Os Escolhidos - Destinos Interligados escrita por Angie


Capítulo 10
Capítulo 9 - A Carta


Notas iniciais do capítulo

Oi, meus amores! Desculpem não ter postado na semana passada. Para recompensar esse capítulo está enorme. Lembrem-se: Não sei quando será a próxima postagem e por favor, não me matem por causa do final desse. Próximo capítulo na Academia Olympus. Até a próxima!
Beijinho doce, Angie.



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Thomas já tinha visto em filmes, alguns médicos dizendo que pessoas em coma podem ouvir o que acontece ao seu redor, mas isso não era ficção, era a vida real. Sua própria vida. Pensar algo do tipo parecia totalmente ridículo.

Tudo bem, ele não estava exatamente em coma, mas era um estado similar. Desde a morte de seus pais tinha estado sozinho naquela “prisão”. Não sabia a quanto tempo estava ali, mas podia sentir que já estava se entregando... até que ouviu uma voz por trás de sua névoa de culpa. Era a única que ele tinha escutado em tanto tempo, parecia ser de uma pessoa tão cheia de vida, que acabava lhe distraindo de seus próprios problemas.

As visitas da garota foram se tornando cada vez mais frequentes e pela primeira vez desde que se viu preso, quis voltar a ser livre.

Agora estava encarando a mão estendida da garota, pensando se realmente merecia uma oportunidade para sair do inferno, e não ousando ter esperanças de que o que quer que ela fosse fazer daria certo. E mesmo se desse, restava tão pouco tempo para que Selena...

Não. Ele não podia pensar nisso.

– E então? – Rennata perguntou. – Está pronto? Por que já estou avisando, se não estiver vai ter que ser na marra.

Parecia tão determinada que sua própria fraqueza o envergonhou. Ela pôs uma mão no rosto dele obrigando-o a olhar dentro de seus olhos. Primeiro ele achou que fossem apenas de cor cinzenta, mas agora, perto o suficiente, pode ver pequenos traços de cor violeta perdidos na íris.

– Você tem olhos lindos, sabia? – ela ficou vermelha e deu um passo para trás parecendo envergonhada. Ele quase sorriu, perturbá-la era por algum motivo divertido, mas então o rosto dela endureceu.

– Não pense que vai conseguir me fazer mudar de ideia, bonitão, porque não vai. Pela primeira vez na vida tenho certeza de que vou conseguir fazer algo certo e não é você que vai me impedir.

– Quer dizer que você me acha bonito? – ele brincou arqueando uma sobrancelha.

Ela não vacilou.

– Você sabe que é. – falou. – Ao contrário de você eu não minto.

– Ei, eu não estava mentindo, – replicou indignado. – eles são realmente bonitos.

E você também. Decidiu guardar essas palavras para si.

Ela ergueu as mãos.

– Tudo bem, nós estamos perdendo o foco aqui. Já se decidiu ou não? Eu realmente não gostaria de ter que fazer isso a força.

– Acha que conseguiria me obrigar a fazer algo?

– Thomas. – ela estreitou seus olhos.

– Tudo bem. – ele cedeu.

– Feche os olhos. – ordenou. Ele obedeceu.

Quase que imediatamente, sentiu-a se aproximar. Os braços dela se ataram ao redor de sua cintura e ela o abraçou com força.

– O que você está fazendo? – perguntou, sua voz falhando. Ainda assim manteve os olhos fechados.

– Shhh. – ela fez baixinho.

Mesmo por trás das pálpebras, Thomas pode ver uma forte luz. Seu corpo começou a formigar e a ser tomado por uma sensação quente e reconfortante. De repente o toque de Rennata lhe pareceu familiar e ele a abraçou, trazendo-a mais perto. Depois de um tempo a sensação quente começou a amainar e Rennata sussurrou, próximo ao seu ouvido:

– Agora você está livre.

Ele abriu os olhos e apenas um teto branco o olhou de volta.

– O nome dela é Rennata Fuentes. – ele ouviu a voz de Chloe dizer. – E eu tenho uma ótima explicação para ela estar aqui.

Olhando um pouco ao seu redor, viu Rennata, dormindo pacificamente com as mãos atadas as suas.

– Então que explicação seria essa? – Selena.

Ele olhou em direção a voz e se encostou na cabeceira da cama.

– Eu não posso contar ainda. Apenas… confie em mim. – pediu a ruiva.

– Eu confio em você, mas foi tão repentino. – Selena suspirou. Um garoto que ele nunca tinha visto estava parado na porta o encarando. – Essa garota…

– Ãh, Selena? – o garoto chamou, atraindo a atenção da irmã de Thomas. Ele pôs as mãos na cintura dela e a virou. – Olhe.

Inicialmente pareceu confusa, mas logo que os olhos dela encontraram os de Thomas, se encheram de lágrimas. Selena levou as mãos a boca contendo um soluço.

– Thommy? – ela deu um passo exitante em sua direção.

– Já disse para você não me chamar assim. – ele brincou sorrindo. Embora não quisesse demonstrar, estava tão emocionado quanto ela.

Ela correu até ele e o abraçou chorando.

– Você é meu irmãozinho, eu te chamo como quiser. – disse em meio a soluços, o rosto no peito dele.

– Ei, ei, cuidado, eu não estou tão forte como antes, assim você vai quebrar minhas costelas.

– Eu estava com saudades.

– Eu também. – ele olhou para Rennata e franziu o cenho.

– Não se preocupe. – Chloe disse. – Ela está exausta, só isso.

– Sage, você poderia levá-la para o quarto dela? – perguntou uma loira que estava ao lado dele.

– Claro.

Ele pegou Rennata em seus braços e saiu acompanhado pela loira.

– Irei deixá-los sozinhos. – Chloe disse se dirigindo a porta. Sorriu. – Bem-vindo de volta irmão.

– Me desculpe. – ele disse a Selena quando a porta se fechou.

Ela levantou a cabeça de seu peito surpresa e enxugou as lágrimas.

– Pelo quê?

– Eu não pude fazer nada e nossos pais acabaram... – ela pôs um dedo em seus lábios impedindo-o de continuar.

– A culpa não foi sua. Nós não esperávamos que Marise fosse agir daquela maneira. Eu sou quem tem que se desculpar por não ter conseguido te salvar antes que você ficasse nesse estado.

– Por quanto tempo fiquei assim? – perguntou segurando as mãos dela.

– Quase três meses. – comprimiu os lábios em uma linha fina. – Foi... foi aquela garota, Rennata, que te fez acordar, não foi?

Ele apenas assentiu. Ainda não entendia direito o que ela tinha feito.

Tudo que tenho que fazer é curar sua alma, purificando-a de todo e qualquer resquício de trevas, né? – ele lembrou das exatas palavras de Rennata. Ela falava daquilo como se não fosse nada, mas claramente tinha se desgastado muito no processo.

– Como o conselho lidou com a morte de nossos pais?

– Eu sou a líder agora. – ele já imaginava que ela fosse dizer isso. Não era surpresa alguma. – Mas se depender de mim, não por muito tempo. Quer dizer, não totalmente.

– O que está pensando em fazer?

– Primeiro quero que me conte tudo que lembra daquele dia. Por algum motivo eu não consigo lembrar de quase nada. É como se... não, eu tenho certeza, Marise apagou algumas coisas da minha mente. Tudo que resta são fragmentos e espaços em branco.

– E depois?

– Depois eu vou convocar uma reunião com o conselho. Aí sim poderei decidir qual será meu próximo passo.

– Algo me diz que você já sabe o que vai fazer.

Ela suspirou.

– Eu quero vingança, como você deve imaginar.

– Então eu...

– Não se envolva com a Marise. – cortou-o. – Eu cuido dela. Se eu tiver de morrer que assim seja. Mas eu a levo junto.

– Você não vai morrer! – ele afirmou, mas soou mais como se tivesse tentando convencer a se mesmo.

– O destino já decidiu isso por mim a anos. Nós não podemos mudar agora. – ela apertou as mãos dele. – Thommy, tenho que te contar algumas coisas que aconteceram durante esses meses, mas antes me conte de tudo que você lembra. Por favor, – pediu vendo a exitação dele. – eu preciso saber.

– Tudo bem, não sei se vai ajudar muito. Mas de uma coisa eu tenho certeza, você não vai gostar do que tenho a dizer.

– O que você está fazendo aqui? – Rennata perguntou três horas depois enquanto entrava na cozinha da ala norte.

Ele levantou o prato cheio de bolo de chocolate.

– Comendo, não é óbvio? – respondeu.

– Você deveria estar de repouso agora.

– Não aguento ficar naquela cama por nenhum minuto a mais, mamãe, já descansei por quase três meses seguidos. – encarou-a. – Você é quem deveria estar descansando, se esforçou muito hoje.

– Não tente desviar o assunto para mim mocinho, eu tenho a saúde de um touro e acabei de acordar. Escute, se não quer descansar pelo menos deveria comer alguma coisa mais saudável, tipo uma canja.

– Eca. Desculpe decepcioná-la, mas já tive essa conversa com a Selena e como você pode ver, quem ganhou fui eu. Aliás, foi ela que fez esse bolo, você não quer?

Ela franziu o nariz.

– Não, obrigado, sou vegetariana.

– Tão radical a ponto de não comer chocolate? – ele deu de ombros. – Azar o seu.

– Espera, você disse que sua irmã que fez? – ela perguntou sentando em uma banqueta ao lado dele. – Onde ela está? Quero conhecê-la.

– Foi embora a mais ou menos meia hora. – a expressão dela mudou em questão de segundo. – Nem vem com essa cara, você não conhece minha irmã, não tem o direito de julgá-la.

– Você acabou de acordar e ela já foi embora? – indagou descrente. – Parece que não estava sofrendo tanto quanto disseram.

– Você chegou a ouvir uma palavra do que eu disse? Não pode julgar quem ainda não conhece.

– Mas...

– Sem 'mas', querida. Selena faz o que ela acha que machucará menos as pessoas que ela ama.

– Não me chame de querida. – ela replicou pegando uma pêra em uma cesta ao seu lado, seu rosto estava um pouco corado. – Porque ela acha que machucaria os outros?

– Minha irmã está passando por muitos problemas. Ela acha que quanto mais longe ficar das pessoas, menos delas saíram machucadas. Mesmo que ela se machuque no processo.

– Você está fazendo cada vez menos sentido. Que tal começar do começo?

Ele afastou o prato de bolo.

– Desde que nasceu minha irmã tem o título de Dama das Trevas. É como se ela e as trevas fossem uma coisa só, quer dizer, não que a Selena seja uma pessoa má, mas ela sempre pode manipular a escuridão melhor que qualquer outro. Desde criança ela já podia derrotar qualquer membro do conselho sem dificuldade nenhuma, – ele suspirou. – mas isso está indo contra ela agora. Pelo que minha irmã me contou hoje, desde o assassinato de nossos pais seus poderes tem estado um pouco fora de controle.

– Eu sei como é. – Rennata falou.

– Você parecia bem segura de seus poderes hoje.

– Foi algo como tentativa e erro. Resumindo: Sorte de principiante.

Ele franziu a testa.

– Não sei se gosto da ideia de ter sido usado como cobaia.

– Você está aqui agora, não é? Deveria me agradecer por isso.

– Tudo bem. Obrigado por ser cabeça dura e ter me tirado de lá.

Ela bufou indignada.

– Continue me falando da Selena, seu mal-agradecido. O que quer dizer com fora de controle?

– É como se as trevas a controlassem durante um certo período de tempo. Da última vez durou mais de uma semana e terminou hoje. Ela não lembra de nada que aconteceu, mas parece que quando ela “despertou” estava tentando matar um amigo dela. Se bem que o jeito que ela disse amigo não me convenceu muito bem.

– Nem vem com o papo de irmão ciumento, você ainda está me escondendo alguma coisa e por algum motivo eu acho que é bem mais importante que essa história de possessão.

– Minha irmã não está possuída.

– Que seja, já vi tanta coisa estranha que isso nem me impressionaria. – a expressão dela suavizou. – Não tem nenhuma maneira de ajudá-la?

– Ela está procurando uma maneira, mesmo que não vá ajudar por muito tempo.

– O que quer dizer?

– Você sabe o que é o Sanhaim?

– Ah... não.

– É um dia sagrado para nós, feiticeiros. A barreira entre os mundos fica mais fina e magia nova e antiga ficam mais fortes. Nós temos um baile na mansão Hekat todo ano no dia trinta e um de outubro para comemorar.

– Cara, você poderia ter dito halloween, teria complicado menos. Mas o que isso tem a ver com sua irmã?

– O que eu vou te contar agora é do conhecimento de poucas pessoas, você não pode contar a ninguém. Os membros do conselho não podem saber.

– Eu prometo. – ela disse solenemente.

– Sanhaim é o dia do aniversário da Selena. – ele disse com pesar. – De acordo com Chloe… ela vai morrer em seu aniversário de dezessete anos.

A pêra caiu da mão de Rennata, rolou pelo balcão e caiu no chão.

– A quanto tempo ela sabe disso? – perguntou depois de alguns segundos, com os olhos cheios de lágrimas.

Isso impressionou Thomas. A notícia era obviamente perturbadora, mas ele não achava que ela pudesse sentir tanto por uma pessoa que nem conhecia. Mas ele deveria saber, – percebeu – pela maneira como ela o tratou desde o começo.

– A mais ou menos um ano e meio. Quando ela me contou eu chorei como um bebê, mas ela disse para não me preocupar. Ela não se importa com isso.

– Como pode não se importar?! – Rennata se exaltou. – Ela por acaso é idiota? Não percebe como é triste morrer tão jovem? Ou por acaso ela quer morrer?

– Eu não sei explicar. Selena nunca teve medo da morte, acho que talvez por ter Hades como seu patrono e ir frequentemente ao mundo dos mortos. A única coisa que ela tem medo é de machucar quem deixa para trás. Desde que descobriu tem estado mais distante. Ela procura se envolver o mínimo possível com as pessoas e geralmente age de forma fria para afastá-las, mas não se deixe enganar, minha irmã é a pessoa mais gentil que você pode conhecer e esse é justamente o problema dela. Quanto mais gentil for um coração, mas fácil será quebrá-lo. Ela não se importa com o quanto sairá ferida distanciando as pessoas que ama, sendo que as machuque o mínimo possível.

– Eu quero fazer algo por ela. – disse decidida.

– É claro que você quer. – ele riu.

– O que quer dizer com isso?

– Você age como se não se importasse com as coisas, mas se aparece um problema, não exita em querer ajudar.

– Não me culpe por ser um anjo.

– Não exagere.

Ela lhe mostrou a língua.

– Bom, você disse que sua irmã está tendo problemas com as trevas não é? Eu posso ajudá-la com isso, como eu fiz com você.

– São situações diferentes. No caso da minha irmã as trevas fazem parte dela desde o começo, não sei se vai funcionar.

– Eu tenho um bom pressentimento. – ela falou limpando qualquer vestígio de lágrimas com as costas das mãos. – E não custa nada tentar.

– Tem razão. – ele refletiu. – Mas não vai dar por agora. Minha irmã convocou uma reunião com o Conselho dos feiticeiros e nesse momento ela deve estar se arrependendo disso. Ela não me contou para onde vai depois, então só nos veremos na academia.

– Se ela estuda lá, há uma chance de sermos colegas de quarto. Isso facilitaria muito as coisas.

– Sinto muito, mais essa chance é nula. Minha irmã terminou os estudos adiantada no ano passado.

– Quer dizer que ela é uma espécie de gênio?

– Pode-se dizer isso. Selena é muito centrada no que faz.

– Então o que ela vai fazer na academia? Ela é assistente como a Chloe?

– Não. – ele sorriu. – Uma coisa bem melhor que isso.

***

Selena ocupava a cabeceira da mesa da grande sala de reuniões da mansão Hekat e onze pares de olhos olhavam para ela.

– Pode explicar o motivo de tanta pressa? – perguntou Sophie White.

– Olhe como fala com seus superiores, Sophie. – replicou Melissa, sentada do seu lado esquerdo. – A princesa certamente tem um bom motivo para nos convocar.

– Como você acabou de entrar no conselho não deve saber, – Sophie continuou com o tom venenoso. – mas essa garota tem sido negligente a posição de líder desde o começo.

– Parece que eu sei melhor que você o que está acontecendo. – disse Melissa. – Não espero que uma mulher fria como você compreenda, mas a senhorita Blake perdeu os pais a pouco tempo e nesse mesmo espaço de tempo ganhou sobre os ombros o peso da posição de líder do conselho. É muita coisa para uma garota da idade dela conseguir assimilar em tão pouco tempo.

– Ela já sabia que um dia seria a líder, teve tempo suficiente para se preparar. Edgar e Louise sentiriam vergonha da pessoa fraca que ela se tornou.

– Fraca?! – Selena perguntou se levantando. – Sou tão fraca que poderia destruir tanto você quanto sua carreira num piscar de olhos. Sugiro que meça as palavras para falar de mim, Sophie. E nunca, jamais fale pelos meus pais novamente, você não tem esse direito. Não sei como conseguiram te aguentar por tanto tempo, mais já vou avisando que não sou tão paciente quanto eles.

Ela voltou a se sentar e viu que Laura, que estava sentada ao seu lado direito, tentava esconder um sorriso.

– Princesa? – Louis Paterson, um feiticeiro de setenta anos, pai de Laura, chamou do final da mesa. – Desculpe-me, mas creio que todos ficaram um pouco surpresos com seu pedido. Será que poderia nos explicar o que a levou a tamanha pressa?

Ela sorriu para Louis, o senhor que sempre a tinha tratado como uma neta. Ela sabia que ele apenas interveio para que não houvesse mais discussão.

– Essa será uma reunião rápida. Chamei-o apenas por um motivo, a partir deste momento, não irei mais atuar como líder do conselho.

Todos começaram a murmurar uns com os outros.

– Está renunciando a sua posição? – perguntou um homem de feições asiáticas. Li Mamono, ela lembrou.

– Não, mais no momento estou resolvendo alguns problemas pessoais e enquanto eles não tiverem solução, não poderei contribuir em nada para suas decisões.

Até que eu morra. Acrescentou em sua mente.

– E o que pretende fazer até lá? – Bruna Albuquerke, a mãe de Ivens, perguntou.

– Nomearei um líder interino. A pessoa em quem mais confio entre vocês. – olhou para Laura. – Confio a posição que um dia meus pais ocuparam a você. Para que seu fardo não seja tão grande, Melissa e o marido dela, Henry, ocuparão seu lugar como administradores da mansão Elísio. – olhou de uma para outra. – Conto com vocês.

– Não iremos decepcioná-la. – prometeu Laura.

Ela assentiu agradecida.

– Qualquer um que seja contra minha decisão erga a mão esquerda. – apenas Sophie ergueu a mão. Selena se levantou. – Obrigada a todos. Esta seção está encerrada.

***

– Tenho apenas um aviso para você. – Aaron disse a Christopher depois de uma longa conversa. Ele tinha encontrado sua irmã e o namorado esperando por ele nos estábulos atrás da mansão depois de uma cavalgada. – Machuque minha irmã de qualquer forma e sofrerá as consequências.

– Digo o mesmo sobre a Selena. – ele disse sem se abalar. Aaron tinha que lhe dar crédito por isso. – Shannen tem me contado umas coisas bem interessantes ultimamente.

– Por favor, não me envergonhem. – Shannen pediu.

– Só estou avisando. – Aaron falou erguendo as mãos.

– Eu também. – completou Christopher.

– Simplesmente apertem as mãos como homens civilizados e acabem com isso. – ela disse com um suspiro.

Christopher estendeu a mão e Aaron a apertou.

– Prazer te conhecer, cara. – disse o filho de Apolo.

– Digo o mesmo. – Aaron falou.

– Agora me responde uma coisa. – Chistopher pediu. – Como você conseguiu montar a Storm?

– Quer dizer que esse é o nome dela. – ele disse acariciando o pescoço da égua negra que já estava de volta na baia. – Por que está perguntando? Algum problema?

– Não, é só que a Selena é a única pessoa que ela deixa montá-la. – ele respondeu.

– Parece que ela gostou de mim. – falou e deu de ombros.

– SAGE! – ele ouviu uma voz familiar gritar, logo uma garota loira com óculos de armação vermelha apareceu em seu campo de visão, acompanhada por Chloe.

– Lori? O que você está fazendo aqui? – questionou.

– A Selena, – respondeu arfando. – pediu que eu te entregasse uma coisa... mas nós não te encontrávamos em lugar nenhum.

– Onde a Selena está? – ele perguntou.

– Foi embora. – Chloe disse.

– Ela deixou isso para você. – Lori lhe estendeu um livro de capa vermelha.

– Mas esse é o diário da minha irmã. – Christopher disse surpreso.

– Ela deixou isso também. – Chloe estendeu um envelope para que Aaron pegasse. – Ela pediu que você lesse a carta antes do diário. – se virou para os outros. – Agora vamos deixá-lo sozinho.

Quando todos saíram ele abriu o envelope ainda confuso e desdobrou a carta. Com uma letra fina e cheia de floreios, estava escrito:

Aaron,

Peço que não me procure. Muitas coisas estão saindo do meu controle agora e tenho muito medo disso, mas preciso enfrentar tudo sozinha.

Se você for para a academia, poderá me encontrar, mas não antes disso.

Pus um feitiço em meu diário. Qualquer pessoa que o abrir verá somente folhas em branco. Apenas você e eu podemos lê-lo. Depois que o ler você vai conseguir uma boa parte das respostas que queria sobre mim, mas sinto muito, há coisas que nem mesmo eu sei as respostas. Tenho esperanças de que não queira mais me ver depois que descobrir meu segredo, mas sei que são todas vãs. Te conhecendo bem, acho que no momento que ler a primeira página vai querer me encontrar imediatamente. Mas por favor, eu imploro, não faça isso. Eu não quero te machucar ainda mais, embora saiba que é preciso.

Pedi para que Chloe te entregasse essa carta para te dizer o que não tive coragem de escrever antes no diário. No pouco tempo que passamos juntos, eu aprendi a te amar. Foi uma coisa tão fácil e aconteceu tão de repente. Mas você é algo que não tenho o direito de desejar.

Antes de te encontrar tive uma visão e sonhos sobre você, por isso não posso deixar que se apaixone por mim. Aaron, meu amor, meu destino já está selado, mas espero que ainda possa mudar o seu.

Espero que me entenda,

Selena.

Uma lágrima escorreu pelo seu rosto e caiu na folha, manchando a palavra 'destino'.

Tarde demais, pensou. Eu já te amo.

Aaron dobrou-a novamente, pôs dentro do envelope e abriu o diário de Selena na primeira página.


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