No dia seguinte ao da minha pequena visita a Anne fui para a escola como sempre, no horário de sempre.

Era uma manhã de terça feira, o céu esboçava um sol apagado, e uma brisa morna; nada muito incrível.

Sentei-me e observei algumas pessoas entrarem na sala sem muito interesse, olhei o lugar de Anne que ainda estava vazio, então olhei novamente para a porta e a vi entrar. Aqueles olhos vieram em minha direção por alguns segundos e logo se prenderam ao chão.

Não liguei para suas ações, por ela se comportar como se não me conhecesse.

Anne não queria me conhecer e fingia que não conhecia pensando que talvez aquilo se tornasse real. E eu fingia que ela me conhecia mais do que de fato conhecia, pensava que ela sabia quem eu era; talvez tornasse tudo real.

Ela sentou-se e pegou seu material. Apenas para não deixa-la manter aquele fingimento de que não havia me visto, sentei-me no lugar vazio atrás dela.

_Bom dia._ Falei, sem precisar aproximar-me de seu ouvido para que ela ouvisse e também sem falar muito alto.

Pude vê-la ficar tensa, quase não respirava. Tive vontade de rir, mas controlei-me e esperei por uma resposta, alguns segundos se passaram e ela fingia não ter me ouvido, talvez aguardasse minha saída ou a chegada de Adam Nigre, que sentava ali. Por fim ela deu um longo suspiro.

_Bom dia Sebastian._ Ela falou com a voz cansada.

Era estranho ouvir como meu nome soava diferente na voz dela, tudo pronunciado por ela era diferente, parecia melhor do que as coisas ditas pelos outros. Talvez eu achasse isso por quase não ouvi-la, e quando ouvia algo vindo dela parecia-me a mais bela canção. Sim, sei o quanto isso soa piegas.

Fiquei satisfeito naquele momento com seu bom dia mal humorado e voltei para meu lugar. Observando a chegada de Adam, ele era um dos populares ou influentes se preferir, mas era só isso; o filho de um politico, que faz festinhas regadas a drogas, que na maior parte das vezes não acabam muito bem, mas seu pai sempre dá um jeito de encobrir tudo, pois eles assim como meus pais têm algo que lhes dá livre acesso a tudo que querem, o nome disso é dinheiro, que vem acompanhado com o poder, que trás os status de brinde.

Adam Nigre era apenas isso, a sombra do poder de seu pai juntamente com seus bens materiais.

No intervalo acelerei o passo para alcançar Anne, que já estava a alguns metros de distancia. Ela conseguia ser bem rápida quando queria.