– Então, vocês estão de bem novamente? – Caroline perguntou a olhando pelo grande espelho
– Na verdade não sei. - Elena admitiu fazendo o mesmo – Ontem, depois que eu cheguei e ele estava em meu quarto, aconteceu tudo depressa. Ele me beijou e de repente estavamos tendo um orgasmo de baixo do chuveiro. - Car deu uma risadinha – Depois deitamos na minha cama e dormidos abraçados.
O silencio entre elas durou alguns minutos, dando tempo o suficiente para a cabeleireira cortar a franja de Elena;
– O que você achou? - Caroline perguntou levantando-se da cadeira giratória e chacoalhando a cabeleira recém cortada
– Ficou ótimo! – Elena elogiou a olhando pelo espelho.
– Sabe o que eu acho?
– O que? - Elena perguntou em quanto a cabeleireira terminava o corte de seu cabelo
– Que você devia ir vê-lo. Sabe uma visitinha casual no serviço do seu marido.
– Porque eu faria isso? - Ela perguntou virando um pouco a cabeça e fitando a loira pelo canto do olho
– Vamos ser francas por apenas alguns minutos Elena... você esta apaixonada por ele. E pelo excesso de ciúmes que ele teve, não duvido que ele sinta o mesmo.
– O que você quer dizer exatamente? - Elena perguntou desconfiada
– Quero dizer: porque vocês não se dão uma chance? - a loira disse ajeitando o cabelo em frente ao espelho – Vai em frente e se joga!
– Me jogar? - Elena disse rindo sem vontade – Me jogar onde Caroline?
– Você entendeu...! - a loira respondeu com um careta.
A cabeleireira simpática, interrompê-las e pediu que Elena se senta-se em outra cadeira. Ela fez o que lhe foi pedido e logo Caroline parou em sua frente com as mãos na cintura.
– Se você quiser, eu vou com você. - ela se ofereceu
– Ver o Damon? - Car riu
– Não! Klaus obviamente. - disse balançando os ombros
– Não sei... – Elena disse enquanto sentia a tinta sendo aplicada em seu cabelo
– O que de pior pode te acontecer? - ela disse com os olhos arregalados – Ele estar em uma reunião e você ter que esperar alguns minutos até que ele possa recebê-la? - ela ironizou
– O que ele vai pensar quando me vir?
– Que você foi ver ele... Homens gostam de ser paparicados! - ela disse com ar de professora – Se sentem importantes com isso.
Elena não se aguentou e teve que rir. A cabeleireira, que ouvia toda a conversa, também soltou uma risadinha e logo concordou com o que Caroline dissera:
– Tenho certeza que seu marido vai adorar o seu novo look. Siga o conselho da sua amiga e vá vê-lo! - ela lhe falara.
– E serve também de alertar para Andie. - Car disse tentando convencê-la a todo custo – Vamos de uma chance ao seu casamento!
– Não é porque vai se casar com o Klaus que todo o restante das mulheres também tem de fazer o mesmo. - Elena retrucou
– Isso não tem nada a ver com o meu casamento e sim com o seu! - ela lhe garantiu
– O meu casamento não passa de um contrato e você sabe disso! Ele tem uma data de validade. – Elena disse fingindo indiferença
– Ótimo, mais um motivo para você ir vê-lo.
– Como assim? Nunca entendo as suas charadas. - ela disse mal humorada
– Vá e tente tornar esse casamento definitivamente real! Se você se arrepender, eu prometo ser a primeira a te ajudar a fazer as malas. - ela disse lhe dando um sorriso gracioso - Aproveite o novo visual sexy e vá vê-lo! Surpreenda-o! - Car a encorajou – Vá e lhe diga a verdade.. diga que o ama!
Elena ainda não acreditava no que estava prestes a fazer.. Suas mãos estavam suando consideravelmente enquanto o carro - guiado por Caroline que não parava de tagarelar sobre os preparativos do casamento -, deslizava pelas ruas movimentas em direção as Empresa Salvatore.
O que Damon diria quando a visse com os cabelos tingidos de castanhos? E quanto às luzes californianas? E ao novo corte do cabelo? E quanto…
– Elena? - Caroline gritou ao seu lado a fazendo pular – Tudo bem? - ela apenas assentiu – Você estava com uma cara de idiota diferente da habitual.. parecia em transe. - ela disse enquanto entrava no estacionamento da empresa.
Onde tudo começará.– Elena disse para si mesma em pensamento.
Ainda se lembrava com detalhes daquele dia.. daquela vaga.. daquele idiota.. Principalmente do idiota. Ela sorriu. Caroline tinha razão, havia chegado a hora que de resolverem o turbilhão de sentimentos que os envolvia.
O esportivo vermelho estacionado na mesma vaga de costume chamava a atenção mais do que os demais.
– Prontinho. - Car disse quando estacionou.
Elena pulou para fora do carro, sentindo o coração na garganta.
Ficou feliz quando o porteiro se lembrou dela e a cumprimentou com um simpático “bom dia senhora Salvatore”.
– Ótimo, - Car disse quando ficaram sozinhas no elevador – agora você vai fazer a sua surpresinha para o seu Damon e eu vou ver o meu Klaus. Toma pega a minha bolsa. - ela disse quando o elevador se abriu – Ela combina com a sua blusa.
– Obrigada. - Elena disse quando o elevador abriu.
– Boa Sorte. - a loira lhe respondeu de volta enquanto as porta do elevador se fechavam.
Elena fechou os olhos com a sensação de dejá vu. Lá estava ela novamente naquela mesma sala, naquele mesmo andar, naquele mesmo prédio.. e com aquele mesmo cara.
– Elena? - uma voz familiar a chamou – Elena Gilbert...?
– Bonnie! - ela disse animada para a morena de cabelos curtos em sua frente - Quanto tempo! - ela disse enquanto trocavam um abraço apertado
– Nem me fale! - a morena respondeu com um largo sorriso – Quase não a reconheci com a sua nova cor de cabelo. Adorei o novo visual Sra. Salvatore!
O tom de Bonnie era animado e Elena foi obrigada a rir:
– Obrigada. Na verdade acabei de fazer. Vim mostrar para o Damon. Você sabe se ele esta na sala dele?
O sorriso de Bonnie desapareceu...
– Você ainda não o viu então?
– Não ainda não.. Então ele esta na sala dele? Elena insistiu
– Não. - Bonnie disse parecendo nervosa – Ele esta meio ocupado agora, pediu que ninguém incomodasse.
– Puxa.. Pelo jeito perdi a viajem. – Elena disse ainda desconfiada – Onde é que ele esta?
– Na sala de reunião. - Bon disse parecendo pensar um pouco
– OH, então não tem problema.. eu o espero na sala dele. Foi um prazer te ver … - Bonnie lhe barrou a passagem assim que ela deu o primeiro passo
– Sinto muito, mas não posso deixá-la entrar.
– Qual é Bon? Eu sou a esposa dele. - Elena disse sorrindo de canto
– Sinto muito. - ela parecia realmente nervosa – Assim que ele voltar da administração eu aviso que você esteve aqui.
– Administração? - Elena estreitou o olhar – Ele não estava na sala de reunião? Porque esta mentindo pra mim Bonnie?
– Não estou mentindo! - a morena disse com ênfase – Ele esta na sala de reunião e depois vai ver alguns papeis na administração.
– Vou escrever um bilhete então e deixar na sala dele.
– Não se de ao trabalho.. eu mesma colocarei na mesa dele para estar certa de que ele o veja.
– Não. - Elena disse firme – Eu mesma vou fazê-lo. Deixe-me passar! - disse quando a morena não saiu da sua frente
– Sinto muito mas não posso.
– Eu é que sinto muito, porque se não sair da minha frente vou ter que lhe lembrar quem aqui é a mulher do dono da empresa. - Elena disse rezando para não ser cruel de mais.
– Não.. posso te deixar passar.
– O que você esta tentando me esconder afinal?! – Elena explodiu e avançou para a frente jogando Bonnie para o lado
– Elena! - ela implorou lhe agarrando o braço – Me ouça! Você não vai querer ir lá! - baixo o suficiente para que apenas ela escutasse
– Porque não? – Bonnie apenas balançou a cabeça – Me solte. – Elena disse devagar.

Os dedos de Bonnie afrouxaram o aperto e Elena conseguiu libertar o braço.
Avançou em passos largos pelo corredor que conhecia tão bem, e logo avistou a mesa de Andie, ou ao menos, a mesa onde Andie deveria estar trabalhando. Logo a sua frente a grande e alta porta apareceu. Não importava quanto tempo ele fosse demorar, ela esperaria e por fim colocaria os pingos nos “is”. Elena sorriu e colocou a mão na maçaneta respirando fundo. A partir dali era tudo ou nada!
– Damon! - A voz manhosa de Andie lhe chegou aos ouvidos – Por favor..
Elena empurrou a grande porta que se abriu sem o menor sinal de barulho ou ruído. E então o chão que até pouco tempo atrás estivera abaixo dos seus pés desapareceu. Seu coração começou a bater freneticamente e sua respiração falhou... Agora entendia o motivo da insistência de Bonnie.
Por Deus onde ela estava com a cabeça ao acreditar que podiam tentar ter um casamento de verdade? Ao acreditar em tudo o que Damon dissera? Céus como era idiota!
As lagrimas queimaram seus olhos e a garganta se fechou implorando por um soluço. Ela engoliu seco. Não faria isso.. Não iria chorar não ali!
Ela ficou ali enquanto via Andie, apenas de sutiã e com uma saia que não cobria quase nada, beijar seu futuro ex-marido. Damon tinha as mãos nos ombros dela e parecia tentar falar alguma coisa enquanto a vadia continuava lhe beijando com volúpia.
– Andie... - Damon enfim conseguiu dizer e ela se afastou para encará-lo.
– Sii... - ela perdeu a fala e de pronto a expressão de seu rosto ficou petrificada de assombro.
Dali em diante tudo aconteceu bastante rápido. Vendo o olhar apavorado que Andie lançava para a porta Damon se virou para encontrar o par de olhos castanhos que o olhava com indiferença.
– Elena! - ele sussurrou levantando da cadeira com um pulo.
A camisa dele e o cinto estavam abertos, Elena pode perceber:
– Surpresa! - ela disse com as mãos na cintura e a voz carregada de ironia – Eu vim lhe mostrar o meu novo visual Damon... - ela disse mexendo nos cabelos – O que achou?
– Não é nada do que você esta pensando. Calma, eu posso explicar! - ele disse com a mão estendida em sua direção
– Mas eu não falei nada. - ela disse dando de ombros sem esconder a ironia – Desculpe ter chegado assim sem avisar. - ela fez uma careta – Não queria ter atrapalhado vocês.
– Elena... - ele começo a falar mas ela o interrompeu
– Não se de ao trabalho Damon. - ela disse com a voz firme – E tente recuperar um pouco da compostura... - ela disse sinalizando a sua roupa – … prometo nunca mais interrompê-los. - ela apertou a bolsa com força e girou os calcanhares caminhando depressa pelo corredor.
– Elena espere! - ele gritou apavorado enquanto tentava ficar apresentável para poder ir atrás dela.
Ela não parou pelo contrário continuou andando ainda mais rápido e quando as portas do elevador se fecharam logo atrás de si ela respirou fundo. Não iria aguentar aquilo.. nunca.

Ela desceu do elevador e pegou a chave do carro na bolsa de Caroline.
– Elena! - Gritou Damon alguns metros atrás dela.
Ela não parou, apenas ergueu o queixo e continuou andando depressa. Ele corria e ela sabia que ele devia ter descido pelas escadas do prédio. Ela estava nervosa de mais e demorou mais tempo do que pretendia com a chave para destrancar a porta. Quando se sentou no banco trancou todas as portas e ligou o motor. A mão grande e pesada de Damon bateu no vidro com força.
– Vamos conversar, por favor! - ele pediu quando chegou até a janela do carro, ofegante.
– Não temos mais o que conversar. - Ela garantiu e viu pelo espelho retrovisor Klaus, Caroline e Bonnie também correram na direção deles.
– Desça desse carro e vamos conversar, por favor! A Andie esta louca ela...
– Me deixa adivinhar: ela te agarrou, te beijou tirou a própria blusa e abriu o seu cinto.
– Isso! - ele gritou com ênfase – Eu não pude fazer nada.
– Sim, claro, afinal você só é dez vezes maior e mais forte que ela! Agora saia de perto do carro, caso contrário não pensarei duas vezes antes de atropelar o seu pé. - ela o alertou
– Você vai para casa?
– Sim. Vou pra minha casa.
– Ótimo... - ele disse respirando fundo -... vou pegar o meu carro e nos encontramos lá.
– Acho que você não entendeu... Eu disse a minha casa, não a sua.
Todo o corpo de Damon tremia de pavor:
– O que isso quer dizer?
– Não aguento mais Damon. Estou indo embora. - ela disse sentindo as malditas lagrimas caírem de seus olhos e o voz ficar tremula de repente
– Não. - ele gritou dando outro tapa no vidro – Abra esse carro! Você não pode ir embora! Fica comigo!

– Não se preocupe. - ela pediu respirando fundo – Vou deixar que diga para a imprensa que foi você quem pediu o divorcio e quanto ao dinheiro, os quinhentos mil de adiantamento, eu prometo devolvê-lo assim que puder e...
– Que se dane! - ele gritou batendo a mão no vidro novamente – Você não pode me deixar, eu te amo!
As três palavras que Elena tanto queria ter ouvido nos dois meses e meio que haviam se passado, agora a machucavam como facadas. Reunindo todo o resto de resistência que ela ainda tinha, falou:
– Isso foi um acordo entre nós, fez sua parte e agora o acordo acabou, então, por favor, saia de perto do carro!
– Elena! Volte! - ele gritou enquanto ela manobrava o carro e arrancava em direção à autoestrada.
– Damon? - Klaus gritou parando ao seu lado – O que houve?
– Andie! - ele gritou sentindo a voz falhada e vendo o carro de Elena se afastar cada vez mais – Eu.. fiz o que a Elena pediu, eu a despedi e então ela riu e tirou a blusa, se jogou em cima de mim e começou a me beijar, abriu o meu e alguns botões da camisa, quando eu consegui afastá-la Elena estava parada na porta nos olhando! - ele disse passando as mãos no cabelo e tendo a sensação que logo seu coração se partiria em dois – E agora ela foi embora! O que vou fazer Klaus? Meu Deus eu a amo, como não percebi antes?!
Já, há alguns quarteirões dali, Elena ultrapassava um sinal vermelho enquanto as lagrimas lhe nublavam a visão e os soluços lhe invadiam os ouvidos como uma melodia dramática e triste.
Não queria mais ficar naquele lugar.. naquela cidade. Queria voltar para casa. Para o mundo onde ela podia ter o controle das coisas, ou de quase todas as coisas. No mundo onde Damon jamais a acharia...