Surreal - Art and Insanity escrita por Jess


Capítulo 43
Capítulo 43 - Confuso II




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_Vamos Sebastian, não ficarei muito distante, não queremos que você se sinta mal perto dos outros, não precisará ficar muito tempo caso se sinta mal._ A doutora falava, agora em um tom audível ao enfermeiro que continuava parado no mesmo lugar.

Fui até o pátio, com a doutora e o enfermeiro ao meu lado. Se eu não fosse por conta própria acho que aquele enfermeiro daria um jeito de me arrastar para fora, ele parecia um daqueles enfermeiros que parecem mais um psicopata e não alguém contratado para ajudar os doutores.

Era horrível ver aquelas pessoas sem a mínima noção da realidade; algumas dopadas, babando e outras ainda estavam sussurrando e olhando para os lados com olhares assustados. Eles eram restos humanos, esboços, quebra-cabeças com peças faltando

Sentei num dos bancos de cimento, doutora Fisher e o enfermeiro ficaram a uma distância segura, onde podiam me ver.

Fiquei alguns minutos fitando o chão para não ter que ficar olhando aqueles neuróticos, mas percebi que mesmo sem olha-los eles ainda podiam me ver.

Um louco sentou-se ao meu lado, sentou bem perto de mim, logo me distanciei indo um pouco para o lado.

_Você... Você é novo aqui?_ Ele perguntou sussurrando.

Olhei na direção da voz, e vi uma pessoa em pleno delírio; estava com os braços agarrados a sua volta, meio encolhido e olhava para os lados como se se escondesse de alguém.

_Não._ Respondi, pensando que se respondesse ele não iria perguntar muitas coisas.

_Mas você não é como eles, eles estão por todos os lugares. Não deixe que eles te peguem._ Falou chacoalhando a cabeça, como se quisesse dar ênfase a tudo.

_Certo._ Falei concordando, pois todos sabem que não tem porquê de discordar de alguém que está sendo paranóico.

Ele não parecia ter mais que trinta anos, mas as caretas o fazia parecer bem mais velho, os olhos negros pequenos como os de um pássaro também eram perturbadores e o medo deles era muito real.

_Não tome os remédios que eles querem enfiar por nossas gargantas, eles querem nos controlar._ O neurótico sussurrou, olhando para os lados para ver se alguém estava nos ouvindo.

_Sempre querem nos controlar._ Falei um pouco distraído, não estava falando da mesma coisa que o louco ao meu lado, as pessoas que queriam total controle não eram as mesmas que ele via.

_Mas eu não vou deixar eles enfiarem uma sonda no meu ânus e chips na minha cabeça quando estiver inconsciente, não vou deixar eles me matarem como fizeram com os outros e tomarem meu lugar para pegar minha vida...

Ele estava realmente tendo um surto, nem respirava quando estava falando. E quem iria querer a vida dele? A vida de um louco que acha que vão colocar um chip no seu cérebro?

Olhei para onde estava a doutora Fisher, ela estava com um olhar cheio de nervosismo, e a qualquer sinal de que queria sair dali, tenho certeza que ela daria um jeito de levar-me de volta para meu quarto. Mas não fiz nada, o homem ao meu lado não me incomodava tanto assim.

Logo apareceram enfermeiros para levar aquele maluco antes que ele falasse mais sobre coisas que poderiam ser implantadas em seu corpo sem seu consentimento. Naquele momento a doutora e o enfermeiro foram até mim para levar-me de volta antes dos outros malucos.

_Alex te irritou?_ Doutora Fisher perguntou em quanto andávamos pelo corredor.

_Não, o que ele tem?_ Perguntei realmente curioso para saber qual era o problema dele que não era apenas uma imaginação fértil.

_Delírio de fregoli ._ Ela disse prontamente, o que era uma coisa nada profissional.

Do pouco que eu sabia sobre Delírio de fregoli, sabia que havia tratamento com remédios para quilo e ele não parecia do tipo que cometia crimes para estar numa prisão psiquiátrica.

_Ele cometeu algum crime?_ Perguntei num sussurro, mesmo sabendo que o enfermeiro estava a uma boa distancia, que não iria nos ouvir.

_Agrediu uma senhora durante uma crise._ Ela respondeu também sussurrando.

Paramos em frente a porta do meu quarto e esperamos o enfermeiro abri-la, ele parecia ter um imenso orgulho de portar uma chave, de algumas pessoas dependerem um pouquinho dele.


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Notas finais do capítulo

Delírio de fregoli: O doente acredita que pessoas próximas a ele se disfarçam para persegui-lo por motivos variados. Geralmente o motivo ilusório da perseguição é assassinato, sequestro e abdução por extra-terrestres. Está diretamente ligada ao delírio de perseguição e geralmente acomete pessoas em estado psicótico e esquizofrênico.

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