Sakura sentiu as suas forças se acabarem. A chuva caia em seus cabelos róseos e ela apertava a terra com força. Sua mente viajava em uma jornada louca e torturante. Todos os mortos da guerra. Todos destruídos. Acabados. Quantos sorrisos não veria? Quantas vozes nunca mais iria escutar?

Agora só ouvia o silencio e isso a deixava surda. Aterrorizada. A guerra havia acabado. Mas eles lutavam. Sasuke e Naruto. O inimigo havia perdido a guerra. Os ninjas vencido. Então por que maldita razão eles lutavam? Porque queriam se matar?

Se ergueu liberando as suas ultimas forças. Tudo doía e ela queria morrer, só não queria saber da batalha. Não queria ouvir. Não queria sentir. Não queria se lembrar que as duas pessoas que mais amava estavam em uma luta. Um deles não sairia vivo.

Sakura não sabia para quem torcer.

Mas queria seu casamento. Naruto havia prometido. Iriam se casar assim que tudo acabasse. Ela seria como sua mãe, com cabelos estranhos e personalidade forte. Sakura se lembrava de sorrir e lhe dizer, que a personalidade de Naruto jamais seria como a do pai. Ele ficou emburrado. Ela disse que o amava. Haviam marcado a data de casamento. Três meses após o fim da guerra. Em dois meses e quinze dias.

Ino já estava alegremente a ajudando a escolher o vestido de noiva e as flores do buquê. Seria a madrinha e Gaara seria o padrinho. Sasuke havia voltado. Mas não havia lugar pra ele no conto de fadas que Sakura fazia questão de viver agora que a guerra havia acabado.

O esperou por anos. Agora era tarde. Ele deveria entender e fazer o que sempre fez. Desaparecer da vida dela e de Naruto. Ele era bom nisso. Sakura sabia que se quisesse conseguiria.

Então porque ele estava tentando matar Naruto? Tentando fazer com que as flores e o vestido fossem em vão? Achando que poderia ressuscitar o que ela havia custado a matar. Não se pode reviver nada, nem os mortos em guerra, nem o amor morto. Ela queria gritar. Ninguém jamais amaria o Uchiha.

Chegou ao campo de batalha no momento final. Sasuke estava de pé, a espada em punho e Naruto preso a uma arvore qualquer. Quase morto. Os olhos azuis sem foco se arregalaram ao vê-la no campo de batalha. Desespero e suas ultimas palavras saíram. Estava longe para ouvir, mas ela conseguiu ler seus lábios.

“Não, na frente da Sakura não, ela” era uma suplica que ficou pelo meio ao ser perfurado. Os lábios que sempre sorriram deixaram um ultimo grito sair. Os olhos deixaram que a ultima centelha de vida se fosse e só restou o corpo sem vida preso a uma arvore. Imóvel. Mais um sorriso e mais uma voz que ela jamais veria.

- Não! – berrou alto e seus joelhos bateram no chão com toda a força e os olhos escarlate e que pingavam sangue de Sasuke a encarou inexpressivo.

“Meu nome é Uzumaki Naruto e eu gosto de lamem. Minha comida preferida é lamem. E eu odeio quando...”

- Não! – berrou novamente tapando os ouvidos. A voz de Naruto continuava a gritar em seus ouvidos.

“Esse é o meu jeito ninja. To certo!”

- Para!!! – berrou olhando para os lados. As mãos foram para a boca, o rosto, o ar. Onde ficar? Qual o lugar de suas mãos em um mundo onde Naruto não existia? Qual o sentido da garota?

“Eu vou ser o próximo Hokage!”

- Naruto!!! Para, Para!!! – os dedos se afundaram em seus cabelos e puxaram com força, a dor não anestesiava o que sentia. Não anestesiava.

- Sakura. – uma voz fria a chamou e ela estava sendo erguida. A sua frente olhos negros cobertos de sangue e frios. Uchiha Sasuke.

“Naruto, promete que vai trazer o Sasuke de volta! Promete pra mim”

Ele estava na sua frente. Os olhos negros que ela sempre amou, os cabelos negros. O rosto frio e inexpressivo. Seu Sasuke estava de volta. Naruto havia o trago de volta.

- Sa-su-ke-kun. – todas as emoções de seu rosto se foram dando lugar a um fascínio inocente, infantil. – Você voltou pra mim. – sussurrou o abraçando.

Não foi retribuída. O sangue e o suor da batalha molharam sua pele, seu corpo. O cheiro que ele emanava não era mais o cheiro do Sasuke. Era apenas morte. Mas ele havia voltado não? Estava de volta. Seu grande amor.

- Foi preciso. – era quase uma desculpe dele. – O Naruto, foi preciso Sakura. Foi preciso. – pela primeira vez havia dor nas palavras daquele que nunca sentiu nada. Mais palavras de dor saíram de sua boca. Não paravam de sair. Quase gemidos de lamentações.

Os olhos de Sakura focalizaram os de Naruto. Azuis, abertos, mortos. Iriam se casar. Iriam ter filhos loiros de olhos verdes. Agora ele estava morto, preso em uma arvore e ficaria ali para sempre. Não envelheceriam, não brigariam porque ele só comeria lamem, não teriam brigas bobas de casais. Porque Naruto estava morto, mas tinha lhe trago Sasuke. Como havia prometido. Ela tinha Sasuke nos braços. O homem que quase chorava em seus braços era Sasuke. Ele estava de volta. Seu Sasuke.

- Xii, calma. Você voltou. – murmurou passando as mãos nos cabelos negros dele e então se afastando para o encarar nos olhos. – Você voltou Sasuke Uchiha. – um sorriso sem nenhum sentimento surgiu em seus lábios e por um momento Sasuke se calou a encarando.

Ele tentou se esquivar, mas a kunai foi certeira em seu coração. Os olhos negros se arregalaram e Sakura abriu um sorriso maior sentindo as mãos másculas e cheias de sangue em seus ombros, sem força. Afundou mais a kunai ouvindo um gemido de dor.

- Porque você voltou? – perguntou com tanto ódio que o Uchiha, que havia crescido toda a sua vida em meio a um mundo de ódio se assustou. Então caiu. Com o coração perfurado ele caiu no chão.

Sakura o encarou sorrindo. Não é que o maldito tinha mesmo coração? Uma gargalhada seca saiu de sua garganta enquanto ela se encaminhava ate Naruto. Seu noivo o observando atentamente. Oh! Como o amava.

- Não se preocupe amor. Agora ele esta com sua família. – garantiu sorrindo alegre e então se sentando ao pé da arvore onde o loiro estava pregado. – Temos que discutir sobre o nosso casamento. A Ino quer fazer uma grande festa e eu acho que quero também. Você é o herói da vila... Eu vou casar com o Naruto. O herói da vila. Vamos ser felizes. – seus olhos se perderam na imagem do moreno morrendo a sua frente. – Vamos ser felizes. Felizes, felizes. Pra todo o sempre.