Nós conversamos brevemente, mas não teve nem possibilidade de eu poder pedir desculpas, porque em poucos segundo que ela permaneceu, ela ficou dentro do seu quarto pegando seus livros, para ir para a biblioteca fazer um trabalho da faculdade.

Como era sábado, eu tive que ficar o dia inteiro na frente da televisão assistindo alguns filmes toscos.

Assim que ela entrou em casa eu a interditei.

Estava usando o cabelo preso em um rabo de cavalo, que deixava seus olhos gigantes. Uma blusa rosa de frio estava por cima de uma branca, e ela usava um short mais curto que tudo neste mundo.

— Está faltando pano em casa? — Eu perguntei sentado no degrau da escada para podermos conversar.

Ela olhou para as pernas e revirou os olhos indo até a cozinha. Segui-a mesmo sentindo que ela continuava brava por Emily.

— Quero me desculpar por ontem.

— Tudo bem. — Ela sorriu e pegou uma maçã.

— Não, Cely, estou falando sério, quero me desculpar.

— Tudo bem, Will, aceito suas desculpas.

— Sério?

— Totalmente. — Ela disse e deu uma mordida forte na maçã.

— Bem, achei que como você está morando aqui, e Emily é minha namorada, vocês não precisam se gostar, mas marquei um jantar para vocês terem chance de conversar.

— Você o que? — Ela olhou para mim como se eu tivesse falado que alguém iria matá-la.

— É só essa noite, as 20:00, vai ser bom vocês duas conversarem. — Eu dei de ombros. Parecia ter sido uma boa ideia antes.

— Olha, Will, reconheço o que fez, mas não sou do tipo de menina que costuma sair com meninas do tipo da Emily.

— É só um jantar. — Eu passei a mão pelos cabelos. — Eu prometo que ela vai se comportar.

— Eu duvido muito.

Eu olhei para ela com a cara de um cachorrinho que acaba de cair da mudança.

— Tudo bem, um jantar não vai fazer tão mal, além do mais, estou fazendo isso por você.

— Por mim? — Eu perguntei sem entender.

— Você está sendo o meu melhor amigo, Will, me deu um lugar para ficar. Quero te recompensar.

— Bem, se eu soubesse que você queria me recompensar de alguma maneira, eu mandaria você deitar naquele sofá e..

— Nem começa. — Ela sorriu fracamente, e subiu até seu quarto para se arrumar.

Eu sabia que tudo aquilo poderia ser um desastre, tinha quase certeza que seria, mas o que é um homem sem arriscar.

Subi para o meu quarto e me aprontei todo. Coloquei uma das minhas melhores camisetas que sabia que Emily gostava, queria realmente que ela ficasse de bom humor essa noite.

Encontrei Celeste com uma blusa amarela meio decotada, meus olhos instintivamente desceram e percorreram aquele decote, passando lentamente pela sua calça jeans e os sapatos de salto. Ela estava ao telefone e nem ao menos percebeu meu olhar, mas assim que ela se virou, tentei relaxar e fingir que não tinha visto nada.

Ela abriu um daqueles sorrisos lindos que ela tinha e desligou o telefone.

— Pronta? — Tentei focar nos olhos dela, ao invés do decote.

— Com certeza. — Ela disse de um jeito nada convincente e nós dois saímos.

Encontramos Emily fora de seu apartamento usando um vestido tubinho tão apertado que marcava todas as regiões do seu corpo. Seu cabelo loiro estava preso em um coque frouxo e ela teve questão de quase me engolir quando entrou ao carro, em vez de me dar só um beijo.

— Então, Emily, você sabia que a Cely faz jornalismo. — Eu disse tentando quebrar o gelo.

— Jornalismo? — Ela deu uma risada fraca, que do mesmo jeito foi incomoda. — Que bela carreira.

Cely não disse nada, e após alguns minutos eu percebi que ela não estava nem ao menos nos escutando, mas sim, com fones de ouvido e balançando no ritmo da música.

Quis soltar uma risada dela, mas me mantive firme olhando para frente enquanto dirigia para o restaurante.

Ele era uma extensão bem longa que ficava em meio a uma esquina pintada de branco e laranja. Havia uma pequena escadaria na sua frente, que levava até a porta principal onde um casal saia rindo. Aquele era meu restaurante favorito.

— Sério que você nos trouxe para isso? — Emily debochou saindo do carro. Eu já estava preparado para isso.

— Algum lugar melhor?

— Posso pensar em vários. — Ela sorriu com desgosto.

Cely desceu do carro e meus olhos encararam novamente seus peitos, contudo dessa vez ela percebeu. A sua primeira reação foi ficar me olhando de cara feia, mas depois ela sabia o que aquilo se tornaria com Emily, então apenas ignorou e começou a subir as escadas para o restaurante.

Por dentro haviam todas aquelas mesas recobertas de casais ou amigos que riam e conversavam. Todos pareciam se divertir tanto ali, mas eu tinha certeza que aquela fora a pior ideia de todas. Emily nunca seria amigável com Cely, ela se achava boa demais para todos.

Passei a mão pelos cabelos no meu simples gesto de descontentamento e nos dirigi até uma mesa próxima a janela.

Nós ficamos ali tendo por meia hora uma conversa agradável sobre o que iriamos pedir. Celeste soltava sorrisos falsos para Emily quando o olhar das duas se encontravam e Emily fazia o mesmo, e isso já era um bom começo. Logo após, o garçom veio até nós e nos fizemos o pedido. Foi exatamente dai que o jantar começou a desandar.

— Então “Cely”, — Emily disse com aquela voz. — O que sua mãe faz para viver?

Os olhos de Celeste se abriram com uma fúria inexplicável, mas ela apenas pegou o copo de vinho tomou um pouco, abriu um sorriso mais falso do que antes e respondeu:

— Ela não faz nada, está passando por dificuldades. — Ela inclinou na mesa, sabendo que o decote ficaria ainda maior para o meu campo de visão.

— E o seu pai?

— Alguma coisa com banco. Faz anos que eu não o vejo. — Cely tomou mais um pouco de vinho.

— Que família desequilibrada, agora eu sei porque você precisa do meu namorado para sobreviver.

Celeste pegou o vinho da mesa e colocou mais na sua taça, tomando tudo praticamente em um gole só.

— Seu namorado me ofereceu o apartamento, hora nenhuma eu pedi para isso.

— Com certeza. — Ela deu uma piscadinha para mim.

— Então Cely, como está indo aquele projeto na faculdade? — Eu disse tentando mudar de assunto.

— Um saco, mas acho que nesse fim de semana consigo terminá-lo.

— Eu também, essa é uma das melhores qualidades da Cely, — Eu disse para Emy a encorajando a ser legal, — Ela é sempre dedicada.

— Então porque você não namora ela? — Ela disse quase como um grito, e algumas pessoas a nossa volta pararam para encarar.

— Emily, você está bem?

— Claro que não, você fica olhando para o decote dela, e elogiando ela como se ela fosse a melhor pessoa, droga Will, que tipo de namorado é você. — Ela gritou e se levantou, atraindo uma multidão para nós. — E você sua prostitutazinha barata, você é realmente um parasita. Ela só tá com você Will pra te convencer a transar com ela, e depois disso ela vai roubar todo o dinheiro da sua família.

Celeste apenas a encarava enquanto tomava cada vez mais vinho. Eu sabia que a qualquer momento ela iria explodir.

— Emily, você quer se acalmar, por favor.

— Eu não vou me acalmar até que você tire essa parasita do seu apartamento.

— Sabe o que é Emily? — Celeste explodiu. — Você é uma corna pirinha, e eu nem sabia que isso era possível. Seu namorado mal sabe duas razões do porque ele está com você. E sabe o que vai acontecer? Vai passar os anos, e você vai ser mais corna ainda. — Ela sorriu pegou a garrafa de vinho e se retirou do restaurante enquanto todos olhavam perplexos para nós.

— Quero ir para casa, e quando eu voltar para o seu apartamento quero essa vadia bem longe, você entendeu? — Ela gritou e saiu andando em direção a saída.

Voltamos para casa e em momento algum encontramos Celeste no caminho. Parei no apartamento de Emily e fiz com ela descesse rápido do carro. Estava estourando de raiva por causa dela, e sabia que se respondesse a cada uma das coisas que ela me disse do restaurante até sua casa, eu iria prejudicá-la de um jeito que me levaria a cadeia.

Não me despedi, apenas engatei o carro e fui até meu apartamento, onde não havia ninguém.

Deitei no sofá e comecei assistir alguns DVDs de Friends que estavam espalhados pelo apartamento. Assisti os dez primeiros episódios e dei risada de algumas partes, mas no décimo primeiro episódio eu acabei adormecendo. Acordando somente horas depois com a porta do apartamento rangendo.

— Cely? — Eu disse me levantando e encarando-a com o cabelo todo bagunçado. — Você me deixou preocupado. — Eu acendi a luz vendo-a com mais clareza.

— Eu sou uma prostituta de acordo com a sua namorada, Will, então não tem com o que se preocupar. — Ela lançou um sorriso irônico.

— Ela falou em um ataque de ciúmes, Cely. — Eu passei a mão pelos meus cabelos.

— Diz para ela, que cuzonas morrem cedo.

— Celeste, eu não estou entendendo, você está com ciúmes?

— Eu não estou com a porra de ciúmes de você, eu já falei que não quero nada com você, e eu não estava brincando, Will. — Ela gritou. — A única coisa que eu quero é que a sua namoradinha estúpida, pare de me chamar de coisas que eu não sou. — Ela disse com raiva.

— Quanto você bebeu?

— Não importa para você — Ela me empurrou para longe. — Para de me tratar como se eu fosse de porcelana, nem a minha família se importava comigo, e eu me virei muito bem. Eu ainda consigo me virar.

— Não consegue não, agora você me tem e eu vou cuidar de você.

— Eu não quero que você cuide de mim, Will. — Ela chutou o sapato de salto para longe. — Eu não quero que você cuide de mim. — Ela encostou na parede escorregando. — Não quero que ninguém cuide de mim.

— E por que não?

— Porque pessoas fazem você abaixar a guarda e quanto menos você espera, elas vão lá es destroem seus sentimentos. — Ela jogou o cabelo para o lado esquerdo.

Me sentei no sofá tentando não ficar com raiva dela por gritar aquelas coisas para mim.

Ela só esta bêbada. Só está bêbada.

— Você é igual a todos os garotos. — Ela sorriu debochadamente. — Você atrai as mulheres, só para trepar com elas, e depois as descarta como se fossem um copo de plástico.

— Não sou assim. — Eu disse com a raiva brotando no peito.

— Você é exatamente assim. — Ela riu. — Você namora uma pessoa que você não gosta e não gosta de você. Traiu ela com a própria colega de quarto e nem liga para nada…

— Cala a boca, Celeste.

— O que? A verdade é muito dolorosa para Will Hastings? — Ela riu embriagada. — Você não liga para mim também, você só…— Ela segurava as lágrimas pesadas que eu percebia que queriam escorrer, e não era só isso que me afetava. — Eu vou embora amanhã de manhã, não se preocupe.

— Sabe de uma coisa, Celeste? — Eu cuspi as palavras com raiva. — Talvez você seja mesmo a prostituta que Emily falou. — Eu abri a porta do apartamento, saí, e a deixei sozinha, enquanto saia sem rumo pelas ruas.

Acordei em um quarto que eu não fazia ideia de quem era. A única coisa que eu sabia era que minhas roupas estavam jogadas no chão, e eu estava nu com uma mulher loira na cama. Pensei a primeiro momento ser Emily, mas o cabelo era mais puxado para o branco o que me fez pensar que eu tinha acabado de fazer tudo aquilo que a Celeste tinha dito para mim. Fechei meus olhos e os tampei com as mãos, sem saber como eu podia ter sido tão tonto a ponto de ser exatamente como a descrição que a Cely bêbada fizera.

Me levantei devagar para não acordar a pessoa que estava ao meu lado. Peguei minhas roupas e as vesti sorrateiramente.

— Will? — A moça levantou o olhar e encontrou o meu.

A moça da recepção da faculdade.

— Você já vai? — Ela perguntou deixando o lençol descobrir seus peitos.

— Tenho aula daqui a pouco. — Menti.

— Ah, tudo bem então. — Ela sorriu e voltou a se deitar. — Eu te ligo.

— Tudo bem. — Eu murmurei saindo do apartamento o mais rápido possível. Minha caminhonete, por sorte de Deus, estava na frente da pequena casa onde eu estava, e eu apenas subi nela, me recordando do que Celeste dissera ontem sobre ir embora.

Parei a caminhonete mal estacionada ao lado do prédio e corri para meu apartamento.

Não encontrei nenhuma mala, ou vestígio de que ela havia ido embora. Apenas não conseguia encontrá-la em lugar nenhum.

— Cely? — Gritei.

E escutei uma resposta abafada vinda da área de lazer.

Ela estava deitada em um colchão toda encolhida com certeza sofrendo os sintomas da ressaca. Caminhei calculando meus passos, com medo de que ela começasse a gritar comigo novamente, mas em suas condições o máximo que ela faria era me olhar de cara feia.

Sentei ao seu lado e passei a mão levemente por seus cabelos e ela não reclamou.

— Você vomitou? — Eu perguntei alisando suas costas.

— Aham. — Ela respondeu coma voz fraca por falta do uso e do vômito.

— Você já tomou água ou algum remédio?

Ela negou com a cabeça e eu fui em busca de água e alguns remédios para ela.

Quando voltei ela estava sentada olhando para baixo, tentando evitar o sol que causavam mais enxaqueca ainda. Entreguei um pouco da água e ela bebeu com muita sede. Após beber a água, dei para ela o comprimido e mais um pouco de água.

Ela se deitou em mim, deixando seu corpo todo encostado no meu. Eu passei os braços pelos ombros dela e fiquei passando a mão no seu cabelo enquanto pensava na nossa discussão da noite passada.

— Me desculpe. — Ela disse gaguejando. — Não devia ter falado aquelas coisas para você ontem.

— Você se lembra?

— De cada uma delas. — Ela disse baixinho e abaixou um pouco a cabeça — Você está bravo comigo?

— Nunca — Eu disse me lembrando da loira. — Você tinha razão, eu sou um idiota. Eu fiz uma coisa muito ruim ontem à noite, Cely. — Encostei a cabeça na dela e suspirei.

— Eu sei. — Ela murmurou e pegou uma das minhas mãos, entrelaçando seus dedos aos meus.

Aquele gesto significava totalmente o oposto do que significava para Emy, para ela significava possessividade, que ela tinha posse sobre mim e gostava de me exibir para as pessoas como se eu fosse um prêmio. Com Celeste isso significava eu estou aqui, para o que der e vier.

— Desculpe surtar, é que quando eu ouvi sua namorada me chamando de prostituta barata, eu me lembrei da minha mãe. — Eu passei a mão pelos seus cabelos enquanto eu observava o céu. — Ela me chamava assim quando chegava muito bêbada em casa, quando ela ainda tem um pouco de consciência me chama de Cely, mas quando não tem…

Trouxe seu corpo para mais perto de mim e dei um beijo na sua cabeça.

— Eu acho que eu e ela não damos mais certo.

— Você vai terminar com ela? — Ela perguntou.

— Sim. — Eu disse engolindo o nó parado na minha garganta.

— Aí você vai poder transar com todas as garotas sem se preocupar.

— Essa é a melhor parte de todas. — Eu sorri e observei o quanto ela parecia minúscula nos meus braços.

— Você vai me deixar cuidar de você?

— Nunca.

Nós ficamos ali, até dar a hora do almoço, olhando o céu e conversando coisas sem utilidades. Eu queria que todos os dias tivessem sido como aqueles.








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Notas finais do capítulo

Amo vuxes



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