Inferno escrita por Universo


Capítulo 2
Capítulo 2 - Um Monstro




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Acordei gritando, e em seguida meu pai entrou no quarto, preocupado. Eu disse que não foi nada, que foi só mais um pesadelo e ele saiu, me deixando ali. Eu fui no banheiro, fiquei de frente ao espelho e tirei minha camisola, deixando-a cair no chão. Me virei de costas para o espelho. Não tinha nenhuma marca, porém, estava doendo muito. Tentei não me preocupar com a dor e fui me arrumar para a escola.

Antes de sair de casa, fui falar com o meu pai, que ainda estava tomando o café da manhã.

– Oi, pai. - Disse, enquanto o abraçava.

– Oi, Mari. - Ele disse, retribuindo o abraço, mas logo me soltando. - Sente-se e coma algo antes de ir.

– Não, não. Vou comer na escola mesmo, mas obrigado. - Sorri, disfarçando, enquanto me sentava na cadeira.

– Então beba algo antes de ir. Sabe que não é bom ficar sem se alimentar pela manhã.

– Ok, ok.

Me levantei, coloquei café numa caneca e bebi.

– E aí, como foi a festa ontem? - Ele me perguntou.

– É... Foi legal. Nada demais. - Respondi. - Pai, tenho que ir, tchau. - Me despedi.

– Até mais!

Peguei minha mochila e sai de casa.

Não consegui levar minha mochila nas costas. Estava doendo muito.

Na escola, evitei ficar perto de Elisa o máximo que pude e, como ela sempre estava com Bernardo, consequentemente fiquei longe dele, também. Mas aquilo não era o que importava.

Quando cheguei em casa, fui direto pro computador, pesquisar por situações parecidas com a minha. Encontrei algumas coisas, mas nenhuma solução útil para o meu caso. Apaguei o histórico antes de sair, pois não queria que meu pai achasse que eu estava ficando louca.

Li um livro de suspense, mas não consegui me concentrar. Então decidi ouvir música.

Estava deitada na minha cama, olhando para o teto, com os fones de ouvido no volume máximo. De repente, começa a tocar a música "The Infection" da banda Disturbed.
Eu nunca entendi muito a letra, e continuava sem entender seu real significado. Mas aquela letra parecia descrever exatamente o que eu estava sentindo no momento.
Senti uma vontade enorme de chorar, de gritar, de fugir, mas o máximo que consegui fazer foi continuar ali na cama, sem me mover. Eu estava realmente péssima! Estava cansada, fisicamente e mentalmente. Parecia que a dor nas minhas costas estavam piorando. Sentia muita fome e muito medo, e quando eu tentava fazer algo para melhorar, acabava piorando. Parecia que havia uma guerra dentro de mim. Só que uma guerra minha contra eu mesma. E eu não podia contar nada para ninguém!
Será que eu devia mesmo me render?
Queria que tudo acabasse logo.

Um mês depois.

Os dias se passaram e nada mudou. Mentira. Mudaram sim, mas para pior.

Tudo que eu fazia deixava claro que estava com problemas com insônia. Como sabemos, o sono e a alimentação são fatores fundamentais para manter a saúde do corpo e da mente, então, é meio óbvio que minhas notas na escola afundaram. A falta de nutrientes no meu organismo estava cada vez mais visível. Meu cabelo estava quebrando, minha pele estava pálida e ressecada e eu sentia muito frio. Antes eu já era magra; agora, estava esquelética.

Surgiram diversos hematomas pelo meu corpo e, por este motivo, comecei a usar um moletom branco que eu achei no meu armário, que também ajudava a disfarçar minha magreza.

Eu não falava mais com Elisa, nem com Bernardo, nem com ninguém do colégio. Eles vieram perguntar o que estava acontecendo comigo, mas simplesmente ignorei. Agora, eu havia me tornado algo que nunca imaginei (ou quis) ser.

Eu era um monstro.


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Notas finais do capítulo

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