Yin e Yang escrita por Park Sunhee


Capítulo 1
Por dentro.


Notas iniciais do capítulo

Capítulo pequeno para sentirem o gostinho! Hahaha. Espero que gostem ♥



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Três da manhã.

E eu ainda acordada sem conseguir pregar o olho.

Quatro da manhã.

Daqui a pouco tenho que sair para o escritório e não consigo dormir.

Seis da Manhã.

O alarme soa tão alto que mal consigo levantar da cama para desliga-lo. Duas benditas horas de sono fora tudo o que tive nesta noite. Náusea, insônia, pensamentos e preocupações fizeram parte de mim desde o momento em que deitei a cabeça em meu travesseiro fofo para dormir. Fora como se algo tivesse despertado o fogo dentro de mim mais uma vez. Aquilo não acontecia desde quando acordei do coma no mesmo exato segundo que Mia, minha irmã gêmea.

Estava preocupada o suficiente para perder a hora até o prédio de advocacia onde trabalhava, ao notar que o relógio já marcava nada mais nada menos do que seis e quarenta e um da manhã. Arranquei minha pasta do meio da bagunça no sofá da sala cor de pele e logo corri para fora de meu minúsculo apartamento apenas pensando em como não levar um grande sermão de meu chefe pela segunda vez naquela semana.

Sem esperar o elevador corri em direção ás escadas, eram apenas cinco andares então esperar o elevador naquele dia que já começara corrido era nada mais do que uma grande perda de tempo.

Meu “bom dia” ao porteiro fora tão rápido que mal consegui escutar se ele respondeu ou não. Mas não tinha tempo para bons dias por educação. Logo corri apressada para a esquina mais próxima enquanto olhava rua a fora procurando um taxi que nunca desejara tanto quanto naquele momento de pressa. Logo veio um vazio onde o motorista mantinha um sorriso no rosto enquanto dirigia e escutava uma das rádios populares de Central City, ele perguntava como estava sendo minha manhã e fazia comentários positivos sobre como o céu estava azul e o clima agradável enquanto eu concentrava em não vomitar.

Andar de carro ou qualquer tipo de transporte sempre fora meu fraco e, com meu estomago daquela maneira, tentava manter a calma para não sujar o táxi bem cuidado e acabar tão cedo com o dia de um homem tão adorável.

– Aqui estamos! – ele disse me fitando com um sorriso tão enorme nos lábios que pude notar seus dentes amarelos.

– Obrigada – agradeci lhe dando uma nota de vinte.

– Seu...

– Não precisa – sorri abrindo a porta do carro evitando o troco – tenha um bom dia.

Ele logo sorriu e mais uma vez deu a partida enquanto eu atravessava a rua correndo, tentava me equilibrar no salto com sutileza quando uma buzina fez com que eu me sobressaltasse e antes que pudesse fazer algo – como correr, por exemplo – senti um impacto em minha perna esquerda.

E lá estava eu, no chão da calçada, em pé e salva enquanto todos olhavam para minha cara de assustada sem ter o que dizer. Fitei o homem de vermelho á minha frente, quem deu um pequeno sorriso sem mostrar os lábios e logo saiu correndo á uma velocidade tão grande que o impulso atirou-me contra a parede verde de cimento da floricultura bem ao lado do prédio de advocacia ao qual estava indo. Tentava encontrar palavras para pedir á todos que parassem de me encarar, enquanto minha vista se tornava menos embaçada, mas assim que abri a boca para dizer que tudo estava mais que bem, vomitei.

Todo o resto de pizza, que comi antes de dormir na noite passada, agora fazia parte da calçada cinza e sem graça um local mais nojento e colorido. Senti uma mão fria com dedos quentes e puxando para dentro do prédio de advocacia.

– Você está bem? – ele me encarava com seus olhos azuis.

– Ah – tentei sorrir simpática – oi, Jeff.

– Oi, Deb.

– Estou – balancei a cabeça positivamente – só preciso lavar essa boca... Esse gosto...

– Han... – ele parecia tímido enquanto tentava dizer algo – você... Você está mesmo bem?

– Sim, Jeff – balancei a cabeça – só foi demais pro meu estômago, só isso.

– O cara de vermelho, não é?

Balancei a cabeça mais uma vez subindo as escadas em direção á recepção.

– Ele salvou você.

– Eu sei – sorri o fitando.

– Ele vem salvando a cidade há um tempo, ele é um Herói.

Dei uma fraca risada – Você e sua positividade.

– O que quer dizer?

– Que ele está fazendo isso por uma razão – falei acenando com a cabeça para o recepcionista.

Ele apenas me fitou passando o crachá na parte digital da roleta em frente ao elevador espelhado.

– Você aceitaria salvar o mundo sem receber nada em troca?

– Se eu tivesse estes... Poderes... Quem sabe?

Apenas ri apertando o botão do elevador.

– O que?

– Você trabalharia para nada.

– Salvaria as pessoas. Seria alguém importante.

– Você já é – falei o fitando pelo elevador espelhado – você é um advogado importante, bem sucedido, com oitenta por cento de vitórias em seus casos, você salva famílias e deixa as pessoas felizes.

Jeff me fitava com seus olhos azuis.

– Você é um herói.

– Acordou de bom humor hoje, foi? – ele riu desviando o olhar no instante em que o elevador abriu.

– Sou realista.

– Está me iludindo.

– Não.

– Sim.

– Não.

– Sim.

– Ambos sabemos que esta discussão não dará em nada.

Ele apenas sorriu fitando a porta do elevador e tudo o que eu conseguia pensar era em como retirar aquele fogo inútil ardendo dentro de mim. Aquilo não podia estar acontecendo novamente, não comigo, não sabia se podia suportar mais uma vez tudo o que aconteceu da primeira vez, no instante em que descobri do que era capaz após a explosão.

Por mais que soubesse que tinha de ir, obrigatótiamente, direto á minha mesa para evitar que meu chefe se irritasse, saí do elevador e avisei á Jeff que iria ao banheiro por não estar me sentindo muito bem. Ele logo assentiu e fomos em direções opostas.

Apoiei as mãos no granito escuro que estava em volta da pia transparente. Respirava fundo tentando manter a calma, mas tudo o que conseguia era acelerar meu coração, o que me fazia ter um déjà vu do que não acontecia há meses. Abri a torneira lavando meu rosto em seguida, fitei-me ao espelho e vi como meu rosto estava rosado tão fora do comum quanto aquele fogo em meu interior.

A porta do banheiro se abriu e apenas peguei o papel para secar meu rosto, um bom dia foi-me dito, mas era como se não estivesse ali, era como se tudo estivesse vago e apenas sorri para a ruiva através do espelho. Peguei minha pasta saindo do banheiro logo em seguida. Não tinha muito que fazer a não ser tentar distrair-me com meu trabalho, com os casos que tinha de solucionar e aquilo me deixava ainda mais nervosa.

Ainda mais porque eu tinha minhas suspeitas do porquê estar realmente daquela maneira.


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