Ela continuou em silencio até chegarem ao aeroporto. Nenhum dos dois voltou a falar qualquer monossílabo que fosse.
Quando finalmente chegarem ao aeroporto depois de um transito infernal, Damon se dirigiu ao balcão de informações enquanto Lena cuidava das malas.
Dentro de alguns minutos ele voltou e lhe entregou o passaporte:
– Tudo resolvido. - disse sorrindo - Um voo saíra dentro de 40 minutos com destino a Toronto. Já comprei nossas passagens, vamos de primeira classe.
– Ótimo. - ela limitou-se a dizer cansada.
Ele percebeu:
– Eu lhe avisei para dormir...
Ela fez uma careta e guardou o passaporte na bolsa.
– Não tive tempo.
– Venha. Tem uma lanchonete logo ali. Vamos tomar um café. - ele disse pegando as malas.
Café seria ótimo. Iria mantê-la acordada e isso era bom.
Dois cappuccinos com chantilly foram servidos assim que eles escolheram a mesa para se sentar, perto da janela.
– Você lembra que dia é hoje? – Damon quis saber enquanto a admirava tomando seu café.
– É quarta… Por quê? - ela disse arqueando uma sobrancelha
– Por nada. - ele disse suspirando e tomando seu café.
Pela quantia que Elena o conhecia poderia jurar que ele estava frustrado, porem achou melhor continuar calada, afinal o silencio já se tornara algo habitual entre eles.
– Tem certeza que não sabe que dia é hoje? - ele perguntou de novo
– Não me diga que eu esqueci o seu aniversário… - ela começou a dizer com pesar, mas ele a interrompeu
– Não… meu aniversário já passou. - ele disse dando de ombros.
Ela parou para pensar, mas a única coisa que havia de comemoração naquele dia era a ultima coisa que Damon poderia estar se referindo porque ele nunca lembraria. Por isso ela não arriscou…
– Eu devia me lembrar mesmo de algo? - ele assentiu serio. Ela ficou paralisada, enquanto sua cabeça dava voltas procurando pela lembrança “perdida”.
– Você realmente não lembra, não é mesmo? - ele disse sorrindo
– Desculpe…
– Não tem problema. - ele disse dando de ombros – Eu lembrei apenas hoje de manhã. Talvez você lembre até o final do dia. - ele brincou
– Talvez. - ela disse sorrindo. Era impossível ficar brava por muito tempo com Damon.
Elena terminou o café primeiro, e como o esperado ele sem duvida a deixou mais alerta.
Já Damon bebericou seu café devagar enquanto intermináveis minutos passavam.
– Vamos? - Damon disse se levantando e deixando sob a mesa dinheiro suficiente para pagar os cafés e alguma gorjeta para a garçonete.
Elena prontificou-se a pegar uma mala, enquanto Damon levava as outras duas para o portão de embarque.
Quando já dentro do avião, Elena se surpreendeu com tamanho luxo.
– Aqui. - Damon apontou para os acentos – Quer ir na janela?
– Sim. - ela disse eufórica – Se você não se importar.
– Por favor… - ele disse fazendo sinal para que ela se sentasse.
Ela havia andado uma vez apenas de avião e adorará a sensação e o friozinho na barriga, porem nunca tinha ido na janela.
Damon sentou-se ao seu lado suspirando:
– Pronta? - ele quis saber colocando o cinto
– Sim. - ela disse o imitando enquanto os restantes dos passageiros embarcavam
O avião deu partida e o piloto se apresentou, porem Elena não ouvira, estava ocupada de mais admirando a cidade diminuir cada vez mais e mais, até que só ficaram as nuvens...
– Lindo, não? - Damon disse inclinado sobre ela para ver um pouco da janela também
– Sim. - ela admitiu sorrindo.
Após mais alguns minutos admirando as nuvens a tarefa acabou por se tornar monótona. Se sentando em uma postura informal no banco bastante relaxada Elena ariscou perguntar:
– Esta chateado por ter se atrasado e não estar viajando com os caras de Toronto?
– Não. - ele disse sorrindo travesso – Na verdade foi até bom. Se eles estivem aqui agora estaríamos falando sobre o negocio. - ele fez uma careta
– Pra você é importante fechar esse negocio não é? - ela perguntou deitando a cabeça em seu banco
– Sim. Toronto é o centro financeiro do Canadá, bem como um dos principais centros culturais e científicos, qualquer negocio com as empresas de lá trás bastante lucro. Por isso essa urgência em fechar com eles - ele explicou rapidamente
– Hu-hum. - ela murmurou com os olhos quase fechando
– Durma Elena. - ele disse percebendo seu cansaço – Prometo que lhe acordo quando chegarmos em Toronto.
– Não estou com sono. - ela mentiu
– Você realmente não sabe mentir. - ele disse divertido.

Ela bocejou sorrindo e fechou os olhos por apenas um minuto…

– Ei querida, chegamos. - dizia-lhe uma voz masculina, lhe beijando a bochecha.
Havia dormido.
Precisou de cinco segundos para realmente raciocinar e abrir os olhos.
–Oh, o que esta fazendo? - ela perguntou se endireitando no acento enquanto ele lhe dava outro beijinho na bochecha
– Estou acordando minha esposa como ela merece. - ele disse parecendo achar divertido
– Eu já acordei. - ela disse totalmente envergonhada, alisando os cabelos quando ele ameaçou beijá-la de novo. Ele apenas riu.
– Vamos? Ainda temos que pegar nossas malas.
Ela assentiu sem ao menos ouvir o que ele tinha dito.
Ainda custava a acreditar que dormirá tanto.
– Eu dormi o voo inteirinho? - ela perguntou baixinho
– Sim, - ele riu – nem a turbulência que passamos lhe acordou.
– Tivemos uma turbulência? - ela perguntou atônica e visivelmente nervosa
– Sim. Talvez tenha sido bom você dormir. Não adiantaria muito ficar apavorada.
– Eu estava mesmo com sono… - ela disse ainda mais baixo - desculpe
– Eu disse para você dormir. - ele disse enquanto saiam do avião – E foi até bom, descobri coisas… interessantes.
– Tipo? - ela perguntou com súbito interesse o seguindo pelo saguão do aeroporto
– Que você faz biquinho quando dorme. - ele disse fazendo seu sorriso alargar-se mais
– Não faço não. - ela rebateu lhe dando um tapa no ombro
– Ah, faz sim. - ele disse parando em sua frente – É irresistível te olhar dormindo e não te beijar. - disse de repente em tom sedutor
– Pare com isso, estamos bem no meio de um aeroporto. - ela ralhou, porem sua ordem pareceu descrente ate mesmo para os seus próprios ouvidos.
Damon pareceu notar, pois riu e a abraçou mediante aos protestos.
– Já lembrou de que dia é hoje ? - ele perguntou em seu ouvido
– Não. - ela admitiu arrepiada – Quando você vai me falar?
Ele sorriu e entrelaçou seus dedos com o dela, voltando a caminhar.
– Quem sabe mais tarde. - ele disse sorrindo, e algo na voz dele soou como uma armadilha para Elena.
Saindo da parte coberta do aeroporto eles finalmente se dirigiam ao carro que os esperava no estacionamento, já com as malas.
Com um sorriso gentil o motorista se apresentou brevemente e se prontificou em guardar as malas enquanto Damon e Elena entravam no carro.

Assim que o motorista ligou o motor e arrancou o olhar de Elena ficou hipnotizado e maravilhado quando ao passar pelas ruas canadenses, notou como tudo era bonito sofisticado.
Por fim, alguns minutos depois o tour terminou, e eles estacionaram em frente ao hotel luxuoso que estampava cinco estrelas ao lado do sofisticado nome.
– Nossa, que coisa linda. - ela disse ao descer do carro com a ajuda de Damon
Ele apertou gentilmente sua mão e a puxou gentilmente pela cintura fazendo seus lábios se encostarem brevemente.
O beijo roubado deixara Elena em alerta, e foi quando ela pensou em xingar-lhe que ele disse olhando em seus olhos;
– Bem vinda a Toronto Elena Salvatore, minha esposa. - disse com um tom malicioso.

Todo o corpo de Elena lhe mandava avisos de perigo, mas ela decidiu ignorá-los, caminhando de mãos dadas com Damon até a recepção do hotel:
– Boa noite. - o recepcionista foi logo falando atencioso – No que posso ajudá-los?
– Temos uma reserva no nome de Damon Salvatore.
O recepcionista sorriu e verificou no computador:
– Oh, sim, aqui esta um quarto em seu nome Sr. Salvatore - disse quando o nome de Damon apareceu na tela – Aqui esta sua chave - disse lhe alcançando-a – Espero que aproveitem a nossa suíte. - ele disse com um sorriso maroto
Um quarto?! Elena arregalou os olhos, como assim somente um quarto no nome de Damon?!
Eles estavam unidos apenas por um contrato, e por mais que todos pensassem que eram marido e mulher isso seria de mais… Seu autocontrole não suportaria tanto!
Damon agradeceu e esperou até que o carregador começa-se a andar.
Assim que ficaram a uma distancia considerável tanto do carregador quanto do recepcionista, Elena agarrou-lhe o braço e o puxou para baixo para poder lhe sussurrar no ouvido:
– Como assim um quarto Damon? - ela cochichou
– O que esperava? Quartos separados? - ele perguntou rindo – Por Deus Elena! Esqueceu que todos pensam que estamos loucamente apaixonados? O que você acha que os canadenses pensariam ao saber que minha mulher não divide o leito comigo?
– Eles nem saberiam… - ela retrucou parando de andar e cruzando os braços
– É claro que saberiam. As revistas estão loucas por um furo meu e acho que “Damon e esposa dormem em quartos separados” seria uma ótima matéria para a primeira capa, não ? - ele perguntou agora serio
– Você é muito dramático! - ela rebateu
– Você é que é muito dramática. O que acha que eu vou fazer? Não sou o lobo mal Elena.
– Oh mais é claro que não o lobo mal comia vovozinhas. - ela disse irônico, mas logo se arrependeu
– Então o que você acha que eu como? - ele perguntou com a voz carregada de malicia.
Elena sentiu um arrepio percorrer-lhe o corpo e antes que pudesse responder uma voz aguda os interrompeu: - OH, Damon.
Ambos viraram ao mesmo tempo para ver quem era.
A loira sorridente vinha animada na direção deles. Vestia um vestido azul marinho curto, cabelo preso e maquiagem bastante forte alem da sapatilha dourada. Uma combinação… diferente.
– Enfim você chegou. - ela disse dando dois beijinhos na bochecha dele
Elena apenas observava a cena quieta, jurando a si mesma que a raiva que passará a sentir não era nada parecido com ciúmes. Notara que agora a expressão de Damon era sorridente e ele parecia bastante descontraído.

– Deixe-me fazer as apresentações... - ele pediu assim que se soltou do abraço da loira – Esta é minha mulher Elena, e esta é Andie minha secretária. - ele disse em tom inocente e virou-se para Elena a tempo de ver o ódio atravessar o olhar dela.
– É um prazer. - a loira disse estendendo a mão.
Elena a cumprimentou de volta sem dizer nada e juntando todas as suas forças para sorrir.
Damon a olhava curioso.
– Então você é a Andie? - Elena teve voz para perguntar
– Sim. - a loira assentiu
– Puxa, veja que engraçado. - Elena disse com um tom que apenas Damon identificou como irônico – Pensei ter ouvido meu marido me dizer que você não vinha.
Para Andie não passará de uma observação. Porem para Damon o recado havia sido enviado com êxito.
Ela estava morrendo de raiva naquele momento.

– Foi tudo resolvido meio que de última hora. – Andie disse dando de ombros
– É. Não tínhamos planeja muito antes… - Damon disse como se quisesse se defender
– Ah, é? Interessante. – Elena disse ainda mantendo o sorriso no rosto.
Sentia todo o seu corpo tremendo de ódio, por isso respirou fundo e puxou a saia um pouco mais para cima. Como Damon se achava no direto de fazer isso com ela?!
–Damon, os canadenses estão ansiosos pra falar com você. - ela disse virando o corpo apenas para ele - Estava indo me encontrar com eles agora no bar não quer me acompanhar?
– Ótimo. - ele disse parecendo animado – Elena você.. - a loira o interrompeu
– Oh, tenho certeza que a sua esposa não vê a hora de descansar. Porque não a deixa subir e relaxar? Tenho certeza que ela estará cansada no jantar depois da longa conversa de negócios que teremos.
Elena ficou em duvida se a voz da garota passava ironia ou malicia. Porem qual fosse ela não gostou nem um pouco.
– Elena? – Damon perguntou para ver se ela concordava com a loira
– Oh, não se preocupe... - ela disse tentando ao máximo parecer indiferente – Vá querido. Nós encontramos no jantar.
– Viu? - a loira disse sorrindo – Vamos Damon? - ela perguntou se dependurando em seu braço
– Bom, se é assim… vou acompanhar minha esposa até o elevador. - ele disse se desvencilhando dela e passando o braço ao redor da cintura de Elena – Vamos querida.
Sem protestar Elena foi se controlando para não bater em seu querido marido. Quando deram o terceiro passo ele lhe confidenciou no ouvido:
– Espero que não esteja brava...
– Brava? Por quê? Você só trouxe a secretaria para a viajem quando disse que não traria. Não tenho motivos para estar brava. - ele sorriu e a fez virar-se para ele
– Não esta com ciúmes, não é esposa?
– Ciúmes? - ela disse com desdém – Por favor, Damon… - ela revirou os olhos
– Se você quiser eu subo com você e desço mais tarde. - ele sugeriu
– E estragar a sua diversão? Jamais. - disse com as sobrancelhas franzidas – E não precisa nem se dar ao trabalho de me levar até o elevador. - ela tentou empurrá-lo para longe
– Vão pensar que estamos brigando. - ele alertou sem se mexer um milímetro.
Ela olhou ao redor. A loira os olhava curiosa a uma distancia considerável, e o trabalhador do hotel também os olhava aguardando com as malas.
– Pouco me importa! - ela respondeu sem dar o braço a torcer
– Você se importa sim… - ele disse lhe dando uma piscadela - Agora me da um abraço forte ou vão achar que estamos brigando. - ele disse lhe puxando.
– Eu não quero te abraçar. - ela rebateu brava – E não me agarra desse jeito. - ela protestou quando ele continuou puxando-a
– Hora do abraço. - ele disse quando a prendeu entre seus braços – Viu? É bom. - ele disse descendo a mão discretamente até suas nádegas e lhe dando tapinhas fracos.
– Mais uma palmadinha – ela alertou - e eu corto a sua mão enquanto estiver dormindo.
– Tá. - ele disse tirando rapidamente a mão.
– Estamos entendidos não é querido? - ela se afasta um pouco dele para lhe dar levas batidinhas no rosto – Marido bonzinho… - ela deu mais uma batidinha, no entanto com mais força.
– Ai, que isso. - ele reclamou sorrindo enquanto ela se afastava e murmurava algum pedido de desculpas ao carregador.
– Vamos Damon? - a voz irritante de Andie o chamou
– Vamos. - ele disse depois de mandar um beijo engraçado para Elena que entrava no elevador.