Ele estava andando descontraidamente pela calçada como sempre fazia. Uma calça jeans gasta, all star de cano alto preto, um moletom caqui com capuz e as mãos no boldo do mesmo, saindo dele um fio que ia até seus ouvidos. Seus cabelos, loiros, aparecendo apenas uma parte por causa do capuz, um lindo rosto que chamava a atenção e a concentração na música que escutava. Quem passasse por aquele homem com cara de garoto com certeza pensaria que ele faz sucesso com as garotas, que tinha namorada, que era alegre, divertido, até mesmo popular.

Mas ele não era. Não mais. Não depois de que ela partiu.

Ah, ela! A garota dona de seus pensamentos e de seu coração. A garota, não, a culpa de sua dor, da dor que consome ele por dentro a todo instante. A razão por ele ter mudado tanto.

Faziam anos, na verdade. Quatro, para ser exato, mas ele mesmo assim sentia falta dela. Ela nunca foi sua namorada, eram amigos, melhores amigos. Ele? Era o maior pegador da escola, mais popular. Sua fama era surpreendente. Ela? Achava que o comportamento dele de ter uma namorada por semana era grotesco.

E então ela se foi, se mudou para um outro lugar, que ele não sabia. Não tinham mais contato. Ele mudou muito, parou de sair com tantas garotas, abandonou sua fama de popular, terminou a escola e conseguiu entrar para a faculdade de medicina que tanto queria desde sempre.

Andava até seu café preferido. Sempre ia lá depois do trabalho. Trabalhava de manhã e estudava de noite, nesse meio tempo ele tinha um tempo só para ele. Entrou no café e o clima quente o aconchegou assim que saiu do frio que estava naquele dia, abaixou seu capuz, deixando mostrar apenas o gorro negro que estava usando.. Sentou-se em um banco de frente par o balcão e pediu um café.

Tomou seu primeiro gole distraído e não percebeu quando um dos lados do seu fone de ouvido caiu. Dobrou o guardanapo distraidamente, transformando-o em um cisne.

- Apolo? - Uma voz conhecida perguntou. O coração do loiro falhou uma batida enquanto ele se virava. Era ela. Ela estava ali, sentada do lado dele, usando um sobre-tudo preto, calça jeans escura e uma bota preta, uma boina também preta nos cabelos ruivos, que estavam soltos. Em quatro anos ela não mudara quase nada.

- Ártemis! - Ele sorriu, um sorriso enorme, e a abraçou.

- Eu já desconfiava que era você, mas assim que fez o cisne eu tive certeza! - Ela disse abraçando-o também.

- Ah, Art, senti tanto sua falta! - Ele disse enterrando seu rosto no pescoço da mais baixa.

- E você não sabe o quanto fez falta na minha vida! - Ela disse. Apolo deu um sorriso de canto.

- Sabe, Art, eu sou meio que inesquecível. - Ele disse. Só o simples fato de que ela estava ali fez sua personalidade antiga voltar com tamanha força que ele não resistiu a fazer esse comentário. Ártemis riu.

- É. Você é. - Ela disse sorrindo. Também parecia a mesma garota de quatro anos atrás. - Mas nunca me lembre que eu disse isso!

Foi a vez dele rir. Então ele pediu um café para ela, alegando que iria pagar.

- Eu tenho duas perguntas, depois que você me responder deixo você me bombardear de perguntas, sei que quer fazer isso. - Apolo disse quando ela jpa tinha recebido o café. Ártemis assentiu.

- Faça-as. - Ela disse divertida.

- Porque você foi? - Ele perguntou. Sua expressão ficou dura por míseros dois segundos, mas ele percebeu, então, ela apoiou seu café no balcão calmamente, como se estivesse pensando na resposta correta.

- Eu precisava... pensar. - Ela disse. - Você sabe, ficar longe por um tempo, me desculpe.

Apolo suspirou, ele queria gritar com ela, dizer que quatro anos é muito tempo para pensar, principalmente para ela, que sempre tinha sido inteligente. No entanto, ele permaneceu calmo e tudo o que fez foi apoiar seu café no balcão também.

- E porque voltou só agora? - Ele perguntou. Ártemis suspirou.

- Demorei tempo demais para descobrir uma coisa óbvia. - Ela disse. - E depois mais tempo ainda para adimitir para mim mesma.

- E o que seria isso? - Apolo perguntou.

- Que eu estou perdidamente apaixonada. - Ártemis respondeu.

Apolo se quebrou por dentro, ficou mais quebrado do que estava antes de vê-la. Ele queria respostas antes, e agora desejava que não tivesse-as. Tentou fingir que estava indiferente, mas acabou segurando com força demais a xícara de café e queimou sua própria mão.

- Espero que esse idiota valha a pena. - Disse rabugento, sem olhar ara Ártemis. A garota deu uma risadinha.

- Ele vale sim. - Ela disse com um sorriso divertido ao perceber que o loiro estava com ciúmes. - Sabe, ele não saiu dos meus pensamentos durante esses quatro anos.

Apolo suspirou, ele não acreditava no que ouvia, mesmo assim, se limitou a colocar a xícara de café novamente no balcão, ignorando a dor que a temperatura da mesma fazia em sua mão.

- E eu o conheço? - Ele perguntou, fingindo estar interessado no cardápio.

- Melhor do que eu, imagino. - Ártemis respondeu, ainda com seu sorriso.

- E quem seria ele? - Apolo perguntou finalmente olhando para a mulher que estava ao seu lado, e ao ver o sorriso divertido dela ele entendeu a brincadeira, um pouco tarde demais. "Você está ficando enferrujado, Apolo", pensou rindo com si mesmo.

- Você. - Ela disse rindo. Adorou o joguinho. Apolo sorriu de canto.

- É, eu valho a pena mesmo. - Ele disse, não resistindo de novo. Ártemis gargalhou alto e puxou o loiro para um beijo.

- Sabe, Art, você também não saiu dos meus pensamentos. - Ele disse depois que se separaram. Colou suas testas, as respirações ofegantes.

- É bom saber disso. - Ela disse com um sorriso. O olhar dos dois cruzou e começaram a rir. Se beijaram de novo, e de novo.