Em dias como o de hoje, no qual mal consigo mexer-me, por estar parcialmente dopado para o que era para ser um pequeno teste para saber se eu me daria bem com uma nova droga. Lembro-me de quando tive uma pequena dependência...

De certa forma ainda sou dependente de muitas coisas, mas não como antes.

Olhava o relógio a todo o momento esperando ver os ponteiros onde queria que estivesse.

Procurava algum indicio de que precisava tomar os comprimidos milagrosos urgentemente. Nada mais importava nada nunca foi mais importante do que minhas drogas milagrosas, que tinham o poder de afastar Rita, Albert e qualquer outra coisa que não estivesse ali de verdade...

Eles me deram um pouco de paz, mas tiraram muito mais, tiraram qualquer outro pensamento de minha cabeça e só me deixaram pensar neles.

Meu frasco cheio de comprimidos de duas cores; metade dele era vermelha e a outra branca e havia aquela película, uma capsula que mantia aquela milagrosa substância segura.

O frasco e eu tínhamos uma relação de amor e ódio, por um lado amava engolir aquelas capsulas e assim tirar as vozes da minha cabeça, me sentir calmo. Por outro lado, odiava depender deles, esperar ansiosamente pela hora certa, para sentir os adoráveis efeitos da droga.

Era um ritual seguido religiosamente: olhava o relógio, os ponteiros diziam que era a hora, pegava meu frasco branco, rodava a tampa e derrubava um comprimido na palma de minha mão; algumas vezes cheguei a sorrir nesse momento. Engolia a pequena capsula, às vezes apenas com a minha ânsia de manter tudo distante, todas as vozes, os gritos, os sussurros, as imagens...

Um psiquiatra conhecido de meu pai disse-lhe que havia um novo medicamento que todos diziam ser um dos melhores atualmente, e acabou convencendo o a trocar meus remédios por essa nova descoberta.

Entretanto eu não ligava para o quão bom podia ser o novo remédio, queria apenas os meus...