Escrito nas estrelas escrita por Bethane


Capítulo 19
Fuga




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Tudo estava escuro, a única coisa que eu conseguia ouvir é a respiração constante da Sarah, que dormia com a cabeça repousada no meu colo. Eu sabia que o Tobias estava a apenas alguns metros de mim, isso não me deixava tranquila. Por um lado eu estava feliz por ele estar bem, mas por outro, tê-lo por perto e não poder toca-lo era tão doloroso.

Sempre tive que ser forte pra Sarah, ser uma rocha onde ela pudesse se apoiar. Gostaria que a mamãe tivesse aqui, com ela eu me sentia segura, alguém pra me abraçar e dizer que vai ficar tudo bem. Mas sempre foi o contrário. Mas nunca podemos ter tudo o que queremos, como a Sarah sempre diz, temos que aprender a ser feliz com o que temos, não com aquilo que sonhamos e nunca poderemos ter.

– Claire! - a voz do Tobias me trás de volta a realidade.

– Sim? - digo baixo pra que a Sarah não acorde. Ele não fala por um tempo e então suspira.

– Não sei por onde começar? - ele diz meio indeciso.

– Que tal do início? - ele não fala nada por um tempo como se estivesse escolhendo as palavras.

– Quero te pedir perdão pelo que te fiz...

– Tobias...

– Não me deixe falar. - ele me interrompe. - Me sinto culpado pelo que te aconteceu, sei que não posso fazer nada para mudar o que aconteceu. Eu não queria te machucar, você é uma pessoa maravilhosa que não merecia estar passando por isso. Sou eu que mereço isso. - ele diz e ouço uma nota de tristeza na sua voz.

– Do que você está falando? - pergunto. Não sei o que pensar. Não esperava que ele se sentisse culpado por alguma coisa. Tudo que aconteceu foi responsabilidade minha.

– Eu sou responsável por tudo de ruim que está te acontecendo. Eu te fiz sofrer quando te ignorei depois do que aconteceu entre nós. Não fiquei do seu lado quando você descobriu sobre o seu pouco tempo de vida, se não fosse por minha causa você não teria que ter tomado o soro.

No meu colo a Sarah se mexeu, o medo tomou conta de mim. Seria um golpe muito duro pra ela saber que tanto eu quanto o Uriah não tínhamos muito tempo de vida.

– Olha só, nada disso foi culpa sua. Foi escolha minha entrar na briga de vocês dois. Quanto ao meu tempo de vida, você não sabia. Eu escolhi não te contar. Além disso depois do que te contei naquele dia, era natural que você quisesse ficar sozinho pra colocar a cabeça no lugar. Então por favor pare de dizer essas coisas.

– Não quero que você tome pra si uma culpa que é só minha.

– Por favor Tobias, se eu achasse que você é culpado de algo não teria vindo aqui. Já te pedi pra tirar isso da cabeça. - digo começando a ficar um pouco irritada. Depois de algum tempo em silêncio pensei que ele tinha dormido.

– Você veio aqui por causa da Sarah não foi?. - eu sabia exatamente o que ele estava perguntando.

– Sim e não. Eu teria vindo mesmo que a Sarah não tivesse sido levada da amizade. Não iria te deixar aqui a menos que você me pedisse.

– Eu não mereço você. Você merece alguém melhor do que eu.

– Isso é geralmente o que os homens dizem, quando querem dispensar uma mulher com gentileza. - Dou um sorriso amargo.

– Essa não era minha intenção. - depois de algum tempo ele voltou a falar. - Não queria que você tivesse visto eu e a Tris juntos. Não foi justo com você, sinto muito.

– Você é livre pra ficar com quem quiser. Não deve se preocupar com o que as pessoas vão pensar. - Dizer isso dói muito, mas sei que é o certo e é a verdade. Por mais que eu queira, sei que tudo que tive e terei dele foi apenas um beijo.

– Você não é " as pessoas", você é muito importante pra mim. Quero que nunca se esqueça disso. Eu a Tris não temos nada. Naquele dia ela me surpreendeu com um beijo. Foi só.

Percebo um som como se ele estivesse se levantando. Depois sinto o colchão ao meu lado se afundar. Sinto o seu perfume amadeirado. A vontade de toca-lo é muito grande. Ele se aproxima um pouco mais e me puxa para os seus braços. Ele começa a distribuir pequenos beijos pelo meu rosto.

– Por favor, não me peça para ficar longe de você. - ele sussurra no meu ouvido, e toda e qualquer resistência que possa existir em mim desaparece. O beijo é rápido e curto, mas profundo. Assim como da outra vez, me sinto flutuando, leve, como se pudesse fazer qualquer coisa, se ele estivesse do meu lado.

Não sei por quanto tempo ficamos ali abraçado, ouvindo a respiração ritmada da Sarah. Só percebo uma mudança quando a luz volta. Hora de Sair daqui penso.

– Sarah, acorda. - digo e começo a sacudi-la de leve. Ainda dormindo dá alguns gemidos tentando permanecer dormindo.- Sua carruagem chegou Cinderela, vamos!. dou um cutucão mais forte.

O Tobias se levanta e eu indico a Clara e o Gabriel do outro lado da Cela. Ele segue até eles e os acorda.

– O que aconteceu? - a Sarah pergunta sobressaltada.

– Hora de sair daqui digo.- me levanto e sigo até a porta da cela. No corredor tem dois guardas. - Clara que horas são. - ela olha no relógio meio sonolenta.

– São 6 horas.

– ótimo, precisamos conseguir o crachá de um dos guardas. Quem se abilita? - pergunto olhando pra clara e pra Sarah. O Tobias se adianta. - Não queremos tumulto.

Sua expressão se fecha.

– Como pensam fazer isso?

– Temos que pegar sem eles perceberem. Tudo bem eu faço. A Clara e Sarah estão grogue de sono ainda. Bato na grade pra chamar um dos cara. Eles se olham e então o mais alto deles vem em minha direção.

– O que você quer?

– Por favor, eu preciso ir ao banheiro. - digo fazendo piscando e fazendo cara de inocente.

– Nós disseram que não é para deixar ninguém sair. Sinto muito. Vai ter que segurar, ou.... - ele não terminou a frase.

– Ou...? - perguntei mesmo sabendo o que ele iria me dizer.

– Ou se aliviar ai mesmo. - ele disse coçando a cabeça, frustrado.

– Por favor, eu não posso fazer minhas necessidades aqui. Prometo que vou me comportar, mas não me força isso. - Digo e penso na morte da minha mãe. Lágrimas começam a cair pelo meu rosto. - Por favor. - digo com a voz entrecortada pelo choro.

– Pelo amor de deus, não comece a chorar. - ele olha pro outro guarda indeciso. Depois me olha uma ultima vez, continuo com o meu teatro. - Tudo bem, vamos!

Ele abre a porta d a cela e eu saio. Subimos algumas escadas e paramos em frente a uma porta. Ele fica do lado de fora enquanto entro. Me olho no espelho e estou horrível, meu lábio inferior está inchado e meu cabelo está desgrenhado. Jogo uma água no rosto e tento arrumar o cabelo o melhor que consigo,

Ao sair do banheiro o guarda está impaciente. Alguns andares acima ouço uma comoção. Enquanto andamos pelo corredor, finjo que estou desmaiando e o guarda me ampara. Sem que ele perceba seguro seu Crachá ao desfalecer. Assim que consigo ficar de pé coloco o crachá na parte de trás da calça. Quando chegamos na cela o outro guarda está impaciente e nervoso.

– O que aconteceu? - o guarda que está comigo pergunta.

– Tem algo acontecendo lá em cima. Pediram para subir.

– Mas e eles?

– Eles não vão a lugar nenhum.

O guarda procura seu crachá e não encontra.

– O que foi? - o outro pergunta quase nas escadas já.

– Perdi meu crachá

.- Pega o meu e vamos logo!

Ele Volta e destranca a cela e me empurra pra dentro. Assim que eles somem escada acima, tiro meu relógio do pulso. Abro sua parte de trás e lá encontro um detonador de bombas. Bem na hora Uriah.

– Sarah, ainda usa aqueles grampos de cabelo? - pergunto enquanto todos se aproximam para ver o que estou fazendo.

– Ai meu deus. - ela diz. - Isso é o que eu estou pensando.

Ela me passa o grampo. Na parte interna do relógio tem um pequeno botão, que só pode ser visto se souber o que procurar.

– Exatamente! - digo e aperto o botão com o grampo. A seguir ouvimos uma série de pequenas explosões do lado de fora da Sede.

– O que foi isso? - pergunta o Tobias.

– Pequenas bombas. Eu mesma as coloquei nas latas de lixo do lado de fora. Com a incerteza que deve estar pairando no ar agora isso deve ser o suficiente pra distraí-los.

Retiro o crachá da parte de trás das calças e abro aporta.

– Hora de sair daqui.- Todos saímos e subimos as escadas praticamente correndo. No térreo a confusão é geral, pessoas correndo de um lado para o outro. As pessoas nem parecem nos notar. Em seus rostos vimos a expressão do horror.

– Por que eles estão assim? agindo como baratas tontas? - A clara pergunta e eu aponto para o telão.

Um vídeo está passando ininterruptamente com imagens de várias sociedades, Califórnia, Chicago, São Francisco e muitos outros lugares. Assim como informações sobre a clonagem. Os rostos mais frequentes é o meu e do Gabriel, nós ao lado de nossos clones.

– Essa é minha irmãzinha! - a Sarah diz rindo. - Sabia que você iria aprontar uma bem grande.

– Espero que eles tenham gostado. Levei muito tempo trabalhando nisso. - um sorriso se desenha nos meus lábios. Eles destruíram minha vida e de muitas pessoas, nada mais justo do que eue retribuir a gentileza.

– Vamos!

Seguimos em direção ao estacionamento que agora está deserto.

– Quem sabe fazer ligação direta em um carro? - pergunto, a Sarah levanta a mão sorrindo.

– Não tão rápido. - ouço a voz do clone do Gabriel atrás de mim. Quando me viro, me deparo com ele, o clone da Tris e mais cinco guardas. Faço as contas, sete para três, e´ injusto, mas quem disse que a vida é justa.


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