Surreal - Art and Insanity escrita por Jess


Capítulo 30
Capítulo 30 - Dopamina




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As luzes se apagam, era ora de dormir.

Eu já havia tomado meus remédios e agora só esperava como em todas as noites que estive ali, esperava dormir e só acordar quando algum enfermeiro abrisse minha porta e me desse mais remédio.

Fechei meus olhos e prestei atenção em cada som da clínica: alguns sussurros, a chuva que caia do lado de fora, passos que provavelmente eram de algum guarda que rondava quando todos estavam trancados, ouvi minha respiração ficando cada vez mais lenta, até que não prestei atenção em mais nada.

Nunca fui de sonhar, talvez nem meu subconsciente achasse importante repassar tudo que acontece em meus dias, mas naquela noite tive alguns vislumbres, parecia um sonho lúcido.

No inicio vi apenas escuridão, tudo a minha volta era escuridão, e o ambiente foi ficando mais claro aos poucos então pude ver a imagem de alguém que acabei percebendo ser Albert, ele estava de costas e era a única coisa que eu via; tentei andar mas era difícil andar sem ver onde estava pisando, sem sequer ver seus pés, mesmo assim tentei andar com cuidado.

Eu sabia que aquilo era um sonho, mas meu lado irracional não sabia, então movi-me cautelosamente até chegar próximo de Albert, tentei falar algo mas não consegui, minha boca se movia mas dela não saia som algum. Tentei dar mais alguns passos em direção ao Albert, mas tive certo receio, olhei para o lado e quando voltei a olhar para frente não estava mais lá...

Procurei por todos os lados, estava sozinho no meio do nada, forcei os olhos tentando enxergar algo, mas não consegui, depois de mais algum tempo daquele jeito, ouvi passos, entretanto não vi de onde eles vinham, apenas ouvi passos e esperei que fosse uma resposta para minhas poucas duvidas.

A ansiedade me tomava, não queria ficar ali sozinho sem ver nada e sem conseguir ouvir minha voz, sendo obrigado a ouvir aqueles passos lentos de alguém que nunca vinha até mim, alguém que não se mostrava.

Os passos cessaram, minha ansiedade já tornava-se angustiante, então eu vi...

Parecia que todos os meus órgãos explodiriam dentro de mim a qualquer minuto, mas não me importava, pois podia ver aqueles olhos acinzentados que não estavam distantes, eles podiam me ver, tive certeza disso.

Aqueles olhos tinham curiosidade e esperteza, ainda havia a indiferença, pois não se acaba com um velho hábito tão rapidamente, mas era tão insignificante se comparado a vida que havia ali.

Eu podia sentir os choques de dopamina em todo o meu corpo, senti-me tão vivo depois de tanto tempo apenas existindo entre aquelas paredes brancas.


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Notas finais do capítulo

Dopamina:
A dopamina é um neurotransmissor frequentemente associado ao prazer. Saborear um alimento gostoso ou ter um orgasmo, por exemplo, faz com que neurônios de áreas específicas do cérebro sejam banhados por essa substância endógena. O resultado é a sensação de plenitude, que também faz com que muitas pessoas abusem de drogas psicoativas, em sua maioria ilícitas. Essa visão da dopamina como molécula do prazer, porém, é limitada.



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