Cinco minutos. Dez minutos. Quinze minutos. Vinte minutos. Vinte e cinco minutos.

A garota já estava a prestes invadir novamente o quarto e puxar João pelos cabelos. Mas antes que pudesse fazer tal coisa, o mesmo deu o ar de sua graça saindo do quarto com roupas pretas e óculos de sol como se estivesse de luto.

Bianca revirou os olhos.

– Você vai morrer de calor com essas roupas. - comentou suspirando fundo para não se irritar.

João deu os ombros e foi para a cozinha pegando um copão de água lentamente só para irritar ainda mais a garota que perdeu a paciência e o arrastou pelo braço para fora do apartamento. Quando finalmente estavam na rua, a cada cinco minutos o garoto se queixava de calor.

– João, eu to sinceramente querendo de dar um soco nesse momento. - bufou ao ver ele se sentando em um banquinho como se aquilo fosse a salvação dele.

Ele simplesmente ignorou ainda mal humorado, podia estar no seu quarto com seu ar condicionado e não nesse calor dos infernos sendo incomodado para ir pra praia. Céus, para a praia! João nunca gostou de praia, só ia regularmente e quando não estava um calorão.

– Falta apenas dez quadras! - exclamou Bianca e logo os olhos verdes dele se arregalaram.

– Tá louca se acha que vou aguentar até lá. Vamos de táxi. - se levantou ficando na ponta da calçada esperando um táxi.

– Seu gordo sedentário. - xingou irritada querendo estrangular si mesma por ter aceitado em ir buscar o garoto.

Depois de alguns minutos, João já havia desistido de procurar táxi pois a rua estava movimentada e os taxistas pareciam mais interessados em ir para os aeroportos, pontos turísticos querendo ganhar uma gorjeta dos gringos turistas.

– A gente vai a pé e deu. Não quero mais ouvir nem um piu João! - afirmou apontando o dedo na cara dele que se fechou em uma carranca.

O silêncio predominou entre eles, as únicas coisas que podia se ouvir era o barulho dos carros, passarinhos e pessoas que passavam conversando.

– Piu.– ele quebrou o silêncio logo ouvindo uma risada de Bianca.

– Idiota. - a garota lhe empurrou pelo braço e logo os dois já estavam conversando um pouco mais divertidos e soltos.

Não que João estivesse gostando da ideia de sair de seu quarto com ar condicionado, ele apenas havia se conformado. E não negava, estava gostando da companhia de Bianca. Gostando até demais para seu gosto.

O problema era o calor que começava o incomodar bastante, principalmente com a camisa preta que usava. Resmungou consigo mesmo por ter a colocado e Bianca percebeu o incomodo do garoto.

– Você devia tirar a roupa, ninguém mandou vir de preto. – comentou tomando um gole de sua garrafa de água.

– Humm, tirar a roupa ou a camisa? – não resistiu de implicar com a garota que revirou os olhos tentando disfarçar o vermelhidão que se apossou no rosto.

– Você entendeu, idiota. – replicou irritada consigo mesma por ter ficado vermelha.

– Sei não, para mim é você querendo meu corpinho. – riu divertido enquanto ela lhe olhava indignada.

Se recusou a responder fazendo que João risse ainda mais mas logo ele inventou um outro assunto antes que ela resolvesse ficar de cara fechada por todo o caminho. Acabou que ele se esqueceu de tirar a camisa.

Conversaram tanto que mal perceberam que chegaram na praia até sentir a areia em seus pés. Bianca logo avistou K dormindo na sombra e sendo soterrada na areia por Pedro que ria baixinho enquanto a maioria da galera se encontrava jogando volêi, inclusive Duca que ao perceber a presença da garota se distraiu levando bolada na cara.

– Quanto que tu aposta que ele vai apanhar? – cutucou João fazendo que ela desviasse o olhar e encarasse o mesmo.

– Nem preciso apostar. Já sei que ele apanha mesmo. – ela riu logo sendo acompanhada por ele que foi cumprimentar o amigo.

Dito e feito, Karina logo acordou e se enfureceu com o namorado que correu pela praia berrando que ia morrer e ela corria atrás trazendo muitas gargalhadas da galera. O jogo de volêi acaba e Duca decide embora.

– Quem chegar por último é a mulher do padre. – João empurrou Bianca que o olhou indignada correndo até a praia.

– João seu idiota! – berrou escorregando na areia úmida.

Como um impulso, puxou o braço do garoto fazendo que ambos caíssem na areia. E novamente se encararam estranhando sensações que lhes percorriam. Ele com os olhos fixos no nela, tirou uma mecha que caia sobre os olhos dela.

– Você vai ser a mulher do padre. – ele se levantou rapidamente sem dar tempo que ela reagisse.

Rapidamente ela se recompôs mas quem chegara primeiro foi João que começou uma guerrinha de água com ela que se esqueceu de ficar triste por Duca ter ido embora.

Estranhamente, ela nem parou para pensar em Duca naquele momento assim como João que nem ligou mais de estar na praia ao invés de ficar no quarto.

– Ih esquentadinha, esses dois hein... – comentou Pedro se sentando ao lado da namorada que brincava com Tomtom fazendo castelo de areia.

Ela desviou os olhos azuis para encarar a cena e sorriu logo dando uma cotovelada no namorado fazendo que a irmã do mesmo risse.

– Deixa de dar uma de velha fofoqueira Pedro. Ajuda a gente aqui nesse castelo. – jogou areia no braço dele como uma vingança por ele a ter soterrado na areia.

– Chamaram a pessoa certa esquentadinha, eu sou o mestre do castelo. – começou a mexer na areia fazendo formas estranhas e tortas do que devia ser um castelo causando risadas de Tomtom e Karina.

– Pô, bota mestre nisso. – bateu palma zombando do irmão que fez bico.

Na água do mar, Bianca e João se divertiam empurrando, tentando afogar de brincadeira e jogando água propositalmente.

– Pelo jeito vou ter que virar padre. – murmurou divertidamente para a garota que ergueu suas sobrancelhas.

– Por que? – imediatamente se relembrou da brincadeira que fizeram.

– Porque você é a mulher do padre. – sorriu torto ao ver ela rir.

A risada dela era algo que ele poderia ouvir sempre. Não entendia o sentimento estranho que percorreu seu corpo, mas decidiu que sempre gostaria de ouvir a risada de Bianca.

Talvez estivesse gostando demais dela.