A primeira coisa que fiz ao entrar na sala de química foi refazer a minha trança. Andei até o fundo da sala ignorando os olhares queimando nas minhas costas, é as notícias correm rápido aqui,sentei em uma carteira qualquer e a Ayumi sentou na minha frente.

–Sabe, o Martin tem razão. Você realmente fica mais bonita com o cabelo solto.

–Cale a sua boca oriental Ayu.-disse de dentes cerrados.

–Mas é verdade, e você sabe.

Eu a encarei com meu olhar "cale a boca agora sua vadia asíatica, se não eu juro que te mato", e ela parou. Depois de anos de amizade, as pessoas começam a conversar pelo olhares, e pelo jeito isso aconteceu com a gente.

Coloquei meu livro sobre química em cima da mesa, e abaixei meus olhos por meio segundo para pegar uma caneta e um lápis, quando voltei o meu olhar para frente, vi a última pessoa no planeta Terra entrar na sala. Carter Martin. E adivinhem a onde ele sentou? Do meu lado é claro, mesmo com mais da metade das carteiras vagas, esse cretino sentou do meu lado. Que sorte a minha. Yup.

–Oi Dylan.

Eu o ignorei.

–Dylan?-o ignorei de novo- Dylan?

E o ignorei mais um pouquinho. Ayu virou para trás e me olhou risonha.

–Você vai ignora-lo?- sussurrou.

–Até o fim dos tempos.

–Você é um pouco cruel.

–Você pensa isso só porque não pode ver o que se passa na minha mente, mas se você soubesse- dei um sorriso maléfico- Se você soubesse, cruel seria pouco.

Se ela soubesse de todos os meus planos para matar Carter Martin, mas ninguém planeja um assassinato em voz alta. Acho que primeiro eu destruiria aquele cabelo seduzente, então arrancaria cada dente perfeito de sua boca deliciosa , é claro que eu realizaria o sonho de qualquer mulher depilando as pernas dele com cera quente,para matá-lo faria cortes milimétricos por todo o seu corpo musculoso assim a sua morte seria longa e dolorosa, e quando ele estiver por um fim de morrer por hemorragia eu abriria sua barriga, e deixaria seu próprio suco gástrico terminar o serviço.
E é claro que para encobrir o assassinato eu queimaria seu corpo, só os ossos sobrariam, e eu os destruiria assim nem o legista conseguiria remontar a sua face atráves da computação, colocaria os ossos dentro de um cofre e o jogaria no mar, mas para não parecer que ele sumiu compraria uma passagem para a Espanha em seu nome e com o seu próprio dinheiro e sumiria do país. Um plano perfeito, com certeza.

Parei de pensar nisso quando eu vi o jeito que a pequetita me encarava, eu deveria estar com uma expressão maníaca e ter quebrado o lápis não ajudou muito. E parece que enquanto eu dava uma de assassina louca da machadinha o professor chegou e começou a explicar uma coisa que eu gosto de pensar assim: Quão entediado estava o cara que descobriu esse troço?Com certeza ele fumou uns naquele dia.

–Vai me ignorar Dylan?Dylan?Dylan?Dylan?- sussurou Carter.

–Ele está tentando falar comigo a quanto tempo?

–Uns cinco ou seis minutos, eu estou até ficando com dó.

–Isso porque a senhorita é muito boazinha.

–Dylan, eu gostei da sua blusa, amo o Mickey.

Continuei a ignora-lo, e começei a prestar atenção na coisa que o professor estava ensinando.

–Já terminou Orgulho e Preconceito?

Não respondi, e graças a tudo e a todos ele parou de insistir, finalmente o cara se tocou . Paz e silêncio, mais ou menos.

–Por que você está brava ?Eu fiz alguma coisa? Seja o que for me desculpe, por favooooor.

Ele não sabia? Acho que vou acrescentar fazer suas sobrancelhas na tortura desse idiota. Cerrei meus dentes mais não o respondi.

–Tudo bem então.
Até o final da aula o moço não abriu mais a boca, e quando o sinal tocou fui direto para a aula de artes sozinha enquanto a meio metro foi para aula de espanhol.

Vou te dizer uma coisa sobre a aula de artes da minha escola, o jeito para ir bem nessa matéria é filosofar sobre qualquer coisa e fazer desenhos abstratos assim você inventa qualquer coisa na hora de explicar para a professora Vivian, não que seja uma aula ridícula, a parte da história da arte é bem interessante e a Viian é uma ótima explicadora.

No final da aula de matemática do senhor Rogers, eu peguei a lista de exercicíos para casa,e esperei o sinal tocar. Os.Cinco.Minutos.Mais. Demorados.Da. Minha.Vida.

Quando o sinal finalmente tocou, sai correndo que nem gordo quando descobre que tem nutella no supermercado,mas isso só um gordo de alma que faz, e eu sinceramente me incluo nesse lindo e amigável grupo.

Assim que eu cheguei no refeitório consegui ver a Ayu na gigantesca fila da cantina, uma coisa que eu não sei se é possível, já que a sala de aula dela era muito mais longe que a minha, mas vai saber. Caminhei até a minha piquitucha e parei na sua frente ignorando os gritos indignados de quem não furou fila.

–Guardndo o lugar para a minha doce pessoa?

–Para a Dylan sim, mas para o doce alien que colocaram no lugar dela não.

–Ha ha, a senhorita está se achando muito espertinha para o meu gosto.

– É a convivência- disse ela dando os ombros.

–É a convivêcia?- disse com grande indignação- Você está dizendo que eu transformei alguém tão fofa e quietinha, mas estranhamente pervertida em alguém sarcástica, grossa e com respostas na ponta da língua?É isso que a senhorita está dizendo? Porque se for, é totalmente verdade. -terminei com um sorriso sapeca.

–Você se acha tão engraçada Dyl, anda logo que você é a próxima.

–Olá Dylan.

–Oi Tia Tátia , eu vou querer...

–Três barrinhas de chocolate, um pacotinho de bala de goma e um suco de mangá.

–Isso mesmo Tia.

–Não sei como você não engorda menina-disse enquanto entragava o meu pedido

–Sorte,muita sorte.

–E duas horas na academia nos sábados e domingos, porque nos dias da semana ela já vem e volta a pé para a escola.

–Olá Ayumi.

–Olá sra Tátia, você poderia me dar um lanche natural?

–Aqui está fofinha.
–Obrigada.

Nós duas pagamos e saimos da fila antes que nos metralhassem com tomates, onde eles arranjariam tomates eu não faço ideia. Sentamos na nossa mesa habitual.

Eu já estava começando a minha segunda barrinha quando vi a Torre de Notridame andando na nossa direção com um hamburguer na mão, imediatamente coloquei meus pés na cadeira vaga do meu lado.

–Rápido Ayumi coloque seus pés na cadeira.

–O que?

–Coloque seus pés na cadeira.

Mas já era tarde demais,Carter já tinha parado na nossa frente com um sorriso tímido.

–Posso me sentar com vocês?

–Pode- respondeu a Ayumi me olhando de relance.

–Qual é o seu nome?

–É Ayumi Nakamura.

–Prazer Ayumi, eu sou Carter Martin.

Eu só revirei os olhos, terminei a minha segunda barrinha enquanto ouvia Carter tentar ouxar conversa com o ser mais tímido da escola, Ayumi Nakamura. Quando fui abrir minha terceira barra do alimento dos deuses, uma voz irritante me perguntou:

–Você vai comer duas barras de chocolate?

–Na verdade essa é a terceira- respondeu Ayu por mim. Enquanto eu dava uma enorme dentada só para provocar.

–Nossa, você é magra de ruim.

Nenhuma de nós respondemos, acho que até ouvi um grilo cantar.

–Então você vai continuar me dando um gelo?Tudo bem, porque eu o bebo com água e não com vodca, se não queima minha garganta.

–Você merecia apanhar de tão ruim que foi essa piada.
–Rá! Você falou comigo.

–Você diz isso como se ganhasse um prêmio.

–Para mim falar com você é um prêmio.
–E para mim falar com você é como uma facada no estômago.

–Cuidado, assim você faz eu me apaixonar.
–Então eu tenho pena de você. Vamos Ayu.

Ela tinha ficado calado durante a nossa pequena discussão, se levantou na velocidade da luz e me esperou do lado da lata de lixo a uns dois metros da nossa mesa, me levantei devagar ainda encarando o rapaz sentado na minha frente.

–Sabe- ele falou baixinho- Eu realmente prefiro você de cabelo solto, cachinhos.

–Não me importo com a sua opinião, loirinho.

Caminhei até aonde a Ayumi me esperava, e saímos do refeitório. Peguamos o material para as próximas três aulas. Quem ele pensa que é para me chamar de cachinhos? Aquele idiota.

–Dylan...

–Sim?

–Posso ser a madrinha do seu casamento com o Carter ?

–O que?!