Era quase um pedido de desculpas ele estar ali - mesmo que a briga não tenha sido sua culpa Draco era teimoso e importante demais para ignorar, porém ainda faltava a parte crucial onde seus lábios se abriam e ele conseguia pronunciar o que tanto lhe atormentava sem parecer muito ridículo diante da pose orgulhosa que beirava quase a indiferença a sua frente. Ele desejou poder presentar Draco com um soco invés das desculpas que lhe devia, mas se fizesse isso nunca mais teria uma chance com o outro.

– “Uma chance de estar com ele sem ter que lutar contra ele” – pensou amargurado e cansado.

O Ano estava acabando e com ele tudo estaria perdido. Seus desejos não seriam tão importantes diante de uma guerra e tudo se resumiria a esperança e morte, mas tudo que ele conseguia pensar era no porquê de estar nas frias e traiçoeiras masmorras de Hogwarts e a única resposta fazia seu coração se apertar ainda mais.

– “Draco estava ali” – uma voz traiçoeira sussurrou em sua mente como se isso fosse a resposta para todos seus problemas, porém logo uma irritante e acusatória continuou. – “Está ali pegando suas coisas e indo se tornar um comensal com o papai” – E Harry odiou cada parte de seu corpo que não duvidou daquilo.

Era Draco Malfoy afinal. O Perfeito herdeiro nascido para ocupar o braço esquerdo dos lordes das trevas como seu mais fiel servo. Ele que nascera para herdar o lugar de Lucius sem nem ao menos ter o direito de escolher e que por anos pareceu ter desejado isso como se fosse o certo, mas que nos braços de Harry somente parecia estar cansado demais daquele velho jogo de sangue e guerra.

Com esperança buscou o olhar de Draco mais uma vez se lembrando de seu nome sendo sussurrado de uma forma que só poderia ser apaixonada, mas era difícil conseguir algo da indiferença de Draco quando Pansy o olhava como se pudesse explodi-lo sem o uso de uma varinha e Zabini parecia usar todo seu controle para não o socar.

Olhou os dois em um mudo desafio, assim com uma muda pergunta que só queria saber o porquê deles estarem ali.

Ele queria conversar a sós com Draco. Queria possivelmente ter seu último beijo e tentar reunir alguma esperança que aquele não seria o fim. Mas nem Zabini ou Pansy falaram algo quando Draco deu um passo à frente encarando os olhos muito verdes de Harry e tirando seu fôlego com isso.

Harry desprezara os olhos de Draco por anos os achando frios e vazios demais, mas agora ele só poderia os acha-los perfeitos. Era como um céu tempestuoso onde a chuva caia forte, mas quieta e Draco amava a chuva.

Harry percebeu que amava a chuva assim que viu aqueles olhos e nunca fora esperto o bastante para se dar conta disso.

Continuou encarando Draco enquanto este o olhava calado com uma postura tensa, mas confiante.

– Eu vou com você. – declarou o Sonserino tranquilamente fazendo Harry o olhar confuso.

Draco iria com ele para onde? Harry se perguntava isso enquanto sentia saudade da chuva forte que caia nos campos de Hogwarts durante seu primeiro beijo com Draco.

– Eu vou ir com você, Harry. – repetiu o loiro com mais convicção. - Eu não posso deixar você morrer pelas mãos de outro.

E Harry entendeu tarde demais novamente o porquê de Pansy querer o explodir e Zabini o socar.

O Moreno sorriu de um jeito que arrebatava Draco e não disse nada ao beijar o outro como se sua vida dependesse isso e para sua surpresa Draco correspondeu enquanto finalmente deixava-se levar para os braços confortáveis e quentes de Harry.

Draco não era um comensal e não era um Malfoy ou um Sonserino, como tanto gostava. Ele não era nada disso enquanto suspirava o nome de Harry quando suas bocas se separavam.

Ele era somente Draco e para Harry era tudo que ele precisava para viver aquela guerra e – acima dela.

Ele era tudo que Harry precisava para viver toda sua vida.